Picture of an Alpha

By QuaaseGay

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- Eu quero que você queira me beijar. - Mordeu o lábio inferior e olhou para o chão. - Então, quando você qui... More

Breve Introdução
Prólogo
Lycan University
Um encontro inesperado
Você ainda me deve um beijo.
Por que você foi embora?
Conversas
Por que você é assim?
Tentando falar de sentimentos
Cuidados com quem se ama
Quero me entender com você
Detesto falar de sentimentos
Buscando ajuda
Perdidas em um mundo só nosso
Grite somente para ela
Mal entendidos
Fresco, como chuva.
Se for ficar, seja firme.
Um segredo meu, agora é nosso
O primeiro passo.
Sorrisos que durarão até a manhã seguinte
Senhor, me ensina a nadar
Contemplar a vida
Ver o mundo através de seus olhos
Minha alfa
Todos esses anos
Festa, emoções, adrenalina.
A mais intensa sensação
E eu tentarei... Consertar você
Alegria de viver
Faz sentido sentir medo?
Eu encontrei um amor para mim (Epílogo)

E para você, o que é ser bem sucedido?

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By QuaaseGay

CHEGAAAAAAAAAAYYYYY

Último capítulo... Talvez só eu saiba o quanto essa fic significou para mim. Talvez somente eu saiba o quanto cada palavra dita, tanto aqui como nas minhas outras histórias, significam para mim. 

Se eu pudesse descrever Picture Of An Alpha em uma palavra, sem dúvidas seria superação. E eu não me refiro apenas às minhas personagens. 

Não sei se todos que leram captaram a mensagem profunda que eu busquei passar por meio desta história, mas se UM se identificou, já fez valer cada capítulo. 

Sem mais, DIVIRTAM-SE!!!

Lauren

Havíamos acabado de descer do avião. Estava quente aqui em Miami, confesso que mesmo tendo passado apenas um semestre longe, eu estava com saudades da minha casa. Camila segurou em minha mão e juntas adentramos o aeroporto, meus pais se ofereceram para nos buscar, mas minha alfa preferiu ir de uber.

- Agora me fala a verdade. - Cruzei os braços, enquanto ela pegava nossas bagagens. - Porque não quis que eles viessem nos buscar.

- Não gosto de dar trabalho para os outros, já disse. - Falou, puxando a alça da mala de rodinha. - Além do mais, acha que eles não perceberiam sua barriga?

Hum... É, ela tem razão.

Agradeci internamente por ela ter pensado nisso, pois essa ideia nem passou por minha cabeça. Ela colocou nossas malas em um carrinho e começou a empurrar, me ignorando completamente quando falei que poderia ajudá-la.

- Sem contar que eu não estou com pressa para conhecê-los. - Mordeu o lábio em um claro sinal de nervosismo.

- Como assim? - Dei uma risadinha. - Karla Cabello está com medo?

- Medo não... - Fez uma careta. - Apenas com algumas inseguranças... Quero que seus pais gostem de mim e... Que pensem que sou uma alfa boa para você e para nosso filhote.

- Somos ligadas, amor. - Beijei sua bochecha. - Mesmo se eles não te aceitarem, já está feito.

- Ah, mas mesmo assim... - Deu de ombros. - Só quero que tenham uma boa impressão de mim... Não que eu precise, mas eu quero...

Sorri para a carinha fofa que ela fez e abracei sua cintura, quase a fazendo tropeçar. Aquela alfa era a melhor de todas e a cada dia, ela estava mais incrível. Camila estava mais segura de si mesma, mais tranquila e muito carinhosa.

Ela gostava de conversar com nosso filho e podia passar horas fazendo isso se eu não a fizesse levantar para me dar comida. Nós estávamos sempre pintando juntas e muitas vezes ela pintava minha barriga, com o argumento de que Nicolas tinha que se afeiçoar a arte desde cedo.

Como eu poderia discordar disso?

- Meus pais vão adorar você. - Sorri. - O que eles não irão gostar é de saber que eu engravidei... - Parei de sorrir assim que pensei nisso. - Eles... Esperavam que eu conseguisse um diploma, e só futuramente um filho...

- Você terá os dois, amor, só não nessa ordem... - Seu sorriso vacilou um pouco.

- Não, amor... - A fiz parar e segurei em seu rosto. - Eu não quis dizer que me arrependo ou que estou triste, porque eu estou feliz como nunca antes, só não é assim que eles irão pensar no primeiro momento... - Alisei suas bochechas. - Entende?

- Sim, eu entendo... Só... Que ouvindo você falar, sinto que estraguei seu futuro...

- Você não estragou nada, minha vida. - Beijei seus lábios lentamente. - Ao contrário, só melhorou. - A beijei novamente, dessa vez um pouco mais forte.

As pessoas pensam que um bom futuro é aquele em que a pessoa estuda e se forma na faculdade, mas isso é a visão deles. Eu penso que futuro é aquele que eu decido para mim, aquele que é da forma que eu quero.

Não preciso ter um diploma e ganhar dinheiro para ser bem-sucedida. Eu já sou, tenho uma família, condição financeira estável, uma alfa que me ama mais do que tudo, amigos e futuramente, um diploma. Hoje eu sou mãe, mulher, amante, amiga, companheira, e amanhã eu serei fotógrafa.

O caminho até minha antiga casa não foi demorado, mesmo com o trânsito de Miami estando um caos. Talvez tenha sido rápido porque eu e Camila estávamos no facetime com Ashara e a ômega não parava de nos fazer rir.

Eu estava com saudades das minhas amigas daqui, mas também já sentia falta dos meus amigos de Los Angeles. Era maravilhoso ter pessoas importantes em outros lugares, mas também ruim porque eu não podia estar em vários locais ao mesmo tempo.

- Mas então, espero que se divirtam aí. - Ash falou. - E vê se não vai transar na casa do sogro, Camilk Cabello.

- Eu consigo ficar de boa. - Minha alfa respondeu e eu arqueei uma sobrancelha. - Quem não consegue é a Lauren.

- EI! - Exclamei e as duas começaram a rir.

- Realmente, a Lo é uma safada incorrigível. - Bufei por sentir minhas bochechas corarem e elas se divertiram mais. - Bom, suas coelhas, eu preciso ir. James e eu vamos ao cinema e depois vamos encontrar Al e Machine no bar.

- E depois eu que sou a safada. - Resmunguei. - Sei bem o que vai fazer com James e não é uma ida ao cinema.

- O fato dela ir transar com o James, não te torna menos safada, meu amor.

- CAMILA! - Dei um tapa em seu braço e Ashara explodiu em uma gargalhada.

- Ok, essa é a parte que vocês começam uma DR. - Mandou um beijo. - Fui.

Minha amiga desligou e eu guardei o celular na bolsa, um pouco irritada com a zoação a meu respeito. Camz se aproximou mais e me envolveu em seus braços, beijando a minha bochecha com carinho e foi conseguindo me amolecer.

Ultimamente ela fazia bastante isso, sempre que eu me irritava com alguma coisa, ela mudava meu foco ou fazia coisas fofas para me acalmar. Camila sempre conseguia.

Assim que o motorista estacionou o carro na porta de minha casa, minha alfa ficou um pouco tensa. Segurei em sua mão quando descemos, tentando passar um pouco de conforto para ela.

- Grata. - Camz falou ao motorista quando o mesmo a ajudou retirar as malas.

Olhei para a porta que tinha sido escancarada e de lá saiu minha mãe, correndo até mim. Ela me abraçou com força e eu apenas retribui, também estava com saudades. Senti o cheiro de meu pai e me soltei de mama, apenas para abraçá-lo, ele era o meu herói, sempre foi.

- Mama, Papa, quero apresentar a... - Puxei Camz pela mão. - Minha alfa.

Camila estava tranquila, acho que logo toda aquela insegurança desapareceu, pois abraçou e cumprimentou meus pais. Claro que eles sabiam que estávamos ligadas, primeiro porque o cheiro evidenciava, segundo que... Bom, não tinha como esconder algo assim.

O dia em que fui mordida, foi o dia mais feliz da minha vida, eu precisava compartilhar com quem era importante para mim, então eu contei para meu pai e depois para mamãe. Não foi surpresa, estava na hora mesmo de eu encontrar um alfa.

A maioria dos ômegas encontram um parceiro assim que amadurecem e logo já se ligam à eles. Não tem porque ficar adiando algo que é inevitável, então mesmo com dezoito anos era natural que eu estivesse com Camz e fosse iniciar uma vida com ela.

Foi engraçada a reação de minha mãe quando contei que a alfa com quem eu estava envolvida foi Karla Cabello, no início ela riu, pois não esperava que eu fosse encontrá-la depois de tanto tempo e depois ela me surpreendeu ao dizer que sempre soube que eu gostava da alfa.

Eu vivia reclamando da Cabello, por simplesmente reclamar, uma vez que Camz sequer me dirigia a palavra, nós nos falamos apenas três vezes ou quatro. O fato é que mesmo depois dela ter ido embora, eu continuava reclamando e comparando todos com ela.

Só fui parar com isso depois de uns dois anos longe.

- É bom finalmente dar um rosto para a tão falada Karla Cabello. - Clara sorriu e minha mulher franziu o cenho.

Mãaeee, cala a boquinha...

- Como assim?

- Lauren falav-

- Nada, meu amor. - A beijei nos lábios, cortando aquela inapropriada interação. - Vamos entrar? Estou exausta da viagem e com fome...

Talvez eu não devesse ter falado aquilo, o Alpha Interior de Camz se pôs em alerta e logo senti seu braço rodeando a minha cintura, guiando-me para dentro de casa sem se importar com mais nada.

- Camz... - Sussurrei. - Pare com isso!

Só então minha alfa pareceu se dar conta do que havia feito, ela não havia entrado em transe, mas seu instinto protetor aflorou e não tinha como reverter a situação, meus pais já haviam percebido e não iriam demorar para começar o interrogatório.

- FIlha, porque vocês não sobem e descansam um pouco? - Mama falou, um pouco desconfiada. - Laurita está terminando o almoço.

- Está bem, Mama. - Beijei sua bochecha e subi as escadas, Maurício, o mordomo de meus pais já havia subido nossas malas, então apenas puxei Camila, que se despediu de meus pais com um rápido aceno.

- Eles sabem que-

- Como? - Cortei a fala de Camz e logo uma pontada de medo se apossou de mim, e ela, claro, sentiu.

- Calma... - Sentou-se na cama e me puxou para o seu colo. - Eles apenas sabem que estamos escondendo algo. Eu consigo ouvir seu pai falando com a sua mãe.

Audição de alfas, queria muito ter isso.

- Ele não é bom em falar baixo, só ouço ele. Sua mãe já controla melhor o tom de voz. - Camz sussurrava para mim. - Mas seu pai está preocupado, ele acha que é um problema de saúde.

- Bom... Minha saúde está abalada. - Falei, passando os braços ao redor de seu pescoço e arranhando levemente sua nuca.

- Ah, é? - Suas mãos possessivas apertaram minha cintura com delicadeza, sem perder a firmeza. - Diga-me qual é o problema, Senhorita Jauregui.

- Minha boceta. - Mordi o lóbulo de sua orelha e passei a língua em seguida. - Ela está muito molhada e quente... Acho que ela precisa de um pau bem gostoso dentro dela.

- Posso resolver isso.

E deitou-me sobre a cama, ficando por cima de mim. E então nossas bocas se calaram e tudo que podia ser ouvido, eram nossos corações, o meu que batia frenético por estar nos braços de minha alfa, o dela por estar nos meus e o de nosso menino, que batia por ter duas mães que se amavam com todas as forças.

E ali eu me entreguei para ela, mais uma vez. Nós nos amamos com corpo, alma, coração, pele, desejo e tudo que nos envolve dentro dessa bolha só nossa. Suas mãos apertaram, acariciaram e machucaram meu corpo de forma prazerosa.

Meus lábios percorreram seu corpo, sentiram seu sabor e todo o amor que ela demonstrava nas trocas de beijos apaixonados. Minha pele se arrepiou com o tato preciso dela, choques passaram por mim, fruto de um sistema nervoso no ápice de sua atividade. Culminando em nossa entrega mútua, nos derramamos uma na outra com pertencimento.

Eu tomei tudo dela e entreguei tudo de mim. Seus olhos negros encontraram os meus, nele eu vi o reflexo de meu ser, vi a mulher amada e desejada que eu era e não há nada melhor do que sentir que está no lugar certo.

Aliás, existe sim. Descobrir que esse lugar certo, é nos braços de Camila. De Karla Cabello, Capitã do time de Baseball da escola, cafajeste da faculdade e alfa de Lauren Jauregui.

E olhando na plenitude de seus olhos, desfrutei do conforto de não sentir falta de absolutamente nada. Pois embora alguns amores terminem em um abrir e fechar de olhos, como foi com meus ex namorados, o nosso amor terminaria somente quando nós fechássemos os olhos pela última vez.

- 'Cause every night I lay in bed, The brightest colors fill my head, A million dreams are keeping me awake... - Camila cantou, enquanto eu deitava em seu peito, seu coração batia forte. - I think of what the world could be, A vision of the one I see, A million dreams is all it's gonna take, A million dreams for the world we're gonna make... - Levantou meu queixo e selou nossos lábios.

Porque todas as noites eu deito na cama

As cores mais brilhantes enchem a minha mente

Um milhão de sonhos me mantém acordado

Eu penso no que o mundo pode ser

Uma visão do que eu vejo

Um milhão de sonhos é tudo o que irá precisar

Um milhão de sonhos para o mundo que iremos criar

- Eu amo esse filme. - Sussurrei, dando uma leve risadinha.

- Eu sei. - Sorriu. - Sei que ama essa música tanto quanto ama All These Years.

- Como sabia que eu gostava dessa música?

- Você cantarolava pelos corredores. - Começou a fazer carinho em meu cabelo. - Então um dia eu prestei bastante atenção e digitei os versos no google. Foi fácil. Naquele dia, se tivesse descido mais a playlist, teria visto essa música. Eu sempre a deixei por último.

- Por quê? - Passei meu dedo indicador por sua barriga, fazendo pequenos círculos por ali.

- Porque falava como eu me sentia... E como eu queria que você se sentisse por mim. Você sempre a cantava, é minha lembrança mais forte daquele tempo. Você ajeitou a saia do uniforme e sentou-se no último degrau da escada. - Ergui a cabeça para olhar em seus olhos. - E então você fechou os olhos e cantou, baixinho, mas eu ouvi, cada palavra. - Segurou em meu queixo. - Adorei cada detalhe do seu rosto, estava linda, ainda mais do que qualquer outro dia.

- Não me lembro disso... - Franzi o cenho, me ajeitando para ficar mais próximo de seu rosto.

- Foi no penúltimo dia de aula. - Suspirou. - Penúltimo dia que eu tive com você. E depois de todos esses anos, eu ainda sinto tudo quando você está perto. Ainda é você, sempre foi.

- E como sabe de "O Rei do Show"? - Perguntei depois de beijá-la mais uma vez.

- Ashara. - Revirei os olhos e ela riu. - Eu perguntei para ela sobre qual música você acharia romântica.

- Por que perguntou isso a ela?

- Ela me ajudou a preparar aquele pedido de namoro. - Meu coração doeu ao lembrar disso. - Lo, deixe isso para trás, já passou e foi melhor assim.

- Eu sei. Mas... Eu gostaria de ter vivido aquilo, entende? - Sentei-me na cama e Camila fez o mesmo. - Queria ter... Me jogado nos seus braços repetindo mil vezes a palavra sim. Eu sei que foi melhor assim, mas... Só é algo que eu queria ter vivido.

- Bom, está um pouco tarde para te pedir em namoro. - Ela limpou a garganta. - Mas posso fazer algo muito melhor.

Camila pulou da cama e vestiu novamente a sua cueca, apanhou e correu para sua mala, tirando umas peças de roupa de lá. Fiquei sem entender sua atitude, até que ela entrou no banheiro e ligou o chuveiro.

Sem entender nada, peguei a minha calcinha e vesti a camiseta dela, uma com o símbolo da mulher maravilha. Esperei dez minutos, até que Camz finalmente saiu do banheiro.

Usava um jeans surrado e uma camiseta do batman, com uma camisa xadrez vermelho e preto por cima. Seus cabelos estavam úmidos e bagunçados.

- Por que se vestiu como quando estávamos no colégio? - Dei risada ao vê-la sorrir.

- Por que foi naquele tempo que eu me apaixonei por você sem sequer saber disso. Eu não sou a garota daqueles dias, mas ela ainda está dentro de mim, meu amor por você não mudou, apenas cresceu, assim como eu.

- Camz... - Sussurrei, com a voz embargada.

- Eu, com meus defeitos, problemas e erros, por algum motivo, mereci você. - Colocou as mãos nos bolsos, ela estava tímida e nervosa. - Até hoje não sei o que de tão certo eu fiz para... Enfim, você está aqui e eu quero ser o melhor para você.

Caminhou até a cama e subiu, sentando-se de frente para mim.

- Então, toda noite em que me deito, as cores mais brilhantes tomam conta de minha mente e eu juntaria cada uma delas para te fazer sorrir, por isso é tão bom passar horas pintando quadros com você. - Ela sorriu de forma linda para mim. - Eu tenho um milhão de sonhos com você, Lauren Jauregui e eu posso ver cada um deles em seus olhos.

- Camila... - Senti lágrimas escorrerem por minhas bochechas.

- Eu penso no que o mundo pode ser... - Mordeu o lábio. - Uma visão do que eu vejo. Um milhão de sonhos é tudo o que irá precisar. - Se aproximou e colocou a mão sobre minha barriga. - Um milhão de sonhos para o mundo que iremos criar.

Ela recitava a música mais linda que eu poderia ter ouvido. Existe uma porção de canções com tema romântico, mas poucas conseguem te fazer sentir tão fundo dentro de seu coração, a ponto de se tornar sua favorita.

E ver a minha alfa, recitando essa letra para mim, só fez com que eu me apaixonasse ainda mais. E eu nem sabia que isso era possível.

- Você é... - Dei uma risada nervosa, pois não sabia o que dizer. - Céus, Camila...

- Essa se tornou a minha música favorita, também. - Se esticou na cama e retirou algo debaixo dela. - E no nosso pequeno mundo, em que é somente eu, você e Nicolas, quero dizer que não poderia ser melhor.

E então ela colocou em minha visão aquilo que ela tinha pego. Uma caixinha preta, que revelou um lindo anel ao ser aberta. Fiquei sem fôlego, era maravilhoso e tinha pequenas e delicadas flores de cerejeira nele.

- Não tivemos a chance de ter um pedido de namoro. - Sorriu. - Mas esse anel é seu. Eu o comprei no mesmo ano que entrei na Lycan. Não sei dizer o motivo, mas o vi, gostei e comprei. Ficou guardado durante todo esse tempo, assim como eu, esse anel sempre foi seu.

Não sabia o que dizer a ela, lágrimas escorriam de meus olhos e inundavam minhas bochechas. Meu coração acelerado marcava o ritmo de minha alegria desenfreada, de forma alguma eu esperava por isso.

- Eu... - Ela limpou a garganta. - Vou vender os quadros de Sofia. - Quase engasguei com sua fala. - Vamos nos mudar para uma casa, vou alugar meu apartamento e vender o que era dela. - Seus olhos marejaram. - Os álbuns dela voltarão a serem publicados e... Vou investir em um centro cultural.

- T-tem certeza disso? - Ela pegou minha mão e deslizou o anel por meu anelar. - V-você não está sendo precipitada?

- Se eu vou construir um mundo com você, preciso abdicar do que eu vivia antes. Estou trazendo comigo as coisas boas, a memória de minha irmã, mas estou deixando para trás as coisas ruins, a sombra dela. Não sou mais Karla Camila Cabello Estrabao.

- E quem você é agora? - Sussurrei.

- Karla Camila Cabello Jauregui. Alfa de Lauren Michelle Cabello Jauregui e de Nicolas Cabello Jauregui.

- Eu amo você. - Me joguei em cima dela e ataquei seus lábios com vontade. - Eu amo você, eu amo você mais do que tudo!

- E eu amo você, teimosa. - Piscou para mim.

- Cafajeste. - Mordi seu lábio inferior, puxando-o levemente.

[...]

O jantar foi servido, mas o clima estava estranho. Mama estava séria e meu pai olhava para mim e para Camila de uma forma bastante desconfiada. Engoli o risoto com dificuldade, pois aquele ar estranho estava realmente me abalando.

Minha alfa parecia alheia a tudo isso, comendo tudo com o maior gosto sem se importar com nada ao seu redor. Mas eu a entendia, eu havia sugado todas as energias dela hoje mais cedo, por isso não estranho ela estar faminta.

Sorri de canto ao lembrar de tudo que fizémos e cheguei a conclusão que a gravidez poderia ser a fase mais prazerosa na vida de um ômega, se fosse aproveitada da maneira correta.

- Ok. - Minha mãe se levantou. - Assim que terminarem, quero os três na sala.

Minha mulher parou de comer e olhou para mim, segurando a minha mão em seguida. Ela sabia que o comunicado de minha mãe - que mal tinha tocado na comida - tinha me deixado apreensiva.

Eu não esperava uma reação boa de meus pais, mas também não esperava uma muito ruim, e pelo comportamento de minha mama, ela não estava nem um pouco feliz e isso dificultaria as coisas para mim.

Camila apertou minha mão e a levou até seus lábios, me acalmando instantaneamente. Respirei fundo e forcei um sorriso, voltando a comer, mesmo sem muita vontade.

Empurrei a última garfada, meu apetite tinha se esvaído completamente, mas Nicolas estava dentro de mim e ele precisava comer, então obriguei-me a comer um pouco mais.

Quando o alimento passou a ficar intragável, parei, não era bom forçar nada além da conta. Terminamos o jantar em silêncio, meu pai não disse absolutamente nada, mas tampouco parecia irritado.

Minha alfa segurou em minha mão e juntas caminhamos até a sala, não tinha como esconder que eu estava nervosa, eu podia ouvir meu coração batendo alto em meus ouvidos.

Nos sentamos no sofá de dois lugares, enquanto meus pais se sentaram nas duas poltronas em nossa frente. Papa estava muito calmo, o que me assustava ainda mais, já mamãe, tenho certeza que se não fosse por Camila, já teria voado em meu pescoço.

- Pode começar contando, Lauren Michelle. - A voz dela saiu tão cortante, que um arrepio passou por minha coluna. Ao meu lado, Camila se irritou, mas eu a impedi de dizer alguma coisa apenas apertando sua perna e a olhando nos olhos.

- Não tem o que contar. - Respondi, tentando parecer calma. - Eu engravidei, vocês já sabem. Não é mais uma novidade.

Claro que mama iria descobrir rapidamente, ela havia passado o dia todo me observando e por ser minha ômega materna, compartilhamos uma certa ligação, mesmo que enfraquecida por agora eu pertencer à Camila.

- Quero saber porque não se cuidou. - Seus olhos continham uma fúria que até então eu nunca havia visto. - Quero saber porque não usou da educação que eu te dei e fechou as pernas. - Camila rosnou e mais uma vez eu a apertei. - Primeiro semestre, Lauren. Primeiro semestre na faculdade e você me aparece grávida.

Mordi o lábio. Eu sei que não era o planejado, mas aconteceu. Senti uma pontada dolorosa dentro de mim, tenho consciência de que não era o que eles queriam para mim, mas agora não adiantava ficar surtando.

- Que vergonha. - Engoli seco e abaixei minha cabeça, eu não me envergonhava do acontecido, mas ouvir sua mãe dizer isso machuca bastante. - Você ainda deu sorte! Deu sorte de ter sido com uma alfa que assume responsabilidades, nem todos são assim.

- Não assumi por responsabilidade. - Camila falou, calma, mas eu sabia que ela estava a ponto de explodir de raiva. - Assumi por amor. Por amor à sua filha, porque eu a teria mordido mesmo se o filho não fosse meu.

Até eu tinha ficado surpresa com sua fala, meu peito se encheu de alegria e um sorriso contido surgiu em meus lábios, em nenhum momento ela olhou para mim, encarava firmemente minha mãe.

- Eu amo a sua filha mais do que tudo. Sempre amei, desde quando eu sequer sabia o que era amor. Nosso filho foi concebido com amor porque nem nos momentos mais difíceis, me deitei com Lauren sem amá-la profundamente.

Meus pais não sabiam dos problemas psicológicos de Camz e achamos melhor não contar. Não era da conta deles e não afetaria em nada em suas vidas, nem mesmo nas nossas afetava mais.

- Muito linda suas palavras. - Mamãe debochou, meu pai sorria para nós duas, sem dizer uma única palavra, mas em seus olhos eu podia ver que ele estava contente. - Mas amor não sustenta uma família. Como vão cuidar dessa criança se vocês são duas crianças que ainda por cima, são irresponsáveis? E os problemas que isso acarreta? Financeiro, psicológico, tanto de vocês como o do bebê. Escola, comida, despesas. Criar um filho não é brincar de casinha.

- Eu amadureci! - Falei, com firmeza. - Meu Omega Interior está pronto, eu estou pronta para ter uma família. E eu não serei a melhor mãe do mundo, mas serei a melhor mãe que Nicolas poderá ter e-

- Esse é o nome do meu neto? - Papa se pronunciou com um sorriso e eu assenti. - É lindo.

- Michael! - Minha mãe o censurou. - Grande coisa que você amadureceu, Lauren. Isso não quer dizer nada! Você não sabe educar uma criança.

- Você sabia? - Camila perguntou, calando a minha mãe. - Você sabia ser mãe quando engravidou?

- É diferente! - Ela bufou. - Eu tinha estabilidade financeira, era formada, tinha meu emprego. Foi planejado! Eu aprendi a-

- Ah, então você aprendeu. - Minha alfa cortou minha mãe. - Lauren não pode aprender? Só porque ela tem dezoito anos, ela não pode aprender a ser mãe? Só por isso, ela será uma mãe ruim? - Minha alfa segurou em minha mão. - Somos de opiniões diferentes. Eu acredito sim, que amor sustenta uma família. Sabe porque? Porque quando você ama, você quer o melhor, então você vai atrás de comida, de escola, de médicos, de qualquer coisa.

- E onde fica o amor, quando o dinheiro falta? Vai alimentar seu filho com amor? - Minha mãe passou a mão pelo rosto e se levantou. - Não estou dizendo que amor não é importante, estou falando que não é tudo.

- Sua preocupação é essa? Porque se for, pode ter certeza que não faltará. Mas se um dia vier a faltar, por amor, eu vou atrás de emprego, eu vou dar um jeito de manter as pessoas que eu amo. Por amor, eu vou buscar recursos para que nada os falte. - Me encolhi mais junto à ela. - Amor sustenta sim, uma relação, depende apenas da forma que você olha. Porque é muito fácil desistir quando as coisas estão difíceis. E serão, ninguém aqui está falando que será fácil cuidar de uma criança, saber educá-la, mas estamos aqui e daremos o nosso melhor.

- E terão o nosso apoio. - Meu pai se pronunciou. - Estaremos aqui para o que vocês precisarem.

- É claro que estaremos. - Mamãe sentou-se na poltrona novamente. - Não vou deixar meu neto desamparado. Mas, Lauren! - Ela bufou, inconformada. - Logo agora, filha...

- Sabe, mãe... - Comecei, mais tranquila por estar bem perto de Camila. - Eu pensei em tirar. Pensei em fazer aborto e me livrar disso tudo, poupar vocês, poupar Camz e a mim. - Minha alfa beijou a minha mão. - Mas eu senti, dentro de mim, que eu queria essa criança. Eu me dei conta de que é a vida que eu quero para mim.

Todos agora estavam mais calmos, minha mulher não estava mais a ponto de explodir de raiva, o que era algo realmente bom.

- E eu sei das dificuldades e sei que saber delas, não vai tornar tudo mais fácil. Mas eu, Lauren Jauregui, não consegui pensar em me livrar do meu filho, como se fosse um fardo. Ele não é. E.. - Olhei para a minha alfa e sorri. - Camz está aqui. E eu sei que ela não vai à lugar nenhum.

- Não sem você, amor. - Beijou minha mão novamente.

- Eu não te contei antes, porque temia a sua reação. - Confessei. - E durante todos esses meses, eu pensei na melhor forma de contar. Pensando em como conseguiria sua aprovação e eu me dei conta... - Olhei mamãe nos olhos. - De que eu não preciso de sua aprovação para mais nada. Sou mordida, não pertenço mais à vocês, agora eu pertenço a Camila e meu Omega Interior está pronto, agora. Tenho a minha família, assim como vocês tiveram, assim como Nicolas vai ter um dia.

Vi minha mãe teve os olhos marejados e meu pai segurou em sua mão para dar conforto. Meu coração batia forte, apesar de estar em seu ritmo normal.

- Um dia mamãe, estávamos no meu churrasco de despedida, dois dias antes de eu embarcar para Lycan. Eu te ouvir dizer para sua amiga Martha que não criamos filhos para nós e sim para o mundo. Mamãe, esse é o meu mundo agora. Eu fui para o mundo e... - Ela já chorava e minha voz começou a embargar. - Nico, irá para o mundo um dia.

Eu compreendia os medos dela, assim como compreendia o julgamento das pessoas por eu ter engravidado cedo demais, na concepção deles. Mas o meu ponto de vista, a minha forma de olhar essa situação, era compreendido apenas por mim e isso era injusto.

- Por isso não cabe a você e nem ninguém apontar o dedo em minha cara e dizer as dificuldades que eu vou passar, porque quem irá passá-las, serei eu. E podem falar que é como se esse assunto estivesse sendo tratado de forma banal por nós, mas eu simplesmente aceitei que essa é a minha vida e porra, eu estou muito feliz com ela.

As pessoas são rápidas demais em julgar e lentas demais para compreender. Elas me vêem e julgam, mas não param para se perguntar se essa foi a minha escolha, não param para se perguntar o que elas têm haver com a minha vida.

- Eu fico feliz em saber que tem consciência das coisas, minha filha. - Mamãe soltou um suspiro cansado. - Mas... Você tem dezoito anos. E a faculdade? E o seu futuro? Você será bem-sucedida?

- Mamãe, meu futuro será ao lado da alfa que eu mais amo na terra, ao lado do meu filhote. Eu não serei bem-sucedida, eu já sou. O que mais eu poderia querer?

A minha vida não é, nunca foi e nunca será um calmo mar de rosas. E eu nem quero que seja assim. Gosto de desafios e quero poder superar todos que me forem impostos, com Camz ao meu lado.

Eu estive com ela em suas horas mais difíceis, então não restava dúvidas de que ela faria o mesmo por mim. Anos que passamos longe e no fim, eu voltei para ela. Então não importava a distância, tempo ruim, ela estaria comigo.

Eu tinha muitas incertezas em minha vida, mas no meio de todas elas, eu tinha três verdades absolutas.

Uma: Eu amo Camila com toda minha alma.

Duas: Nosso filho crescerá sendo muito amado.

Três: Eu morrerei amando ambos.

E para você, o que é ser bem-sucedido?

*----------*------------*-----------*

Notas Finais:

Então, mais uma fanfic minha que é encerrada. Do fundo de meu coração eu só tenho a agradecer. Estou encerrando essa história, que foi muito importante para mim, com muito amor no coração, tanto por ela quanto por cada um de vocês que me acompanharam.

Alguns me perguntaram a respeito do cio da Camila, bom na introdução está escrito que alfas aqui tem o cio uma vez por semestre, porém, nossa querida alfa tomava remédios fortes que enfraqueciam seu Alpha Interior, sem Alpha, sem cio. Lauren engravidou, então ela também não tem mais cio por conta da gestação.

A história NÃO terá segunda temporada, mas terá um epílogo.

E vamos que vamos, o foco agora é Growing Up!  

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