Golden Sapphire [jikook]

By icebluegguk

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{ × NÃO ACEITO ADAPTAÇÕES DESTA OBRA × } ❝Park Jimin é um ômega. Vivendo numa sociedade que aceita apenas hum... More

⸙ Sobre a obra + personagens;
Capítulo 1 ⸙ Agastache Dourada
Capítulo 2 ⸙ Baptisia Dourada
Capítulo 3 ⸙ Erinus Dourada
Capítulo 5 ⸙ Lathyrus Dourada
Capítulo 6 ⸙ Omphalodes Dourada
Capítulo 7 ⸙ Polemonium Dourada
Capítulo 8 ⸙ Sesleria Dourada
Capítulo 9 ⸙ Ajuga Dourada
Capítulo 10 ⸙ Delphinium Dourada
Capítulo 11 ⸙ Glechoma Dourada
Capítulo 12 ⸙ Nepeta Dourada
Capítulo 13 ⸙ Sisyrinchium Dourada
Capítulo 14 ⸙ Thymus Dourada
Capítulo 15 ⸙ Veronica Dourada
Capítulo 16 ⸙ Brunnera Dourada
Capítulo 17 ⸙ Eryngium Dourada
Capítulo 18 ⸙ Globularia Dourada
Capítulo 19 ⸙ Lavanda Dourada
Capítulo 20 ⸙ Myosotidium Dourada
Capítulo 21 ⸙ Primula Dourada
Capítulo 22 ⸙ Convolvulus Dourada

Capítulo 4 ⸙ Iris Isotoma Dourada

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By icebluegguk

#GoldenAtt 🍂


Jeon Jungkook sentia cada músculo de seu corpo gritar de dor, cada junta pedia por alívio desesperadamente e, por mais que o sentimento o despertasse muita agonia, ele ainda não conseguia abrir os olhos apropriadamente ou se mexer muito. Estava imobilizado, sabia disso, então tentar se soltar apenas causaria mais dor e seria inútil; portanto, manteve os olhos fechados e o corpo estirado ali. Estava pendurado, como um bovino em um açougue, ainda sangrando.

Todo o lugar estava mergulhando em um silêncio tortuoso, mas o pequeno alfa lúpus conseguia ouvir, com sua audição aguçada mesmo que estivesse muito fraco para se concentrar os barulhos aterrorizantes que correntes e o metal das celas faziam em contato com o solo, o fazia ter arrepios e se lembrar de onde estava. Nunca se lembrava do nome do castelo, mas sabia que fora especialmente construído e arquitetado para aprisionar lupinos.

Ainda não conseguia se forçar a abrir os olhos, se sentia exausto e apenas com capacidade para se manter consciente, sem se perder de vez na escuridão. Estava desesperado, as únicas coisas que cruzavam suas lembranças eram o modo como haviam sido capturados durante a noite anterior e o provável paradeiro de seus pais. Sentia-se como um filhote desamparado e envergonhou-se disso. Precisava ser o alfa lúpus forte e corajoso que seu pai o ensinara a ser, mas não conseguia agora.

Começou a ouvir o som de uma goteira que caía no cômodo em que estava sabia que não estava numa cela comum. O som das gotas começou a irritá-lo e, aos poucos, sua consciência foi ficando um pouco mais forte, já não sentia tudo girando ao seu redor, mas tinha medo do que encontraria quando abrisse os olhos, então se permitiu a ficar um pouco mais de tempo com eles fechados.

Ficou aliviado ao sentir o cheiro de lavanda, de sua mãe, portanto, soube que ela estava ali do lado, assim como o de limão, de seu pai. Mas o cheiro de ferrugem e sal também estava no ar e com muita intensidade. Jeon mais novo sabia que era porque tinham sangrado muito; não saber se seus pais estavam vivos o inquietou, fazendo com que ficasse ainda mais receoso em abrir os olhos, tinha medo de se deparar com os corpos de seus pais e apenas isso. Cascas vazias do que haviam sido um dia.

Abriu os olhos gradativamente, ainda com receio. À sua frente havia apenas uma mesa de madeira com três velas depositadas, uma ao lado da outra, acesas; mesmo que a iluminação que elas ofereciam fosse escassa, Jungkook pôde ver os pais, ambos estavam com os pulsos amarrados acima da cabeça, pendurados, assim como ele, e ainda estavam desacordados. Seu coração bateu, mais acelerado, ao ver que sua mãe ainda sangrava muito por ser uma ômega, sua regeneração demorava um pouco mais do que a dos alfas, muito mais do que a de um alfa lúpus.

Jungkook tentou fazer força contra as algemas, mais uma última vez para tentar se soltar, mas apenas acabou se machucando ainda mais. Concluiu que não teria outra saída, a não ser esperar pelo pior.

— Mãe? — perguntou, murmurando, porque tinha medo de que o ouvissem — Pai?

Nenhuma resposta, resmungo, gemido, nada.

Ficou mais um tempo ali, quase não sentindo mais seus braços, porque a dor foi tanta que os anestesiou. Aquilo cansava o sistema de regeneração do alfa lúpus mais novo, estava fazendo aquele mesmo trabalho há horas e já não tinha o mesmo efeito, sua energia estava quase se esgotando e, caso isso acontecesse, o alfa poderia acabar sentindo ainda mais dor.

Um estrondo foi ouvido, chegando perto de machucar os tímpanos aguçados dos dois únicos lúpus dali, o som assemelhava-se a alguém tentando arrombar a porta; não era preciso, de qualquer modo, fora apenas um maneira de fazer sua entrada barulhenta, o homem alto, de postura ereta, cabelo escuro — com fios brancos já aparentes — e olhos de gelo, frios e azuis, adentrou o lugar com mais três subordinados.

De qualquer forma, o barulho fez os pais de Jungkook estremecerem e despertarem lentamente; embora o garoto — que ainda possuía apenas quinze outonos de vida — estivesse aliviado por saber que ambos ainda estavam vivos, sentia o pavor crescer em seu peito com cada passo que o humano desconhecido dava na direção deles. Ele tinha um semblante naturalmente debochado e cruel, parecia estar sentindo algo próximo ao prazer ao ver os lupinos vulneráveis daquele jeito, temendo pelas próprias vidas, pelo menos era o que Victorine Boyer achava que passava pela cabeça dos três prisioneiros; apenas o egoísmo e o instinto de assegurar a própria sobrevivência.

Mas o Comandante do Exército Anti-Lupino percebeu quando o homem e sua parceira começaram a se remexer sob as algemas, nervosos, e mandaram olhares preocupados para o mais novo dali, sua cria. Victorine sentiu nojo; aquelas criaturas não possuíam sentimentos, no seu ponto de vista, eram comandados por instintos que eram guiados por suas classes grotescas, levados pelo desejo profano daquilo que chamavam de cio, apenas uma desculpa para pecar do modo mais explícito que conseguissem. Eram seres nojentos e demoníacos, criados pelo próprio Mal.

— Dispa o torso dos três — ordenou aos outros homens. — Deixem as costas livres.

Aquelas palavras fizeram os Jeon mais velhos se agitarem ainda mais, Jungkook sabia que aquilo não era bom, mas não estava raciocinando direito, então não sabia exatamente o por quê. E, enquanto os homens se aproximavam e rasgavam suas roupas pelo lado anterior de seus corpos, Jeon Haneul sentiu as lágrimas se acumularem nos cantos de seus olhos.

— Por favor! — A ômega implorou, olhando para o filhote, sentindo o instinto materno e protetor gritar em desespero — Ele não. Ele é só um menino.

Jungkook podia sentir seus pulmões serem comprimidos assim que sua frequência respiratória acelerou, sua mãe foi ignorada e seu tronco fora exposto, assim como seu próprio e o de seu pai. O menino podia jurar por tudo que havia de mais sagrado no mundo que o choro de sua mãe seria, para sempre, o pior som que já ouvira em toda a vida.

Sentia uma presença atrás de si e o ar frio tomar seu peito, observou a chibata que estava na mão do homem atrás de seu pai e as mãos do que estava atrás de sua mãe pressionarem os seios da própria. Jongdae rosnou e Jungkook fechou os olhos, antes de ver seu pai sendo punido com um soco na bochecha direita. Estava no inferno, sabia disso, e não tinha esperanças de conseguir sair dele.

Boyer afastou-se novamente e ficou no centro da sala, o filho dos Jeon abriu os olhos e encarou bem os do humano desprezível, este que passeou seus olhos em cada um dos lupinos presentes e apenas disse, em alto e bom som:

— Comecem.

A dor que atingiu Jungkook pelas costas foi dilacerante, ardida e medonha, sentia como se tivessem atravessado uma navalha por todo o comprimento da pele, mesmo que ela estivesse apenas levemente rompida e um filete fraco de sangue tenha se formado sobre ela. Mas a dor física, em seu ponto de vista, não foi pior do que a perturbação causada em sua alma ao ouvir o primeiro berro da mãe; a mulher que lhe amou antes mesmo de conhecer seu rosto, que abriu mão de seu descanso para fazê-lo parar de chorar nas noites mais frias, que lhe alimentou mesmo quando sentia dor com o ato, que lhe abraçou quando sentia falta do pai, quando acordava no meio da noite com a febre que seu alfa lúpus lhe causava ou por algum sonho desagradável.

Mais uma chibatada, mais um grito estridente de sua mãe, um gemido seu, uma lágrima, um grito de seu pai:

— Jungkook! — Eram suas palavras: — Aguente firme, filho! Isso vai acabar!

Victorine se enraiveceu.

— Mais forte! — gritou.

E sua ordem deu a impressão, para Jungkook, que aquela tortura estava longe de acabar.

O alfa lúpus jovem não conseguia desviar seus olhos do corpo despido da ômega, sua progenitora, que chorava e se engasgava nos próprios gritos. Queria ser o alfa forte que seu pai pedia que fosse, mas não conseguiu evitar em se desmanchar em lágrimas, não só pela do horrenda que estava sentindo, esta que já o fazia sentir o sangue quente escorrendo por suas costas, mas também por ver seus pais sofrendo tanto quanto ele.

Foram cinco chibatadas.

— Onde está a Resistência? — Boyer perguntou.

Fez-se silêncio.

O anti-lupino acenou e mais uma sessão de chibatadas foi iniciada. Cinco novamente.

— Onde está a Resistência? — perguntou de novo.

Ninguém respondeu.

Jungkook já sabia o que viria quando aquele homem acenou mais uma vez, olhou para o pai em uma súplica, implorando com seus olhos para que o mais velho lhe permitisse contar tudo, porque não aguentava mais ouvir os gritos da mãe. E ele não esperava que a própria o respondesse, assim que notou a conversa silenciosa que ocorria entre os dois homens que amava:

— Filho, não! — gritou, recebendo mais uma chibatada em conjunto com os outros dois. — Vai ficar tudo bem! Só aguente firme! Por mim, está bem?! Por nós!

O primogênito do alfa lúpus não era forte, não se sentia forte, mas seus pais o imploravam, então tentava se forçar a ser. Precisava manter sua boca fechada, Victorine já o encarava como se tivesse certeza de que era apenas questão de tempo até o menino lhe entregar tudo o que quisesse saber, porém, Jungkook mantinha em mente que não era apenas a vida dos três que estava em jogo; haviam ômegas, alfas e betas — adultos e crianças — dependendo daquele fio de esperança que era o silêncio de Jeon Jungkook, e ele não trairia seu povo, não podia jogar na fogueira algo que seus pais lutaram anos para construir, não o faria, ele resistiria.

E o Comandante humano percebeu a mudança no brilho dos olhos do pequeno lupino, tinha determinação agora. Victorine ficou impaciente e furioso com aquilo.

— Basta — disse; as chibatadas e os gritos cessaram, sobrando apenas os gemidos da dor que se amenizava aos poucos, mas não rápido o bastante para ser menos sentida; Boyer apontou para o homem que estava atrás da ômega — Traga a mulher.

Os olhos de Jungkook se arregalaram; foi então que percebeu que, se não contassem o que aquele homem queria, não passariam daquela noite — ele os mataria, sem remorso ou piedade.

— Não! — gritou Jungkook — Mamãe! Não!

Ele estava agitado novamente, as lágrimas voltavam com força total e isto apenas forçava ainda mais seus pulsos já marcados e doloridos; os músculos de suas costas pediam para que ele não se mexesse, estavam no limite e sua carne mais interna estava exposta, depois das várias sessões de chibatadas, cada uma depositada acima da anterior, fizeram sua pele romper profundamente e até saírem do lugar. Mas não conseguia evitar os movimentos bruscos e desesperados que seu corpo realizava involuntariamente, ao ver a mãe sendo solta das algemas e arrastada em direção a Victorine Boyer, o homem mais nojento que já conhecera.

Haneul tentava segurar o choro, mas estava com medo, pavor e repulsa; não conseguiu engoli-lo quando aquele homem a tocou, segurando seu antebraço com força e, mesmo ouvindo o rosnado de seu marido e as correntes em suas mãos se agitarem, o que indicava que ele tentava — a todo custo — se soltar para alcançar seu par. O humano a levou até a mesa, seu tronco ainda estava desnudo e dolorido, mas Boyer não se importou em afundar as mãos nas feridas abertas de suas costas, assim, forçando-a deitar-se cobre a madeira.

Jungkook encarava, horrorizado, as marcas nas costas da própria mãe, o sangue manchava cada centímetro delas e ela chorava muito.

— Não me dirão como encontrar a Resistência? — O homem perguntou, parecendo ser a última vez que manteria sua paciência para isso.

Silêncio.

O homem assentiu, virou-se para a mulher — que ainda tinha o tronco deitado sobre a mesa — e aproximou sua pélvis à região traseira da ômega.

— Não encoste nela! — Jongdae gritou, a ira tomando conta de todo seu ser.

O maldito sorriu.

Abaixou as calças de couro que a mulher vestia, revelando a pele bronzeada de suas nádegas, enquanto ela gritava e Jungkook desviava o olhar, soluçando alto demais. Acontece que o pequeno também estava sendo tomado pela ira, mas ele era um alfa lúpus, e essas duas coisas misturadas nunca resultaram em algo bom para quem quer fosse o alvo de tal sentimento.

Seu corpo começou a esquentar muito, sua pele estava ficando avermelhada. Sentiu seu coração pular uma batida quando ouviu um barulho estalado, o barulho de um tapa sujo sendo depositado em uma das partes íntimas de sua mãe. Fechou os olhos, porque sabia o que estava prestes a acontecer e não havia nada que pudesse fazer com as mãos presas, a não ser tentar não se concentrar no grito apavorado e dolorido de sua mãe, o animalesco de seu pai e o riso repulsivo do homem prestes a estuprar a ômega responsável por lhe dar a vida.

A raiva que Jungkook sentia crescer em si era tanta que o desconcertou, ouvia barulhos agitados a sua volta, mas não conseguia se concentrar muito ou abrir os olhos para saber o que era, não queria se deparar com a imagem grotesca que achava se desenrolar a sua frente. Só desconfiou daquela agitação quando os próprios humanos começaram a emitir sons um pouco ansiosos, seguido pelo grito estridente e despedaçado de seu pai:

— HANEUL!

A curiosidade do lúpus mais novo foi inevitável, então, não conseguiu parar seus movimentos quando seu rosto voltou-se para a cena à sua frente.

Victorine estava com suas calças abaixadas, prestes a desonrar Jeon Haneul, mas esta estava com os olhos vidrados em seu filhote e Jungkook conseguia ver o brilho neles desaparecendo lentamente; só então percebeu que sangue vivo escorria por sob seu peito, pela madeira em que ainda era obrigada a deitar-se sobre; a adaga de Boyer estava inserida em seu coração, mas as mãos que a empunhava pertenciam à ômega.

E Jungkook entrou em choque, mais nenhum som chegou aos seus ouvidos, tudo parou em volta de si, menos a lenta morte de sua mãe. Continuou olhando nos olhos da ômega, se prendendo às lágrimas que ainda escorriam por seus olhos naquela conversa muda que ambos tinham; nela, Haneul pedia ao filho que sobrevivesse, que fosse forte e que tentasse de tudo para que saísse daquele lugar, ela se deu como uma distração e não se arrependia, fizera por amor ao seu alfa e ao filhote de ambos.

Um estrondo fora ouvido dessa vez, no entanto, o mais novo dali olhou para o lado direito e se deparou com o suporte de ferro — onde as correntes e algemas os prendiam — rompido e seu pai atacando um dos homens. O alfa lúpus mais velho estava em um estado quase animalesco, a raiva era a única coisa que o guiava agora e Jungkook realmente queria se esforçar até ficar como o pai e ajudá-lo, mas não conseguia, seus olhos sempre se voltavam para a mulher morta sobre a mesa e expulsavam mais uma lágrima.

Além de tudo, mesmo que estivessem ainda quatro humanos naquela sala, o Jeon mais novo sabia que não conseguiriam deter seu pai a não ser que chamassem reforços. Portanto, viu o lúpus mais velho forçar as presas a crescerem e enterrá-las na jugular do guarda responsável pelas marcas nas costas de minha mãe e, em seguida, lutar com outro, enquanto o maldito Victorine Boyer se retirava às pressas do local.

Ele vai chamar mais homens, pensou Jungkook.

Seu pai era forte, mas não era páreo sozinho para homens carregados de armas.

O estado consciente de Jungkook começou a oscilar a partir de então; se sentia tonto e fraco, sentia toda a pressão dos últimos acontecimentos passar os braços por volta de seu corpo e apertá-lo, tentando o sufocar e — por um tempo — tendo êxito em seu objetivo.

Sentiu o alívio proporcionado pela liberdade de seus braços daquela posição dolorosa, quase levou todo o corpo ao chão, mas seu pai segurou-o nos braços assim que rompeu o suporte que deixava seu filho pendurado. Jongdae ajudou seu pequeno a ficar de pé e colocou a mão sob seu queixo, erguendo o rosto do filho com cuidado e tendo de suportar os olhos vermelhos e cheios de lágrimas do menino. Sabia que não podia ceder daquela maneira, precisava se concentrar em tirar seu filhote daquele lugar.

— Segure as lágrimas, Jungkook... — O pai murmurou, fazendo uma breve carícia no rosto do menino. — Você terá seu momento para chorar, sim?

Jungkook queria dizer que não, não haveria outro momento para isso, queria se jogar sobre o corpo sem vida da mãe e deixar que toda a tristeza e a sensação de perda rolassem para fora de seus olhos. Porém, sabia que seu pai estava certo, mais homens chegariam em breve e teriam de pensar em algum jeito de saírem dali; portanto, fungou e afastou as lágrimas que fugiram sem seu consentimento com as mãos e assentiu, tendo que lidar com o fato da ômega estar morta há poucos metros de si, concentrou seu olhar no alfa lúpus a sua frente.

— O que vamos fazer, pai? — perguntou, a voz rouca pela falta de uso e a vontade quase insuportável de chorar.

— Só fique sempre atrás de mim, tudo bem? — pediu, já puxando o filho para trás, enquanto caminhavam para ficar ao lado da porta de ferro. — E quando eu disser para correr, apenas me obedeça, está bem?

— Mas pai—

— Apenas me obedeça! — interrompeu ao menino, com a voz um pouco mais autoritária.

Jungkook se calou, mesmo que não gostasse quando falavam daquele jeito com ele, ficava levemente irritado, mas tentava manter em mente que seu pai era mais velho, mais experiente, então sabia o que estava fazendo.

Ouviram os passos vindo do lado de fora, eram mais pesados, mais homens foram chamados e, aparentemente, estavam mais preparados do que os três malditos que jaziam mortos no chão de pedra daquela sala. Jongdae apertou o filho contra a parede, ficando ao seu lado, mais próximo ainda à porta, esperando, respirando de forma mais contida para que se atentasse melhor aos sons em sua volta, porque tudo ficou silencioso demais.

No entanto, por mais que os acontecimentos a seguir tivessem sido eletrizantes e sangrentos, a mente do Jeon mais novo não conseguia acompanhar muito bem. Viu quando a porta foi aberta e seu pai atacou a primeira coisa que entrou por ela, viu o sangue do homem ser derramado e de todos os outros que o pai atacou, e não conseguiu sentir sequer um mínimo remorso por ele, simplesmente não se importava.

Obedeceu seu progenitor e ficou parado, mesmo que quisesse ajudá-lo quando este pareceu cansado demais e ferido, mas Jungkook não entendia quando fora o momento em que o acertaram, estava tão confuso, seu treinamento não fazia sentido nenhum naqueles longos minutos que se passaram.

— Jungkook, vai! — Seu pai gritou.

O menino nem parou para pensar no que fazer, apenas acatou a ordem do pai e correu. Correu o mais rápido que pôde, tentando se concentrar nos barulhos do castelo e nos odores, assim, premeditando onde poderia encontrar guardas ou qual caminho seguir para a saída. O ataque, causado por seu pai, foi uma surpresa, Boyer com certeza não estava esperando que as coisas chegassem a esse ponto e, muito menos, que Jeon Jongdae conseguiria matar uma boa parte de seus homens mesmo com um número mais elevado.

Não esperavam por aquilo, e foi por isso que Jungkook conseguiu fugir.

O alfa lúpus mais novo correu até chegar na floresta e, assim que adentrou-a, correu mais ainda, só então percebendo que seu pai ainda estava lá dentro e precisava esperar por ele.

E Jeon Jungkook esperou.

Esperou por dias.

Se escondia no topo das árvores e permanecia em silêncio durante o dia, já que algumas pessoas foram mandadas para lhe achar na mata; por mais que essas buscas fossem mais frequentes durante a noite, este era o horário em que o garoto mais tinha facilidade para achar um esconderijo.

Ele não tinha os pensamentos muito claros, seu único foco era esperar pelo pai, então se esqueceu de suas necessidades básicas, como alimentação.

Jungkook não se lembrava quando havia sido a última vez que se alimentou, seja de uma caça ou de algo cozinhado na alcateia, estava com tanta fome, mas simplesmente não conseguia deixar sua preocupação de lado, então continuou não fazendo nada além de esperar mais um pouco.

Sua alma estava tão cansada, muito mais do o próprio corpo — que já o alertava estar em seu limite —, mas Jungkook ignorou quando sua visão ficou turva e escurecida demais, o mal estar que cresceu de seu estômago e chegou até os seus sentidos, a natureza não tinha sequer um som.

Jungkook caiu, não aguentava mais, e estava bem ciente de que seria achado a qualquer momento por estar estirado em um lugar aleatório na floresta, suas forças desapareciam mesmo quando o instinto de sobrevivência falava mais alto e o implorava apenas para se agarrar no resquício de força que ainda queria acreditar para achar, pelo menos, um local mais seguro para descansar — mas essa esperança não existia.

Foi só naquele momento, também, que percebeu que seu tronco ainda estava nu, desde o momento de sua tortura no castelo, e que suas costas estavam profundamente feridas, Jungkook conseguia sentir agora; soltou um gemido de dor, porque conseguia sentir as folha, alguns pedaços de madeiras e grama cutucando os cortes em suas costas, o sangue já estava seco sobre ele e toda a cena era grotesca, Jeon não tinha coragem para olhar para o próprio corpo — estava com medo do que iria encontrar.

Ouviu barulhos que vinham de muito longe, do lado oposto da prisão em que esteve há dias atrás.

Barulhos de passos impacientes, eram mais de uma pessoa vindo a seu encontro; sentiu medo — muito medo — mas estava tão no limite, em todos os sentidos físicos e espirituais, que não se importava em saber que, se fosse pego pelos humanos, seria morto. Simplesmente não conseguia se importar mais, estava bem no interior da floresta, perdido e sem saber a qual direção seguir.

Porém, sentiu alguns odores familiares alguns minutos depois, quanto mais o pequeno grupo de pessoas se aproximavam, e eles não pertenciam a humanos. Eram lupinos. Jeon fechou os olhos e suspirou pesadamente, deixando-se relaxar um pouco.

Jungkook quis chorar de alívio quando reconheceu o cheiro puramente cítrico de Simon, um dos subordinados mais queridos do pai e que estava sempre presente em seus treinamentos, mas chorou mais pela pontada de dor causada em suas costas assim que o alfa mais velho tentou pegá-lo nos braços.

— Ele está muito ferido — observou.

— Apenas coloque-o sobre o ombro, então. — Reconheceu a voz do tio.

Jungkook não tinha muita simpatia pelo tio, não é como se nunca tivesse tentado lhe arrancar algum tipo de afeto, apenas sabia que Kim não apreciava sua existência, então ele também não apreciava a presença do mais velho ali.

Simon acatou a ideia de Jongin, porque era mesmo melhor do que levá-lo do modo convencional, a regeneração de lúpus já deveria ter cicatrizado aquelas feridas, mas Jungkook não havia se alimentado por dias, portanto cada pedacinho de si parecia estar economizando a energia necessária para conseguir mantê-lo vivo. Eles voltaram para casa.

No dia seguinte, quando o menino perguntou onde seu pai estava ou o motivo de ele não o ter encontrado na floresta depois, Simon não soube o que responder, então apenas permaneceu em um silêncio que Jungkook sabia o que queria dizer. Ignorou sua fome ou o cansaço, até mesmo sua dor física, porque, naquele momento, aquelas coisas eram apenas detalhes. Jeon sabia o que aquele silêncio significava, seu pai não voltou, porque nunca mais voltaria.

E, pela primeira vez, deixou que todos os sentimentos que o transbordaram durante todos aqueles dias saíssem de si, de todas as formas que conseguia descarregar. Começou com algumas lágrimas, depois soluços, beliscões no próprio corpo; saiu de dentro da tenda, com Simon em seu encalço para evitar que o garoto acabasse fazendo alguma besteira, Jungkook entrou na floresta, se afastou razoavelmente do acampamento sem medo de que algo pudesse acontecer consigo — afinal, não estava sozinho. Parou apenas quando encontrou a árvore de tronco mais grosso dali, começou a depositar socos nesta — fracos no início, mas que foram ganhando força e velocidade depois de um tempo.

O alfa mais velho, que o acompanhava, não o impediu que prosseguisse com a autoviolência; Jungkook sempre fora um alfa lúpus muito impulsivo naquela época, fazia o que bem entendia e não era muito de dar ouvidos ao pai, sem contar que era muito explosivo quando algo o frustrava ou deixava-o infeliz, então de nada adiantaria tentar convencê-lo a parar com o que fazia agora.

Quando o cheiro de sangue começou a se tornar mais presente, devido a pele dos nós dos dedos estarem se rompendo a cada golpe depositado no tronco da árvore, Jungkook já se sentia entorpecido pela dor e pelas lágrimas que estavam embaçando sua visão. Se afastou do tronco e agora seu alvo era si mesmo, os punhos acertavam a área de seu estômago, coração e até mesmo o próprio rosto.

Sua mãe estava morta porque quis protegê-lo.

Seu pai foi morto pelo mesmo motivo.

Puxou o ar com toda a força existente em seu ser, antes de gritar em plenos pulmões.

Aquele som teria sido menos perturbador, se não estivesse preenchido pelo mais puro sentimento de dor.


×


Jungkook acordou em pânico, inspirando com tanta força que chegou a sentir a dor no peito. Não gostava de ter pesadelos, ainda mais quando estes eram, na verdade, lembranças de algo perturbador sobre seu passado, tentava viver um dia de cada vez sem levá-lo em conta, sabia que não podia esquecê-lo, mas ficaria feliz em não viver em função dele.

Sentiu algo quente em seu rosto, constatando que eram algumas lágrimas.

Fungou e tentou se acalmar, inspirando e expirando profundamente, sentindo seu coração voltar ao normal e seu subconsciente tentando tranquilizá-lo, repetindo para si mesmo que não era o Jeon Jungkook de anos atrás — o alfa lúpus explosivo, que apenas Kim Taehyung tinha coragem de enfrentar e ficar próximo — tentava manter em mente que se tornou uma pessoa muito melhor e, sem dúvidas, mais paciente e compreensiva, não deixou que a morte trágica dos pais o influenciassem de uma maneira negativa.

Foi fraco naquela época, mas agora estava mais forte que nunca.

Era o que sempre tentava manter em seus pensamentos, mesmo que não acreditasse em uma palavra sequer, sabia que, se as desconsiderasse, acabaria enlouquecendo.

— Jungkook? — A voz de Taehyung chamou, logo atentando o alfa lúpus, ainda deitado, ao cheiro doce de canela que invadiu sua tenda; era um odor agradável, tranquilizante e familiar. — Está acordado?

Suspirou, decidindo levantar-se e se vestir apropriadamente, sabia do que seu primo viera tratar.

— Estou, Tae — respondeu, alcançando a camisa branca jogada em uma das mesas. — Pode entrar.

Assim o ômega fez; adentrou a tenda, observando o alfa lúpus com atenção, sabia que havia tido uma terrível noite de sono assim que observou seu semblante e, claro, começou a ficar preocupado. Estavam prestes a sair para uma missão importante e de grande risco, seu líder deveria estar íntegro — física e emocionalmente.

— Kookie, você está bem?

Jungkook quis revirar os olhos, mas resistiu. Não deveria descontar sua noite frustrada no parente e melhor amigo, no fundo, sabia que ele só queria seu bem e que estava ali para ajudá-lo. Por mais que Kim Taehyung não tivesse exatamente as características de um ômega considerado "normal", era bastante adorável com as pessoas com quem se importava e considerava Jungkook como seu irmão mais novo, então se importava até demais.

— Tive uma noite ruim — admitiu, vestindo o colete de couro. — Mas estou bem, de verdade.

O ômega sabia que não era verdade, mas não tinham tempo para discutir sobre isso, todos estavam ansiosos com aquele dia.

— Estão lhe esperando na fogueira principal — informou. — Querem rever todo o plano para podermos partir mais seguros.

O Comandante assentiu.

Saíram juntos da tenda e seguiram em direção à fogueira principal, que ainda estava em brasa por ser muito cedo e o céu estar com um tom mais azulado apenas se prestassem atenção na linha do horizonte, ao todo, ainda não havia amanhecido. Havia um aglomerado de pessoas em volta do fogo, todos dirigiram seus olhares a Jungkook assim que este se aproximou o suficiente.

Decidiram se reunir em um local mais reservado, então foram todos para a tenda de Simon. Lá, Jeon Jungkook, o alfa lúpus líder, explicou a todos quais eram a parte de cada grupo no plano, distribuiu as armas adequadas para cada um de acordo com o papel que desempenharia e percebeu — porque seus reflexos nunca falhavam — uma movimentação perto de um compartimento da tenda.

Dispensou a todos e anunciou que sairiam em até, no máximo, uma hora.

Simon foi em direção ao quarto da filha, mas nem precisou chegar até lá, Apolline passou por ele correndo, se agarrando às pernas de Jungkook quando o alcançou.

Monsieur Jeon — disse, manhosa. — Por que meu papai precisa ir? O senhor não pode deixá-lo ficar?

Suspirou, encarando Simon, seu semblante estava tão triste.

É claro que Jungkook não queria ser responsável por separar uma família que já tinha peças faltando; Simon era mais velho que si, lembrava-se — recordações de quando era criança — de como o mais velho era julgado por ter uma humana como parceira, recebia olhares tortos, provocações verbais e a desconfiança de todos, mesmo que sempre tenha sido um alfa muito competente e justo, tratava Jeon como seu próprio filho quando este era menor, antes da morte levar os verdadeiros pais do menino e tudo mudar, mesmo entre ambos.

Quando a mãe de Poli morreu — no parto, sem ter a chance de conhecer a filha, pelo que ouvira falar —, foi a primeira vez que viu Simon chorar, ele sempre foi um modelo que Jungkook gostaria de seguir — depois de seu pai — e vê-lo chorar foi um choque, nunca presenciou uma cena igual aquela, mesmo que ele mesmo já tenha sido o protagonista de um daqueles descontroles, mas se considerava fraco, mesmo sendo um lúpus, então se surpreendeu quando Simon o dissera que não era feio chorar, mesmo pertencendo à classe que pertenciam, mesmo sendo um líder, às vezes, colocar as mágoas para fora era necessário.

— Filha, ele precisa de mim. — O mais velho se aproximou, pegando a menina ruiva no colo e aninhando-a em seu peito. — Papai prometeu que o serviria.

A menina, porém, não queria ouvir protestos do pai e, sim, uma resposta de seu melhor amigo.

Monsieur Jeon, por favor, deixe-o ficar! — implorou, Jungkook podia ver as lágrimas aglomerando-se em seus olhos. — Papai é tudo o que eu tenho.

Jeon Jungkook se sentia de mãos atadas, prestes a acatar o pedido daquela menina. O lúpus não conhecia as responsabilidades de pai, nunca tivera a sensação de saber que um pedaço de si estava sendo formado em alguém, nunca sentira o calor incrível de um bebê seu em seus braços, nunca olhara nos olhos de um recém-nascido e recebeu o brilho de reconhecimento que os olhinhos da criança lhe oferecem quando suas almas se ligam. Mas, já que também sabia que nunca teria isso algum dia, tomou a liberdade de adotar Apolline como sua própria filha, ou algo parecido com isso.

E ver aquela menina depositar todos os seus esforços para convencê-lo a deixar o pai ficar... Aquilo passava a impressão de que, se qualquer coisa grave acontecesse àquela família, seria culpa de Jeon e somente dele.

Mas Jungkook era um alfa lúpus, o líder responsável por cuidar de toda uma alcateia e seus interesses, e isto no sentido mais geral da palavra; não podia dar atenção a individualismos, tinha que pensar no seu povo como um todo. O assunto relacionado a Park Jimin era diferente, ele estava vivo, sendo torturado por pura diversão doentia, havia uma chance de sua família ainda estar viva, além de seu pai sempre ter sido um fiel apoiador, doando todo o dinheiro que fosse possível, tudo para assegurar sua segurança e a de seus filhos. Não retribuir, ao menos, tentando salvá-lo do castelo era quase como uma traição, e precisava de seus melhores homens para que o trabalho fosse rápido e bem feito.

Portanto, precisava ser forte.

— Eu realmente não queria que isto fosse necessário, Poli. — Jeon murmurou, aproximando-se da menina e afagando sua bochecha rosada. — Sabe disso, não sabe?

A menina assentiu, porque ela sabia que Jungkook não estava mentindo.

— Mas eu preciso da ajuda do seu pai para salvar alguém importante, querida — continuou. — Não vai demorar, vamos salvá-lo e voltaremos antes mesmo que sinta saudades. Eu prometo. Certo?

Apolline não respondeu, apenas aceitou o fato de que não conseguiria o que queria, escondeu o rosto na curvatura do pescoço do pai e chorou. Simon a abraçou e sussurrou coisas reconfortantes em seu ouvido, Jungkook viu que era hora de ir.

Quando saiu da tenda de seu subordinado, deu uma boa olhada em volta, avistando Taehyung se despedindo de Hoseok de uma maneira... Muito íntima. Jeon deu de ombros, pediria para que Kim fosse mais discreto apenas para que o pai deste — que o lúpus decidiu deixar encarregado das coisas enquanto saía naquela missão de resgate — não o infernizasse mais tarde.

Assim que identificou o grupo de lupinos que o esperavam perto da floresta, um frio na barriga cresceu em si por alguns segundos, eram muitas pessoas dependendo de seu plano e de sua conduta. Um passo em falso e poderia custar a vida de vários que se ofereceram a ir e que honraram seu juramento em se submeter a Jungkook.

Porém, tudo estava em sua devida ordem.

O plano era bom, válido, e levavam um bom número de armas, além de um bom número de bons combatentes.

Park Jimin estava sofrendo a cada momento que passava.

Nada poderia dar errado.

Certo?


×


Park Jimin não aguentava mais. Em mais um dos muitos dias em que passou ali, foi acordado com um balde de água fria e risos debochados. Não era sempre assim, na maioria das vezes, os homens de Boyer o acordavam com chutes, pancadas ou apenas com barulhos muito altos, esperavam até que Park estivesse acostumado com aqueles padrões para, só então, o causar dor e incômodo mais uma vez. Eles gostavam de ver o ômega sofrer, fazê-lo sentir frio e saber que sentia dor.

Por isso, naquela manhã, Jimin gritou.

Gritou até sentir sua garganta rasgar.

E não foi um grito de susto ou dor física, foi como se sua alma implorasse por um descanso, um basta. Suas costas tinham marcas demais, era impossível contar porque eram dezenas sobrepostas a dezenas, algumas feitas sem ao menos esperarem as anteriores cicatrizarem.

Aquele dia não foi muito diferente dos outros, realmente não foi. Haviam dois homens na sala e um sentou-se sobre a mesa de madeira, enquanto o outro já alcança a chibata na bainha em sua cintura e se posicionava atrás do ômega lúpus, Jimin conseguia sentir o calor da presença dele, era impossível se acostumar com aquilo, então sempre sentia todo o seu estômago revirar dentro de si, porque sabia o que estava prestes a acontecer.

No primeiro golpe, o primeiro corte do dia feito em suas costas, Jimin sentiu-se sendo dilacerado, dormiu com as costas em carne viva na noite passada; sua regeneração era pouco mais avançada que a de um ômega normal, não chegava a ser tanto quanto a de um alfa, mas — mesmo com esse detalhe a seu favor — seu corpo estava muito fraco, sua mente também, mal se lembrava de quando foi a última vez que teve uma alimentação completa. Durante aqueles dias, seu privilégio de cura foi nulo, se igualava a de um beta muito fraco.

— Onde está o resto do seu bando? — O homem da frente perguntou, cruzando os braços e mantendo-se sério, com a voz firme.

Nenhuma resposta partiu do ômega.

Mais um golpe nas costas, Jimin grunhiu.

— Onde está a Resistência?

Nenhuma resposta.

Dois golpes, Jimin gemeu.

— Onde está sua família? — O humano soltou a última palavra com nojo, um bando de lupinos do mesmo sangue não deveria ser considerado como uma "família".

Nenhuma resposta.

Três golpes, Jimin arqueou as costas e arfou.

— Sabe que podemos continuar com isso mesmo que não responda cem das nossas perguntas, certo? — perguntou o homem, chegando mais próximo de Jimin, que estava pendurado um pouco mais acima do outro; ele segurou o queixo do ômega de forma bruta, obrigando-o a olhar nos próprios olhos e fazendo-o sorrir quando identificou as lágrimas do platinado. — Lupino nojento.

Afastou-se novamente e, assim que percebeu que não teve nenhuma resposta de novo, assentiu como um sinal de que o outro humano, atrás do alvo daquela tortura, depositasse mais quatro golpes nas costas do ômega lúpus.

Dessa vez, Jimin gritou.

— Onde está a Resistência?!

Nenhuma resposta.

Cinco golpes, Jimin berrou de dor a partir do segundo.

A porta da sala foi aberta e tudo ficou silencioso, mas apenas por um momento.

Park Jimin mantinha seus olhos no chão, conseguia enxergar o sangue pingando de suas costas, um leve vermelho que lhe lembrava às rosas bem podadas e cuidadas que haviam no jardim do castelo em que aconteceu o baile — aquele baile. Queria se lembrar apenas de como eram bonitas aquelas flores, mas tudo o que atingia sua mente era o fato de aquele ter sido o dia de seu sequestro, o primeiro dos que foi torturado.

Desde o dia da execução da família Béthune, Victorine Boyer não veio mais vê-lo ou torturá-lo, e Jimin agradecia por isso, mesmo que as mãos do velho já não fossem tão pesadas, a presença dele era carregada de sentimentos ruins — sentimentos, esses, que o Park mal conseguiria descrever quais, eram muitos. Tudo que já sentia de ruim naquele lugar, apenas ficava ainda mais intenso quando Boyer estava presente.

E era por isso que Jimin começou a chorar com lágrimas escassas — ele não gostava de demonstrar fraqueza — quando ouviu a voz daquele homem ordenar:

— Deixem que eu cuido do resto, homens. — Ouviu seus pés pesados descerem os degraus e se aproximarem. — Podem se retirar.

Ele estava na sua frente e Park não aguentou aquela tensão.

Assim que olhou para os olhos frios daquele homem, Jimin soube que forçar sua própria morte teria sido melhor do que estava por vir.

Boyer sorriu docemente, mas qualquer expressão naquele rosto seria grotesca para Jimin.

— Park Jimin — falou, causando náusea no prisioneiro pendurado à sua frente. — Colabore, sim? Não quero ter que causar mais ferimentos ao seu belo corpo, é um desperdício. Apenas diga onde podemos encontrar seus pais ou a localização da Resistência e, assim, lhe dou a morte que tanto quer. O que acha disso? Temos um acordo?

Não houve resposta do lupino, este que assegurou em ainda fechar o semblante, apenas para dar a certeza de sua decisão, de que não diria sequer uma palavra sobre a família ou a localização que não sabia sobre uma Resistência que não tinha conhecimento. Jimin queria provar para si mesmo que era corajoso o suficiente para enfrentar todo aquele interrogatório, mas era Victorine Boyer quem estava ali, e aquele homem lhe causava arrepios e nojo.

Agarrava as correntes que lhe mantinham pendurado pelos punhos, estes que já estavam em carne viva, só para tentar controlar o corpo e não expor o fato de que cada centímetro de si tremia, devido à presença do humano.

— Onde está sua família? — Não respondeu. — Onde está a Resistência?

— Será mais eficaz se me matar. — Foi a primeira vez que Jimin usava sua voz para falar e não gritar ou gemer; ela estava rouca e falha, mas a determinação era perceptível. — Não vou contar nada a você, é um desperdício me manter vivo.

As decisões de Park eram arriscadas, e ele tinha plena ciência disso, porém as executava do mesmo jeito, porque aprendeu a viver construindo sua honra um pouco a cada dia, lhe foi dito que deveríamos conseguir as coisas puramente pela meritocracia e seguir nossos princípios. Portanto, não se sentiu injustiçado durante sua vida, nunca teve pena de si mesmo ou reclamou do que possuía, pois tudo o que conseguiu obter durante todos aqueles anos foi porque mereceu.

E esses ensinamentos — para sua decepção ou satisfação — foram-lhe oferecidos por Maximilien de Béthune, enquanto que seu pai apenas o dizia que não deveria tomar aquele emprego de guarda costas por ser arriscado demais. Park Jimin conseguiu o cargo por mérito, deu seu sangue, suor e lágrimas durante todo o treinamento e foi aceito por seu patrão; sua personalidade era forte, mas doce, como o ômega lúpus que sempre foi destinado a ser, por isso os patrões e sua protegida lhe eram amáveis e o tratavam como alguém da família; o trabalho de guarda era realmente arriscado demais, assim como seu pai o disse uma vez, e por isso foi descoberto e colocou sua família em perigo.

Mas nunca, jamais, deixou de seguir seus princípios.

Ele aceitava seu destino, fazia seu caminho por ele com os próprios pés, não havia porque se lamentar.

Mas Boyer riu e Jimin não esperava por isso.

— Soltem-no. — Foi sua ordem, e aquilo surpreendeu ainda mais o ômega.

Isto não é bom, pensou Park.

Surpresas, vindo daquele homem, nunca eram boas.

Três homens se aproximaram, enquanto seu Comandante se afastava e escorava o próprio corpo na mesa de madeira, um deles subiu em um banco, enquanto os outros dois se posicionaram um de cada lado do lupino, para que evitasse que seu corpo encontrasse o chão quando seus pulsos fossem libertados.

Um som de click foi ouvido, e o corpo de Jimin despencou, como um saco de batatas pesado. Foi amparado pelos dois homens, mas quase gritou com a dor que atingiu seus ombros e a juntas de seus braços — as quais podia dobrar e alongar pela primeira vez em semanas — enquanto suspirava de alívio, mesmo que percebesse seus pulsos estarem mesmo em carne viva, avermelhados e completamente feridos.

— Sentem-no próximo a mim.

Os dois homens o arrastaram até um banco de madeira, em frente a mesa, e o forçaram a se sentar. A força de Jimin, para protestar e sair dali, era praticamente nula. Estava com medo, muito medo, uma sensação ruim crescia em seu peito, uma mistura de pavor, desconfiança, temor e uma vontade incontrolável de implorar para que aquele homem o matasse. Seu coração palpitava no peito, chegava a deixá-lo com dor. Park Jimin queria morrer porque, em seu íntimo, já sabia que algo pior do que esse destino já estava prestes a acontecer consigo.

Victorine olhou para um dos homens e disse:

— Vá buscá-lo. — Então, desviou o olhar para os outros dois: — Vocês podem ir.

Uma tensão crescia no local, o ar ali chegava a ficar rarefeito.

O anti-lupino se sentou em uma cadeira que estava encostada na parede, no lado oposto de onde Jimin estava. Sentou-se com o semblante pleno e com uma alegria doentia, respirava fundo com a animação, não precisava se preocupar com o lupino que ali estava, sabia que ele estava fraco demais para lhe ferir.

— Sabe por que não matamos você? — perguntou, notando o corpo do lúpus reagir com a pergunta. — Porque você é importante demais. Desperdício seria, de fato, matá-lo. Mas isso não significa que precisa estar inteiro até o final de tudo isso.

Jimin fechou os punhos, fazendo força até que os músculos — ainda debilitados — voltassem com a sensação de dor pulsante.

Queria perguntar porque diabos o achavam tão importante assim — afinal, não possuía nada de especial, a não ser seus genes lúpus, algo que era bem raro um ômega possuir — mas não queria dirigir mais nenhuma palavra àquele homem. Decidiu optar pelo silêncio.

— Eu descobri algumas coisas sobre sua espécie, Jimin. Descobri, por exemplo, que são divididos em classes e que, dependendo de qual você pertencesse, seu corpo funciona de um jeito diferente do que o dos humanos. — O ômega franziu as sobrancelhas; Victorine sabia mais do que o outro esperava, e Jimin não estava gostando nem um pouco daquela conversa. — Alfas costumam ser os mais fortes, regeneração rápida, geralmente são os líderes e responsáveis por sua família, são os que continuam a linhagem; um alfa lúpus é raro, praticamente, o dobro de tudo isso, são quase como uma arma de guerra. Betas são mais como os humanos, com a única diferença de que têm a regeneração um pouco mais rápida e conseguem sentir os odores característicos de alfas, os próprios betas ou ômegas. Os ômegas são os mais fracos e indefesos, sua única tarefa no seu mundo é satisfazer alfas e carregar seus filhotes. Um ômega lúpus é considerado impossível de existir... — A esse ponto, Park Jimin já tremia muito, não sabia o que Boyer pretendia falando todas aquelas coisas, mas sabia que seu principal objetivo era lhe causar medo, e estava conseguindo; o humano levantou-se e caminhou, lentamente, até o ômega, posicionou-se atrás dele e suas mãos foram até os ombros do lupino, descendo os dedos pela pele das costas, esta que estava ferida, mas Jimin aguentou a dor — E, então, temos você, Jimin.

Neste instante, a porta foi aberta mais uma vez, e o humano que o Comandante enviou estava de volta... Com um lupino. Um alfa.

— Você é um lúpus, sabemos, e é forte, já pudemos ver isto, teve o treinamento oferecido pela família Béthune e aquela era uma família muito prestigiada, de boas posses e bem exigente quando se tratava da proteção da pequena Antoinette. — Só de ouvir aqueles nomes, a vontade de chorar passava pela cabeça de Park, mas ele a repreendeu. — Mas sua regeneração... É rápida, admito, mas já torturamos alfas lúpus por aqui e a deles era bem mais.

Park Jimin afundou as unhas nas palmas das mãos, para que a dor fosse uma ferramenta útil para que seu corpo inteiro não tremesse naquele instante.

— Outra coisa que eu aprendi sobre suas classes é bem interessante e... nojento. — As mãos do humano estavam sobre o peito de Jimin agora, e desciam. — Não é necessário ser um homem para que nasça com os genes alfa, mulheres podem acabar tomando esse posto; assim como não é necessário ser uma mulher para possuir genes ômega, um homem pode engravidar de alfas, se ele for um ômega. Alguns fodem, outros são fodidos.

Jimin queria vomitar.

Boyer fez um sinal para que o homem na porta, junto ao alfa, se aproximasse, mas o último citado freou seus passos.

— Não é necessário — disse o alfa; ele, claramente estava sendo obrigado a fazer aquilo, Park não sabia e nem queria saber seus motivos, mesmo que soubesse que não era sua culpa, Jimin ainda se sentia como se estivesse sendo traído. — É um ômega.

Nenhuma das pessoas na sala tinha conhecimento disso, mas aquela era exatamente a resposta que o Comandante anti-lupino queria ouvir. Dispensou o homem com o alfa novamente e se dirigiu para o lado oposto da mesa, em frente a Jimin.

Ele sustentava um sorriso assustador no rosto.

— Então, é o fodido. Um maldito ômega lúpus — afirmou, rindo levemente; Jimin sentia que estava no pico de toda sua tensão, enlouqueceria a qualquer momento, com toda certeza, mas isso não lhe traria nada a favor; Boyer agora tinha um semblante de puro nojo. — Consegue gerar crianças nojentas como você, então? Se eu foder você, vai gerar bastardos meus?

Cada palavra causava um repulsa enorme dentro de Jimin, chegava a machucá-lo por dentro, e Boyer sabia disso, parecia ter prazer em continuar. Park queria se manter calado o máximo de tempo possível, mas não aguentou ouvir aquelas palavras nojentas, saindo da boca podre daquele homem, não conseguiu segurar sua língua:

— Você não seria forte o bastante para conseguir tal coisa. Nenhum humano é.

O sorriso do Comandante ainda estava presente, mas Jimin identificou o brilho de sua raiva transparecendo em seus olhos, o homem quase cedeu à provocação e perdeu o controle ali mesmo. E nenhum sentimento anterior dentro do ômega, dos que teve até aquele momento, nem o medo intenso que dilatava seu peito naquele mesmo instante, superaria as coisas horríveis que passaria a sentir a partir dali.

— Coloque as mãos sobre a mesa. — Victorine ordenou.

Se aquele homem fosse um alfa, sua ordem teria sido proferida com o voz específica de sua classe e teria sido eficaz em fazer com que qualquer ômega abaixasse a cabeça. Porém, era Jimin ali e ele estava totalmente fraco e indefeso, como o próprio Victorine caracterizou sua classe, e aquele humano estava em vantagem, então o obedeceu.

Colocou suas mãos sobre a mesa, tentando deixar sua respiração em um ritmo só, mas não conseguia.

— Onde está sua família?

Nesta ocasião, Jimin respondeu:

— Eu não sei.

Em um só movimento, este que nem Park conseguiu acompanhar muito bem, a adaga do humano estava cravada em sua mão esquerda, prendendo-a à mesa de madeira. A dor não o acertou na hora, então o ômega ficou confuso, mas quando ela chegou, Jimin berrou e sentiu pontadas de dor na garganta também, o que apenas deixava toda aquela situação ainda pior.

Desta vez, o lupino não conseguia mais segurar suas lágrimas, chorava tudo o que não havia chorado durantes as últimas semanas, todo o sentimento que repreendeu até o momento presente. Estava com muita dor e via seu sangue, no vermelho mais vivo, se espalhar pela madeira escura. Urrou tanto que sabia que acordaria no dia seguinte sem conseguir falar, se é que estaria vivo para isso.

Boyer voltou às costas do ômega, levantou-o e o debruçou sobre a mesa, fazendo o peito de Jimin doer com a brusquidão daquele movimento. Uma mão do humano prensou a coluna nua sobre a mesa, a outra correu por todo o caminho até agarrar os fios de cabelo da nuca do lúpus e puxá-los, encaixou seu rosto bem ao lado do dele, Jimin tremeu enquanto sentia o corpo do homem encaixar-se ao seu, enquanto ele perguntava:

— Onde está a Resistência?

Park soluçava, fechando os olhos com toda força ao gritar:

— Eu não sei!

Victorine empurrou sua cabeça, fazendo o rosto de Jimin bater na mesa e este dar mais uma gemido de dor, o barulho de seu choro era horrível, mas para o humano era um incentivo. Assim que o lupino sentiu as mãos do homem agarrarem o cós de suas calças toda rasgada e o abaixar, soube que aquela era uma criatura sádica e monstruosa. Não era preciso um cálculo matemático para adivinhar o que aconteceria.

— Não! — Jimin gritou, tentando afastar o outro com sua única mão livre, esta que fora calmamente amparada pelo anti-lupino, que torceu seu braço e pressionou contra as costas do homem exposto a sua frente; mais um grito de dor foi ouvido — Não! Não! Não!

Aquela era a única palavra que Jimin conseguia colocar para fora, o sonoro "não", esperando que alguém — mesmo um humano — tomasse consciência do que realmente estava acontecendo naquela sala de tortura e entrasse, tirasse aquele homem de cima de si e evitasse que a alma do ômega fosse corrompida. Enquanto Boyer se posicionava atrás do lupino, já com as próprias calças abaixadas, Jimin manteve o último resquício de esperança, de que ainda havia um coração bom mesmo em um lugar tão horrível como aquele, e gritou com toda força que seu corpo — e seu espírito — ainda conseguia ter.

Mas não adiantou.

E, quando Boyer entrou em Park, de uma vez e sem piedade alguma, Jimin gritou mais uma vez, mais alto, de dor.

Jimin sentiu tudo e doeu muito — mais do que poderia descrever algum dia —, mas a pior dor daquele ato apenas sua alma sentiu. A alma gritava em desespero, sendo tomada pela mais pura desesperança, enquanto era corrompida e estilhaçada em milhões de pedaços.

Um bolo se formava em seu estômago, tinha nojo dos humanos, nojo de si, nojo do mundo todo. Se engasgava com os próprios gritos de dor e agonia, enquanto se contraía inteiramente para tentar espantar a sensação de impotência. Não conseguiu evitar regurgitar o conteúdo inexistente em seu estômago, o líquido amarelo escorria pela boca e manchava a mesa.

Então, mesmo que lágrimas incontroláveis ainda saíssem de si, seus olhos focaram na adaga que ainda prendia sua palma esquerda e sua mente na mão direita — que agora estava livre, porque o ser mais desprezível, que saía e entrava dentro de si com brutalidade, estava concentrado apenas no próprio prazer agora. Park Jimin poderia acabar com toda sua dor, só precisava enfrentar a da retirada da lâmina.

Ele realmente ia fazê-lo.

Park Jimin estava prestes a tirar a própria vida.

Se a porta não tivesse sido aberta mais uma vez — mas não a última — naquela noite, roubando a atenção de ambos e forçando Victorine Boyer a sair de dentro do ômega com o susto, causando o grunhido de dor de Park.

— Senhor. — O guarda acima dos degraus olhava com nojo para a cena, parecendo nervoso por estar ali.

— Fale logo! — Boyer lançou o corpo do ômega contra o chão, fazendo-o gritar por ter usado a mão de apoio, ferida com a lâmina, por reflexo para tentar amenizar a queda; vestiu-se novamente e encarou o guarda ainda em silêncio.

— Estamos sendo atacados. Por lupinos.

Não sabia porque havia demorado tanto, mas Jimin agora conseguia ouvir alguns gritos vindos de fora do castelo, olhou para janela alta da sala e uma luz estranha — que não deveria estar ali, devido a já ser noite — bruxuleava na pedra superior. Seu coração agora palpitava por causa da adrenalina, mas ainda sentia a dor de toda a situação que se desenrolava há apenas alguns segundos.

Park encarou Boyer uma última vez, vendo aquele sorriso que o fez chorar mais uma vez enquanto ele dizia:

— Eu disse que era importante, não disse?

O ômega ficou ali, no chão de pedra frio, largado como um lixo.

Talvez eu realmente seja um.

Chorou, soluçando alto, por pelo menos cinco minutos.

Tudo doía tanto.

Gritos mais altos e desesperados foram ouvidos, aquilo aguçou a curiosidade de Jimin.

Mesmo que cada músculo do corpo ainda reclamasse, Park rastejou até a parede que possuía a janela alta, sem se importar com o fato de ainda estar sem suas calças. Fez esforço para se levantar, deixando mais lágrimas rolarem com a dor protestante de seu quadril e pernas, puxou o banco de madeira que um humano havia usado para soltá-lo mais cedo e subiu sobre ele.

Quando seus olhos tiveram visão do que acontecia lá fora, só conseguiram enxergar o fogo crescente e que engolia algumas árvores. As chamas eram totalmente avermelhadas e tomando grande altitude, assim como a fúria momentânea do ômega lúpus.

A dor venceu seu corpo.

Depois do fogo, Jimin não enxergou mais nada.

Lembrando que minhas obras sempre têm playlists, fica no fixado do meu perfil do Twitter, assim como a apresentação dos personagens também, caso vocês queiram criar uma maior familiaridade com eles (link na minha bio).

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