Isso é um Adeus

By Sunflower_anny

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Saphira nunca teve uma vida fácil, porém desde que perdeu sua mãe e foi obrigada a morar com seu pai alcoólat... More

Nota
💌O Adeus💌
💌1 - O começo, 8 de janeiro💌
💌 2 - Queen's 💌
💌3 - Conexão💌
💌 4 - O Encontro 💌
💌 5 - A casa de torta de limão 💌
💌 6 - De Brita a Fênix 💌
💌 7 - Pelo menos lembrou? 💌
💌 8 - A bolinha de papel 💌
💌 9 - Sanduíches em decomposição 💌
💌 10 - Contrata-se garçons 💌
💌 11 - Peculiar 💌
💌 12 - Excluída 💌
💌 13 - O que a maquiagem não esconde 💌
💌 14 - O ser invisível 💌
💌 15 - O inexplicável 💌
💌 16 - A primeira carta 💌
💌 17 - Uma linda bagunça 💌
💌 18 - Amigos cartais 💌
💌 20 - Quando o outro desmorona 💌
💌 21 - Storm 💌
💌 22 - Quando os animais falam 💌
💌 23 - Pulmão e estômago 💌
💌 24 - Tempo 💌
💌 25 - A Confiança 💌
💌 26 - Samuel 💌
💌 27 - Eu não sou um trem 💌
💌 28 - Detenção 💌
💌 29 - Por favor, ela não 💌
💌 30 - O começo do precipício 💌
💌 31 - Nunca estrague meu livro! 💌
💌 32 - Saco de batatas 💌
💌 33 - Culpada 💌
💌 34 - Os benefícios e malefícios de morar em uma cidade pequena 💌
💌 35 - O corpo na calçada 💌
💌 36 - Assassina 💌
💌 37 - O pacote completo 💌
💌 38 - Mais um título para a coleção 💌
💌 39 - Truco ou troco 💌
💌 40 - A vida 💌
💌 41 - Todo mundo tem um lado sombrio💌
💌 42 - Edward, mãos de tesoura 💌
💌 43 - Anticoncepcional para beijos 💌
💌 44 - Uma funcionária de merda💌
💌 45 - O que prende minha atenção 💌
💌 46 - Um dia 💌
💌47 - Janela💌
💌48 - A batalha de cada um💌
💌49 - A magia do Natal💌

💌 19 - Louisa 💌

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By Sunflower_anny

       Coloquei minha mochila nas costas e desci pelo elevador, pronta para ir para a escola.

      - Bom dia, Senhor Alex. - o cumprimentei, não recebendo resposta.

     Continuei o meu caminho e, estava quase na esquina, quando avistei Tissa e papai carregando uma mala. Tinha até esquecido que eles voltariam naquele dia. Me encostei na parede e esperei eles se aproximarem.

     - Ótimo! - foi a primeira coisa que Tissa gritou, dando o significado contrário a palavra - Eu estou indo embora!

     - Cala a boca! - papai gritou.

    - Oi. - meus olhos foram de papai para Tissa - Cadê os corações saindo dos olhos?

     - A Tissa enfiou no cu.

     - Cala a boca, Jaime! - Tissa acertou a mão no rosto dele, fazendo ele segurar seu braço e apertar - Não vou ficar nem mais um segundo ao seu lado!

      - Ei! - gritei, tentando fazer eles olharem para mim - Vocês estão no meio da rua.

     - Acho melhor eu ir pro apartamento. - papai bufou e soltou ela.

     - Sabe o que aconteceu? - Tissa me olhou com ódio - Eu quero que sua mãe vá para o inferno! Se bem que ela já deve estar lá!

    - Cala a boca! - gritei, segurando a alça da minha mochila ao sentir que minhas mãos começavam a tremer - Você está louca?

     - Repete isso. - papai se aproximou dela - Eu não preciso estar bêbado para quebrar sua cara.

     - Alguém pode me explicar o que aconteceu?

     - Seu pai me chamou de Louisa. - Tissa cuspiu as palavras - Eu nunca mais quero ouvir esse nome.

     - Eu nunca te chamei disso! - papai apontou o dedo para ela.

     - Disse sim! - bateu na mão dele - Quando estávamos fazendo amor!

    Minha boca se abriu e meus olhos arregalaram, viajando de um para o outro. Então, papai levantou a mão e acertou o rosto de Tissa, me fazendo dar um passo para trás e olhar ao meu redor, procurando alguém que tivesse visto aquilo.

     Mas, nunca havia ninguém.

     - Eu odeio a Louisa. - papai cerrou os dentes - Odeio tudo que vem dela.

     - Não foi o que pareceu. - Tissa resmungou.

     Encarei meus sapatos e dei as costas para os dois.

    Odeio tudo que vem dela.

     Eu vim dela.

    Senti vontade gritar, mas, como no meu pesadelo, nada saia. Então, comecei correr. Correr como se minha vida dependesse daquilo, como se eu pudesse alcançar a velocidade máxima que meu corpo suportaria, e só então, a dor que crescia no meu peito acabaria. Mas a única coisa que aconteceu foi chegar suada na escola e não prestar atenção em nada que os professores falavam. E a cada palavra que eu não conseguia absorver, sentia meu futuro escapando pelos meus dedos.

**

     Joguei água no meu rosto e coloquei meus óculos novamente. Já era a quarta vez que eu fazia aquilo, desde que meu turno começou. Sentia todo o meu corpo trêmulo, minha cabeça estava a ponto de explodir, sentia que as 7 bilhões de pessoas do mundo estavam discutindo dentro dela.

     Saí do banheiro e caminhei até o balcão, tentando recuperar as energias e me concentrar para fazer o trabalho certo.

     - Quarto pedido errado, Saphira. - Robert falou, colocando um sanduíche em cima do balcão - Pode fazer sua pausa para comer.

    - Não estou com fome. - suspirei - Desculpa pelos pedidos, devo ter entendido errado.

    - Muito errado. - fechou os olhos, se concentrando e voltou abri-los - Tortilha, foi para sanduíche. Suco de abacaxi, foi para suco de caju... Qual a ligação disso?

    Odeio tudo que vem dela.

     - Desculpa. - repeti.

    - O que foi? - pegou a minha mão - Pode confiar em mim.

    Odeio tudo que vem dela.

     - Coisas da escola. - dei de ombros e puxei minha mão.

     Era um péssimo dia para o Coruja estar de folga. Eu não daria conta de atender aquelas pessoas com a cabeça em Marte.

     - Você atende? - Robert estralou os dedos na frente do meu rosto.

     - Atende quem? - respirei fundo.

     - Eles. - Robert apontou para a porta, onde Coruja, um garoto extremamente parecido com ele, uma mulher linda e um homem muito maravilhoso entravam. Poderia facilmente imaginar eles andando em câmera lenta enquanto uma música tocava ao fundo. Senti minha boca se abrir involuntariamente.

    Eles eram ricos, aquilo era óbvio. Por que o Coruja trabalhava? Claramente não havia necessidade para isso.

    - Ai não. - resmunguei.

   - Eu atendo. - Robert falou, estufando o peito.

   - Pode deixar. - respirei fundo - Eu vou.

   - Certeza? - Robert arqueou uma sobrancelha - Por favor, não erre o pedido.

   - 'Tá bom.

    Senti meu coração se acelerar a cada passo que eu dava, me aproximando deles. Os olhos de Coruja se encontraram com os meus e um sorriso cresceu em seus lábios, fazendo um sorrisinho sem graça crescer nos meus.

    - Boa noite. - os cumprimentei, naquele dia, eles eram clientes. Os clientes que eu não queria errar os pedidos de forma alguma - Já decidiram o que pedir?

    - Boa noite, Zumbi. - piscou para mim e apontou para sua mini cópia - Esse é o Hugo, meu irmãozinho.

    - Iai, Zumbi? - Hugo levantou a mão para mim, arqueei uma sobrancelha, sem entender a princípio, mas logo percebi que era uma espécie de cumprimento e bati em sua mão.

    - Então, é você que se chama Zumbi. - a mulher abriu um lindo sorriso - Sou a Cristina, mãe desse troço aí, mas pode me chamar de Cris.

    - Na verdade, meu nome é Saphira. - pigarreei.

    - O Heitor e esses apelidos. - o homem sorriu e balançou a cabeça - Sou o Higor.

    Três homens com H maiúsculo, literalmente.

    - Essa é a garota que enche minha paciência todo dia. - Coruja cochichou para o irmão, fazendo os pais revirarem os olhos.

    - Mas ela é bem mais bonita do que você falou. - Hugo cochichou de volta.

    - Não é pra tanto.

    - Se você dormir no ponto, eu quero ela. - Hugo sorriu.

    - Você tem 6 anos! - Coruja o olhou indignado.

    - Ignore eles. - Higor falou.

    - É o que eu mais faço. - abri um sorriso sincero - Mas, o que vocês vão pedir?

    - O Heitor decide isso. - Cris deitou a cabeça no ombro do esposo.

    - Pode ser 4 pratos prontos. - Coruja deu de ombros - Aqueles com filé de peixe frito.

    - Algo para beber? - perguntei, anotando o pedido.

    - Refrigerante! - Hugo levantou as mãos.

    - Pode trazer uma torta de limão para a sobremesa. - Coruja completou, fazendo meu sorriso crescer.

    - Já, já trago. - dei meia volta.

    - Foi eu que escolhi a frase do carro. - parei ao ouvir a voz de Coruja - Acho que herdei isso da minha mãe.

    Balancei a cabeça, mas continuei sorrindo.

**

  - Eu te acompanho. - Robert falou, assim que peguei minhas coisas para ir embora.

- Não precisa. - segui para a porta.

- Eu sei. - me acompanhou - Mas eu quero.

Abracei meu corpo assim que saí do Queen's, seguida de Robert. Por algum motivo, mesmo estando com frio, minhas mãos começaram suar. Observei que Robert me olhava de soslaio, mas quando eu o encarei, ele desviou os olhos.

- Fala logo. - prendi ainda mais o meu cabelo.

- Você sabe que eu gosto de você, certo?

- Acho que sim.

- E eu tenho 23 anos.

- Eu sei.

- Quero uma coisa séria. - parou, me fazendo parar também.

- Você tem idade pra isso. - dei de ombros - E eu já te avisei que não quero nada.

- A gente já ficou. - ignorou o que eu disse.

- Até agora, você só falou o que eu já sei. - bufei - O que você quer?

- Você quer algo sério comigo? - perguntou um pouco incerto.

- Eu já te respondi isso, Robert. - ajeitei meus óculos.

O encarei por alguns minutos, eu gostava dele, mas não gostava a ponto de namorar e já havia dito aquilo, por que ele continuava insistindo e ignorava o que eu falava? Mesmo se eu quisesse algo com ele, não teria, afinal, ele não respeitava nem um pouco o que eu dizia. Também tinha o fato de que só queria ter algo sério com alguém quando conseguisse imaginar uma vida com aquela pessoa.

Não conseguia imaginar aquilo com Robert.

- Eu gosto de você, Robert. - encarei meus pés, depois de um tempo em silêncio, esperando ele dizer algo - Mas, não. E você sabe disso.

- Você não quer nada sério ou não quer nada sério comigo? - sua voz ficou distante.

- Os dois. - engoli em seco - Se você for me demitir depois disso...

- Não, Saphira. - encostou no meu queixo, me fazendo olhá-lo - Eu jamais faria isso, eu amo você.

Meus olhos se arregalaram e senti um nó se formar na minha garganta. Tentei segurar, mas comecei a tossir desesperadamente. Senti ele começar bater nas minhas costas e fiz sinal para ele parar.

- Eu 'tô bem. - tossi mais uma vez.

- Eu imaginei isso bem mais romântico. - ele sorriu.

- Não sou romântica. - suspirei.

- Estou vendo. - passou a mão pelos seus cachos.

- Desculpa. - coloquei uma mecha do meu cabelo que havia se soltado atrás da orelha.

- Pensa no assunto. - pediu.

- Não acho que minha opinião vá mudar.

- Então, você quer continuar ficando e...

- Eu já te respondi isso, Robert! Não. - estava perdendo a paciência - Isso acaba aqui.

- Eu não queria te assustar, Saphira. - mordeu o lábio inferior - Esquece essa conversa e vamos continuar como antes.

- Continuar como amigos. - lembrei da carta de Coruja - Vamos ser apenas amigos, entendeu? Nada de beijo surpresa como no meu primeiro dia de trabalho.

- Saphira...

- Me desculpa. - dei um beijo em sua bochecha - Boa noite.

Caminhei cabisbaixa até o apartamento, sentindo meu coração se apertar dentro do peito e lágrimas ameaçarem cair. Não sabia qual era aquele sentimento, afinal, não tinha sido eu que havia levado um pé na bunda.

Mas não tive tempo de pensar muito naquele assunto, eu teria novos motivos para me preocupar. E assim que adentrei o apartamento e segui para o meu quarto, fui atingida por esse motivo, ficando paralisada na porta.

Todas as fotos que eu havia colado na parede, de mim e de minha mãe, haviam sido arrancadas e picotadas. Corri e me agachei no chão, pegando os pedaços das fotos na mão. Senti meu coração acelerar, assim que as lágrimas começaram escorrer descontroladamente.

- Não. - resmunguei, tentando montar as fotos de novo - Não, por favor, não. - solucei.

Meu peito se encheu de ódio por saber quem tinha feito aquilo. Me levantei e caminhei, pisando firme, até o quarto de Tissa e de meu pai, em seguida, comecei socar a porta com toda força que eu tinha.

- Seus imbecis! - gritei, mesmo com a voz embargada - Eu odeio vocês!

A porta se abriu em um arranco, o rosto de Tissa estava vermelho e machucado. Ela havia apanhado. Mas não fez questão de esconder sua raiva, levantou a mão e acertou meu rosto, o que não me incomodou. Preferia apanhar mil vezes a ver as fotos da minha mãe rasgadas no chão.

- E eu odeio você e sua mãe! - gritou - Ela não cansa nem depois de morta, não é?

- Eram minhas fotos! - tentei secar as lágrimas, mas não adiantou - Você não tinha esse direito!

- Parem de gritar! - papai gritou de dentro do quarto.

- Eu te odeio! - gritei, tanto para ele quanto para Tissa - Vocês são as pessoas mais miseráveis que eu já conheci!

- Se você não calar por bem... - papai apareceu na porta - Eu vou te calar.

Solucei e corri para a cozinha, pegando três copos e voltei correndo de novo para a porta do quarto deles, que já estava fechada. Joguei o primeiro copo, que bateu na porta e quebrou.

- Vocês não gostam de quebrar as coisas? - joguei o outro copo - Vocês estão me quebrando! - joguei o outro, sentindo minhas forças acabarem.

Entrei no quarto e me tranquei, começando sentir falta de ar. Deitei-me no chão, junto com as fotos rasgadas. Minhas mãos começaram formigar, assim como um buraco negro começou ser aberto no chão.

- Mamãe! - gritei, enquanto desejava ser afogada pelas lágrimas.

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