Com sempre, a subida é lenta. Por isso, tento quebrar um pouco o gelo entre mim e o coelho.
- Eu ainda não sei seu nome.
- Jeon Jungkook.
- Park Jimin.
- É... eu sei.
- Por que você está sendo... digamos... gentil comigo?
- Você é minha única chance para sair daqui - diz ele.
- Tem quanto tempo que você está aqui?
- Há alguns anos... Oh! Chegamos.
Olho para ele, que, nitidamente, estava tentando desviar do assunto. Apesar da minha curiosidade, deixei-a de lado.
Esse andar é bem limpo, parece até que pertence à um hospital normal.
Andamos cautelosamente pelos corredores, com medo de encontrar alguém, um assassino.
- Você sabe de quem é esse andar?
-Não...
Entramos em diversas salas, mas praticamente todas estavam vazias. Algumas, tinham poucas coisas, mas nada de interessante.
Vamos até uma sala. Abrimos aportas, esperando por outra decepção. Ela é fria e há algumas mesas de aço e várias macas cobertas.
De repente, ouço a porta bater. Corro em sua direção, tento abrí-la, mas ela está trancada. Começo a me desesperar. Olho a sala quase que vazia. O chão branco e liso se distorce diante de mim. Minha cabeça dói. Sinto falta de ar.
- Jimin...
Olho para a direção do coelho, mas não o vejo. Está tudo escuro.
- Onde você está? - pergunta ele.
- Perto da porta - respondo.
- Eu não consigo ver!
Percebo, então, que não é coisa da minha cabeça, as luzes estão apagadas.
Ando cautelosamente pela sala, tentando não esbarrar em nada.
- Jungkook!
- Oi!!
- Fique onde está!
-Ok!!
Lembro que tenho uma lanterna, procuro-a freneticamente. Acendo-a, mas logo me arrependo. Parada diante de mim uma maca descoberta, um corpo arroxeado e nu voltado para cima, os olhos mortos e abertos fixos no teto monótono. Em seu peito parcialmente coberto pelo fino tecido branco há um papel e uma pétala de rosa. Me aproximo lentamente, receoso. Leio o bilhete.
- Bem-vindos! Vocês têm uma hora para sair daqui. Que a sorte esteja com vocês.
- O que você está falando?!
- É um bilhete que encontrei!
Ilumino a sala para que o coelho possa vir até mim.
- Deixe-me ver.
Olho para a delicada pétala vermelho. Passo meus dedos, sentindo sua macia e delicada textura. Noto um número desenhado atrás.
- Tem o número 7 aqui.
- Guarde-a, então.
- Ok - digo colocando na bolsa.
- Vamos para lá. Talvez encontramos algo - digo.
Andamos pelas macas. No final do cômodo, há uma bancada e diversos armários embutidos. Há potes com formal e animais dentro, há tubos de ensaio e outros materiais de laboratório. Jungkook mexe na bancada, procurando por outra pista.
Olho ao redor, observando os armários, macas e mesas. Avisto um pequeno armário de madeira escura no canto, perto de uma porta. Sua porta é de vidro e dentro, há alguns béquer.
- Ilumina aqui! - grita o coelho.
- Espere.
Me aproximo cada vez mais. Um pequeno ponto branco chama minha atenção. Movo o armário e clareio a parede atrás deste.
- "Oh! Você é um bom observador!" "O" está sublinhado.
- O que isso quer dizer? - diz ele.
- Hmm... Acho que... talvez tenha algo relacionado à olho.
- Huh? Por quê?
- Porque o "O" está sublinhado e tem a palavra "observador", pois o que observa são os olhos.
- Ah... Faz sentido. Ok. Vamos para a bancada. Acho que tem algumas letras e números em alguns potes. Talvez possamos usá-los.
Voltamos para a bancada de granito. Realmente há algumas letras, mas não tenho certeza se elas serão importantes.
- Isso são apenas substâncias. Não sei se podemos usá-las.
- Mas tem letras! Talvez possamos formar uma palavra!
- Deixe- me ver. Nós temos F e K. De acordo com a tabela periódica, F é fluor que tem massa 18 e número atômico 9 e está na segunda linha. K é de potássio, massa 39, número atômico 19, quarta linha.
- Potássio... potássio é utilizado para a contratação dos músculos, certo? E o fluor está nos dentes.
- Correto.
- As informações que temos são: Olhos, sete, dentes e músculos...
Apesar de não poder ver seu rosto, vejo que ele está bastante pensativo, analisando a situação meticulosamente.
- Venha - diz ele me puxando.
Ele pega uma bandeja que estava na bancada e a lanterna de minha mão e começa a iluminar as macas. Ele subitamente para e descobre um cadáver tatuado. Fito-o confuso. Ele põe a bandeja de alumínio em cima do corpo e pega um bisturi.
- O que você está fazendo?! - grito atordoado.
- Essa é a sétima maca. Temos que tirar os olhos desse cara.
O que ele diz faz sentido, mas o ato em si é insano.
Ele perfura um dos olhos e começa a cortar as pálpebras. Desvio o olhar. Não quero ver algo tão perturbador e brutal.
O coelho me devolve a lanterna e pede para que eu ilumine o rosto do cadáver. Vejo ele retirando os globos oculares como se estivesse tirando bolas de sinuca de dentro da caçapa.
De dentro, ele retira um pedaço de papel.
- Leia - ordena ele.
- Estou com vontade de comer, mas estou sem juízo. Não consigo me controlar. Me ajude antes do tempo acabar.
Analiso rapidamente a mensagem e digo:
- Abra a boca dele. Retire o dente siso.
- Qual?
- Qualquer um. Se não tiver nada no esquerdo, tire o direito.
Assim ele o faz. Na gengiva, há outro papel o qual Jungkook abre.
- Meu pé dói. Dois grandes para a direita e um dedão para baixo. Me ajude, pois estou cabisbaixo.
O coelho logo descobre os pés do sujeito. Posso ver seu desespero, sua ânsia para cortar a base.
- Não! - grito - Espere!!
A máscara branca inocente e sinistra me encara, questionando minha interrupção.
Ilumino o pescoço tatuado e vejo um escrito em inglês no lado direito: "Two Feet".
- Quanto mede uma polegada?
- Uh... uns três centímetros.
Coloco três mindinhos abaixo da tatuagem. Aperto o local para ter certeza de que o que estou fazendo está correto e sinto algo estranho por baixo da pele.
- Corte aqui - digo, indicando o local.
Assim que Jungkook o faz, retiramos uma pequena chave de dentro da carne.
- Olá! - diz uma voz.
Paramos, assustados e apreensivos. Olhamos ao redor, mas não há nada além de nós na sala.
- Vocês têm apenas dez minutos - diz o alto falantes.
Ficamos estáticos por um momento, esperando por mais, mas nada acontece.
Nós vamos para a porta perto do armário que eu havia arrastado, enfiamos a chave no tambor e giramos. O som do movimento do objeto soa como uma pontada de esperança em minha mente. Com isso, a porta se abre.
Atravessamos juntos a porta, esperando pelo elevador, mas este não aparece.
- Ahh... Isso foi tão chato... - diz a voz.
Clareio a sala, inquieto. Não há ninguém.
- Eu tinha preparado a sala num nível extraordinariamente difícil! Mas, vocês conseguiram sair... - diz a voz com um tom aborrecido.
De repente, vejo algo balançando, uma cabeça. Ilumino-a, com medo.
- Como vocês conseguiram?, me pergunto.
Vejo um homem. Sua pele é bronzeada e seu cabelo tem um tom de mel, castanho. Diferente de Hoseok, ele não usa jaleco. Sua roupa é um tanto vintage, mas seu corte possui um toque moderno. Vejo que seu pescoço é costurado por um fio vermelho. Ele desce e anda lentamente em nossa direção.
- Então é você! - diz Jungkook.
- Hahaha! Finalmente lembrou de mim, coelho burro.
- Quem é você?
- Kim Namjoon, garotinho.
- Eu tenho 21.
- Não perguntei.
Seus olhos são misteriosos. Parece que ele sabe de tudo, tem conhecimento de tudo e todos ao seu redor. Ele nos observa com meticulosidade.
De repente, eu e Jungkook somos puxados para trás. Ficamos presos na parece. Vejo um pequeno sorriso se esticar pelos grossos lábios de Namjoon.
Tento andar, mas não consigo. Percebo, então, que o que me impede são minhas botas e minha bolsa. Tiro-os rapidamente.
- Tire sua arma - sussurro para Jungkook.
- Nós temos que matá-lo!
- As paredes possuem um campo magnético. Se não tirarmos os objetos de metal do nosso corpo, não conseguiremos sair.
Relutante, Jungkook tira sua arma das costas. Nos afastamos da parede e ficamos frente a frente com o moreno alto.
- Haha... Manda ver, baixinho.
Puxa!! Esse capítulo foi grande
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