Simply Happens [H.S]

By gabriela231d

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Ela, uma menina ofuscada pelo próprio medo de se mostrar as pessoas. Sendo muito difícil conseguir desifrar... More

1°- Capítulo.
2°- capítulo.
3°- capítulo.
4°- capítulo
5° - capítulo
6°- capítulo
7°- capítulo
8°- capítulo
9°- capítulo
10°- capítulo
11°- capítulo.
12°- capítulo
14°- capítulo.
13°- capítulo.
15°- capítulo.
16°- capítulo
17°- capítulo.
18°- capítulo.
19- capítulo.
20°- capítulo.
21°- capítulo.
22°- capítulo.
23°- capítulo.
24°- capítulo.
25°- capítulo.
26°- capítulo.
27°- capítulo.
28°- capítulo.
29°- capítulo.
30°- capítulo.
31°- capítulo.
32°- capítulo.
33°- capítulo.
34°- capítulo.
35°- capítulo.
36°- capítulo.
37°- capítulo.
38°- capítulo.
39°- capítulo.
40°- capítulo
41°- capítulo.
42°- capítulo.
43°- capítulo.
44°- capítulo.
45°- capítulo.
46°- capítulo.
47°- capítulo.
48°- capítulo
49°- capítulo.
50°- capítulo.
51°- capítulo.
52°- capítulo.
53°- capítulo.
54°- capítulo.
55°- capítulo.
56°- capítulo.
57°- capítulo.
58°- capítulo.
60°- capítulo.
61°- capítulo.
62°- capítulo.
63°- capítulo.
64°- capítulo.
65°- capítulo.
66°- capítulo.
67°- capítulo.
68°- capítulo.
69°- capítulo.
70°- capítulo.
71°- capítulo.
72°- capítulo.
73°- capítulo.
74°- capítulo.
75°- capítulo.
76°- capítulo.
77°- capítulo.
78°- capítulo.
79°- capítulo
Fim.
Agradecimentos e recadinhos.
Epílogo.
Wedding And Party ( capítulo bônus)

59°- capítulo.

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By gabriela231d

Meus olhos estavam fechados, minhas costas estavam contra o colchão da cama. A respiração não estava saindo facilmente como deveria e a música tocava em meus ouvidos, explicando tudo que eu sentia.

As lágrimas grossas pararam de cair há alguns minutos, depois de muito tempo caindo e molhando minhas bochechas sem piedade. Senti que só não estavam caindo mais porque já derrubei tudo que pudia.

Era tão deprimente o que eu sentia. Era ainda mais deprimente agora.

Antes dele, antes de tudo isso eu vivia me lamentando por não conseguir ser uma adolescente normal e ver problema em tudo. Vivia encolhida no meu canto para não ter que falar com ninguém, não era nem um pouco comunicativa, até mesmo com meus pais. Me lamentava por ser um peso para minha família, uma garota problemática que eles tem que aguentar e agradar para não sentirem que era culpa deles quando a culpa por eu ser desse jeito era somente minha.

Depois que conheci Harry, foi como se eu pudesse ser eu mesma e me mostrar sem medo ou vergonha. Foi como se eu não tivesse mais receio e pudesse ser realmente boa, uma pessoa agradável que as pessoas querem ter por perto, mas no entanto, agora eu vejo que foi apenas um momento, um momento onde meus problemas paranóicos afastaram-se apenas para voltar mais fortes agora, um momento onde criei a ilusão que eu poderia ser feliz sendo eu mesma e que talvez, eu não era assim tão ruim. Foi apenas um momento, um momento que mascarou a realidade e me iludiu.

Vejo agora que nada mudou nesse tempo. Eu ainda era problemática, ainda era covarde, ainda era desinteressante, ainda era eu e isso ainda não era bom. Era a garota tímida, com dificuldades em se comunicar e dizer o que pensa. Era deprimente e isso, independente dos acontecimentos, não podia mudar. A culpa não era dele pelo nosso relacionamento não dar certo e sim minha, por ser desse jeito.

Harry não merece uma pessoa tão complicada como eu, não merece ter que repensar nas coisas antes de falar ou apenas para me agradar, não merece uma pessoa tão deprimente e instável como eu e era exatamente por isso que tomei a minha decisão.

Independente da dor no meu peito, independente do quanto eu o ame, estou disposta a fazer isso e sofrer todas as consequências. No fim, eu sabia que isso iria acontecer mas apenas não queria admitir. Não era boa para ele, e comecei a duvidar se era para alguém.

Tinha consciência de que meus pais e Mary já estavam em casa mas não liguei realmente muito para isso. Já era tarde, e eu ainda não falei com nenhum deles. Não sai do quarto a tarde inteira. Apenas fiquei escutando músicas deprimentes que explicavam exatamente o que eu sentia e chorei durante tudo isso, até as lágrimas secarem em minhas bochechas.

Parece exagerado mas a dor é real e cruel.

Com um suspiro, resolvi tomar um banho para tentar relaxar e melhorar minha aparência obviamente péssima, mesmo que isso seja falho. Peguei roupas limpas no guarda roupa e fui rapidamente para o banheiro silenciosamente. Mantive os meus olhos fechados enquanto relaxava embaixo d'água. Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, mas foi um tempo muito longo e que me fez, minimamente, me sentir melhor.

Assim que meu cabelo estava penteado e eu vestida, sai para encontrar Mary escorada na minha porta, obviamente me esperando.

- Nós pagamos conta d'água só para te lembrar. - suas sombrancelhas estavam levemente arqueadas enquanto ela me repreendia com certo deboche, algo comum dela.

Terminei de fechar a porta e encarei-a. Se tivesse forças e vontade, reviraria os olhos para ela ou mostrava-lhe infantilmente a língua como resposta, mas evidentemente, não tenho vontade e muito menos forças. Me sinto três vezes mais pesada e lenta.

- Está melhor? - ela se pôs na minha frente, com seus grandes olhos azuis me examinando.

- Uhm... Sim. - desviei o olhar, visivelmente mentindo e resolvi mudar de assunto. - Como foi o jantar?

- Ah, legal.... A Sra. Clifford é gentil mas não sei se ela gosta muito de mim ainda. - ela encolheu os ombros e mordeu o lábio inferior em nervosismo.

- Por que?

- Não sei. Eu já disse que ela não pareceu ter ido com a minha cara aquele primeiro dia que a vi no supermercado com o Mike. Ela pareceu estar desconfiada de mim.

- Pode ser. Mas logo você conquista ela.  Você conquista todos mesmo. - tentei um sorriso para ela mas tinha certeza que minha boca mal se mexeu e se fez, foi o sorriso mais ofuscado que já dei. Droga, odiava ficar tão afetada e evidente.

- Tá legal. Que merda aconteceu agora? - seus braços cruzaram-se contra seu peito e seus olhos me encararam, com uma intensidade absurda.

Quando pensei em negar e dizer que nada aconteceu, me lembrei que era impossível não dizer a verdade porque, era evidente que algo aconteceu e que ela iria saber uma hora ou outra, não precisaria esconder. Porém, antes mesmo que eu pudesse começar a falar, minha mãe saiu do seu quarto, vestindo seu hobby preto, e nos olhou curiosa.

- O que estão fazendo meninas? Já é tarde. - ela olhou entre nós duas e parou em mim, quando notou o meu cabelo molhado. - Bella, eu já disse para não lavar o cabelo tão tarde. Vai adoecer desse jeito, está muito frio para isso. - ela repreendeu.

Tinha me esquecido disso, mas eu precisava do banho e da água molhando meus rosto. Não seria tão relaxante sem lavar o cabelo. Ela estava certa em dizer que estava terrivelmente frio para isso mas era inevitável.

- Desculpe mãe, me esqueci disso. - mantive meus braços contra meu peito e o olhar baixo, no chão.

- Tudo bem. Você está melhor? Por que não desceu para jantar? - ela se pôs ao lado de Mary e as duas me olharam, preocupadas.

- Uhm... Não estava com fome. - respondi dando de ombros, e troquei o peso do meu corpo de perna.

- Você comeu algo hoje, Isabella? Está quase pálida. - ambas me examinaram e eu me encolhi. Elas estavam me examinando como se eu fosse um rato de laboratório.

- Eu estou bem, mãe. - resmunguei e oscieli meu olhar em Mary, percebendo o olhar repreensível dela, por obviamente estar mentindo.

- Você não parece bem. Está pálida e abatida. Isso tem a ver com Harry estar se mudando daqui?

Meu sangue gelou e eu a encarei perplexa, como tentasse ter certeza que ouvi certo.

- O que? - minha voz soou quase inaudível.

- Você não sabe? - balancei a cabeça, negando. - Oh, pensei que você sabia, vocês estão sempre juntos. - a estranheza era perceptível em sua voz suave - Ele está se mudando da casa de Anne. Encontrei ela assim que cheguei da loja e ela me disse que ele vai alugar um apartamento e vai se mudar amanhã.

Ele estava se mudando? Isso era por causa minha ou por causa do problema dele, sobre o pai?

Era óbvio que ele estava chateado com Anne por ter escondido essa história sobre o pai dele, mas mudar de casa é algo radical. Eu ainda não sabia o que sentia sobre isso, mas esperava, verdadeiramente que ele tivesse certeza da sua decisão e que conseguisse se manter, seja lá onde for que ele iria ficar.

- E.. e o que mais ela te disse? - Voltei minha atenção para minha mãe. Precisava saber o máximo que eu conseguisse, não somente por curiosidade mas também por preocupação. De alguma forma, eu imaginava que Anne não iria contar sobre o acontecido desse jeito para minha mãe, mas queria saber se acontecesse.

Era um assunto íntimo e muito delicado. Não tinha absoluta certeza que Anne pudesse contar para minha mãe no momento, por mais amigas que elas fossem.

- Nós não conversamos muito, na verdade. Ela tinha que resolver alguns problemas e estava visivelmente preocupada, por isso não alonguei a conversa para não atrapalha-la. Mas ela me disse que ele já estava pensando nisso há algum tempo, estava juntando dinheiro, e foi uma decisão premeditada. - minha mãe explicou calmamente, tomando toda minha atenção.

As coisas estavam se encaixando em minha cabeça, com a explicação dela.
Harry estava juntando dinheiro por um bom tempo e agora sabia que era para alugar um apartamento, mas por que ele queria isso? Por que ele queria ficar longe de mim e sair da sua casa, sendo que tudo estava bem antes?

Me sentia perdida, não esperava realmente por algo assim.

- Eu não sei para quê ele quer se mudar agora. - minha mãe comentou pensativa, tomando minha atenção novamente. - Ele ainda é jovem mas quem sabe ele quer ser independente. Harry é um rapaz maduro, ele sabe do que faz. - me surpreendeu minha mãe ter falando dele dessa maneira mas eu sabia que ele era, e eu concordava plenamente com ela.

Harry sabia o que fazia e se ele achava que era isso que devia fazer agora, era porque ele tinha razão para isso. Em minha cabeça, eu estava começando a enteder que ele ir embora, era o melhor a se fazer no momento.

- Me ouviu Bella? - minha mãe me chamou, fazendo que eu a olhasse assustada.

- Uh? Desculpa. Eu estava.. estava pensando.

- Eu perguntei se não é por ele estar se mudando que você está assim? - o verde escuro do seus olhos estavam em mim, e senti a familiar pressão crescer no meu estômago, por lembrar o real motivo por eu estar assim.

- Não, não é por isso. - engoli em seco. - Eu vou... Vou ir dormir. - caminhei até a porta do meu quarto e entrei deixando as duas no corredor.

Não sabia exatamente o que sentia sobre aquilo. Sabia que uma parte de mim estava aliviada por não ter que vê-lo constantemente, o que esperançosamente iria me ajudar muito com a minha decisão mas no entanto, existia outra parte, uma outra parte ainda maior, que sentiu o peso daquilo, cair como concreto em meu estômago.

Eu me acostumei em vê-lo constantemente, praticamente todos os dias. Me acostumei em tê-lo por perto e em ver o seu sorriso provocativo na maioria das vezes. Eu poderia terminar com todo o sofrimento. Eu sabia que poderia e eu sabia que parece o certo mas as coisas não eram simples e eu não podia fazer isso, independente do quanto eu quisesse.

O problema era que me sentia perdida em relação a isso. Sentia uma dor esmagadora quando fechava os olhos e via-o indo embora, para longe de mim.

Mantive os olhos fechados assim que sentei na cama. Respirei fundo, uma ou duas vezes, tentando regular minha respiração e me acalmar. Era como se todo o peso do mundo pairasse em meus ombros, como se flashes passassem repetidamente em minha cabeça, e o choro estivesse intalado em minha garganta.

Mas isso tudo foi interrompido quando Mary entrou no quarto, e sentou ao meu lado. Me ajeitei, limpando a garganta e mantendo meus olhos longe da sua expressão confusa.

- Pode me dizer que raios de merda aconteceu agora?

- Acabou. - a pequena palavra teve o poder esmagador no meu peito e tive que morder meu lábio inferior para tentar segurar as lágrimas.

- O que? - sua voz era vaga, ela estava perplexa.

- Acabou, Mary. A gente terminou.

- Mas... Por que? Vocês estavam tão bem, e... Tão felizes. - eu quase ri mas provavelmente morreria engasgada se tentasse.

- Você deveria saber que as coisas mudam. - minha voz era monótona.

- Mas o que aconteceu exatamente? Vocês brigaram? - assenti fracamente, soltando um suspiro profundo. - É por isso que ele está se mudando então? É tão sério assim?

- Sim. - fechei os olhos por um momento, tomando tempo para continuar. - Mas não é só por esse motivo. Ele descobriu uma coisa muito séria e... Muito dolorosa para ele mas que eu não posso te dizer porque é íntimo demais e.. não acho que ele gostaria que mais pessoas soubessem.

- Tudo bem, eu não preciso saber mas é por isso então? Vocês não conseguiram.. sei lá, tentar resolver?

- Ah Mary. - suspirei e encarei meus dedos enquanto eles mexiam nas pontas da minha manga do moletom. - Você não entenderia. É difícil demais para explicar.

- Mas porra, tem que ter alguma razão. - sua voz soou confusa e de repente, enquanto encarava meus dedos, senti minha visão ficar turva, pelas lágrimas transbordando em meus olhos.

Quando percebi, minhas mãos estavam em meu rosto, meus ombros tremendo enquanto eu chorava soltando soluços tão altos que temia que meus pais pudessem ouvi-los do seu quarto. As lágrimas grossas caiam sem piedade, deixando minhas bochechas molhadas e meu coração tão apertado, como se pudesse sumir a qualquer momento.

- Ah Bella, e-eu sinto muito. - Mary parecia não saber o que dizer, mas eu entendia que me ver vulnerável daquele jeito era raro para ela.

Porém mesmo assim, ela me abraçou apertado, como se quisesse tirar toda a minha dor enquanto me deixava chorar gloriosamente em seus braços, como na noite que a deixei fazer o mesmo quanto tinha dez anos.

                              ***

Meus lábios estavam comprimidos em concentração, enquanto meus olhos devoravam as palavras do meu mais novo livro preferido. Até o momento, ele estava tomando toda minha atenção por ser um romance clichê, porém leve e interessante. A seleção era um livro convidativo, daqueles que te prendem do início ao fim, por mais que seja uma trilogia e que eu recém me encontrava lendo o primeiro, ele já estava entrando para minha lista de livros preferidos.

Por mais que a minha realidade no momento, estivesse muito dolorosa, esse livro estava tomando toda minha atenção e curiosidade, e isso em um momento como aquele, onde eu estava tentando ignorar o vazio no meu peito, era uma ótima coisa.

Passei a manhã inteira concentrada nele, quase me batendo por não tê-lo lido antes, mas achei-o ocasionalmente em um site onde leio livros online. Por mais que eu ame mais quando tenho-os em mãos, parece mais real para mim. Mas no entanto, podia tentar procurá-lo em alguma livraria, o que para acontecer, eu precisava procurar já não comprava livros há um bom tempo. Sempre ganhei livros porque todos sabem que amava ler e os que eu não tinha acabava encontrando nesses sites onlines.

Na verdade, eu vinha diminuindo as leituras ultimamente, porque tinha algo real em minha vida, algo real e que me mantinha satisfeita, algo que me fazia parar de fantasiar um pouco e viver, porque aquilo era, inacreditavelmente melhor do que os livros onde eu me imaginava vivendo.

Eu tinha consciência que estava começando a me lembrar do que não queria e isso era extremamente exaustivo. Independente do que fazia, minha mente de alguma forma, sempre acabava nele e no fato que hoje, ou agora, ele podia estar indo embora definitivamente da minha vida, e isso era cruel mesmo que eu saiba que é inevitável.

Não me movi da cama dês que acordei. Apenas peguei o celular e procurei por algo que me distraísse. A cena de ontem com Mary, onde eu chorei como uma criança em seu colo e recebi o seu consolo, foi um verdadeiro calmante para mim. Foi como se eu tivesse posto tudo para fora, toda minha dor em lágrimas.

O sentimento de alívio ainda repousa em meu peito. Mesmo que ainda haja dor, foi um tremendo alívio chorar daquela maneira, mesmo que eu tenha me evergonhado disso logo quando acordei e me perguntei quando tinha adormecido. Porém, eu sabia que Mary jamais me julgaria por aquilo, ou faria qualquer comentário invasivo sobre isso.

Relutante, me sentei na cama, de costas para a cabeceira e suspirei alto, passando as mãos em meu rosto. Não queria sair dali, nem para ir ao banheiro ou para fazer qualquer outra porcaria, como comer, mas sabia que precisava. Já estava horrível o suficiente e não queria levar um puxão de orelha da minha mãe por não ter me alimentado, quando ela chegar e Mary certamente dizer-lhe.

Em passos lentos, me dirigi para fora do quarto, sentindo o frio me atingir sem o calor dos meus cobertores grossos. Escovei os dentes, fiz um coque bagunçado no meu cabelo e lavei meu rosto, olhando em seguida para o meu reflexo no espelho. Eu estava resumida em; olheiras profundas, palidez, lábios secos, e inúmeras sardas que só cooperavam para a minha aparência terrível.

Pudia ver lágrimas se formando nos cantos dos meus olhos mas abanei a cabeça, decida que tudo que tinha para chorar, já chorei ontem. Decidi pegar meu celular e ir para sala, Mary logo iria para o curso e eu ficarei sozinha em casa, o que é bem-vindo no momento.

Nunca quis ficar sozinha como hoje, mas quando entrei novamente em meu quarto, me deparei com Mary a frente da janela, suas costas viradas para mim, enquanto ela tentava aparentemente subir o vidro da janela, o que me deixou genuinamente confusa.

- Mary? - observei-a virar com a expressão assustada para mim, mas relaxar em seguida, se recuperando do seu possível susto.

- Droga, Isabella. Você me assustou. - ela reclamou bufando, mas mantive minha expressão confusa enquanto caminhava até ela.

- O que estava fazendo?

- Ah, eu estava tentando abrir o vidro da janela, mas parece que está emperrada. - ela suspirou, pousando as mãos em sua cintura com a expressão cansada.

- Por que você quer abrir a janela? Faz ideia do quanto frio está mesmo com ela fechada? - cruzei os braços contra o peito, encarando-a ainda mais confusa.

- Eu sei mas achei que seria bom para você, sabe, um pouco de claridade para te tirar dessa bad. - seus olhos estavam baixos, quase tímidos o que me surpreendeu mas sabia que ela apenas estava tentando fazer algo para que eu me sentisse melhor, o que eu admirava.

- Ah mah, eu acho claridade não vai me fazer sentir melhor. Provavelmente só iria me fazer morrer de hipotermia. - eu ri fraco, enquanto encolhia os ombros.

- Eu sei, mas apenas não sei o que posso fazer para ajudar. Você está.... Está... -

- Eu sei que eu estou um caco, e eu agradeço por você estar se importando desse jeito comigo, mas não tem realmente algo que você possa fazer por mim.

Ela suspirou alto, mantendo os olhos longe dos meus e o lábio inferior entre os dentes, na sua expressão angustiada, e quase sorri em vê-la assim, se não estivesse sendo quase impossível naquele momento.

- Você quer que eu fique com você? Eu posso faltar o curso hoje. - ela sugeriu, me olhando em generosidade.

- Não, mah. Está tudo bem. Não precisa faltar o curso, não é como se eu fosse me suicidar. - balancei os ombros, como se a ideia fosse ridícula mas consegui perceber pelo olhar desviado dela que ela, por algum motivo, pensava nisso. - Você não acha mesmo que eu vou fazer algo assim não é?

Realmente era uma verdadeira idiotice ela pensar isso. Eu não era tão egoísta a ponto de tirar minha própria vida, por mais que eu ache que não iria fazer muita falta e também eu obviamente era covarde e medrosa o suficiente para não fazer isso. Suicídio era uma palavra assombrada e forte demais para até eu pensar. Por mais que em certos momentos, ela se encaixasse perfeitamente na minha vida.

- Eu sei, eu sei. - ela me olhou, cautelosamente. - Mas apenas não quero que pense que está sozinha. Eu te conheço melhor que ninguém, Bella. Sei do seus problemas e sei que Harry estar saindo da sua vida está sendo cruel para você. Eu só quero que saiba que eu estou aqui e que pode contar comigo. Independente do que seja, eu sei que você está sofrendo como inferno.

Meu suspiro era exausto, e eu mandei embora o sentimento emotivo quando senti o arder dos meus olhos, sabendo que ela estava certa. Mary pressionou os lábios enquanto me observava cautelosamente e com um suspiro, me puxou para um abraço, como se soubesse que eu precisava de mais consolo, independente do quanto vergonhoso isso era para mim.

Seu abraço era familiar e confortável. mantive meus olhos fechados, mesmo quando senti lágrimas quentes em minha bochechas. Era quase sufocante o sentimento no meu peito e o quanto eu estava me segurando para não soluçar.

- Eu sinto muito, muito mesmo, Bella. Eu sei que hoje não é um dia fácil mas eu estou aqui e você pode chorar quantas vezes precisar no meu colo. - suas mãos acariciavam minhas costas, movimentando-se devagar.

- Obrigada mah, por tudo. - me soltei-a  e funguei o nariz enquanto limpava as lágrimas insistentes em minhas bochechas. - Você é a melhor prima de todas. - elogiei e quando olhei-a, um sorriso terno surgiu em seus lábios, fazendo surgir o mesmo em mim, ou pelo menos, quase.

- Eu sei que sou. - seu sorriso ampliu-se divertidamente e eu suspirei, rindo fraco. - Você também é a melhor prima de todas. Ou já esqueceu do nosso pacto de amizade uh? - eu sorri em meio às lágrimas com o seu sorriso singelo.

Em uma noite em nossa antiga casa, Mary e eu assistiamos um episódio velho de Friends na tv enquanto comiamos tabletes de chocolate que me lembro de tê-los comprados no armazém da esquina de casa, com o dinheiro que imploramos para minha mãe nos dar.

Mas no entanto, não era um dia qualquer. Naquele dia, fazia um ano da morte dos pais de Mary e eu me sentia tão sentida por ela, via perfeitamente as lembranças passando em frente de seus olhos azuis e pude ter certeza que ela estava sofrendo ao lembrar deles e se perguntando porque não os tinha mais.

Eu me fazia as mesmas perguntas, queria poder saber porque ela não podia ter seus pais e porque eles foram embora sem ao menos se despedir dela e de todos nós. Minha mente ingênua não conseguia entender que eles não tiveram chances e que foi um acontecimento inevitável, que nenhum dos dois poderiam imaginar, mas eu não fazia ideia na época.

Naquele dia eu fiz de tudo para distrai-la, para fazer com que ela não pensasse muito nisso. Eu era mais nova que ela, porém, me senti obrigada a fazer algo por ela, algo para tentar aliviar a sua dor. Mas no fim eu sabia que não tinha muito que eu pudesse fazer, independente do quanto eu quisesse ajudá-la. Por isso, me lembro de fazer a coisa mais simples que poderia fazer, porém, agora eu sei o valor que aquilo podia significar. Abracei-a, simplesmente abracei-a com toda ternura possível para uma criança de dez anos, e ouvi seu choro baixo, enquanto dizia que tudo iria ficar bem.

Naquela noite, depois dela se recuperar, prometemos que nunca deixaríamos a outra, que nossa amizade seria eterna, e que seríamos infinitas juntas.

Virou o nosso pacto de amizade, e dês daquele dia, eu soube que éramos mais do que primas próximas e amigas fiéis, éramos tudo. Irmãs, primas, amigas. Éramos o que a outra precisava e nada poderia abalar o que sentíamos uma pela outra.

Eu sabia agora que ela apenas estava querendo fazer o mesmo por mim. Estava me mostrando que estava aqui e que podia contar com ela para tudo. Ela estava tentando me fazer não pensar no fato de que hoje, ou nesse momento, ele estava indo embora, para longe de mim.

Talvez seja por isso que eu sentia o vazio crescendo em mim, talvez seja por isso que eu me sentia incompleta de novo, talvez seja por isso que meu coração estava tão apertado, talvez seja por isso, por ele estar indo embora naquele momento.

Obrigado por lerem!❤️
Desculpe-me qualquer erro.

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