Entre o céu e o inferno - A g...

By MarcosFaria1

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A mística cidade de Valis tornar-se-à improvável cenário de eventos que influenciarão diretamente no rumo de... More

Prefácio
Capítulo I - Despertar em meio ao coro dos anjos
Capitulo II - O anjo terrestre e o pequeno querubim
Capítulo III - Aquela que sonha com o amanhã
Capítulo IV - A morada do anjo
Capítulo V - Um toque de morte
Capítulo VI - Um lugar entre o céu e o inferno
Capítulo VII - O conhecimento oculto
Capítulo VIII - A Esmeralda do anjo Rafael
Capítulo IX - O culto ao espírito fragmentado
Capítulo X - A melodia do caos
Capítulo XI - A Espada de Miguel
Capítulo XII - O demônio de cabelos vermelhos
Capítulo XIII - A mesma capa para livros diferentes
Capítulo XIV - Uma paixão em meio à guerra
Capítulo XV - Matheus e Daniel no Jardim do Éden
Capítulo XVI - O Assassino de Amirom (Primeira Parte)
Capítulo XVII - A revelação dos sonhos
Capítulo XIX - As peças no tabuleiro
Capítulo XX - Os guardiões de Amanda
Capítulo XXI - O Demônio vermelho ataca
Capítulo XXII - Os sobreviventes da dor
Capítulo XXIII - O Assassino de Amirom (segunda parte)
Capítulo XXIV - O Destino de Daniel
Capítulo XXV - O Confronto
Capítulo XXVI - A luta do anjo contra o demônio
Capítulo XXVII - Matheus enfrenta a morte
Capítulo XXVIII - Revelações que os sonhos não trazem
Capítulo XXIX - O Início
Capítulo XXX - Caso concluído

Capítulo XVIII - Trabalho noturno

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By MarcosFaria1

"O que temos aqui?"

A voz grave meio roca chamou a atenção dos guardas que continham a aglomeração de pedestres diante de um acidente. A chuva fraca não diminuía os ânimos curiosos. Alguns se equilibravam na ponta dos pés, para ver o que a fila de policiais escondia.

"Detetive Thomas! Que surpresa enviarem o senhor. Geralmente não..."

Antes que o policial completasse a frase o homem mal humorado de meia idade avançou ignorando sua falação. Olhou para a cena com um olhar frio de quem já viu muitas coisas bizarras ao ponto de sua expressão não se abalar. Enfiou a mão no bolso do casaco de couro para pegar um cigarro.

"Bem detetive, ao que parece ela se matou. As testemunhas disseram que ela saiu do carro desesperada e se jogou na frente do carro que passava em alta velocidade". Disse o policial que esticava o isqueiro debaixo do guarda-chuva de Thomas para acender-lhe o cigarro.

"E quem estava com ela?"

"Ninguém. Ela estava sozinha".

Thomas agachou-se, deu um trago forte e começou a olhar a bolsa da mulher, Folheava os documentos como se olhasse um bolo de fotos.

"Esse carro zero é o dela?". Perguntou o detetive para o policial enquanto caminhava pisando nas poças de água escura. Tudo está tão sujo... Ele pensava secretamente olhando para as pessoas que se molhavam na chuva fria para ver aquela tragédia. Uma jovem tão linda caída sobre o próprio sangue que ficava mais escuro com a sujeira da rua.

"É sim". Respondeu o policial ajeitando o cabelo que escorria em sua face.

"Ela não estava sozinha..." Afirmou o detetive.

"Como?"

"Ela não dirige". Thomas revirou os documentos do carro em busca da habilitação da moça e encontrou um cartão de estacionamento em nome de "Ichigo Mitshurara".

"Talvez o namorado. Vai ver ele terminou e ela ficou doida, se matou na frente dele. Assustado ele fugiu".

"Posso inventar muitas histórias também, mas só depois de alguma investigação. Ache o endereço do "japa", eu mesmo quero interrogá-lo".

"Sim senhor!"

Thomas olhou para a jovem sem vida, Uma pena, filhos não deveriam morrer antes dos pais. Pensou observando o quanto era bonita, mesmo ali naquela situação. Lembrou-se da filha que perdeu quando viu o desespero dos pais da moça que acabavam de chegar. Andou até sair da cena do acidente, atravessou a rua debaixo da chuva que aumentava e olhou as casas e edifícios em volta. Seu olhar perspicaz perscrutava o infinito até perceber o velho cinema, Sabia que havia algo naquela rua e aquele era o melhor lugar de acordo com sua dedução.

"Não está tão abandonado quanto parece não é mesmo?". Ele disse para si mesmo ao perceber que depois das tabuas que bloqueavam sua entrada o caminho era limpo sem a grama que brotava entre as pedras da calçada devido ao abandono.

"Thomas!"

O detetive se assustou com o grito de seu nome e quando ia tocar na porta do teatro, olhou para trás. Viu o jovem detetive Nicolas passando pelas tábuas com cuidado para não sujar sua roupa bege com a umidade da velha madeira.

"Como me achou aqui?" O velho detetive perguntou com uma expressão aborrecida com a falta de discrição do seu mais novo parceiro.

Perguntei em que direção você tinha ido para os guardas, daí foi só usar um pouco do bom e velho instinto de detetive. Disse o jovem com um leve sorriso na boca gravada na face com barba por fazer, Seus cabelos eram meio loiros, mas por estarem molhados com a chuva ficavam escuros como seus olhos, Thomas percebeu a mancha de catchup na gravada desarrumada.

"Ajeite seu paletó, sua arma está à mostra. Pode molhar e falhar caso você precise dela ainda hoje". Thomas falou com seu olhar implicante, não ligava muito para estética, mas seu parceiro era desleixado demais.

"Ok,Parceiro! Escuta, aquele era o seu contato?"

"Não, era noiva dele".

"Putz! Será que descobriram que ele estava falando com você sobre o tal culto?"

"Não, ele não estava falando nada comigo. Queria dinheiro, e pelo visto outra pessoa o ajudou".

"O carro novinho em folha não é? Eu estranhei agora que comentou, pelo que me lembro você disse que o cara tava "ferrado", mergulhado em dividas".

"É... Você me disse que era cristão, costuma ler a bíblia Nicolas?"

"Fala sério! Eu sou cristão como a maioria, por conveniência. Meus pais eram e me criaram assim, nem lembro a ultima vez que fui à igreja. Só lá que via a bíblia". Nicolas disse com um ar debochado enquanto acendia um cigarro barato.

"Sabe quem era Miguel, o arcanjo?"

"Peraí! Essa eu sei. Foi o cara que deu um pé no satanás certo?"

"Mais ou menos isso". Disse Thomas olhando o cartão que encontrara no carro e escondeu no bolso.

"Espada de Miguel?". Perguntou Nicolas lendo o cartão na mão de Thomas, que além do nome trazia consigo um numero de telefone celular.

"Talvez nosso amigo estivesse se envolvendo com outra turma da pesada. Vamos ligar para esse "figura" do cartão".

"E eu que pensava que ia para casa mais cedo..." Nicolas reclamou.

"Quando vai aprender que nosso trabalho começa depois que a noite cai Nicolas?" Disse o velho ranzinza enquanto pegava o celular no bolso e começava a digitar os números do cartão.

Thomas ligou para o número do cartão, Ninguém mais ninguém menos que o próprio Simon atendeu, O detetive explicou que estava investigando um caso e gostaria de fazer algumas perguntas uma vez que a vítima portava o telefone dele.

"Não posso responder essas perguntas por telefone? Estou muito ocupado no momento". Disse Simon, mas Thomas explicou que não demoraria nem uns cinco minutos, que era um procedimento comum. Marcaram então de se encontrar em dez minutos no prédio de Simon.

"E então parceiro?" Perguntou Nicolas curioso.

"Eu vou tomar um café com esse sujeito em dez minutos. Quanto a você, se encarregue de ir atrás do "japa" apenas para me confirmar que ele esta desaparecido". Respondeu Thomas retirando mais um cigarro.

"Que isso, você vai tomar café quente e eu o que? Comer sushi?" Perguntou Nicolas acendendo o cigarro na boca de Thomas.

"Se der sorte..."

Thomas dirigiu o seu mustang azul-escuro pelas ruas chuvosas de Valis. A noite estava prometendo dizia seu instinto. Chegando ao centro da cidade pode ver o luxuoso prédio onde Simon residia. Acelerou o carro e em menos de dez minutos estava subindo no elevador para encontrar com o misterioso Simon.

"Bem vindo detetive. Sou Simon".

"Prazer, Richard Thomas". O detetive apertou a mão de Simon. Percebeu que tinham mesma idade, mas o homem elegante de branco estava muito mais conservado do que ele, "Quem tem tempo e dinheiro pode". Pensou consigo. O aperto de mão era forte, Simon não era apenas um "riquinho" qualquer, pensou o detetive.

"O prazer é todo meu, embora não seja uma boa hora. Estou muito ocupado, por isso gostaria de pular a cerimônia e ir direto ao assunto. Em que posso ajudá-lo?" Simon fez um gesto convidando Thomas a se sentar na cadeira diante da mesa de cristal que fica de costas para uma vista esplendida da cidade.

"Tudo bem, acontece, bem... Encontrei o seu número na cena de uma investigação por isso estou aqui".

"Somente por isso? Desculpe detetive, mas está olhando todos os telefones que encontrou? Acho muito vago". Falava Simon com as mãos juntas e cotovelos sobre a mesa. "Desculpe-me deseja alguma coisa?"

"Não, obrigado... Senhor Simon, a questão é que um aparente desaparecido, cuja noiva se matou há algumas horas atrás tinha o cartão com o seu número, só que não havia um nome, mas sim o titulo "Espada de Miguel". Esse sujeito está envolvido no que parece ser um culto satânico ou algo assim, então não é por acaso que estou aqui, o que é a "Espada de Miguel", conhece o jovem Mitshurara?". Thomas falava enquanto observava o aparente escritório de Simon. Tudo extremamente limpo e luxuoso. A cor prata, o branco e o transparente dominavam a estética do lugar, um note book dos mais modernos ficava sobre a mesa de cristal, a vista era bela mesmo com o tempo chuvoso, as luzes da cidade entravam naquela sala.

"Hum... Entendo... Bem, não conheço ninguém com esse nome. Quanto a "Espada de Miguel", não passa de um clube religioso, provavelmente alguém deu o cartão a esse indivíduo, aconselhando-o a deixar esse caminho e procurar Deus". Simon falava tranquilamente com uma mão no queixo.

"Então não tenho mais nada para perguntar. Desculpe-me pelo incômodo". Disse Thomas ao se levantar da cadeira.

"Foi um prazer ajudar". Disse Simon apertando a mão do detetive uma ultima vez, enquanto olhava para o relógio digital na parede.

"Só mais uma pergunta". Thomas se virou novamente para Simon quando já ia andando na direção da porta, arriscando aborrecê-lo já que parecia angustiado com a demora da conversa. "Trabalha com que, senhor Simon?"

"Bem, sou empresário..."

"Mas mexe com que área senhor?"

"Antiguidades". Respondeu Simon que olhava impacientemente para o relógio digital na parede.

"Deve ser muito lucrativo. Tenha um bom fim de noite".

"O senhor também detetive..."

Thomas descia no elevador introspectivo. Já ia acender um cigarro, mas lembrou-se que estava em um lugar fechado, enquanto batia a caixa de cigarros na mão para puxar um e deixar apagado na boca, falou consigo mesmo:

"Um colecionador de antiguidades que não tem nada antigo em seu escritório? Talvez um detalhe bobo seu velho, está ficando paranóico..."

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