2ª regra: " Não se apaixonar pelo fruto proibido".
É impossível não lembrar do exato momento, dia e lugar que os nossos olhares se cruzaram e que a nossa história estilo Romeu e Julieta começou a ser escrita.
Ainda éramos duas crianças, nossas famílias eram amigas e todo domingo se reuniam em um almoço amigável.
Nossas mães iam para a cozinha e preparavam o melhor da comida italiana, nossos pais viviam falando em negócios e nós andávamos correndo por todo jardim.
Eram tempos excelentes, daqueles que infelizmente não voltam mais e que deixam um doce sabor de lembrança. Tempos ingênuos, sem grandes responsabilidades e que não nos impediam de vivermos livres.
Tempos sem que soubéssemos o que significava máfia ou suas regras absurdas, sem oportunidade de escolha.
Hoje, já não conversamos mais.
O que sentimos ou que achávamos que sentíamos foi apagado pelo tempo. Você mudou, já não é mais o garotinho doce e sorridente. Seu cargo na máfia o deixou sombrio, sem sorrisos ou qualquer generosidade.
Eu também mudei, não sou mais a garota ingênua que aceita tudo. Sei muito bem o que quero e corro atrás para conseguir, não sou manipulável.
E vocês caros leitores devem estar se perguntando por que desse desabafo, estou certa?
A resposta é simples.
Eu estou voltando pra casa, depois de longos anos longe da minha querida Itália. O intercâmbio na Inglaterra acabou e me formei com louvor em psicologia na universidade de Cambridge. Os anos por lá me trouxeram frescor e novos pensamentos.
Paixões também, é claro. Porém Fellipo Barone não saí da minha cabeça e principalmente do meu coração.
Ele é melhor amigo do meu irmão, Consigliere na Nostra Onore e agora noivo segundo a minha melhor amiga Gianna.
Eu não poderia esperar que ele fosse ficar me esperando a vida inteira, como dizem por aí: a fila anda. Porém eu não imaginava que ele fosse esquecer tudo o que vivemos.
O carro em que estou para em frente a Mansão Bertholdi. Posso ver o quanto a construção não mudou, continua a mesma, talvez um pouco mais sombria do que de costume. Mas ainda sim me traz lembranças de bons momentos.
Saio do táxi e pago ao motorista pela corrida. Adentro o local sem dificuldades, porém muito bem seguro com vários seguranças espalhados por toda propriedade.
Avanço calmamente pelo caminho que me leva a frente da casa e a bela fontana que ali existe.
Estranho não ver ninguém para me recepcionar, mas acho que é melhor assim. Estou cansada do vôo exaustivo e as longas horas de carro até a mansão. Ainda tenho a chave de tudo, mamma fez questão de me enviá-las por correio. Patrícia Bertholdi é a melhor mãe do mundo, sempre doce e extremamente protetora com seus bambinos.
Entro em casa e me deparo com tudo da mesma forma. Ando pelo corredor que tanto temia quando criança, relembro do quanto Lorenzo odeia passar por aqui também e rio sozinha.
Estou tão distraída que não reparo que o fim do corredor está próximo e sorrio surpresa com a festa de recepção em minha frente. Uma faixa gigantesca com um Seja Bem-vinda está posicionada no centro de tudo, todas as pessoas que gosto estão ali e Gianna não demora a correr em minha direção.
— Que saudades amiga.- Ela me abraça tão forte que tenho a sensação de que meus ossos vão quebrar.
— Você nem me contou nada, né sua danada?- Gianna ri.
— Eu não podia, se contasse tia Paty me mataria.- Gianna fala com medo de mamma.
E dou risada de sua cara assustada.
Vejo Lorenzo vindo em minha direção, juntamente com Patricia.
— Como você está magrinha bambina.- Patricia aperta meu rosto avaliando tudo em mim.
Sua preocupação me arranca um sorriso de felicidade em poder estar em casa. Damos um abraço apertado e cheio de saudades.
— Está quase a Olívia palito.- Lorenzo solta uma piadinha e gargalha logo depois.
Se não tiver implicância não é o meu irmão. Ele me arranca do chão com seu abraço e logo vejo meus sobrinhos e Violetta se aproximando também.
— Não irrite a sua irmã, amore.- Violetta fala em um tom bravo que me faz gargalhar.
Amo demais a minha cunhada.
— Sempre colocando Lorenzo no lugar, minha "ídola".- Ela sorri pra mim e me abraça também.
Hoje é o dia do abraço, estou adorando todo o carinho que me é dado.
— E vocês coisinhas mais lindas da tia, sentiram minha falta?- Faço cosquinhas nos dois que tentam fugir de mim, em vão.
Stella está com 5 anos e é a garotinha mais esperta e linda que conheço. Henrique já está um homenzinho, tão lindo e doce que chego a me derreter toda.
Recebo como resposta dois beijos na bochecha. Logo eles já estão correndo com outras crianças, incluindo as gêmeas de Paola e Vicenzo.
Olho ao redor e não encontro Heitor, havíamos brigado feio antes de que eu partisse para o intercâmbio e não vê-lo ali era muito ruim. Apesar dos pesares, ele ainda era o meu pai e realmente gostaria que ele me apoiasse em tudo.
Não que ele me desse as costas como ele fez quando fui embora.
— Ele ainda está chateado, querida.- Patricia sorri docemente. — Mas tenho certeza que esse mal estar entre vocês vai passar.- Concordo rezando para ela estar certa.
A festinha fora de hora, no meio da semana se agita e revejo muitas pessoas que adoro. E é óbvio que algumas que não pretendia ver tão cedo, porém um em especial não vejo em lado algum.
Ele não veio.
Talvez a nossa não despedida a força, tenha o machucado de uma forma irreversível.
— Eu o chamei, mas ele desligou na minha cara.- Gianna fala ao meu lado.
Ela sempre sabe quando algo me aflige.
— Não poderia esperar um buquê de rosas e um volta pra mim, Gianna.- Tento sorrir, mas é em vão.
— Ele não sabe o que está perdendo.- Ela logo me anima. — Tem vários novinhos de olho em você que eu sei, dê uma oportunidade para todos eles.- Gianna fala me fazendo gargalhar.
Minha louca e querida amiga é a favor do amor livre, sem preconceitos ou quantidade certa de pessoas para se relacionar.
— Só você mesmo, Gianna.- Ambas rimos, atraindo alguns olhares em nossa direção.
Algumas horas se passam, como muitas besteiras e tento distrair a minha mente em uma conversa acalorada com Gianna. Porém me sinto cansada, o sono está quase me tomando e é a hora de dar boa a noite para todos.
Algumas pessoas já foram embora quando me despeço e subo as escadas para o meu quarto. O corredor está vazio e com a minha chave abro a porta, o mesmo está escuro. Não demoro muito a ligar a luz, viro-me para pegar as minhas malas e fecho a porta com a cintura.
Deixo as malas caírem de minhas mãos ao ver o dono de todos os meus pensamentos sentado em minha cama, despreocupadamente. Nossos olhos se encontram, um aperto de saudade toma o meu peito e o meu maldito coração bate acelerado.
Eu estou petrificada no meu lugar, não consigo se quer falar e olho para ele como se o mesmo fosse uma miragem. Seus olhos me avaliam, indecifráveis e extremamente perigosos. Me sinto acuada, como uma presa sendo avaliada pelo seu predador.
Fellipo Barone nunca me pareceu tão assustador aos meus olhos.
E tudo piora quando ele se levanta, vindo calmamente em minha direção e me encurralando como um maldito predador.
— É um delicioso prazer revê-la, amore.- Ele sussurra enlouquente em meu ouvido.
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Olá queridos(as),
O livro tem uma proposta diferenciada. Os personagens principais viveram um romance na juventude, ainda na época em que se passa a história de Lorenzo e Violetta. Porém a história deste livro ocorrerá anos depois com reencontros, flashbacks e muita ação.
Se permitam saborear essa doce e fascinante história.
P.S Leiliane Morais