Fernandinho
Uma semana depois
Minha mãe ultimamente tava chata demais! Não deixava eu fazer nada, maluco. Ela decidiu tirar um tempo pra mim e ficou na cola. Um dia desses acabei respondendo ela sem querer e logo levei uns tapão na boca. Fiquei puto de raiva, mas arrependido também. Nem sei o que tá acontecendo com ela e ela tá segurando tudo. Mas nem demonstrei não, agora ela sempre puxa assunto e eu respondo e olhe lá.
Ela odiava que eu andava com Carlos e mais alguns moleques, eu era o mais novo de lá. E os moleques tudo já eram mais espertos. Carlos tinha quinze anos, era como um irmão pra mim.
Larissa : Olha, eu posso levar vocês no parque. - Lorena negou.
Lorena : Tia Emilly comprou sorvete só pra você ir. - Disse fazendo ela bufar.
Fernandinho : Vai, tia. Fica tranquila. Eu cuido dela.
Carmem : Claro que vocês não ficaram sozinhos, eu to aqui. Não vou sair, minhas pernas estão doendo.
Larissa : Namoradinho deu trabalho, né. - Disse rindo.
Carmem : Ô se deu. - Disse rindo. Tio LN não gostou nada desse namoro não, mas fazer o que ? Ele não pode falar nada.
Helena : Vamos fazer alguma coisa Fernandinho? Tem tempos que não saímos e você nem quis sair semana passada. - Bufo percebendo que seria mais difícil que eu imaginava.
Fernandinho : Eu não quero ir! Já disse. To bem assim. - Ela assentiu com os olhos cheios de lágrimas. Olhei pro lado vendo LN e ele logo cruzou os braços me encarando. - Mãe...me desculpa. Você precisa sair, e eu to crescendo lembra? Eu não gosto mais de ir nesses lugares.
Helena : Eu percebi. - Disse virando o rosto.
Lucão : Aí, Fernandinho. Cola aí. - Me levantei indo em sua direção. Ele me puxou pro canto e logo me encarou com o semblante fechado. - Tua mãe só quer seu bem, meu. Não trata ela assim, cara. Tu não sabe a sorte que tu tem da tua coroa tá do seu lado, para com esses bagulhos de tratar ela mal...Ela é obrigada a te corrigir e eu to ligado que tu não quer levar um coro aqui no meio de todo mundo, né? - fiquei calado. Ele já sabia a resposta. O mesmo deu um sorriso de lado. - Sabia! Então para de ser assim com ela, tua mãe é dez. Parceiro.
Ele saiu andando, eu nem tinha medo de Lucão não. Era mó gente fina, conversava comigo suave. O problema mesmo era o tio LN, que sempre já mandava o papo reto tentando me fazer ficar com medo.
LN : Aí, tu não aprendeu nada né? Tu só vai acordar pra vida é quando tu estiver em uma furada. Aí sim! Quero ver é tu resolver, beleza? Eu nem vou mais render contigo, Fernando.- Disse saindo.
Tomei um banho, me arrumei do jeito que Carlos disse. Coloquei um tênis e fiquei o tempo todo de olho em Lorena, mas nem tava brincando não. Olhei pros lados e já vi que a tia Carmem não estava perto. Me levantei na cautela e já fui saindo até ouvir a voz de Lorena me chamar.
Lorena : Onde você vai? - Olhei pra trás fitando a mesma com uma bola na mão. - Você prometeu brincar.
Fernandinho : Lorena, eu não posso agora. Eu só vou ali buscar mais brinquedos, já volto. moro?
Lorena : Sei não, em. Vovó não vai gostar nada. - Reviro os olhos.
Fernandinho : Ela não tem que saber! Qualquer coisa eu to no banheiro, não sei. Da seu jeito.
Lorena : Tudo bem. - Bufou. - Só se você me falar onde você vai?
Fernandinho : Eu só vou ali no Carlos. Já volto. Tudo bem? - Ela assentiu. Caminhei em sua direção e a abracei.- Eu prometo brincar com você na volta, beleza?
Lorena: Tá né. - Disse saindo. Sai de lá e já desci na maior cautela. Vi os soldados vigiando a casa e já dei um sorriso vendo aqueles belezinhas na cintura deles.
Fernandinho : Um dia vai ser eu que vou está com igual a essa. - Digo a mim mesmo. Claro que tio LN conseguiu tirar aquilo da minha cabeça, mas foi na hora. Depois que Carlos conversou comigo tudo já voltou a ser como antes.
Caminhei em direção a eles e já fiz aquele toque abrindo um sorriso.
Fabin : Aí, Fernandinho. Tu torce pra que time?
Fernandinho ; Aqui é galo. Rapaz! - Disse fazendo ele revirar os olhos.
Continuei olhando pra todo mundo e logo meus olhos pararam na cintura de Fabin.
Fernandinho: Aí, deixa eu pegar. - Disse apontando pra arma em sua cintura.
Fabin : Nem rola, moleque. Vai procurar teu rumo. Se LN te pegar aqui....
Fernandinho : O tio é parceiro. Ele sabe o que eu faço. - Digo vendo me olhar sério. - Um dia vou ser dono de um morro, tu vai ver.
Laranja : Entra logo, Fernandinho. Tu já tá conversando é fiado.
Fernandinho : Eu vou comprar uma pizza, dona Carmem pediu. Vai lá reclamar com ela. - Ele Bufou.
Tuco : E tu tá arrumado por que?
Fernandinho : Pensei que a minha mãe ia sair comigo, ela picou foi o pé. - Menti olhando pro mesmo.
Laranja : Então trata logo de comprar e corre pra cá. Se demorar mando a ideia pro LN. Tá tarde, maluco. - Assenti. - Aí, vou mandar alguém contigo, calma aí.
Fernandinho : Não precisa. Eu vou correndo, meu. - Ele começou a insistir. Logo piquei o pé correndo, ouvi ele me gritar mas sabia que nem ia vim atrás. Já desci e quando bati de cara com Carlos, ele deu um sorriso e já veio até mim.
Carlos : Tá preparado? - Assenti. - Olha o que eu tenho aqui. - Disse mostrando uma sacola lotada de bagulho, logo ele fechou a mochila e ajeitou nas costas. Arregalei os olhos. - Tenho que entregar esse bagulho aqui, tu vem comigo ? Eu te dou um pouco da grana.
Fernandinho : Acho melhor não. - Ele riu.
Carlos : Vamos, Fernandinho. Anda, um maluco mandou eu entregar isso na Maré junto com um rádio. Bora, anda.
Fernandinho : Isso vai da ruim. - Ele negou.
Carlos : Eu sempre faço isso. Bora, anda. - Descemos o morro. Tava lotado, dia de baile aqui era o fluxo. Eu sempre quis ir em um baile. - Aí, se liga. O da maré é o fluxo.
Aproveitamos o povo que tava descendo e já entramos no meio deles. Em minutos já estávamos afastados do morro.
Carlos : Aí, tudo certo. Deram cobertura. - Disse falando no rádio.
XXX : Então vem rápido, quero os bagulhos aqui antes da duas.
Fernandinho : Tu tá falando com quem?
Carlos : Um parca. Se liga, Fernandinho. Tu não vai falar nada, nem quem é teu tio nada. Qualquer A que tu falar lá já era...Tá me ouvindo?
Fernandinho : Suave. Vou ficar calado.
Carlos : To falando sério! Se descobrirem que tu é alguma coisa do dono aqui vai da ruim pra nós dois. To fazendo isso porque gosto de tu é quero que tu conheça esses lugares aí tudin. Não vai pagar de emocionado.
Fernandinho : Mas se vai da ruim não é melhor eu voltar? Esses caras são inimigos né? - Ele parou pra pensar.
Carlos : Não, eles não são. - Olhei pro mesmo sem entender.
Ele apressou os passos e logo vimos um carro parado mais à frente. Ele entrou no carro e na hora que eu ia entrar o cara já olhou para trás e me encarou sério.
XXX : Aí, quem é o maluco?
Carlos : Esse aqui é o Willian. Meu amigo!
XXX : E como tu trás ele? Tu tá doido?
Carlos : Relaxa! Ele trabalhava pro Baiano. - Ele assente. Olhei pra Carlos que me olhou pra eu ficar calado.
XXX : E quantos anos tu tem?
Carlos : Ele tem quatorze. - Disse mentindo na cara durinha.
XXX : Ele não tem boca não ? Deixa o moleque responder. É isso mesmo? - Eu Assenti rápido.
Carlos : To falando pra tu.
XXX : Satisfação, Neguinho. - Disse me olhando pelo retrovisor. - Aquele ali é o Matias. - Logo um cara parou com a moto do lado do carro.
Matias : Bora, bora, bora. - Disse acelerando com tudo. O cara arrancou com o carro e eu olhei pra trás vendo a rocinha ficar cada vez mais distante.
Carlos : Tu vai conhecer um baile de verdade.