Capítulo 19

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"Não espere eu ir embora pra perceber que você me adora, e me acha foda".
- Pitty

Dizer que eu estava triste seria a maior das mentiras. Não que eu estivesse radiante de alegria. Eu apenas estava solto, eu era eu. Novamente.

Já era noite quando eu cheguei no parque. Algumas pessoas passavam por mim e davam pequenos esbarrões seguidos de um pedido de desculpa. Crianças corriam para todos os lados e os pais iam desesperados atrás delas.

Um menino acabara de soltar, sem querer, seu balão no ar. A choradeira veio logo em seguida. A mãe, que parecia não ter paciência, deu um belo de um beliscão no menino, mas mesmo assim seguiu em direção ao vendedor de balões para dar outro ao filho, a criança parou de chorar na hora. No fim, é isso que as pessoas fazem, te machucam e depois te agradam. E você, simplesmente, esquece.

Observei os dois até perde-los de vista, não que a vida alheia me importasse.

Pensei um pouco no que acabara de ver. Era isso que vinha acontecendo comigo. Machucado. Agradado. Esquecido.

Balancei a cabeça e andei mais um pouco. O lugar estava bem movimentado para um domingo qualquer. Pensei em comprar algo para comer, mas as filas estavam enormes.

Cheguei perto da roda gigante em poucos minutos. Os ingressos já na mão. Dei uma olhada para trás, afim de encontrar Rodrigo em algum lugar. Mas nada.

Quando já estava para subir no brinquedo alguém me puxou pelo braço.

– Uau – era a voz de Rodrigo. – Quase não te reconheci. Você ta tão... Cortou o cabelo? Ficou lindo!

– Valeu! – respondi. – Vai subir ou não! – apontei para o brinquedo. Rodrigo fez que sim com a cabeça e entregou o bilhete ao senhor bá cabine.

– Espera! – segurou minha mão. – Eu trouxe uma coisa... Pra você.

Ele cutucou algo no bolso da calça jeans que usava e tirou algo brilhante. O delegado estava muito bonito. Parece que tinha vindo direto do trabalho. Com uma camisa social branca, e aqueles suportes para arma dava um ar mais 'Machão'.

– Toma. – era um chaveiro. Uma pequena pistola prata. Se você olhasse bem de perto poderia ver a letra R no cano da arma. – Pra você lembrar de mim, onde quer que esteja.

Sorri e peguei o presente.

– Eu... Nossa. Obrigado! Não trouxe nada 'pra você. Na próxima vez que nos encontrarmos eu...

Rodrigo calou minha boca com um dedo, fazendo shhh.

– Vamos subir logo. – e saiu me puxando pelo braço.

O brinquedo girava e girava. Ora estavamos vendo a pequena cidade lá do alto, ora ficamos a centímetros do chão empoeirado do parque. Na última 'volta' percebi que o maquinista estava parando o brinquedo para que algumas pessoas ficassem por pelo menos um minuto parado no topo.

Tudo pareceu muito mágico quando nossa vez chegou. O parque tinha gastas luzes, era lindo de se ver do alto. Rodrigo segurou forte em minha mão e puxou meu rosto.

Me surpreendi quando nossas bocas se chocaram uma contra a outra. Era um beijo urgente, feroz. Ele tinha uma pegada de homem com H maiúsculo.

O Monstro (Romance Gay) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora