— Como? — Lara pergunta perplexa.
— Ela não morreu naquela noite. — o delegado volta a guardar as fotos — Ela ainda estava com vida quando os paramédicos chegaram. Mas como os outros ataques não deixaram vítimas vivas eu pedi para ela ser transferida em sigilo para outro município. Ficamos com medo de o assassino voltar para terminar o serviço. Pois pelas minhas investigações, ele apunhalou a Eva por ela ter testemunhado algo.
— A Eva não... Mas... — Lara me olha desnorteada.
— Não posso dar mais informações. — o delegado diz por fim.
— Obrigada por nos contar. — Me levanto e puxo Lara.
— Disponha.
Saí da delegacia puxando Lara, que ficou paralisada.
— Você ouviu o mesmo que eu? — ela diz por fim.
— Sim. Ouvi. A Eva não morreu imediatamente.
👻👻👻
Chegamos a minha casa e ficamos esperando Mateus e Eva voltarem.
Lara ainda está indignada por não saber o que aconteceu com a melhor amiga. E eu não posso julgá-la. O que descobrimos é realmente assustador.
— Eu não consigo acreditar que isso aconteceu em Muqui. — ela diz com o olhar perdido — É Muqui, cara. Nada acontece aqui. — o queixo dela está caído — Como um assassinato em série...? — diz sem acreditar — Não pode ser.
— Realmente, é difícil de acreditar. — entrego uma xícara de café para ela — Ainda mais com a violência do caso.
— O que leva uma pessoa a fazer isso? — Lara me pergunta.
— Também não consigo compreender. — tomo um gole do café — Acho que deveríamos ir anotando as informações que já temos.
— Sim, concordo. — Lara toma o café dela — O que faremos se só conseguirmos libertar o espírito da Eva se encontrarmos o assassino? — ela me encara — Será que conseguimos?
— Não sei. O cara parece perigoso. Temos que tomar muito cuidado. — digo por fim.
— Vamos aguardar as informações que Mateus conseguiu recolher. — Lara se levanta — Me arrume um caderno para anotar o que descobrimos.
Assim que entrego um caderno com folhas em branco à Lara, ela começa a anotar as informações em forma de mapa conceitual.
O nome 'assassino' é posto ao meio, e dele seguem setas com as informações que o delegado nos passou. Próximo ao número sete – que corresponde ao número da última vítima encontrada – está o nome de Eva.
— Acho que Eva deve ter testemunhado esse assassinato. — Lara diz assim que termina de escrever o nome da amiga.
— Concordo. — afirmo — Ao perceber que Eva viu o crime ele deve ter a perseguido até aqui.
— Sim. Provavelmente.
Ouvimos um barulho e nos viramos para a porta.
— Já voltaram? — Mateus disse assim que entrou.
— Que susto! — Lara leva a mão ao peito.
— Acho que não sou tão feio assim a ponto de assustar.
Nós rimos.
— Não é isso... — Lara começa — Espere um momento. — ela olha para os lados — Cadê a Eva?
Me dou conta que Eva não está com Mateus.
— Não sei. — ele diz frustrado — Ela desapareceu de repente. Eu tomei um baita susto.
— Será que ela se lembrou de mais alguma coisa? — Lara me pergunta.
— Não sei ao certo. — me lembro das últimas vezes que ela sumiu — Para falar a verdade ela não se lembra de novas informações quando desaparece. Só quando sente dor. Ainda não sei a causa de seu desaparecimento. E ela também não.
— Quando foi que ela desapareceu? — Lara pergunta — Vocês descobriram algo?
— Sim, descobrimos. O pai dela está morando em Cachoeiro de Itapemirim ainda. — Mateus responde se aproximando — O que é isso? — ele vê o mapa conceitual.
— Foram as coisas que descobrimos na delegacia. — respondo — Um fato chocante: Eva não morreu naquela noite.
— O que? Como assim? — Mateus está tão assustado quanto Lara.
— Sim, irmãozinho. E o mais chocante: Eva foi atacada porque testemunhou um crime.
— Não é possível! — Mateus senta no sofá.
— Sim, também fiquei assim quando descobri. — Lara diz se sentando ao lado dele — E o pior de tudo é que o criminoso é um serial killer.
— O quê? — Mateus diz assustado — Do que você está falando?
— Foi o que o delegado nos disse. Foi encontrado um total de sete moças. Todas tinham as mesmas características de morte. O ferimento que Eva tinha condiz com o das outras vítimas. Um ferimento feito por um punhal.
— Então quer dizer que ela viu o último assassinato que ele cometeu, por isso foi morta? — Mateus pergunta desacreditado.
— Sim. Na verdade foi por isso que o assassino a atacou. Mas os ferimentos não a mataram. Segundo o delegado eles tiveram medo dela ser atacada novamente, por isso mantiveram o seu estado de saúde em sigilo.
— Então, como foi que ela morreu? — Mateus questiona.
— Isso nós não sabemos. O delegado não pode nos dar mais informações, porque o criminoso ainda está à solta. — Lara responde.
— Isso quer dizer que após ele atacar a Eva e o caso ter uma pequena repercussão ele desistiu de matar? — Mateus supôs.
— Eu acho que ele nunca parou. Apenas encontrou uma forma dos corpos não serem descobertos. — digo friamente.
Não consigo acreditar que um assassino consiga se desligar do desejo de matar. Já é um ser humano corrompido.
Aliás, nem ser humano é mais.
— Faz sentido. — Lara concorda — Agora temos que descobrir uma forma de encontrar o pai de Eva.
— Sim, temos que encontrá-lo. — digo firmemente.
👻👻👻
Passamos o dia colhendo informações. Tanto para encontrar possíveis vítimas como para descobrir onde está o pai de Eva.
Bem, ela por outro lado continuou desaparecida.
Ao fim da tarde voltamos para casa e anotamos tudo que descobrimos.
Ao todo cinco jovens estão desaparecidas. Nada que confirme que foram assassinadas pelo mesmo maníaco. Mas nada que prove que não foram também. Por isso seguimos com a possibilidade que foram vítimas dele, pois possuem características muito semelhantes. Tanto física quanto socioeconômica.
Estamos tão distraídos anotando tudo que nem notamos a presença de Eva.
— Eu me lembrei de uma coisa.
Assustados nós olhamos para trás.
— Me lembrei de mais uma coisa. — ela continua falando — Meu pai mandou mensagem me pedindo para voltar para casa porque ele tinha algo para me contar. Quando estava voltando eu vi uma garota sendo espancada.
— Então foi isso... — afirmo — Nós também descobrimos que o que você viu não foi um crime qualquer e sim um assassinato.
— Sério? — ela diz sem acreditar — Então ele me perseguiu e me matou por medo de eu ter visto o rosto dele? — ela ainda não sabe que não morreu com o ataque.
— Provavelmente. — Mateus diz.
— Você se lembra do rosto dele? — Lara pergunta.
— Não... — Eva diz cabisbaixa.
— Vamos até o local até onde você viu o crime. — Lara diz — Vocês dois tentem achar o pai de Eva nas redes sociais. — ela se direciona a Mateus e eu, antes se sair.
— Você procura no Facebook e eu no Instagram. — Mateus ordena.
— Qual o nome dele? — pergunto abrindo o aplicativo em meu celular.
— Rodrigo Oliveira.
— Rodrigo? — pergunto — Acho que ouvi esse nome recentemente. Não me lembro de quando foi...
— Não existe apenas um Rodrigo no mundo. A probabilidade de ser o mesmo é mínima.
— Sim. É verdade. — concordo deixando de lado meus pensamentos.
Nos distraímos procurando pelo tal, mas não encontramos nada.
— Já está escuro. A Lara já deveria ter voltado. — Mateus diz preocupado após olhar pela janela.
— Ela já deve estar voltando. — afirmo.
— Rápido! — Eva aparece nos assustando — Rápido! A Lara precisa de ajuda.
— O que isso quer dizer? — Mateus diz em pânico.
— Um homem encapuzado a atacou. — Eva diz desesperada — Rápido!