Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2014
Acordo um minuto antes de o despertador tocar com o meu toque de telemóvel; dou voltas na cama à procura do telemóvel que, certamente está debaixo da almofada. Quando agarro o objeto, atendo à pessoa que está do outro lado da linha.
"Diih?" Caramba, o Niall madruga.
"Hm." Gemo para o telemóvel enquanto me espreguiço e bocejo.
"Não vás à escola." Ele pede, o que me fez acordar de repente. O quê?
"Passaste-te?" Eu questiono e ele suspira.
"O Jake vai à tua escola tentar levar-te outra vez e o resto já sabes. O Liam interferiu na chamada dele com um tipo qualquer chamado Oliver." Niall alerta-me e eu volto a bocejar para o telemóvel; deitei-me tarde, ontem à noite.
"Niall, eu estou bem. O Jake não vai conseguir fazer-me nada no meio de mil alunos, dezenas de funcionários e cem professores." Garanto e ele volta a suspirar do outro lado da linha, mostrando-se hesitante. "E o Liam vai estar comigo, lembras-te?"
"Eu sei, mas... fica à alerta." Niall suplica num tom de desespero e eu sorrio em compreensão, mesmo que ele não me possa ver.
"Eu vou ficar. Agora tenho de me preparar para a escola, está bem?" Aviso e ele murmura um 'está bem'.
Depois de pousar o telemóvel, espreguiço-me novamente e saio da cama, calçando as minhas pantufas quentes e vestindo o meu robe. Dirijo-me para a casa-de-banho, preparando-me para um duche. O dia vai ser longo.
***
Na aula de química, já metade dos estômagos da sala roncavam pela comida horrível da cantina. A professora não se calava com a matéria de revisão e falava da importância das nossas notas neste teste, porque o segundo período era mais importante do que o terceiro, já que o mesmo é maior que o outro.
Apenas comida vagueava na minha mente, portanto, não conseguia prestar atenção à voz esganiçada da professora. A minha cabeça apoia-se na minha mão e eu coloco o cotovelo sobre a mesa, rabiscando corações distorcidos na última folha do meu caderno, escrevendo dentro deles 'Niih+Diih'. E era isto que ia fazer até a campainha tocar.
No entanto, recebo aquela sensação de me sentir observada e olho em volta, até que o meu olhar para na figura alta lá fora e o meu coração começa a palitar. Mas... ele...
"Liam." Chamo o rapaz à minha frente, que tinha os fones nos ouvidos sem a professora meia cega de química reparar. Arranco uma folha de papel e faço uma bola com ela, atirando-lha.
"Diz." Liam finalmente responde, voltando-se para trás.
"Olha lá para fora." Sussurro e ele franze as sobrancelhas, mas obedece. A sua reação é a mesma que a minha, mas a reação da Gabriela, ao seu lado, não foi a mesma.
Ela gritou, o que fez toda a gente olhar para ela: "Niall Horan lá fora!" Gabby grita e toda a turma se levanta e confirma que ele estava lá fora. Mas o que é que lhe deu para vir à escola!?
Tanto a Dudda como o Daniel olharam para mim e para o Liam, que não sabiamos como reagir. A professora correu para a sala ao lado, avisar os outros professores. Quanto ao Niall, bem, ele reparou no que tinha acontecido e fugiu, não sei para onde. O alarme de incêndio começou a tocar; devem considerar o Niall como um incêndio.
Eram centenas de alunos a abandonar as salas de aula e a caminharem para o campo de futebol, sem fazer a mínima ideia do que se passava. Para a maioria, era um simples simulacro, mas as turmas que já sabiam do que se retratava espalhavam a notícia, alarmando todos os outros.
E, no meio desta confusão, eu voltei para trás, seguindo o caminho que o Niall tinha feito. Está tudo demasiado ocupado em olhar para a frente e a fugir, por isso ninguém vai reparar em mim. O problema é a professora a fazer a chamada.
Nunca na vida o vou encontrar. Ele pode já nem estar na escola. Mas e se estiver?
"Sim, já chamei a polícia, eles estão a caminho." Oiço o resto da conversa de um funcionário e colo-me à parede, numa tentativa com sucesso de eles não me verem ao correrem para o campo.
Merda.
Mas o que raio está ele a fazer? No que está ele a pensar?
Não tenho outro remédio senão ligar-lhe e esperar que ele atenda.
"Diih?" Ele fala, mas não é pelo telemóvel. Viro-me e vejo o Niall demasiado nervoso.
"Mas o que é que te deu!" Guincho e ele baixa a cabeça, olhando para os seus pés.
"Ele está na escola, Dianna, eu não quero que te aconteça o mesmo que aconteceu no início deste mês." Niall desculpa-se e eu reviro os olhos, incrédula.
"Põe-te a mexer daqui!" Eu ordeno e ele assente. "Por onde é que entraste?"
"Trepei as grades." Ele replica e eu agarro a sua mão, puxando-o atrás de mim.
A porcaria do alarme de incêndio ainda não se tinha calado e isso, muito sinceramente, já me começava a irritar. O meu coração parece encolher-se quando se ouve as sirenes dos carros da polícia. Merda.
Finalmente, chego ao ponto onde as grades se unem, formando um dos vértices do retângulo que é a escola. Trouxe o Niall aqui porque três grades estão empenadas e formam uma passagem para o lado de fora, sem grande esforço. Niall solta a minha mão e ajoelha-se ao pé das grades, olhando-me uma última vez.
"Desculpa." Ele lamenta e eu encolho os ombros.
"Vai embora rápido e não vás para casa, devem trazer cães com eles." Opino e ele assente.
Assim que Niall passa pela grade amarela, que outrora fora branca, começa a correr em direção ao amontoado de árvores do outro lado da rua. Não perco tempo em voltar para junto dos meus colegas, na esperança de que não tenham feito já a chamada e, por conseguinte, dado pela minha falta.
O campo está um caos e já haviam polícias a falar com alguns professores. Presos a umas trelas, estavam os malditos farejadores de rastos de criminosos que eu odiava. Podiam encontrar o Niall, oh, fogo.
"O Niall está na escola?" Assusto-me ao ouvir a voz familiar da minha irmã.
"Já não." Retruco e ela aperta os lábios, voltando para a sua turma.
Meto-me por entre a multidão, desejando ninguém reparar o meu aparecimento repentino. Assim que apanho a Jules, sei que estou perto da minha turma. Depois da Jules, vejo o Daniel a falar com o Liam e com a Dudda e estou pronta para me juntar à conversa, visto que sou o único elemento que falta naquele grupo.
"Onde é que ele está?" Liam interroga, desesperadamente.
"Já saiu da escola, levei-o ao túnel." Respondo.
Era uma cena estranha chamar túnel àquele buraco nas grades, mas era a única maneira de ele saber ao que me referia, visto que toda a gente chama túnel às grades empenadas.
"Os cães vão cheira-lo até ao túnel." Ele sugere e eu balanço a cabeça. "E pior, podem farejar-te a ti também!" Liam meio que grita, horrorizado.
"Diariamente, estão dezenas ou centenas de alunos naquele sítio, não vou ser a única farejada. E, alias, com tanto cheiro a alunos diferentes, os cães podem perder o rasto dele." Eu opino e ele suspira.
"Tu deves ter o cheiro dele." A Dudda supõe e eu rio do que ela disse, mas o meu riso logo para quando vejo um cão atrás de mim.
Mesmo atrás de nós, um polícia falava com a minha professora de Química, que se achava a única com utilidade para o caso, porque tinha sido a primeira a ver o Niall.
"Podemos ver as câmaras de vigilância para descobrirmos ao certo por onde ele foi." Oh, porra. Eu vou estar num dos vídeos.
O Liam, a Dudda e o Daniel voltam-se para mim após ouvir o pedido do polícia. Eu vou estar nos vídeos, oh bolas, eu vou estar nos vídeos! Como se já não bastasse o cão a cheirar-me as pernas, eu ainda vou estar nos vídeos!
Contudo, para a minha salvação, o Liam apressa-se a ir à mochila que tinha trazido com ele da sala. Sempre que sai da sala, ele leva a mochila com o seu 'equipamento' de espionagem, para o caso de ser preciso. E hoje é urgente e crucial que ele traga o raio do tablet.
"Estou a tentar entrar na segurança da escola." Liam informa-me e eu começo a fazer algo que realmente detesto: roer as unhas. Porém, era a única maneira que tinha para me acalmar.
"... para ver as câmaras têm de ser no gabinete do Diretor." A professora fala.
"Vai demorar um bocado a apagar os vídeos, só se eu cortar a luz. Isso pode atrasa-los." Ele anuncia e eu entreolho-me com a Dudda.
"Tu podes cortar a luz através do tablet?" O Daniel questiona, surpreso.
"Eu posso cortar a luz através do meu telemóvel." Liam gaba-se e eu agradeço a Deus por ter um amigo que perceba destas coisas. A tamanha alhada em que iria ficar se os polícias vissem os vídeos.
Mal o Liam clica numa zona retângular e azul do seu tablet, as luzes dos holofotes do campo apagaram-se. Lá dentro, através das janelas de vidro reluzentes, vimos tudo a ficar às escuras e não demorei muito a entender de que o Liam tinha cortado a luz em dez segundos, com o tablet.
"Basta apenas entrar nos computadores da central elétrica." Liam explica e eu lembro-lhe das câmaras, antes que ele ficasse mais preocupado em gabar-se do seu trabalho do que apagar as gravações.
Com a falta de luz elétrica, a algazarra aumentou, o que é estúpido, porque ainda temos a luz do dia, mas enfim. Ao olhar à minha volta, vejo os homens fardados a correr pelas bancadas acima com os cães castanhos assustadores. O processo do Liam ia a meio, pelo que percebi ao analisar a barra que ia em 57%. O meu coração batia na minha boca, os nervos e a ansiedade nadavam no meu sangue e eu sinto-me como fosse explodir.
"Diih, só tenho 4% de bateria." Liam avisa, receoso.
"Só podes estar a gozar comigo!" Eu resmungo.
"Por acaso, estou." Ele ri e eu tenho a enorme vontade de enfiar a cabeça dele no túnel enquanto endireitam as grades, para ele nunca mais conseguir sair de lá. "Já está tudo apagado." Liam confirma e eu sinto-me como se tivesse chegado à superfície, depois de estar minutos com o pé preso a algo pesado debaixo da água.
"Ligaste a luz?" O Daniel questiona, confuso. A luz voltou.
"Não, já devem ter contactado alguém da polícia para fazê-lo." Liam sugere e eu pareci ficar com asma.
"E se esse alguém da polícia conseguir ter os vídeos de volta?" Eu imagino a minha morte com esta pergunta.
"Diih, acalma-te. Eu sou o Liam James Payne, o único rapaz de 18 anos que já entrou nos serviços secretos da NASA. Achas que esse único rapaz de 18 anos que já entrou na NASA iria tornar a recuperação dos vídeos fácil?" Ele pergunta, retoricamente.
"Tornaste a recuperação difícil?" A Dudda interrompe a minha resposta.
"Não, Dudda... tornei a recuperação dos vídeos impossível." Ele sorri de lado e essa sua resposta foi o suficiente para fazer o oxigénio entrar como deve ser nos meus pulmões.
A certa altura, no topo das bancadas, aparece uma mulher com um megafone nas mãos. Ela parece liga-lo e chama a nossa atenção, gritando 'silêncio'. Todas as pessoas se voltam para a polícia que tosse para clarear a voz.
"A escola vai ser fechada até Quarta-feira. Alunos, professores e pessoal de funcionamento escolar não poderão entrar no recinto da escola até às 10h30 de Quarta-feira. Pede-se à professora e alunos que viram o Sr. Niall Horan pela primeira vez que me sigam. Os restantes, podem ir embora!" Ela anuncia.
Dez minutos depois, só restavam os meus colegas mais a professora de Química. O Liam está com receio de que tenhamos de ser revistados e que lhe peçam o tablet, por isso aproveitou a confusão dos alunos a querer ir embora e descarregou, sabe-se lá como, a bateria do seu tablet.
"Onde viram o Niall pela primeira vez?" A mesma polícia pergunta e a professora apressa-se para responder, mesmo que tenha sido a última de nós todos a vê-lo.
"Ali." Ela responde e caminha até ao local onde ele estava.
Um dos polícias soltou os três cães. Os animais cheiraram o chão de cascalho durante uns segundos e depois caminharam na exata direção do Niall.
"O que fizeram mal viram o Niall?" Ela questiona.
"Fui avisar os outros professores e dar o alarme e pedir que chamassem a polícia." A professora responde, demasiado orgulhosa. Rebolo os olhos, eu quero sair daqui o mais rápido possível.
"Tem alguma ideia porque possa estar ele na escola? Há algo valioso para se roubar ou alguém com uma família importante?" Ela inquire sinto o meu rosto borbulhar de irritação.
Ele não é um ladrão de coisas valiosas para fazer coleção! E ele não mata pessoas só porque sim! E, breves momentos depois, os cães voltaram com o polícia que os libertara. O homem não vinha tão feliz como devia o que baixou o meu nível de nervosismo.
"Perdemos o rasto dele... outra vez." Ele lamenta e eu faço todos os possíveis para não ficar eufórica. "Mas encontramos isto."
O homem mostra o telemóvel dele dentro de uma bolsa de plástico.
"Vai ser analisado no laboratório." Ele anuncia e eu sinto vontade de matar o polícia.
Sem nota :( Desculpem estou com pressa
Bjs, Búh