Por toda vida

By Larissacosta52

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Infelizes despedidas, Inesperados reencontros. Avisos: Cena implícita ao suicídio, portanto se isto o mobiliz... More

Per Tutta La Vita
Vere Amicizie
Sapore Agrodolce
Dolce Estraneo
Grano e Gelato
La chiave essenziale
Mio Rifugio
il passato all'aroma del caffè
Dietro una cascata
L'amore ti rende coraggioso

Caro sconosciuto

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By Larissacosta52


Ainda se sentindo desnorteado e com a cabeça latejando devido à queda, conseguiu-se sentar com a ajuda do estranho que quase havia lhe batido. Olhando mais de perto, Luccino encarou fixamente a barba por fazer do homem à sua frente e se perguntou do porque não conseguir tirar os olhos da mesma, até perceber que o estranho estava falando com ele. Era estranho chama-lo de estranho, mas não conseguia pensar em nada além do que havia acontecido e o turbilhão de sentimentos de uma vez, por causa de uma quase batida de carro.

Pelo menos, achava que era a única causa.

Ao olhar ao redor, viu o seu capacete com alguns amassados e arranhões, sua mochila de viagem, e a sua moto a alguns metros de distância. Ela também parecia ter visto dias melhores, se ela aguentasse o resto da viagem até o Vale do Café, já seria um milagre.

- Oi? Consegue se levantar? Quer ajuda? – O estranho o fitava preocupado, parecendo não saber o que fazer.

Luccino acenou, ainda sentindo as mãos frias e um tanto tremulas. Mas sendo honesto consigo mesmo, não sabia se era apenas pelo infeliz acidente e o imenso susto que levara. Ao ser puxado para cima, fechou os olhos, levando alguns segundos para sentir o mundo ao seu redor não girar fora de orbita. O desconhecido pareceu perceber e continuou a firma-lo em suas mãos, as segurando, firmes.

-Olha, eu realmente sinto muito... Você precisa que eu te leve até um hospital próximo? Você acha que quebrou algum osso? – O homem suspirou, expressando uma revolta contida. – Eu sabia que não deveria ter dirigido, Randolfo disse que eu não estava preparado o suficiente, eu sou um péssimo motorista-

Luccino não aguentou os lamentos do outro e começou a rir.

-Est-Está rindo de mim? – A sobrancelha do estranho arqueou pra cima, parecendo indignado. – Eu acabei atropelar você! De fato eu acho que você precisa ir ao hospital e checar se está tudo bem mesmo, quem em sã consciência estaria rindo de uma coisa dessas?

- De fato... Mas, em sua defesa, você não me bateu, apenas... surgiu de repente em alta velocidade, me assustou e fez com que eu caísse e quase fosse dessa pra melhor. Ou pior, eu não sei. – Luccino balançou a cabeça, já conseguindo sentir seu corpo de volta a si, mas não queria largar as mãos que o seguravam.

-Se você não queria que eu me sentisse culpado, definitivamente conseguiu o contrário. – O estranho bufou, olhando para o céu, e viu que estava anoitecendo e nenhum carro ainda tinha passado por aquela via da estrada. – Bom, pelo caminho que você vinha, acredito que ia em direção ao Vale do Café, correto?

- Sim, não sou daqui, mas da Capital. – Luccino respondeu, mas sentiu um sorriso brotar no rosto quando viu o outro sorrir. – O que? Agora você está rindo de mim?

-Não! Não, é que... Você tem um sotaque um tanto diferente pra ser apenas paulista, só isso. – os olhos castanhos o avaliavam, desconfiados, mas questionadores.

-Ah, sim, na verdade eu sou... – O celular no bolso em sua calça começou a tocar e o contato das mãos se perderam, provocando uma chateação repentina em Luccino. Pegou o aparelho e reconheceu o número – Desculpe, preciso mesmo atender.

O estranho acenou parecendo compreender, afastando-se para lhe dar privacidade.

-Alo?

-Luccino! Aconteceu alguma coisa? Você não é de se atrasar, quando me avisou que estava saindo de São Paulo já tinha deduzido que deveria estar chegando aqui no Vale... Eu e Brandão estamos esperando você.

Luccino coçou atrás da cabeça, desalinhando mais os cabelos bagunçados pelo vento, preparando-se para um pequeno sermão da melhor amiga.

-Desculpe Mariana, sofri uma pequeno acidente e realmente não-

-O QUE, Luccino Pricelli, como assim você sofreu um acidente?! Você está bem? Onde você está? – A voz aflita da mulher do outro lado da linha fez com que o italiano se sentisse culpado por não ter avisado antes sobre o que tinha acontecido, sabia que Mariana preocupava-se mais com os amigos e família do que consigo própria.

E realmente não deveria reclamar, pois era da mesma forma. Por terem tanto em comum, não foi difícil construírem um laço de amizade após terem se conhecido há sete anos atrás em um festival de fotografia em Toscana, na Itália.

-Eu prometo que te conto tudo quando chegar no seu apartamento, tudo bem? Eu estou bem, e agora preciso mesmo desligar, chego em menos de uma hora. Não se preocupe, minha amiga. Me perdoe pelo atraso. – Luccino suspirou e desligou o telefone, sabendo que seria uma noite em que definitivamente Mariana agiria como tal irmã mais velha, mesmo tendo outros que...

Enfim, não vinha ao caso agora.

Virou-se, olhando para o estranho que agora estava sentado no capô do Jeep, segurando seu capacete em mãos.

- Eu sinto muito, acho que terá que comprar um novo capacete. – A sua expressão parecia ser sincera em profundo pesar e arrependimento. – Quando eu levar você ao hospital, eu posso te pagar um valor que ajude a pagar por outro e pelo concerto da mot-

-O que? Não! Não, não é preciso. – Luccino afobou-se em cortar o outro, jamais imaginando em pedir que pagasse por algo, apesar do leve prejuízo que teria em que concertar os pequenos danos da moto, mas eram detalhes perto do que já concertara em sua oficina.

-Eu preciso fazer alguma coisa! Um pedido de desculpas não é o suficiente e-Sério. Por favor. – O estranho aproximou-se dele, nervoso e aparentemente culpado pelo o que acontecera. Pensou novamente em retrucar, mas o toque em seu antebraço o emudeceu completamente e o discurso preparado morreu na ponta de sua língua. – Por favor, deixa eu cui-

O rosto do outro homem avermelhou-se, parecendo se dar conta de algo.

-Eu... fazer algo por você.

Depois de alguns segundos, pareceu entender assentiu com a cabeça.

- Tudo bem, estranho. – Luccino sorriu, não entendendo a si próprio por estar agindo da forma que estava, próximo a alguém que nunca tinha visto em sua vida, mas que estava trazendo tanta confusão em sua cabeça. E em... bem, deve ser apenas o susto e o choque com a queda. – Uma carona até o Vale, é o que eu peço então.

Luccino não sabe por quanto tempo eles sustentaram os olhares ali naquela estrada deserta, o sol quase sumindo no céu que agora estava pintado entre o roseado e o laranja. A única coisa em que Pricelli conseguia se concentrar era o seu coração batendo desesperado, com um aperto enorme. Diferente das dores que sentia quando acordava quase todos os dias, sobressaltado de algum pesadelo, na maioria das vezes quando lembrava com o que tinha sonhado, sempre enxergava-se angustiado, aflito e uma aliança em mãos.

Voltava-se totalmente ao trabalho e aos estudos para tentar refugiar-se da agonia ao acordar e sentir tão nitidamente o som de uma arma sendo disparada... Havia dias em que tentava dormir novamente, mas quase sempre não conseguia, assim buscava estudar algum assunto aleatório de uma disciplina da faculdade, ou simplesmente sentava-se em frente à tv e assistia algum desenho animado. Mas a vontade de saber os possíveis significados por trás dos pesadelos o acompanhava dia após dia, desde quando veio para o Brasil depois da recente viagem que fizera à sua cidade natal.

-Você está bem? – Sentiu o aperto em seu antebraço, voltando novamente ao estranho, que... De alguma forma, Luccino sabia que não era certo chama-lo de estranho, quando a última coisa que tinha certeza em tão pouco tempo, é que ele não era nada estranho.

-Sim, eu só... Estava pensando. – Luccino sussurrara, como se quisesse manter aquele momento ali. Guardado. Como se qualquer movimento brusco ou um tom mais alto pudesse quebrar aquela bolha tão sensível.

O italiano estava tão perdido em pensamentos e entorpecido pelo momento, que mal notara que o desconhecido à sua frente estava tão desnorteado quanto ele, ambos sem notar na inexistente distância entre os dois corpos que se aproximaram, como se tivessem puxados invisivelmente.

-No que está pensando?

-No que está pensando? – Otávio sussurrou, deixando-se sentir à vontade admirando o homem ao seu lado, ambos deitados na grama, tocando em seu antebraço, em baixo de apenas um das várias arvores em um campo distante do Vale do Café.

-Na verdade, nada em especial. Só consigo me concentrar... Em nós. Aqui, distantes...

- De interrupções? – O major sentiu o rosto abrir-se em um sorriso largo ao ouvir o riso do jovem Pricelli.

-Exatamente. Mas, agora que você comentou, eu não consigo pensar no que porquê de não estarmos fazendo algo sobre isso... – Colocou-se sobre o antebraço na grama, seu corpo quase cobrindo o homem ao seu lado que arregalara os olhos entendendo a malicia em sua voz.

-Porque viemos aproveitar o clima e admirar a natureza, r-relaxar. – Pigarreou, olhando para o sol se pondo ao longe. - O que mais poderia ser?

-Eu não sei você, mas... – Pronunciou-se baixinho, colocando a palma da mão no rosto abaixo de si. – Eu vim admirar... o meu namorado.

Otávio engoliu em seco, deixando-se levar pela intensidade do olhar do outro. Segurou a mão que estava em seu próprio rosto, o acariciando e sorriu, entorpecido por tanto amor que sentia.

-Namorado?

O homem assentiu, aproximando seu rosto, encostando seus narizes, em um carinho que ambos brincavam entre si quando sentiam que um estava ansioso demais, triste, ou simplesmente, quando queria dar vazão a tanto sentimento.

-Além disso, depois de quase bater o carro em uma arvore, mas conseguir nos trazer com vida até aqui, eu deveria realmente admira-lo. E encoraja-lo a ter mais aulas de direção. – Ele terminou gargalhando, ao se ver envolto por duas mãos o agarrando e fazendo-lhe cocegas.

Este era apenas um dos momentos entre eles dois, que ambos queriam parar no tempo e permanecerem ali, distantes de tudo, apenas... Eles.

- Eu... – Luccino engoliu em seco, e saltou no lugar quando sentiu o celular tocar novamente, e o outro homem pareceu despertar para a realidade deles.

-Acho que alguém está preocupado com você. – O homem apontou agora, para o celular que Luccino segurava. – Não vai atender?

- Eu vou ouvir um longo discurso de qualquer forma, então vou me poupar até chegar em frente da tal pessoa e escutar pessoalmente.

-Tudo bem. – O outro deu de ombros, acenando. - Podemos ir?

O restante da viagem ao Vale do Café durou por volta de uns 50 minutos, Luccino pensou ao chegarem enfim, no destino em que tanto ansiava. Ele não conseguiria definir esse pequeno tempo em palavras, porque boa parte do tempo, ele estava ocupado rindo ao tentar não deixar Otávio tirar o Jeep da estrada, ou não deixar o carro estancar ou até lembra-lo que poderia aumentar a velocidade, mas pelo visto o estranho não estranho ficara realmente assustado com o acidente.

Ao chegarem em frente à entrada de uma casa com um discreto campo florido e uma fonte de agua, Luccino pôde avistar de longe Mariana com os braços cruzados. No meio da viagem, conseguiu passar poucas mensagens a avisando de que estava bem e chegando no Vale do Café. Luccino sabia que poderiam ter conversado e trocado informações com o homem, e sabia que não agira com sã consciência ao confiar totalmente em um desconhecido, que ainda por cima fora o responsável de um quase acidente. Mas nada tirava o sentimento de pertencimento, de conhecer, de sentir algo que as vezes, quando acordava sozinho na penumbra do quarto em algumas madrugadas, sentia.

Encontrava conforto nos sonhos em que ainda conseguia lembrar dos resquícios de risos e de toques demorados de uma pessoa na qual não reconhecera em nenhum dos sonhos. Diferente dos pesadelos que constantemente o assombravam na maioria das noites. Talvez ele estivesse com medo de saber o que poderia ser revelado daquele estranho não estranho, ou talvez ele não quisesse se dar conta de algo que talvez ele já soubesse, mas que ainda não tinha consciência. Assim, além dos risos compartilhados no carro pela falta de coordenação motora do motorista, seguiram viagem até ali apenas sentindo o momento por ele mesmo.

Ambos os homens não sentiam-se felizes pela chegada, mas guardaram tal pensamento com eles mesmos.

- Chegamos. – Luccino soltou o cinto de segurança. – Eu... te agradeço. E sim – Continuou antes que o homem ao seu lado se desculpasse novamente. – Eu sei que não preciso agradecer, mas... Acho que preciso, de uma forma ou de outra. Tem certeza que vai conseguir seguir seu rumo sem bater em alguma coisa?

O outro homem balançou a cabeça, sorrindo, sentindo o rosto esquentar. Esperava que a penumbra da noite estivesse escondendo. O estranho ao seu lado estava arrancando sorrisos dele mais do que já contara durante muito tempo, até aquele dia. Queria perguntar seu nome, mas... Não sabia se era certo. Mas, ele não queria vê-lo ir embora, desde o momento do quase acidente até aquele momento, ele ainda não reconhecia o Otávio que permitia-se ser do lado de um desconhecido que, sentia não ser desconhecido.

-Tive um bom professor nesses minutos de viagem. – Ambos riram, aproveitando os segundos de silencio. – Eu posso... Te pergunt-

-Claro. – Luccino não conteve-se, sem perceber, inclinando-se em direção ao outro. A ansiedade em sua postura o denunciava sobre o quanto estava gostando de ver o homem ao seu lado acanhar-se. E da companhia.

-Você vai achar besteira, ou um absurdo... Ou algo pior.

-Eu não vou. Eu prometo.

-Parece que, eu já te vi em algum lugar. – Otávio confessou baixinho, fixando seu olhar em todos os detalhes possíveis do rosto à sua frente. – É como se eu tivesse a sensação de que eu já tivesse te conhecido. Enfim, é bobo, eu sei.

Luccino balançou a cabeça, realizando-se da mesma sensação. Talvez fosse algo a mais, como o seu coração lhe dizia, que era tudo, menos coincidência, mas sua mente o alertava dizendo que era apenas esquisito e surreal demais. Eles eram apenas dois estranhos que se encontraram de um jeito incomum.

-Não. Não é. – Luccino quebrou o olhar fixo de ambos. Suspirando, colocou a mochila nas costas e abriu a porta do carro. – Vou retirar a moto detrás do seu Jeep... Boa noite. E obrigado.

Ao ver o Jeep se distanciar, Mariana encarou o seu melhor amigo segurando a moto ao seu lado, descendo as escadas e o envolvendo em um abraço apertado. Para logo em seguida dar um forte tapa em seu ombro.

-Ai! Por que... – Luccino parou de falar ao ver o olhar da mulher a sua frente. – Desculpe.

-Vamos entrar, sei que temos o bastante para conversarmos a noite toda. – Ela o beijou no rosto, o puxando para dentro da antiga casa dos Benedito. 

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