Simply Happens [H.S]

By gabriela231d

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Ela, uma menina ofuscada pelo próprio medo de se mostrar as pessoas. Sendo muito difícil conseguir desifrar... More

1°- Capítulo.
2°- capítulo.
3°- capítulo.
4°- capítulo
5° - capítulo
6°- capítulo
7°- capítulo
8°- capítulo
9°- capítulo
10°- capítulo
11°- capítulo.
12°- capítulo
14°- capítulo.
13°- capítulo.
15°- capítulo.
16°- capítulo
17°- capítulo.
18°- capítulo.
19- capítulo.
20°- capítulo.
21°- capítulo.
22°- capítulo.
23°- capítulo.
24°- capítulo.
25°- capítulo.
26°- capítulo.
27°- capítulo.
28°- capítulo.
29°- capítulo.
30°- capítulo.
31°- capítulo.
32°- capítulo.
33°- capítulo.
34°- capítulo.
35°- capítulo.
36°- capítulo.
37°- capítulo.
38°- capítulo.
39°- capítulo.
40°- capítulo
41°- capítulo.
42°- capítulo.
43°- capítulo.
44°- capítulo.
45°- capítulo.
46°- capítulo.
47°- capítulo.
48°- capítulo
49°- capítulo.
50°- capítulo.
51°- capítulo.
52°- capítulo.
53°- capítulo.
54°- capítulo.
55°- capítulo.
56°- capítulo.
57°- capítulo.
58°- capítulo.
59°- capítulo.
60°- capítulo.
61°- capítulo.
62°- capítulo.
63°- capítulo.
64°- capítulo.
65°- capítulo.
66°- capítulo.
67°- capítulo.
68°- capítulo.
69°- capítulo.
71°- capítulo.
72°- capítulo.
73°- capítulo.
74°- capítulo.
75°- capítulo.
76°- capítulo.
77°- capítulo.
78°- capítulo.
79°- capítulo
Fim.
Agradecimentos e recadinhos.
Epílogo.
Wedding And Party ( capítulo bônus)

70°- capítulo.

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By gabriela231d

Tinha a sensação que parei de andar, assim que encontrei seus olhos, centralizados em mim como se eu fosse a única pessoa naquele lugar. E bem, eu sentia a mesma coisa. Somente conseguia enxerga-lo, apesar da minha dificuldade em acreditar que isso era mesmo real.

Meu coração acelerou imediatamente, como em todas as vezes que ele está por perto, e apesar de não gostar muito dessa sensação; a sensação de estar olhando para algo mas não estar realmente vendo, os pensamentos parecem nos cegar por segundos e somos transportados para outro lugar, como em um mundo paralelo.

Apesar disso, apesar dessa sensação não tão agradável, o sentimento foi vibrante em vê-lo, porque independente do quanto eu tentasse negar, sentia saudades dele.

Harry estava aqui.

E estava bonito.

Tipo, muito.

- Ei! A culpa não foi minha, tá legal? Um certo alguém estava indeciso de vir, então praticamente tive que chantage-lo, e sabe como é, essas coisas levam tempo.

Minhas pálpebras piscaram, me trazendo de volta a realidade. Quando consegui que meus olhos saíssem dele, a primeira coisa que vi foi Gemma e Mary se abraçando. Não demorou muito para que eu também notasse alguns olhares sobre mim, como de Emma e Louis, e isso foi o suficiente para trazer cor às minhas bochechas.

Sabia que tinha que parar de ser tão evidente com ele por perto, mesmo que tudo isso geralmente tenha acontecido de surpresa. Mas só preciso agir como se isso não me afetasse da forma que afeta.

Enquanto Mary estava ocupada abrindo seu presente com um grande sorriso, Gemma olhou ao redor, acenando para alguns até me encontrar parada no meio do lugar, ainda não conseguindo mover um músculo.

- Bella! - Gemma imediatamente caminhou até mim, me abraçando da mesma forma afetuosa que eu me lembrava.

Podia dizer que também senti falta dela, porque Gemma sempre foi uma pessoa tão doce comigo, alegre e bem humorada do jeito que contagiava todos ao seu redor. Entretanto, a última vez que a vi foi no último natal, quando nossas famílias se reuniram na casa de Anne.

Aquele foi um dos melhores natais que já tive, e tinha plena consciência de que só foi assim tão especial porque envolvia Harry e sua implicância comigo naquele dia; ele não me deixava em paz e eu, claro, amava aquilo. Porém lembro-me perfeitamente do momento em que ele sentou ao meu lado na mesa da ceia, e entrelaçou nossos dedos por baixo da mesa, para que ninguém visse a não ser nós mesmos. Mal contive meu sorriso e isso resultou em ambos com sorrisos bobos enquanto o resto fingia não perceber, tenho certeza.

Era evidente!

- Estava com saudades de você. - murmurou, e se afastou em seguida, me admirando detalhadamente e ampliando o sorriso de convinhas. - Uau! Esse cabelo ficou um máximo! Aliais, você está linda hoje, Bella.

- Uhm.. Obrigada, Gem. - limpei a garganta, retomando o volume da minha voz - É bom te ver de novo.

- Também é ótimo te ver. Como tem andando uh?

- Oh, eu estou.. estou bem. - dei de ombros, forçando um sorriso em seguida. - E você? Como tem.. uhm.. estado a faculdade?

- Ah, tudo certo. Ainda tenho mais dois anos pela frente, mas nada que eu já não soubesse. - soltou uma risadinha, e a semelhança com as de Harry me fez sorrir inconscientemente.

De repente, uma sombra cobriu o corpo de Gemma. A diferença na altura da mesma para Harry facilitando muito para que eu o notasse, atrás dela. O nó imediatamente atou-se na minha garganta assim que ergui o olhar para ele, encontrando mais uma vez seus olhos em mim.

- Hm.. Será que eu posso falar com ela agora, Gem?

Harry perguntou à Gemma, porém em nenhum momento fez contato visual com ela, nem mesmo quando ela virou a cabeça para ele. Sua atenção estava em mim, inteiramente em mim. E isso fez minhas pernas me trairem, parecendo duas gelatinas na realidade.

- Oh, claro! Hm... Vou ver se Mary gostou do presente então.

Gemma apertou levemente meu braço, antes de dar meia volta, e caminhar até onde Mary e o resto estavam. Apesar de não estar olhando, as risadas e os barulhos diziam-me que eles provavelmente já estavam jogando.

Harry deu um passo para mais perto de mim, trazendo seu cheiro consigo e fazendo-me lembrar imediatamente do porque amo tanto o mesmo. Este, rodeava entre o pequeno espaço entre nós, e eu gostaria que ele se impregnasse em mim, somente por hoje. Isso sem dúvidas me faria dormir com essa roupa mesmo.

- Oi. - o tom rouco, charmoso e calmo da sua voz veio acompanhado de um sorriso de lado que me fez piscar algumas vezes.

Acho que nunca vou conseguir me acostumar com isso, independente do quanto tente. Ele sempre acha formas de me encantar e me tornar mais apaixonada.

- Oi.. - minha voz saiu baixa demais e isso me fez limpar a garganta em seguida. Imediatamente coloquei as mãos dentro do bolso da jaqueta, já que não sabia muito bem o que fazer com as mesmas, e tentei sorrir de volta.

- Hm.. Tudo bem com você?

- Oh. É... E-eu estou bem.

Por que sempre tenho que acabar gaguejando?

- Mesmo? - arqueou as sombrancelhas levemente. - Essa não é a resposta que você usa com todos? - engoli em seco, seus olhos nunca deixando os meus. - Quero saber como você realmente está, Bella.

- Oh... Ahm....

Realmente não esperava por algo assim, algo tão direto e honesto, porém uma grande parte de mim se aqueceu com sua preocupação ao meu respeito. Durante essas semanas, a única vez que nos falamos foi quando ele me mandou uma mensagem perguntando se eu estava bem por causa do resfriado, e foi apenas isso. Mas mesmo essa pequena interação entre nós, já fez minha semana inteira.

- Eu acho que estou... Estou apenas indo, sabe.

- Hm. E isso é algo bom?

Baixei o olhar, encarando minhas botas.

- Acho que para um começo, está de bom tamanho. - encolhi os ombros, voltando a encara-lo em seguida. Ele ainda me encarava fixamente, e se por um lado isso me deixava desconfortável, por outro, me aquecia de incontáveis formas.

Harry assentiu fracamente, pressionando os lábios rosados, as mãos enterradas nos bolsos da calça e seu olhar prendendo o meu como um ímã. Aproveitei o momento de silêncio para admirar o quão bonito ele estava e como a camisa preta de botões que abraçava seu tronco o deixava mais atraente do que nunca.

O modo como seu cabelo estava uma bagunça, moldando seu lindo rosto como sempre e como parecia menor do que a última vez, o que me fez entender rapidamente que ele o cortou. O modo como os detalhes do seu rosto pareciam preciosos demais para sequer admira-los e como eu estava me segurando para não alinhar meu polegar pela linha da sua mandíbula e não pensar muito em como seus lábios estavam tão rosados e convidativos assim que ele os parou de pressionar.

Sua beleza estava me afetando tanto que eu mal conseguia respirar direito.

- Não gostou de me ver aqui? - perguntou de repente, tornando suas feições mais sérias e apreensivas.

- O quê? Por que acha isso?

- Só estou perguntando. - encolheu os ombros, sua mandíbula apertando-se visivelmente em seguida. - Não quero que isso seja desconfortável para você.

Bem, não era como se eu me sentisse preparada para vê-lo mas também não era como se eu não quisesse. Eu queria. Muito.

- Oh, não. Não é isso. Eu apenas fiquei surpresa em te ver... Não sabia que viria.

- Mary não contou?

- Não. - desviei o olhar para onde Mary estava, notando o sorrisinho sugestivo que ela abriu assim que me flagrou olhando-a.

Ela vai me pagar por isso.

Voltei meu olhar para ele.

- Ela não me contou.

- Oh. Se isso estiver difícil para você, tudo bem, eu posso ir embora.

- Eu não quero. - disse abruptamente, mordendo o lábio inferior em seguida quando notei o que fiz.

Muito afobada.

- Q-quero dizer... Hm... Eu estou bem.. com você aqui. Não precisa se preocupar com isso, ok? Eu estou... Estou feliz em te ver, na verdade.

Senti-me ruborizar fortemente, e isso o fez sorrir imediatamente, porque eu sei que ele gosta de me ver envergonhada. E não foi um sorriso qualquer, mas sim aquele sorriso torto e de convinhas. Porém seus olhinhos brilhando foram o que mais me chamaram atenção. Senti falta disso.

- Também estou feliz em ver você. Você não faz ideia do quanto. - acabei mordendo o lábio inferior novamente, tentando conter meu sorriso gigantesco. - Aliais, gostei do que fez no cabelo.

- Oh. Hm... É, eu achei que seria bom mudar um pouco. - dei de ombros.

- Eu gostei. Você está.. muito bonita.

Seu meio sorriso ainda estava ali, me distraindo. No entanto que só notei que fazia o mesmo, quando seu olhar oscilou perceptivelmente e ele suspirou baixinho, tornando o ar do ambiente muito mais denso.

- Tá legal. - eu disse de repente, querendo acabar com aquela tortura. - E-eu acho que... Hm... Vou voltar para ficar com a Ally... - dei um passo para o lado para conseguir ver se ela ainda estava no mesmo lugar.

Ela estava, mas não sozinha.

Harry virou a cabeça, olhando para ela também. Eu só sabia que não queria ser vela de novo, e muito menos atrapalha-los, mas ficar perto de Harry também não era muito aconselhável, ainda mais quando ele estava me atraindo a cada respiração, e quando sabia que isso possivelmente resultaria em algo que eu poderia me arrepender depois.

Tenho que manter a droga da minha mente e razão funcionando, porque todos meus instintos me levam direto para ele.

- Parece que Niall já está fazendo isso por você. - comentou, voltando a me encarar. - E sinto muito dizer mas depois que ele a vê, é muito difícil larga-la.

- Eu sei. - murmurei. - Também não estou afim de ficar no meio deles. Parece incoveniente chegar lá agora.

- Não precisa ir. Fica aqui comigo.

Abri a boca para lhe responder, mesmo não fazendo ideia do que realmente iria sair dela. No entanto, no mesmo segundo ouvimos Louis chamar Harry e ambos viramos a cabeça para direção de onde ele estava.

- É sua vez.

- O quê? - Harry perguntou, confuso.

- Sua vez de jogar, cara. Já colocamos o nome de todos, e chegou sua vez.

- Mas quem disse que eu queria jogar? Eu mal cheguei, Louis.

- Vai logo, Hazza. Todos vão jogar aqui. - Zayn incentivou, bebendo sua cerveja em seguida.

- Eu não. - ouvimos Luke dizer de repente, chamando a atenção de todos, ou quase todos. - Já estou indo. - terminou sua cerveja antes de levantar, se direcionando à Michael e Mary em seguida. - Foi mal, mas já deu pra mim. Valeu por me convidarem. E parabéns de novo, Mary.

Houve algumas trocas de olhares, já outros não pareciam estar dando tanta bola para isso e eu apenas sentia-me curiosa, mas realmente era somente isso. A presença de Luke parou de ser tão importante dês que Harry e sua bota de couro pisaram aqui, fazendo o resto ser totalmente secundário para mim.

Michael ainda andou até ele e perguntou se ele tinha certeza, o que só consegui identificar o assentir de cabeça dele como resposta. Não demorou muito para que Luke tivesse saído do Bowling House, não conseguindo deixar para trás um silêncio esquisito somente porque a música de fundo de Drake, In My Feelings, ecoava das caixas de som do lugar.

Louis também fez questão de acabar com os olhares interrogativos que alguns ainda trocavam, fazendo sua voz alegre surgir e sua espontaneidade atingir todos.

- Tá legal! Harry, vem logo para cá e faz um strike do jeito que eu te ensinei.

- Cala boca, Louis. - Harry revirou os olhos, fazendo todos rirem e me encarou, quando a atenção já não estava tanto em cima dele. De nós. - Tudo bem se eu me ausentar por alguns minutos? Eles não vão me deixar em paz se eu não jogar.

- Oh, claro. Eu já ia ir falar com a Mary mesmo.

Harry assentiu, e andamos em silêncio até onde todos estavam, me fazendo perceber que estávamos bem exclusos se comparado ao resto do pessoal. Avistei Mary escorada na parede ao lado de Michael e Gemma, conversando entre eles, e caminhei até eles. Harry se direcionou até à pista, onde seus amigos e Emma estavam, e consegui ver quando ele comprimentou todos.

Meu olhar focalizou somente em Mary enquanto eu caminhava, e manteve-se nela quando parei em sua frente, ignorando a presença de Michael e Gemma, que aparentemente parecerem entender quando disseram que iam buscar mais bebidas, mesmo que o frigobar estivesse cheio.

Mary por outro lado não parecia nem minimamente intimidada comigo, e com a pressão que tentava colocar nela. Ela somente bebia sua garrafinha de Heineken enquanto me encarava de volta, como se não soubesse de nada. Acabei por cruzar os braços e suspirar, deixando claro que minha paciência estava evaporando, e continuei esperando por uma resposta, mesmo que eu não tenha feito uma pergunta de fato. De qualquer forma, ela entende.

- Se você veio aqui para me agradecer, saiba que não precisa. - sorriu cinicamente, e eu acabei revirando os olhos.

- Você sabe que eu não vim aqui para isso, Mary.

Virei minha atenção para Harry na pista, observando-o enquanto ele escolhia qual bola iria usar. Sentia o olhar de Mary ainda sobre mim, mas isso não me importava mais. A expressão concentrada de Harry era tudo que meus olhos queriam ver, no momento.

- Ah qual é? Você, eu, e até às estrelas cadentes sabemos que você queria vê-lo de novo. Eu apenas dei um empurrãozinho para que seu desejo se concretizasse. Devia estar me abraçando e dizendo que sou a melhor, era o mínimo.

- O problema, Mary, é que você não me avisou. Não estou chateada por tê-lo convidado, mas por não ter me avisado sobre isso. Não custava nada ter me preparado para isso.

- Se eu te contasse, você estaria com os nervos a flor da pele, sem falar no quanto inquieta você fica quando está assim, me fazendo ficar também. Só não queria que você ficasse o dia inteiro ansiosa por isso, ou que, possivelmente, inventasse motivos para não vir.

- Eu não faria isso. - murmurei, e observei quando Harry finalmente escolheu uma bola. O que pareceu ser uma de 7kg. Eu provavelmente não pegaria uma tão pesada assim.

- Como eu poderia saber?

- É o seu aniversário, Mary. Não iria deixar de vir, nem por causa dele.

Não estava mentindo. Jamais deixaria de passar o aniversário de Mary com ela por causa de outra pessoa, mesmo que isso peça muito de mim. Eu nem sabia porque estava tão chateada, além do mais. Só sabia que meu coração ainda estava batendo forte, mesmo ele estando à metros de distância.

- Hm... Tá, pode ser que eu tenha vacilado um pouquinho, mas foi com as maiores das boas intenções. - argumentou, franzindo o cenho levemente. Eu suspirei em derrota, sabendo que essa conversa não nos levaria à nada mesmo.

- Tá, tudo bem.... Acho que não seria muito vantajoso me contar de qualquer maneira. Nunca estou preparada para vê-lo, sabendo ou não.

- Awwwn! Nunca sei quem é mais meloso, você ou ele.

- Cala boca. - revirei os olhos, segurando meu sorriso. - Devia estar enchendo o saco do Michael, não o meu.

- Isso só mais tarde.

- Mary!

Mary gargalhou, chegando a ficar vermelha, até mais que eu. Balancei a cabeça em negação, não conseguindo segurar meu sorriso divertido com a situação. Já estou ficando quase acostumada com a indecência da minha prima na verdade. Desviei o olhar para pista, no mesmo momento em que Harry se preparava para jogar, se distanciando para dar uma certa velocidade.

Depois daquilo, apenas consegui ver quando a bola derrubou todos os pinos, pois a velocidade em que ela percorreu a pista foi realmente surpreendente. O telão acima de nós brilhou com cores fortes, dando à palavra strike um imenso destaque. Alguns dos meninos parabenizavam Harry pela bela jogada, já os outros não pareciam estar tão interessados e eu, eu estava impressionada ao lado de Mary.

- Uau. Parece que o Sr. Bonzão está com tudo hoje. - Mary comentou, bebendo sua cerveja em seguida. - E não por nada, mas tenho a leve impressão que ele está querendo te impressionar hein.

Parei de duvidar de Mary quando Harry virou a cabeça para mim, e puxou os cabelos para trás com a maior das expressões neutras existentes. Mas mesmo com ela, fez minha garganta secar no mesmo segundo. Balancei a cabeça quando Mary bateu de leve o seu ombro no meu, dando uma risadinha muito de menina de colegial para mim aguentar. Dei meia volta para ir até o frigobar e buscar algo para beber, porém no entanto, Mary me parou no ato.

- Ei, onde vai? É sua vez.

- O quê? Por quê?

- Porque chegou sua vez, ué. - disse como se fosse óbvio. - É por idade, você vem depois de Harry já que fazem aniversário quase no mesmo dia. Vai lá!

- A-agora?

- Sim, Bella! Vai logo.

Mary já estava praticamente me empurrando em direção à pista, o que me fazia querer bate-la e xinga-la ao mesmo tempo, mas acabei ficando só com a segunda mesmo. Ajeitei minha jaquetinha e caminhei sob alguns olhares até à pista. Quando parei em frente à fileira de bolas me concentrei somente em escolher alguma para tentar ignorar a presença de Harry que ainda estava aqui. E com aqui quero dizer, bem do meu lado.

- Você vai jogar mesmo?

Fiz o meu máximo mas tive que virar a cabeça para ele e encara-lo para perguntar.

- Por quê isso te deixa tão surpreso?

- Talvez porque eu te conheço, e te conhecendo sei que você odeia atenção.

- Hm, sim, mas estou lutando contra isso. Basicamente tenho que fazer esses tipos de coisas, sabe, que chamam atenção.

- Então quer dizer que você não está nem um pouquinho desconfortável em jogar isso, com todos te olhando?

Seus olhos verdes estreitaram-se levemente, enquanto ele continuava me encarando duvidoso. E ele estava certo.

- Não, quer dizer que eu estou muito desconfortável com isso e com uma vontade imensa de desistir e ir buscar uma Coca cola no frigobar.

Harry não riu exatamente mas um sorriso largo e divertido desabrochou em seus lábios com aquilo. Eu não fiz questão de segurar o meu sorriso também, porque brincar com ele me fazia tão bem quanto ver um sorriso dele para mim depois de semanas imaginando como seria isso.

- Bom, já que é assim que tal escolher uma bola antes de você desista de uma vez?

- Boa.

Voltei meu olhar para as bolas à minha frente, com as borboletas praticamente fazendo uma festa no meu estômago. As bolas variavam de 2kg à 7kg e eu não fazia ideia do que escolheria. A última vez que vim aqui, tinha quatorze anos, e mesmo assim mal cheguei perto da pista. Sou um verdadeiro desastre em tudo que faço e nada me diz que agora vai ser diferente.

- Já jogou antes?

- Uma ou duas vezes. Mas não tive muito sucesso.

- E qual bola você geralmente escolhe?

- A mais leve?

Harry riu, e em seguida se aproximou, seu tronco raspando no meu ombro quando ele pegou uma bola de 4kg nas mãos.

- Acha aguenta essa?

- Você não está me chamando de fraca, não é? Ou melhor, duvidando da minha força, porque isso atinge o meu ego de mulher.

Harry sorriu, balançando a cabeça em negação e colocando a bola em minhas mãos, o que não seria nada demais se ele não tivesse posto suas mãos sobre as minhas, segurando a bola junto comigo. Ok, ele está me provocando.

- Isso não é nada mais do que precaução, Bella.

Limpei a garganta antes de me afastar do seu toque, e assentir fracamente, levando minha atenção para a bola em minhas mãos. Me concentrei em colocar os dedos certos nos buracos certos da bola, e segurei a bola mais de lado, com o braço de jogar para baixo de modo que posso sentir o seu peso. Comparado a 7kg ela estava ótima.

Dei uma olhada ao redor, e para minha infelicidade tinha uma quantia considerável de pessoas com suas órbitas sobre mim e sobre o meu desempenho, que não querendo ser pessimista mas já sendo, será vergonhoso. E se a bola nem sequer chegar nos pinos?

Droga de insegurança!

- Tudo bem?

- Por quê todos tem que estar me olhando? Sério, eu não entendo.

- Bem, está meio difícil não te olhar hoje. - murmurou, e eu corei imediatamente. - Além de ser mais que óbvio que as pessoas são curiosas como o caralho.

Acabei sorrindo e ao mesmo tempo suspirando, antes de encarar a pista e o meu alvo, os pinos. Meu nome ainda estava no telão acima de nós, e isso me lembrava do quanto eu estava demorando para jogar. Bem, Harry também tinha sua parcela de culpa nisso, ele estava me distraindo.

- Olha, finja que eles não estão aqui. Que ninguém está. Eu pelo menos não vou de julgar pelo seu desempenho péssimo em boliche.

Harry sorriu na brincadeira e apesar daquilo amenizar um pouco da ansiedade em mim, era exatamente isso que eu mais me preocupava no final das contas. Ele. Do que ele iria pensar, mesmo sabendo que era besteira. Ele nunca me julgou, por que iria fazer isso agora?

- Ninguém está se importando com quem vai ganhar hoje. Só estão aqui pra beber e se divertir e você deveria fazer o mesmo. Só tem amigos aqui, ou quase. - fez uma leve careta, que conseguiu arrancar uma pequena risada minha. - Qual seu principal objetivo hoje uh?

- Não te beijar?

No momento em que as palavras saíram dos meus lábios quis me bater, e não de um jeito leve, mas sim da forma mais bruta possível. Estou esfregando tudo! Eu devia estar colocando limites mas estou praticamente entregando os pontos.

Parabéns, Isabella!

O silêncio era ensurdecedor entre nós, e o pior era seu olhar pesado sobre mim, aquele olhar que me faz sentir exposta, sem defesas e eu odeava isso, e ao mesmo tempo amava, porque só ele conseguia me fazer sentir assim. Somente ele.

- Ei! Vamos lá, Bella!

A voz de Mary somente cooperou para que eu ficasse mais vermelha e envergonhada, porém finalmente me fez sair de onde eu estava, porque meus pés pareciam estar colados no chão. Mordendo meu lábio inferior tão forte que podia jurar que senti o gosto de sangue, dei o primeiro passo para mais perto da pista, porém claro, obviamente que ele iria me parar, segurando meu braço e ficando à centímetros de mim. Centímetros.

- Você consegue. - encorajou, sua voz rouca e grave.

Engoli em seco e assenti, sendo incapaz de falar. Nossa proximidade estava me sufocando, de várias maneiras diferentes e talvez seja por isso que ele se afastou, deixando o caminho livre pra jogar a bola e acertar três pinos na minha primeira tentativa. Na segunda, consegui acertar apenas mais um e não me importei realmente na minha posição no ranking no telão acima, porque ainda estava embriagada por aquele momento.

                              ***

Mary estava bêbada.

E quando digo bêbado é daquele jeito que a pessoa não consegue nem se aguentar em pé sozinha mais. Um verdadeiro estado crítico. Michael por outro lado não parecia sequer que tinha bebido, e por isso, e por ele estar cuidando muito bem dela, não me preocupei muito.

Já estava tarde, por isso todos achamos que já estava na hora de ir embora. Os amigos de Michael já tinham ido há algum tempo com suas respectivas namoradas, depois de beberem muito mas que comparado ao estado de Mary, não é absolutamente nada. Todos pareciam ter se divertido bastante, e sei disso porque acabei por ficar observando-os a maior parte do tempo.

Ao lado de Ally e algumas vezes de Emma, Gemma e Mary, apenas fiquei sentada no sofá, com uma latinha de Coca cola nas mãos e os olhos atentos a tudo a minha volta. Por isso acabei vendo tudo que acontecia, isso quando não estava conversando com Ally e as meninas, ou, inevitavelmente, trocando olhares com Harry. O que aconteceu bastante, devo ressaltar.

Não é como se eu quisesse que isso acontecesse, porque essas coisas me corroem e me enlouquecem ao mesmo tempo, mas foi realmente inevitável de acontecer. Seja porque meus olhos não conseguiam ficar longe dele por muito tempo, ou seja por ele também estar me observando de cinco em cinco minutos.

Literalmente.

No entanto, foi somente isso que trocamos mesmo, olhares, porque ao decorrer do tempo enquanto as pessoas se divertiam e Mary ficava cada vez mais bêbada, não nos falamos mais. Nenhuma palavra.

Harry apenas ficou perto de seus amigos, porém bebeu somente refrigerante como eu e manteve-se ocupado conversando com eles e jogando. Algumas vezes ele se aproximava para buscar mais bebidas para os meninos ou para ele mesmo, no frigobar que ficava ao lado do sofá onde eu estava, mas não dizia uma palavra, e eu achava que era porque tinha as meninas comigo ou porque ele realmente não queria dizer nada.

Me sentia envergonhada depois daquilo por isso nem optei por começar uma conversa, até porque não sabia como, e resolvi deixá-lo quieto porque talvez ele não quisesse falar sobre isso também, vai saber.

Mas tirando essas pequenas coisas, acabei me divertindo no final das contas, porque Ally foi uma ótima companhia e ficamos conversando a maior parte do tempo, sobre tudo. Ela me contou que está pensando em fazer faculdade em Bradford já que seu pai mora lá e irá ajudá-la a pagar, mas que não está totalmente certa disso tanto por causa da mãe e a irmã que moram aqui, quanto por causa de Niall, que segundo ela, quer fazer faculdade aqui, em Londres.

Emma acabou chegando no momento em que conversavamos sobre isso e compartilhou que seus pais estão pensando em se mudar para os Estado unidos e então ela possivelmente entrará em alguma faculdade de lá, o que ela gostou sendo a boa aventureira e adoradora de novas experiências que ela é. Fiquei contente por elas, e ao mesmo tempo sentida por saber que nosso tempo juntas está ficando cada vez mais escasso, mas guardei essa parte somente para mim e tentei incentiva-las da melhor forma possível.

Perto da meia noite, todos já estávamos se arrumando para irmos embora, Michael cuidava do pagamento do local enquanto Emma, Ally e Gemma tentavam manter Mary em pé. Eu tinha ido ao banheiro novamente, já que tomar Coca cola a noite inteira gerou consequências. Ajeitei meu cabelo em frente ao espelho, louca para prende-lo de uma vez e desci as mangas da minha jaqueta, sentindo a mudança drástica do clima.

Assim que fechei a porta atrás de mim, e ergui a cabeça, tive um pequeno sobressalto quando um corpo grande e alto surgiu na minha frente, me assustando imediatamente.

- Droga, Harry. Você me assustou.

Percebi quando ele cerrou os lábios, segurando o riso e baixou a cabeça para tentar disfarçar que achou graça. Franzi o cenho para ele, com uma expressão interrogativa que logo o fez voltar ao normal, ou quase.

Ele ainda estava muito perto.

- Desculpa. Eu só estava te esperando, Louis disse que você estava aqui.

- Oh. Hm... Você quer falar comigo?

- É, só quero saber se está tudo bem.

- Hm.. Sim. Por que não estaria?

- Não sei... Você se afastou depois daquilo, então pensei em vir falar com você antes que fosse tarde demais. - engoli em seco, desviando o olhar rapidamente. - Não gosto que algo possa ficar pendente entre nós, sabe. Eu sei que você está arrependida por aquilo, mas não quero que fique, não precisa se arrepender por ser sincera comigo.

- V-você está... Do que você está falando?

Não era como se eu não soubesse, mas somente não tinha certeza. E precisava ter.

- Você sabe do que eu estou falando, Bella. Sobre o que aconteceu mais cedo, na sua vez de jogar.

Por que ele tem realmente que tocar nesse assunto?

- Harry... Olha, eu não... Eu não queria dizer aquilo, tá legal? Foi sem querer...-

- Não, não foi. Eu sei que você queria dizer aquilo, e não precisa se arrepender disso. Muito menos se afastar de mim de novo. É a última coisa que eu quero porque já fico tempo demais longe de você.

O ar não estava fluindo do jeito que deveria e eu não conseguia saber se era por causa dele e do espaço pequeno entre nós ou se era porque meus pulmões simplesmente não estavam funcionando direito.

- Mas nós dois sabemos que é difícil te ouvir admitir algo em voz alta, e agora eu só não consigo parar pensar nisso. Está sendo difícil pra mim.

Sentia-me necessitada em toca-lo por estar tão próxima dele mas sabia que não devia e foi por isso que acabei com as costas coladas na parede atrás de mim, me afastando dele, mesmo que não tenha feito sentido algum. Eu ainda sentia o mesmo.

- Harry, eu sei. E eu entendo, ok? Não estou pedindo que você esqueça mas só não toque nesse assunto mais, tá legal? Você sabe como eu fico.

Baixei o olhar, extremamente envergonhada. Meu rosto parecia estar em chamas e o sorriso discreto em seus lábios não ajudou muito para que a situação melhorasse. Ele estava se divertindo com aquilo, como sempre fazia.

- É, eu sei.

- Isso não tem graça, tá legal? Para.

Harry riu, os olhos brilhando em divertimento enquanto eu cruzava os braços e me segurava para não ser contagiada por ele e acabar rindo da situação também, o que não deu muito certo. No momento seguinte, quando meus olhos encontram os dele, nossas expressões voltaram ao normal, os sorrisos sumindo lentamente e meu coração voltando a ser palpitante.

Em algum momento deixou de ser?

- Me deixe te levar em casa.

Sua voz soou no mínimo necessitada.

- O quê?

- Quero te levar em casa. - repetiu. - Por favor.

- Mas.. E a Gemma?

- Louis vai levar ela. Emma também, eu acho.

- Ah..

- Então tudo bem?

Estaria mentindo se dissesse que não me sinto nervosa em passar alguns minutos a mais com Harry, mas estaria sendo mais ainda se dissesse que não gostaria. Me sentir nervosa já está virando algo normal para mim de qualquer maneira, então, tudo bem.

- Claro. Eu vou com você.

Harry sorriu, aquele sorriso profundo que exibe suas covinhas fundas, e que torna o meu sorriso de volta, meio que inevitável.

Em seguida já estávamos no lado de fora do Bowling House, onde todos nos esperavam. A noite estava fria, gélida, e a única movimentação relevante era a do nosso grupo mesmo, já que a rua estava praticamente deserta. Cheguei no mesmo momento em que Michael colocava Mary no banco do carona, com uma certa dificuldade. Ela não parava de resmungar e já parecia estar naquele estado inconsciente onde não se sabe se está dormindo ou acordado.

Michael soltou um longo suspiro assim que colocou o cinto nela e fechou a porta, fazendo alguns rirem da situação dele. Me aproximei dele, assim que me despedi da todos e eles já começavam a subir em seus carros para ir embora.

- Ei, pode cuidar dela? Harry vai me levar em casa, então se você chegar primeiro me espera que eu te ajudo a deixa-la no quarto.

- Na verdade eu estava pensando em levá-la para minha casa hoje. - encolheu os ombros, seu piercing do lábio entre os dentes na sua expressão nervosa. - Você acha que vai dar ruim?

- Oh. Ahm.... É, eu não sei. Minha mãe pode sentir falta dela... - se bem que talvez ela nem perceba, dependendo como foi a conversa com o meu pai, o que me lembra que tenho mais essa. - Olha, leva ela. Minha mãe não vai gostar de vê-la no estado que ela está de qualquer forma e eu resolvo as coisas com ela pra vocês, se for preciso, mas só cuida bem dela, Michael. Por favor.

- Ei, desse jeito você me ofende. - revirei os olhos, resmungando um " você me entendeu " antes de abraça-lo rapidamente e dele me garantir que irá cuidar muito bem dela.

Assim que o carro entrou em movimento, senti dedos fecharem-se delicadamente em meu pulso e não precisei olhar para saber de quem era o toque caloroso. Minha pulsação acelerada já me deu a resposta.

- Podemos ir?

Assenti para Harry, e o mesmo me guiou até o final da calçada, onde não tinha nada além de uma Harley Davidson estacionada perto do meio fio da calçada. Olhei ao redor antes de encara-lo e o mesmo franziu o cenho para mim, como se estivesse tão confuso quanto eu. Não demorou muito para que eu entendesse que a moto era dele, e que seria nela que ele me levaria para casa.

- O que foi?

Harry se aproximou da moto e retirou dois capacetes de dentro do assento, dois capacetes pretos. Ele voltou a me encarar em seguida, esperando uma resposta.

- Ah, nada. Só não sabia que iríamos de moto.

- Tem algum problema pra você?

- Não. Tudo bem. - ele assentiu e me entregou um capacete, antes de colocar o dele.

Seus cabelos se esconderam dentro do capacete, e seu rosto ficou muito mais moldado e definido do que normalmente.

Assim que coloquei o meu, tive um pequeno probleminha em prende-lo o que fez Harry se aproximar de mim e ele mesmo fazê-lo. Prendi a respiração imediatamente, mesmo que a respiração suave dele estivesse momentaneamente se chocando contra a minha pele. Ele estava demorando demais.

- Não vou ir rápido, não se preocupe.

Assim que prendeu meu capacete, ele se afastou de mim e subiu na moto, de um jeito que sem vias de dúvidas não deveria ser tão sedutor. Era como se ele estivesse pronto para fazer uma sessão de fotos e com certeza se eu fosse a fotógrafa, não pararia um segundo de fotografa-lo.

Harry olhou para mim, a minha espera. Balancei a cabeça e não demorei mais a subir, desengonçadamente na sua garupa. Coloquei os pés nos pedais como vejo as pessoas fazendo, já que eu obviamente nunca andei de moto e hesitei um pouco antes de abraçar a cintura de Harry. Seus músculos pareceram relaxar no mesmo momento com meu toque, e os meus poderiam fazer o mesmo se eu não estivesse um pouco nervosa.

- Tudo bem aí atrás?

- Sim. - murmurei. - Desde quando você tem uma moto mesmo?

- Não há muito tempo. O pai de Niall me fez um bom desconto quando resolvi comprar na concessionária dele. - ele deu de ombros. - Vantagens de ser amigo do Niall. - eu ri. - Está mesmo bem aí? Já posso ir?

- Sim. E eu não vou falar com você enquanto dirige porque senão vai ficar muito obvio que eu estou com medo, sem falar que é perigoso. - Harry riu e ligou a moto, fazendo-a roncar o que me fez aperta-lo mais.

- Como se o seu aperto forte já não me dissesse isso. - sua voz soou abafada por causa do capacete. Abafada e grave. - Não que eu não esteja gostando.

E então ele deu a partida, tornando irrelevante o fato das minhas bochechas estarem coradas já que o vento gelado batia no meu rosto e provavelmente o deixava pálido novamente. Não sabia exatamente como classificar a sensação do vento batendo livremente no meu rosto, tanto quanto em estar praticamente grudada em Harry, provavelmente parecendo uma pessoa extremamente carente aos olhos de quem via a cena.

Mas na verdade isso menos me importava porque era uma sensação maravilhosa, que eu desconhecia até aquele exato momento, e talvez só foi assim tão prazerosa porque Harry quem me apresentou-a. Era como a liberdade, o significado de ser livre e era no mínimo satisfatório saber que Harry gostava dessa sensação.

Quando a moto parou em frente à minha casa, mais ou menos uns vinte minutos depois, um sorriso bobo e um pouco sem sentido surgiu nos meus lábios, mas que logo sumiu, assim que percebi que teria que solta-lo. Me apoiei em seus ombros largos para descer da moto e retirei o meu capacete com a ajuda do botão que desprende facilmente o mesmo, enquanto Harry descia da moto, tirava o capacete e se escorava na mesma em seguida, de frente para mim.

- Você literalmente não falou nada. - ele sorriu, agarrando o capacete assim que eu lhe entreguei e pendurando no volante da moto, assim como o dele. Eu sorri.

- Na verdade eu respondi quando você perguntou se eu estava bem, em todas as quatro vezes. - zombei.

- Eu estava preocupado com o seu silêncio, tá legal? Você ficou muito quieta.

- Mas eu avisei que ficaria. - exclamei rindo.

- E eu pensei que você estava brincando. - Harry também exclamou risonho, o que resultou em ambos rindo um do outro. - Ok, a partir de agora você tem que me dizer quando está falando sério ou não.

- Eu pensei que você me conhecesse o suficiente para saber isso...

- Espera, está mesmo duvidando da minha capacidade de conhecer a garota por quem eu sou apaixonado? - arqueou as sombrancelhas, um sorrisinho provocativo surgindo no canto dos seus lábios.

- Você quem me deu motivos para isso. - encolhi os ombros, tentando esconder o rubor em minhas bochechas, mesmo com baixa iluminação da rua.

A rua da minha casa estava tão deserta quanto as do restante de Londres, porém eu fiquei agradecida porque isso me deixou muito mais tranquila durante o trajeto até em casa.

- Acho melhor eu me declarar derrotado porque sei que você não vai baixar a guarda tão fácil, não é?

Encolhi os ombros.

- É..

- Viu, te conheço muito bem. - riu às minhas custas enquanto minha boca se abria.

- Ei! - bati de leve no meu braço, fazendo-o se encolher. Ele sorria divertido. - Continua o mesmo infantil de sempre.

Harry parou de rir, de repente, as feições se tornando intensas demais.

- Nunca deixei de ser, Bella. Sou o mesmo cara que invadia seu quarto à noite e assistia suas séries favoritas, mesmo sem entender porra nenhuma. Certas coisas não mudam, sabe e não acho que sejam capaz de mudar. - deu de ombros.

- Eu não quero que mude. - comentei tímida. Harry sorriu.

- Não vão.

Buzinadas altas foram o que nos alertaram imediatamente. Meus olhos seguiram o carro escuro parando em frente a casa de Anne, e vimos quando Gemma saiu de lá, agradecendo provavelmente o Louis que buzinou novamente antes de por o carro em movimento de novo. Gemma sorriu para Harry e eu assim que ergueu o olhar, mandando um beijo e entrando na casa de Anne lodo depois.

- Ela vai ficar aqui? Pensei que ela iria ficar com você.

- Ah, não. Ela passou praticamente o dia comigo e disse que preferia dormir na casa da minha mãe hoje. Ela provavelmente quer matar a saudade e essas coisas.

Harry tentou disfarçar mas o tom armagurado ficou perceptível para mim. Seus olhos estavam sobre seus dedos enquanto eles brincavam com a chave da moto, me mostrando que ele ainda estava aborrecido.

- E você?

- Eu o quê?

- Por que não está fazendo o mesmo?

Harry desviou o olhar, sua mandíbula se apertando como em todas as vezes em que ele fica desconfortável ou nervoso com algo.

- Você sabe porque, Bella. Eu não estou falando mais com ela, por causa daquilo.

- Eu sei, mas pensei que vocês já tinham resolvido isso. Faz tanto tempo que isso aconteceu, e... Sabe, pensei que já tinha perdoado ela.

- Não, não perdoei.

Não queria julgar Harry por ainda estar chateado com sua mãe porque sabia que ele tinha motivos, e já estava cansada de saber disso, mas só era triste saber que ele ainda estava sofrendo com isso, que Anne estava e provavelmente Gemma e Robin também, porque querendo ou não estão envolvidos nisso.

Ainda não consegui esquecer aquele momento com Anne na cozinha, muito menos o quanto quebrada ela estava. Somente me machuca saber que nada mudou e que ela provavelmente está sofrendo ainda.

- Ei, o que foi?

Harry ajeitou sua postura, ficando de pé e parecendo preocupado enquanto me encarava. Não tinha percebido, mas apenas fiquei calada de repente, por muito tempo.

- Nada. Só estava pensando. Desculpa por ter ficado distante.

- Você parecia triste. - Harry me examinou, piscando preocupado. - Pode me contar o que tiver de errado.

- E-eu acho melhor não. Não quero ser intrometida, de verdade.

Cruzei os braços, encolhendo os ombros tanto pelo frio quanto pela situação. Me preocupava ver Harry só com a camisa porque mesmo com a jaqueta eu estava com frio. Ele não estava?

- Para com isso. Você sabe que tem liberdade pra falar sobre qualquer coisa comigo. Sempre.

Ele deu um passo para mais perto de mim, cruzando os braços igualmente como eu e procurando meus olhos.

- Harry, e-eu não quero que faça algo só porque estou dizendo.

- Acha que tem tanto poder em mim assim, é? - abriu um sorriso, que desapareceu tão rapidamente quanto surgiu assim que eu suspirei. - Ei, você está me assustando. Sabe o quanto eu sou curioso. Me diz.

- Olha, eu realmente não queria que você fizesse algo só porque estou dizendo, mas sim porque você quer, porque você sabe que precisa disso tanto quanto não admite. E você sabe do que eu estou falando.

Os ombros de Harry curvaram-se enquanto ele suspirava e se encolhia, seus dedos entrelaçaram-se em seus cabelos assim que ele os puxou para trás, em um gesto frustado.

- Bella, você não entende...-

- Não, eu entendo, entendo sim. Você está chateado, está magoado, e tudo bem se sentir assim, mas acha mesmo que se afastar de Anne irá mudar algo? Irá ajudar em alguma coisa, além de machucar mais vocês dois?  Ou quatro porque eu sei que Robin e Gemma estão tão triste quanto eu por causa do que vem acontecendo.

Eu sabia que ele estava ficando chateado, mas precisava ouvir.

- Não é.. Não é assim tão fácil.

- Eu sei. Eu sei que não é porque hoje acabei de saber de uma coisa que me deixa muito triste e decepcionada. E eu ainda não sei muito bem como lidar com isso, mas estou tentando, tentando lidar como com todos os problemas que eu tenho.

Minha voz não estava alterada mas deixava claro todos os meus sentimentos e aborrecimentos. Na verdade eu estava desabafando e eu sabia disso.

- O quê? O que aconteceu?

- Não... Eu não quero falar sobre isso. - desviei o olhar dos olhos preocupados e apreensivos dele queimando em mim.

- Bella, você não pode começar a me contar uma coisa e simplesmente não querer continuar depois. Sabe que isso me chateia como o inferno.

Ele estava nervoso.

- Tá. Tá legal, desculpa. - suspirei, e ajeitei a alça da bolsa em meu ombro antes de encara-lo. - Meu pai. Ele... Bem, Mary e eu vimos ele com outra mulher hoje à tarde.

- O quê? Ele estava... Tipo...-

- Sim. Ele estava. - engoli em seco. - Ele estava traindo minha mãe, para quem quisesse ver. Ele foi um babaca, no mínimo.

- Sim, ele foi.

A chateação com meu pai estava voltando novamente. Ela não tinha desaparecido mas somente amenizado um pouco. A presença de Harry e as meninas me ajudaram a esquecer disso por um tempo, mas a verdade era que eu queria que isso fosse um grande pesadelo e que eu não tivesse que ficar nervosa para o que pode vir quando entrar em casa. Eu estava temendo muito por isso.

- Ei, vem cá.

Não me surpreendi totalmente quando Harry me puxou para ele e me abraçou, talvez porque era somente aquilo que eu precisava, mesmo não sabendo. Fechei os olhos, aproveitando o seu abraço aconchegante e familiar que eu não fazia ideia do quanto sentia falta até agora.

A volta do seu pescoço era extremamente aconchegante e seu cheiro, além da temperatura febril me faziam querer ficar para sempre ali.

- Eu sinto muito, ok? Não queria que passasse por isso.

Sentia meus músculos relaxando conforme os dedos de Harry enroscavam-se nos meus cabelos, em movimentos sem padrões que eu sabia que eram feitos somente para me relaxar. E sempre conseguiam.

- Eu também não. - murmurei, contra o seu pescoço.

- Vai ficar tudo bem. Eu sempre vou estar aqui, para quando você precisar de mim. Sabe disso, não sabe?

- Eu sei... Obrigada.

Tive que tomar a iniciativa de me afastar depois de mais alguns segundos, tentando dar o meu melhor sorrindo à ele em seguida. Harry sorriu de volta, de um jeito singelo e pequeno enquanto colocava uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.

- Realmente gostei do que fez no cabelo. - seus olhos estavam focados nas mechas rosadas e seus dedos ainda estavam em contato com os fios, enquanto ele falava. - Devia ser confiante assim mais vezes. - olhou nos meus olhos.

- Estou tentando.

Harry sorriu e o imitei em um sorriso pequeno e tímido. A respiração dele estava acelerando consideravelmente assim que o silêncio retornou, como a minha, então achei melhor quebrar o contado visual e me afastar dele. Apenas um pouco.

- Hm.. Sua mãe já sabe?

- Sobre o meu pai? - ele assentiu, colocando as mãos nos bolsos da calça jeans escura. - Se ele contou assim que chegou do trabalho como combinado, sim, mas se não contou, Mary e eu contaremos amanhã. Vou saber disso daqui a pouco, na verdade. - murmurei.

- Está com medo? Sabe, de que eles se separem?

Baixei o olhar, dando de ombros.

- Acho que sim. Mas sinceramente prefiro que eles estejam felizes separados do que infelizes juntos. Não acho certo que os dois fiquem se enganando, ou que algum deles fique machucado. Sabe, só quero que eles fiquem bem.

Harry abriu um sorriso de lado, acenando com a cabeça em compreensão. Eu sabia que isso era mais difícil do que eu pensava mas queria continuar pensando que não era. Parecia mais fácil de lidar, pelo menos por agora.

- Hm... Olha, eu vou ver se venho conversar com minha mãe um dia desses. - ele murmurou, algum tempo depois. O encarei imediatamente, surpresa.

- Sério?

Ele encolheu os ombros, sem jeito.

- É... Gemma já vem me falando isso há tanto tempo. Acho que preciso pelo menos ouvir ela. É isso que Gemma sempre diz. Não quero continuar sendo imaturo, como acho que estou sendo.

- Você tá machucado. É normal que precise de um tempo. - tentei conforta-lo, sendo honesta. Harry assentiu. - Mas também acredito que vai te fazer bem conversar com ela. E-eu queria poder ajudar sobre tudo isso.

- Você ajuda.

- Não tenho certeza disso. - falei, sinceramente.

Isso me envergonhava muito. Ele sempre esteve lá por mim e eu nem sabia como ele realmente se sentia sobre aquilo.

- Ei, você ajuda. - afirmou novamente. Sua voz predominante e ainda sim suave. - Acho que você foi, inclusive, uma das poucas coisas que me mantiveram esperançoso todo esse tempo.

Pisquei os olhos devagar, profundamente curiosa sobre aquilo. Harry no entanto continuou a falar antes que eu pudesse formular uma pergunta.

- Enfim. Agora eu só.. só preciso por as coisas em ordem primeiro.

Acenei com a cabeça, concordando por fim. Ao olhar em volta, percebi que já estava na hora de entrar e enfrentar o que quer que fosse que me esperasse lá dentro.

- Acho melhor entrar agora. - falei, finalmente. - Preciso descansar um pouco. Tenho trabalho amanhã.

- Oh, é. Eu quase tinha me esquecido que você trabalha agora. Como tem sido?

- Ah, cansativo, mas vale a pena. Tem me ajudado muito.

- Ajudado?

- É, em me ocupar. Você sabe que eu já queria isso há muito tempo, e acabei convencendo minha mãe que seria bom para mim, por agora. - dei de ombros e ele assentiu. - E você? Tem trabalhado muito? Porque eu acredito que mesmo com o desconto do pai de Niall, essa moto não tenha sido nada barata.

Harry riu rouco, concordando.

- Yeah. Tenho trabalhado muito também. Sabe, ocupar a mente e essas coisas. É necessário.

- Que bom. Fico feliz que as coisas estejam bem para você.

- Como você disse, está de bom tamanho. - deu de ombros e apenas ficou o silêncio depois.

Meu cérebro não conseguia funcionar e pensar em algo para lhe dizer, ou fazer agora. Algo que faça sentido ou que apenas continue a nossa conversa, então ficou claro para mim que já estava mesmo na hora de eu entrar e deixá-lo ir embora.

Já estava tarde, ele tinha que ir. Mesmo que eu não quisesse.

- Hm... Acho melhor eu entrar mesmo agora, né? Está ficando muito frio.

- Oh. Okay..

Não sei exatamente porquê mas acabei acenando com a mão para ele antes de me virar, corada por fazer algo tão estúpido. Bem, ele também parecia não saber o que fazer, no entanto que ele me ofereceu apenas um sorriso nervoso de volta.

Enquanto andava em direção à varanda, me repreendia mentalmente por não ter passado mais algum tempo perto dele, por mais uma vez meu problema de confiança me atrapalhar para fazer o que eu quero. Eu queria tê-lo por perto mais vezes esta noite. Conversar com ele já me satisfazia tanto. Não precisava de muito mais.

- Bella, espera!

Quase perto da varanda, a voz rouca de Harry soou, me fazendo parar. Me virei novamente, e o encarei enquanto ele se aproximava de mim, totalmente sem jeito. Ele se pôs a minha frente e engoliu em seco antes de começar a falar.

- Hm... Olha, eu pensei a noite inteira em como pedir isso, mas tudo que eu penso parece idiota demais para dizer e Louis está me chateando tanto com isso que eu acho que posso enlouquecer se não fizer. - ele suspirou, as bochechas corando de um jeito adorável e que eu nunca vi antes.

- Hey... O que foi?

Harry umideceu os lábios, engolindo em seco e continuando inquieto a minha frente. Ele estava... nervoso?

- E-eu.. Eu quero que saiba antes que nunca fiz isso, então me desculpa se não for muito romântico, mas se eu for mesmo fazer isso e tiver que aguentar essa merda, apenas quero que seja com você. É minha única condição.

- Espera, do que você está falando, Harry?

- Do baile, o nosso baile de formatura. Você não sabia?

- Oh, sim. O baile. - o encarei em seguida, assim que meu cérebro lento entendeu do que se tratava. - O que tem ele?

- Quero que vá comigo.

- V-você quer?

- Quero.

- Oh.

Não sabia porque estava tão surpresa, quer dizer, é claro que eu sabia, ouvir Harry pedindo para mim ir ao baile com ele era uma das últimas coisas que eu pensei em ouvir. Nem sabia que ele queria ir, muito menos comigo, e droga, o que eu digo agora?

- Olha, eu sei que você não gosta dessas coisas, e acredite, eu também não, mas Louis não vai me deixar em paz se eu não for, porque é chato como o caralho, mas se vou passar por isso, quero que seja com você. E eu já disse isso não disse?

- Hm... Acho que sim. - murmurei, ainda me sentindo perdida.

- Tá. - Harry se aproximou mais, fazendo sombra sobre meu corpo pequeno com o seu. Sua mão alcançou a minha e meu coração pareceu ter entrado em colapso. - Você quer ir comigo?

Eu estava congelada. Definitivamente. E sabia que isso não era bom, tanto para mim quanto para ele, porque ele estava visivelmente nervoso demais, o que era muito fofo, e porque eu sabia que eu estava sendo patética e evidente, de novo. Droga.

A história do baile não estava na minha lista de coisas importantes ultimamente, porque realmente não era assim tão especial para mim. Somente se tornou mais presente nos últimos dias porque Mary não conseguia parar de falar sobre isso e sobre o quanto ansiosa estava para ver o Michael de terno e outras coisas em relação à ele que não faço questão de lembrar agora.

A verdade era que eu não fazia questão de ir, e isso não era novidade porque não fazia questão disso dês que soube que havia um baile de formatura de fato. Mas agora, tudo mudou porque envolvia o Harry e sua companhia. Tenho consciência do quanto desagradável isso ainda podia ser, mas realmente não queria negar de passar mais um tempo com ele, seja onde for.

- Bella?

- D-desculpa. E-eu.. Hm... - seu polegar ainda se movimentava sobre minha pele, de um jeito delicado e singelo. Gostava tanto daquilo. - Yeah, claro. Vou ao baile com você.

Um sorriso aliviado e extremamente bonita não demorou a aparecer em seus lábios.

- Legal...- o vermelho em suas bochechas conseguiram se aprofundar em seguida, mostrando-me o quanto envergonhado ele estava. - Hm.. Bem, eu não sei muito bem o que dizer agora.

O riso escapou de mim sem o meu consentimento, como em todas as vezes que ele ficava sem jeito na minha frente. Isso era difícil de acontecer, Harry ficar envergonhado com algo mas eu nunca escondi o quanto amava e achava engraçado isso nele, porque era simplesmente adorável demais. Ele sabia disso.

- Ei, não ria ok?

- Por quê não? Você sempre faz isso comigo. - me defendi, acabando por me divertir da situação.

Harry revirou os olhos, provavelmente não sabendo o que dizer por saber que eu estava certa. Um sorriso sincero e discreto era visível em seus lábios, quase tão evidente quanto o meu.

Sua mão ainda segurava a minha.

- Bom, eu te ligo outro dia para combinarmos tudo certinho, pode ser?

- Tá, claro. Temos tempo.

- Ok. Ahm.. Vou deixar você entrar agora então. - Harry se aproximou, e deixou um beijinho demorado em minha bochecha, me surpreendendo. - Nos vemos em breve.

Assenti, dando um sorriso tímido à ele antes de virar e caminhar até a varanda. Harry menteve-se no mesmo lugar quando abri a porta e entrei em casa, aparentemente esperando que eu entrasse para ir embora. Sorri uma última vez para ele antes de fechar a porta, e apenas fiquei ali por alguns segundos, em silêncio.

Quando o barulho do motor da moto já não pôde mais ser ouvido, subi as escadas o mais silenciosamente possível, somente querendo minha cama e meu travesseiro. No corredor, a única luz acesa era a do banheiro, porém a porta encostada impedia que a claridade se expandisse. Presumi que eles estivessem dormindo e que só saberia do que for que tivesse acontecido amanhã, quando acordasse.

Perto da porta do meu quarto, quando eu já estava pronta para entrar e me jogar na cama com essa roupa mesmo, pude ouvir um choramingo baixo, como se alguém estivesse contendo o choro. Os ruídos viam da direção do banheiro, e me chamaram atenção imediatamente. Dando passos pequenos e hesitantes, me aproximei da porta e a abri devagar, já sentindo o nó na minha garganta e o frio no estômago. Eu já sabia o que iria ver.

Sentada sobre a tampa do vaso sanitário, com os cotovelos sobre os joelhos e as mãos tapando o rosto vermelho, provavelmente por causa do choro, ela choramingava baixinho, como se não quisesse incomodar ninguém ou como se já soubesse que eu estava aqui. Acho que agora ela já sabia.

- Mãe?

Minha voz não obteve nenhuma reação da parte dela, palavras ou algum olhar. Ela apenas continuou como estava, escondendo sua dor e chorando sozinha. Me cortava o coração ver aquilo. Tudo que eu mais queria era que eu pudesse fazer parar o sofrimento que ela sentia. Eu queria poder fazer parar, mas apenas não sabia como. Parecia que nada que eu fizesse pudesse tirar a dor que aquelas lágrimas carregavam.

Mas mesmo assim, mesmo sabendo que ela provavelmente não iria parar de sofrer ou esquecer o que aconteceu, me aproximei dela e abracei-a, tentando mostrar-lhe que eu estava ali para ela, independente de quantas vezes necessitei de algo como isso da parte dela. Não era hora de cobrar nada, ou medir esforços, meu coração apenas dizia-me para fazer aquilo. E eu fiz.

Obrigada por lerem!❤️
Desculpem-me por qualquer erro.

Comentem e votem, please.

Niall de aniversário ontem, né? Vocês realmente acreditam que um neném como ele já tenha 25 fuck anos? Eu não, para mim ele ainda é um garotinho irlandês de 5 aninhos de idade. Ashsahsha. ❤️

I Love U 🌈

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