O Monstro (Romance Gay)

By OtavianoFS

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Pode o amor superar tudo? Até o pior dos monstros? More

O Monstro
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capitulo 8
Capítulo 8 (0.1)
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capitulo 21
Capítulo 22
Último Capítulo
Oi

Capítulo 23

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By OtavianoFS

"Fomos dois, viramos um e hoje somos só metade."
-Marília Mendonça


Fiquei o olhando, estático. Ele deu um gole na bebida e olhou para mim.

É ISSO QUE VOCÊ PENSA DE MIM? - ele gritava como um louco. Na mão direita uma caderneta que eu usava para fazer algumas anotações, a maioria delas de como Ele me tratava. Na mão esquerda uma garrafa de vodka. - ANDA, RESPONDE.

Eu queria gritar de volta. Queria falar que não. Nenhuma das palavras escritas a mão, com uma caneta esferográfica azul, naquele papel era sobre ele. Mas minha voz não queria sair. Eu estava em um briga constante com minhas lágrimas. Eu tinha medo de apanhar mais uma vez.

Eu queria dizer também que sim. Tudo que estava naquela droga de caderneta era verdade, e que não era só o que eu pensava sobre ele, é o que ele é.

Ele deu um gole em sua vodka e se sentou na cama, folheando as anotações. Fiquei parado perto da porta, eu não podia me mexer. Na verdade eu tinha medo de me mexer. Ele já me bateu várias vezes, porque dessa vez seria diferente?

Mas, além de raiva eu podia ver outra coisa em seu rosto. Era um tipo de... Remorso? Não. Nunca em todos esses anos eu vi ele sentindo arrependimento de nada.

Ele parou em uma página e leu uma parte.

"Hoje o Monstro tocou em mim. Me obrigou a fazer sexo. Foi dolorido, ele me machucou. "

" Eu fiz o nosso Jantar hoje. O Monstro jogou toda a comida fora, só por que a carne ficou um pouco mais salgada que o normal. "

Parou de ler e deu outro gole na bebida. As lágrimas no meu rosto já não saiam mais. Me escorei na parede e fui descendo até sentar no chão.

Continuou a examinar as frases do pequeno caderno. E novamente parou para ler.

" Ele me bateu. O Monstro me bateu. "

As lágrimas não mais me pertenciam agora. Elas vinham dos olhos dele, Silênciosas. Eu nunca o tinha visto chorar antes.

Ele foi lendo frase por frase. Não havia sequer uma que dizia algo bom sobre ele. Mas também o que de bom há em um monstro?

Uma frase fez ele arregalar os olhos e me olhar assustado.

"Eu não amo mais o Monstro. "

Nessa hora eu me levantei e fui em direção a porta, mas ele foi mais rápido e a fechou antes de eu conseguir sair.

Ele segurou no meu braço, mas não apertou, acho que era apenas para que não saísse de perto dele. Confesso que um medo tomou conta do meu corpo e eu comecei a tremer.

– É verdade isso? – ele disse calmo, mas não respondi. – É? – dessa vez ele deu solavanco no meu braço.

–E faz diferença? – falei me soltando de seus braços e me afastando. – Alguma vez fez diferença para você?

Tiago continuou me olhando de onde estava. As sombrancelhas levantadas, a cara de espanto.

– Claro que faz, meu amor. Você é tudo pra mim.

Eu apenas ri.

– Tudo pra você? Nem você acredita nisso! – eu esfreguei as mãos no rosto.– Aliás isso aqui não passa de um conto de fadas, um bem macabro e cheio de sofrimentos.

Ele tentou se aproximar, porem eu dei um passo para trás. Toda a história de deixar tudo para trás, de recomeçar, haviam se decipado dentro de mim. Eu queria me ver bem longe dele, por mais que isso doesse.

– Isso não é verdade! Você me ama, eu seu disso. Eu também te amo.

– Tem certeza? E que tipo de amor é esse? – questionei.

– Eu... Eu não me dei conta de o quanto eu te amo, até ver você saindo com aquele cara. O tal policial... – arregalei os olhos por saber que ele tinha conhecimento de Rodrigo. – Todas as vezes em que eu via você com ele, sorrindo, se divertindo... Algo dentro de mim se partia mais e mais.

Suas palavras, por mais que soassem verdadeiras, não me comoviam. Fiquei em silêncio e ele continou:

– Eu fiquei com medo de perder você, com muito medo na verdade, então eu comecei a mudar. Tentei ser uma pessoa melhor. Mas você pareceu não ligar muito pra isso... Ai, agora eu leio isso aqui. Todas as coisas ruins que já fiz à você, toda a desgraça que te causei... Eu não quero te perder, Bruno.

Suspirei e me sentei na cama.

– Eu não acho que isso vá mais dar certo, não acho que a gente vá da certo mais.

Ele arregalou os olhos.

– O quê? Não, é claro que a gente vai far certo. Eu só preciso de uma chance. UMA DROGA DE UMA CHANCE.

Levantei da cama e fui em direção a porta, quando estava para sair olhei uma última vez para trás e pude vê-lo chorando.

– Sinto muito, Tiago. Mas não quero mais isso para mim. Volto para pegar minhas coisas mais tarde, quando não estiver em casa.

-

Assim que sai no portão da casa de Tiago eu bati em alguém. Fazendo essa pessoas cair no chão.

Tamanho foi meu espanto ao ver Rafael ao chão. Sua aparência não estava nada boa. As roupas sujas e rasgadas. O cabelo, que sempre esteve tão arrumado, estava parecendo um ninho de pássaros. Seu odor também não era dos melhores.

– Rafa... el?

– Cadê ele? – ele perguntou assim que olhou para cima e me viu. – Cadê o meu Tiago?

Era óbvio que ele estava drogado.

– O quê andou usando? – tentei abaixar para ajuda-lo, mas ele me afastou e levantou sozinho com certa dificuldade.

– Você pensa que vai roubar ele de mim, não é? – ele chegou perto o suficiente para eu sentir seu mal hálito. – Ele é meu. SÓ. MEU.

Tentei me afastar, mas ele me segurou pelo pulso.

– Pode ficar com ele agora. Não temos mais nada. – falei.

– Mentira. É só questão de tempo até ele ir atrás de você de novo. – duvido muito. – E eu quero ele só para mim.

– Você esta louco. Vá para algum lugar se tratar. – disse me soltando de seus braços. – Você esta... Nojento.

– CALA A PORRA DA BOCA. – gritou. – Eu já sei como tirar você do meu caminho!

Buscou por algo em seus bolso, assim que me soltou, e tirou da bermuda da calça um canivete. Grande o suficiente para fazer um estrago.

– Rafael... – falei me afastando para trás. – Guarda isso e vamos conversar. – dei uma olhada para trás, afim deque visse Tiago saindo de casa, mas não aconteceu. Assim que virei de volta vi um vulto vindo em minha direção e nós caímos no chão.

Os próximos dois minutos que se seguiram foram coisa de filme de ação. Nós dois estávamos rolando no chão, cada qual com um objetivo. Eu querendo me salvar e ele querendo me matar.

Aqueles minutos angustiante só pararam quando ouvi um gemido abafado sair da boca de algum de nós dois. Um cheiro metálico invadiu minhas narinas, cheiro de morte. Tudo pareceu ficar em câmera lenta e a última coisa que me lembro foi de ouvir Tiago me chamando.


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Não me matem, por favor.

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