ALONE

By brunasunshine

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o que você faria se acordasse no mar? sem nome e sem lembranças, Sol tenta se adaptar à nova vida depois de a... More

❋ prologue ❋
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❋ 007

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By brunasunshine

Ter de me explicar pra Perol, Charles e Juniper foi, definitivamente, uma das coisas mais complicadas que fiz. Contei que acabei andando demais e me perdi na faixa onde a praia encontra as árvores. Passei todo esse tempo, sozinha e com frio, tentando encontrar o caminho de volta e acabei tropeçando, o que fez o ferimento na minha cabeça.
Não me sinto confortável em mentir pra eles mas sei que é necessário.

Depois de terminarmos a nossa conversa, subo as escadas e vou pro quarto. Por mais surreal que isso pareça, ontem conheci uma sereia. E não pretendo contar pra ninguém já que a minha conversa com Nonahir foi extremamente significativa.

Hoje decidi que vou tomar ação e não esperar que nada venha até mim.

Vou buscar respostas sobre meu passado.

Me apresso, pegando um casaco e descendo as escadas rapidamente. Abro a porta mas sou interrompida por alguém.

— Pra onde você tá indo?— me viro e percebo que é Charles. Penso em inúmeras respostas mas nenhuma me serviria, então permaneço quieta.— Você quer conversar?

É tudo que mais quero. Eu desenvolvi um laço muito forte com essa família e uma das coisas que mais quero é poder conversar com eles sobre tudo o que sinto. Sei que não é nada absurdo mas não sei como posso explicar todo esse caos que existe na minha mente.

Balanço a cabeça em afirmação e caminhamos até a praia. Achei que ver esse lugar depois de ontem me daria ânsia de vômito mas acabou me relaxando. Talvez eu já esteja ficando acostumada.

— Onde estão a Perol e Juniper?— digo, tentando desviar o assunto.

— Elas receberam um telefonema depois que você subiu e saíram correndo. Deve ser importante. — ele disse, sentando na areia e faço o mesmo. — Sol, o que você tá sentindo?

Olho pra ele e tento decidir o que falar. Eu deveria ser aberta e contar que me perturba o fato de não saber quem sou? Sei que não posso falar sobre tudo mas alguém pra escutar meus lamentos é uma das coisas que mais preciso nesse momento.

—Eu não quero acordar todas as manhãs sem saber quem sou. Eu sinto que só posso existir quando souber o que realmente aconteceu comigo, entende? E sei que ficar parada é a pior escolha pra fazer. Tenho que procurar qualquer coisa, mesmo mínima, que me de um sinal de que to no caminho certo. —falo, olhando pras ondas e me lembrando de tudo que Nonahir que disse ontem.

—E onde exatamente você quer procurar?— ele me olha, mas não tiro os olhos do mar. Eu ainda não estou segura o suficiente para contato visual.

—Esse é o problema, Charlie, eu não faço a menor ideia.

— Então você ia sair e ficar andando pela ilha sem rumo nenhum? Não é um bom plano.— ele levanta, esticando a mão.— Eu nasci nesse lugar e, se me permitir, posso te ajudar.

Me levanto, ignorando sua mão.

—É claro que pode me ajudar. Odiaria ter que andar sozinha nesse lugar cheio de gente. Por qual lugar você pretende começar?

—Pelo lugar que mais tem informação em toda essa ilha, a biblioteca.

Sorrio e olho para ele. É, talvez contato visual não seja tão ruim como pensei.

Entramos na casa e espero Charles pegar uma mochila para irmos andando até a biblioteca.

Me impressiono ao chegar lá.

É como se eu tivesse acabado de nascer. Um bebê que acabou de sair do ventre enorme do oceano. Eu não conheço absolutamente nada e até andar me parece algo estranho. A única coisa que sei é falar e nem nisso tenho segurança.

Não imaginei que a biblioteca fosse tão grande e... Confortável? Meus olhos passam rapidamente por tudo querendo captar o máximo de informação possível.

—Não me leve a mal mas o que aqui pode me ajudar? —digo, esperando que Charles me fale.

—Não sei, eu só supus que talvez a gente encontrasse alguma pista ou coisa assim. Ei, Sol. Ainda estamos começando.

De alguma forma isso me aliviou. É apenas o começo. Pode demorar um pouco mas vou descobrir quem eu sou e finalmente acabar com todas essas dúvidas.

Acabamos decidindo nos separar, indo pra lados opostos da biblioteca pra facilitar a busca. Subo a escada que da para o segundo lugar e ando até uma sessão que parece um pouco mais descuidada. Observo a pequena placa de metal entalhada na estante. "Sereias". Me impressiono ao ver isso, lembrando do histórico da população dessa ilha com essas criaturas.

Não é minha intenção mas não posso deixar de olhar esses livros. Afinal, noite passada eu vi uma delas e talvez isso seja um... Sinal.
Percorro meus olhos pela estante e pego um livro que, de certa forma, me atrai.

Parece mais antigo e menos conservado que os outros. Em sua capa vejo um desenho de sereia e o título "Lendas de criaturas marinhas".

Abro-o e encontro diversas ilustrações de sereias e outros tipos de seres desconhecidos para mim. Passo as páginas para um capítulo que me chamou atenção, a lenda de Santa Murgen. É meio difícil explicar o porquê mas me identifico muito com ela. Digo, era humana e da noite pro dia virou sereia. Uma mudança completa. Assim como eu era alguém e tive que mudar minha vida completamente sem ter escolhido por isso.

Leio rapidamente, pulando frases. A lenda é do meu conhecimento e, como já esperava, o livro apenas fala vagamente sobre ela. Continuo correndo meus olhos pelos capítulos até que vejo um nome um pouco estranho. Um desenho com traços simples de foca era a abertura desse capítulo e, de forma apressada, tento entender do que se trata essa lenda. Aparentemente é sobre mulheres focas. Vivem a vida no mar, como animais, e em alguns períodos tiram sua pele para vir dançar na costa, como humanas.

Se desvencilhar de sua pele.

— Selkies? — me assusto, virando e me deparando com Charlie. — Não sabia que se interessava por essa lenda. É bem famosa em algumas ilhas perto daqui.

— Eu nem deveria estar lendo isso, acabei me distraindo... Mas o que houve, achou algo?

—Sinto dizer que não. Mamãe ligou, disse que precisamos voltar pra casa agora. Ela tem uma coisa importante pra te mostrar.

Coisa importante? Me pergunto se ela descobriu o que aconteceu comigo. Talvez seja exagero meu achar que ela descobriu tudo nesse curto período de tempo mas não posso deixar de pensar isso.

Coloco o livro na estante e nos apressamos pra voltar.

Tento apertar o passo e, quando finalmente vejo a imagem da casa, Charles me para.

—Ei, ei, calma. Eu quero te mostrar um lugar primeiro. Pode ficar tranquila porque a casa não vai sair correndo.

—Mas precisa ser agora?—digo, tentando mostrar que aquele não era o momento.

—Precisa, Sol. E tem um motivo. Mas te conto quando chegarmos lá. — percebo a seriedade em sua voz e concordo, esperando que seja algo rápido.

Ele começa a andar na frente e pega uma pequena trilha que nos leva até uma única árvore em um penhasco.

Talvez pelo cansaço ou pela vista maravilhosa sinto como se todo o ar fosse brevemente expulso do meu corpo por um instante.

—Olha para o mar. E para o céu. Aqui é a melhor vista da ilha. Você acha que só vai ser alguém quando descobrir seu passado mas você já é alguém e não consegue perceber isso.— ele dá alguns passos pra frente e o sigo— Juniper me trazia aqui quando papai e mamãe brigavam e desde então sempre venho pra pensar. Só... pensa, tá bom?

Ele se vira, pronto para sair mas seguro seu braço.

—Espera. Eu posso ficar 5 minutos aqui mas pode ter certeza que não vai ser sozinha. Você fica.

Ele volta para o meu lado e tento me focar completamente na visão que está na minha frente. O mar que, especialmente hoje, apresenta ondas um pouco mais agressivas do que o normal. O céu, com certos tons amarelados e algumas aves voando. As vezes, fecho os olhos e deixo que o vento e o som do mar sejam a única coisa que importa. E isso tudo me traz uma sensação maravilhosa de estar viva.

E de ser alguém.

Mas brevemente.

Abro os olhos e todo o meu desespero e inquietação volta.

—Eu acho melhor descermos. —falo, sem esperar resposta.

Desço a trilha sem muita dificuldade, praticamente sendo guiada pela minha imensa curiosidade de saber o que Perol quer me falar. A melhor das hipóteses e sinceramente, a mais impossível, é que ela tenha todas as respostas que preciso. E a pior das hipóteses é... Nenhuma. Não acho que nada possa piorar o nada que sinto.

Talvez ela vá me dar um gato? Vi algumas dessas criaturas desde que cheguei aqui e um companheiro desses me faria muito mais leve, eu acredito.

Chegando na casa avisto Perol, Juniper e uma pessoa estranha sentada no sofá. Fecho a porta para mostrar que chegamos e, logo, a pessoa se levanta.

—Jolie? É realmente você, amada?— um homem alto corre e me abraça com força— Achei que nunca mais fosse te ver.

***
nota: galeris muito obrigada de coração por todos os comentários que vocês estão fazendo aqui. Essa história é muito importante pra mim e é um prazer enorme escrever e desenvolvê-la. Amo amo amo ver que estão gostando e espero que continuem acompanhando e comentando até o final!
Obrigada e beijinhos! Vou tentar postar mais frequentemente <3 <3

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