Picture of an Alpha

By QuaaseGay

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- Eu quero que você queira me beijar. - Mordeu o lábio inferior e olhou para o chão. - Então, quando você qui... More

Breve Introdução
Prólogo
Lycan University
Um encontro inesperado
Você ainda me deve um beijo.
Por que você foi embora?
Conversas
Por que você é assim?
Tentando falar de sentimentos
Cuidados com quem se ama
Quero me entender com você
Detesto falar de sentimentos
Buscando ajuda
Perdidas em um mundo só nosso
Grite somente para ela
Mal entendidos
Fresco, como chuva.
Se for ficar, seja firme.
Um segredo meu, agora é nosso
O primeiro passo.
Sorrisos que durarão até a manhã seguinte
Senhor, me ensina a nadar
Contemplar a vida
Ver o mundo através de seus olhos
Minha alfa
Todos esses anos
Festa, emoções, adrenalina.
A mais intensa sensação
Alegria de viver
Faz sentido sentir medo?
E para você, o que é ser bem sucedido?
Eu encontrei um amor para mim (Epílogo)

E eu tentarei... Consertar você

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By QuaaseGay

Oláaaaaa demorei mas CHEGAAAYYYYY!

Esse cap eu trouxe para uma leitora que fez niver dia 10. Infelizmente eu não consegui fazer uma maratona, mas dedico esse cap à ela. 

Parabéns anjo lindo!

A música do cap é Fix You - Coldplay. Na verdade, eu ouvi apenas o instrumental, mas podem ouvir a música original e deixar tocar até acabar <3

Agora, DIVIRTAM-SE!

*--------------*--------------*--------------*

Camila

- Sua filha da puta! - Machine berrava para mim, que estava deitada no chão sujo com a boca ensanguentada. - Eu odeio você, sua... - Chutou minha barriga com força.

Eu via a mim mesma agonizando pela surra que meu amigo me dava, ele andava ao meu redor, lágrimas de dor e ódio desciam pelo seu rosto pálido e seu peito subia e descia com força, evidenciando sua respiração errática.

- Você quer morrer, não é? - Gritou perto de meu ouvido, fazendo-me gemer de dor. - É isso que você quer! SEMPRE QUIS!

Ergue-me pela gola da camiseta e socou meu nariz, jogando-me no chão novamente. Eu chorava ao reviver aquela cena. Era doloroso saber que eu e meu melhor amigo havíamos passado por aquilo.

Uma hora antes ele me pegou usando coagulum, uma substância líquida e verde, muito parecida com absinto, porém com efeitos psicodélicos e que proporcionavam a experiência de quase morte.

Eu estava fortemente viciada naquilo. Bebia todos os dias, mas naquela noite, eu havia exagerado. Machine me viu com uma garrafa escura e tomou de minhas mãos, em seguida me arrastou para fora do galpão de lutas.

- EU AMEI VOCÊ PORRA! - Berrou novamente. - Você me prometeu que não usaria essas merdas se eu te trouxesse aqui! - Chutou meu estômago. - Em que momento perdeu todo o amor por sua vida?

Ele não entendia. Eu não tinha vida naquela época, tudo foi tirado de mim, arrancado pelas mãos do destino de forma brutal, sem que eu tivesse chance de defender o que me pertencia, perdi tudo, até a mim mesma.

- MACHINE! - Ergui a cabeça para ver Matts correndo em nossa direção. - PARA PORRA! - O soldado empurrou o outro alfa e rosnou. - Você vai matá-la!

Karla, a minha memória, havia parado de se mexer ou defender. Estava imóvel, aceitando a surra. Eu era capaz de sentir em meu corpo a dor dos golpes que a minha memória havia sofrido. Os olhos negros estavam opacos e fracos, com o supercílio sangrando.

- É o que ela quer! - O loiro berrou. - É o que ela sempre quis! Morrer! - Levou as mãos á cabeça e caiu de joelhos no chão imundo, soluçando, desesperado. - Ela quer morrer... porra...

Lágrimas pesadas escorriam por sua face, nunca havia o visto daquela forma, Gun Kelly estava derrotado, a forma física da dor. Fitava meus olhos sem brilho e sussurrava "por favor" em uma súplica para que eu parasse com aquilo, uma súplica que não foi ouvida por mim naquele dia.

- Camila. - A voz do doutor se fez presente. - Toque em na cabeça de sua memória.

Tudo ao meu redor girou e voltou ao escuro. Um grande vazio de nada, comigo no centro, apenas aguardando a próxima memória que meu Alpha Interior mostraria. Logo me vi dentro de um quarto de hospital.

Uma garotinha pequena segurava um ursinho pelo braço, era eu quando tinha sete anos. Fitava minha mãe sem entender o porquê ela estava naquela cama, dormindo por tanto tempo.

Aproximei-me de minha pequena memória e fiquei ao seu lado. A pequena Camila segurava a mão fria de Sinuhe. Não demorei a começar a chorar, tudo que eu queria era poder me jogar em cima de minha mãe e beijá-la, estava morrendo de saudades dela.

Mas como eu havia sido alertada, não podia tocar em absolutamente nada. Fiquei olhando para mama, que foi minha por tão pouco tempo. Minha memória subiu em cima da maca e deitou-se ao lado de Sinuhe.

Nem mesmo uns dez minutos haviam se passado, quando dois médicos adentraram o quarto.

- Ela está dormindo? - Um deles perguntou, se referindo ao meu Eu criança.

- Sim. - O outro respondeu, enquanto ajeitava o soro.

- O que aconteceu?

- Eles estavam sendo perseguidos por bandidos. - Parou de mexer no soro e olhou para nós duas na maca. - O carro estava em alta velocidade, não conseguiu parar a tempo e bateu no caminhão, quando passavam pelo cruzamento durante a fuga. O alfa morreu na hora.

- E os bandidos?

- Fugiram, mas agora já estão presos. - Suspirou. - Tenho pena dessa pequena garotinha.

Ronsei ao ouvir aquilo. Eu detestava quando os outros tinham esse sentimento por mim, não há sentimento pior para se ter por outro ser humano do que a pena.

- Ela tem uma irmã mais velha, que está lá fora. - Saber Sofia estava aqui, quase me fez sair do quarto. - Disse que não quer lidar com a pequena no momento, não quer parecer fraca para ela.

- Acha que a mãe se recupera?

- Não. Ela já está em estado vegetativo. Está vivendo às custas das máquinas, porém ainda corre risco de ter falência múltipla dos órgãos, está realmente muito ferida. Se sobreviver, passará a vida em uma cama, sem movimentar nada, nem mesmo as pálpebras dos olhos e com dores fortes no corpo, além de ter máquinas e fios ligados ao seu corpo.

Depois de escreverem algo mais em seu prontuário, eles deixaram o quarto. Meu pequeno Eu sentou-se na cama e olhou para minha mãe, segurando em seu rosto. Algumas lágrimas desciam pelo seu rostinho e eu voltei a chorar sentidamente.

- Mamãe... - Sussurrou. - Está tudo bem. Sofi está aqui, ela vai cuidar de mim. Pode ir, mamãe, pode ir em paz. Eu não vou esquecer de você, nem Sofi. Nós ficaremos bem, você foi a mama mais perfeita que poderia ter sido, não quero que fique sentindo dores, pode relaxar... - Mais lágrimas desceram por nossos olhos. - Vá em paz mama e diga ao papa que eu também o amo muito.

Em questão de segundos, o monitor começou a apitar. O coração de minha mãe havia parado e o quarto foi inundado por médicos e enfermeiras, uma delas me levou para fora do quarto. Foi como se Sinuhe precisasse ouvir aquilo, precisasse ter ccerteza de que suas filhas ficariam bem.

Minha irmã levantou-se de uma das cadeiras do corredor e correu até mim, com o rosto inchado e o nariz vermelho, lágrimas desciam por seus olhos continuamente, até que ela se abaixou e abraçou-me com força.

Fiquei em pé, apenas olhando a interação das duas e sentindo saudades daquilo, da proteção de minha irmã mais velha.

- Kaki... - Seus olhos vermelhos indicavam seu choro. - Ah Kaki, eu sinto muito...

- Não sinta, So... - Abraçou o ursinho. - Mama está com Papa agora, ela está bem e sem dores...

- Pelo menos alguém está sem dor... - Sussurrou baixinho, mas eu consegui ouvir, já que era uma alfa.

- A nossa dor vai diminuir com o tempo... - Falei baixinho. - A da mamãe não diminuiria nunca, ela sofreria até morrer. - Sofia olhava para a pequena, muito surpresa. - Eu ouvi os médicos falando... Mama não merecia isso...

Minha irmã começou a chorar agarrada à mim, com as mãozinhas pequenas, afaguei suas costas. Eu não me lembrava mais daquilo, não me recordava de que eu havia sido o alicerce de Sofia naquele momento.

[play]

- When you try your best, but you don't succeed... - Sussurrei baixinho. - When you get what you want, but not what you need... When you feel so tired, but you can't sleep. - Minha irmã começou a soluçar. - Stuck in reverse...

Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso

Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa

Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir

Preso em marcha ré

- And the tears come streaming down your face... - Afastei a cabeça de Sofi e sequei suas lágrimas com os dedos pequenos. - When you lose something you can't replace, when you love someone, but it goes to waste... Could it be worse?

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto

Quando você perde algo que não pode substituir

Quando você ama alguém, mas é desperdiçado

Pode ser pior?

- Lights will guide to home... - Ela sorriu para minha memória menor. - And ignite your bones.... And I will try, to fix you...

Luzes te guiarão até em casa

E aquecerão seus ossos

E eu tentarei consertar você

Essa música significava muito, pois era a favorita de Sofia e ela sempre cantava para mim, quando eu estava com medo ou com sono. Não tinha um motivo, ela gostava de cantar e eu gostava de ouvir.

- Doutor. - Chamei. - Eu vou tocar em minha irmã.

- Camila! Não faça isso!

Minha mão foi de encontro à cabeça de Sofi e tudo girou. Mais uma vez eu parei no meio do nada, consumida pelo vazio e escuridão. Mas em segundos, a praia de Miami se fez presente, eu corria e Sofia corria atrás de mim.

Sorri ao nos ver, estávamos felizes. Eu me lembrava daquele dia, era aniversário do abuelo. Ele havia ido se deitar, queixando-se de dores nos pés, então nós fomos para a praia. Minha irmã me pegou no colo e girou-me, fazendo-nos cair na água salgada.

Rapidamente fui até elas, vendo-me levantar com uma cara um tanto quanto contrariada. A mais velha ria e juntou-se a mim, sentando-se ao meu lado sobre a areia fofa.

- Você é mais irritante que a Lauren. - Cruzei os braços, fazendo bico.

- Quem? - Pegou os cabelos, torcendo-os.

- Uma ômega da escola que brigou comigo. - Bufei. - Não gosto dela.

- E porque ela brigou com você, Kaki? - Minha irmã tinha um sorriso divertido no rosto, olhava-me com curiosidade, esperando minha resposta.

- Ah... - Minhas bochechas coraram. - Ela... Ficou sentada ao meu lado e implicou comigo, falando que eu estava olhando demais para ela. Ora, eu não estava olhando ela, estava olhando para o lugar que ela estava.

Revirei os olhos ao ouvir minha desculpa infantil e esfarrapada, Sofia soltou uma risada divertida e deu um beijo em minha bochecha, que eu fiz questão de limpar apenas por pirraça.

- Bom, se ela não é uma pessoa legal, é só se afastar dela.

Meu eu criança arregalou os olhos, espantada com aquela ideia. Observando-me mais nova me dei conta do quanto eu era ingênua e incapaz de perceber que eu sentia tudo por Lauren, menos antipatia.

- Me afastar? - Meu Eu menor se pronunciou. - Eu não posso me afastar mais dela.

- Por quê?

- Ah... - Novamente minhas bochechas coraram. - Porque ela é uma boba, se eu me afastar, ela vai fazer bobisse.

Comecei a rir de minha resposta, enquanto Sofia mordia o lábio para não rir, pois sabia que a pequena Camila iria se irritar. Não conseguia parar de rir de mim mesma, como eu era idiota e como conseguia ser tão cínica.

- E eu não falo com ela. Não somos próximas, eu só... Fico olhando de longe, para ela não fazer algo estúpido. - Dei de ombros, como se aquela fosse uma explicação qualquer, porém muito convincente. - Ômegas são bobos.

- Ei! - Ela empurrou-me de leve com o ombro. - Eu sou uma ômega.

- É diferente. Você não é boba.

- Ah não? - Arqueou uma sobrancelha e eu assenti. - E porquê?

- Porque você não é a Lauren. - Cruzei os braços, com um bico emburrado.

Me lembrava dessa época, em que eu adorava ficar olhando a morena de olhos verdes, mas nunca admitia isso para mim mesma. Foi no ano em que ela havia chegado na escola e estava fazendo amizades com os outros alunos.

Recordava-me de ficar sempre no portão apenas para saber se ela viria para escola e sempre fazia questão de comer meu lanche no pátio, porque gostava de vê-la ajeitar a saia do uniforme antes de sentar-se com suas amigas.

Eu gostava de vê-la sorrindo, era muito bonito.

- Um dia você vai entender o motivo dessa implicância. - Minha irmã passou o indicador em meu nariz. - E quando descobrir, agarre-se com força à essa razão, ela será sua guarda-vidas quando estiver se afogando.

Minha mente deu um estalo, naquele instante, eu finalmente entendi o que ela havia tentado me dizer. Olhei para meu Eu menor, que tinha o cenho franzido, sem entender nada do que Sofia havia dito.

Mas foi bom revê-la, foi bom saber que apesar das lágrimas que corriam em suas bochechas nos dia da morte de minha mãe, ela tinha ficado bem. Eu tinha ficado bem, Sofia havia me concertado e eu havia concertado ela.

Volte. - A voz do médico ecoou.

Virei a cabeça para o lado e vomitei dentro do balde que o doutor havia deixado ali. Meu corpo estava molhado de suor, sentia a camiseta vermelha do flash colando em minhas costas e minha respiração estava falha, como se houvesse sido tirada da água depois de um afogamento.

- Beba. - Ofereceu-me um copo de água, que logo virei.

Bebi tanta água, praticamente o mesmo tanto que havia suado. Ele apenas olhava para mim, calmo e tomando uma xícara de chá. Comecei a respirar fundo diversas vezes e fui até o banheiro, limpando a boca com um enxaguante bucal.

Depois de composta, sentei-me em frente à ele e contei tudo que havia visto, sem deixar passar um único detalhe. Meu médico apenas me ouvia com atenção, algumas vezes anotava algo em minha ficha.

- Não sei o porquê falei tudo aquilo para a minha irmã. - Finalizei.

Eu havia tomado uma bronca gigantesca por ter tocado em Sofia sem a permissão dele, por sorte não foi alguma lembrança ruim, mas foi um risco bem grande, poderia ter sido levada para o dia de sua morte e eu, definitivamente, ainda não estava pronta para recordar com tantos detalhes aquele dia.

- Porque naquela época você não tinha seu ego formado. - Parou de escrever e me olhou. - Crianças são compreensíveis, em um nível que adultos dificilmente serão. Naquele momento, você olhou por sua mãe, se colocou no lugar dela. Não pensou em sua dor, pensou apenas na dela.

Parei para refletir sobre isso, seria muito egoísmo de minha parte, exigir que minha mãe ficasse sentindo dor e vegetando, apenas porque eu não queria que ela fosse. Claro que morte é algo sem volta, mas até que ponto seria certo, permitir que a mulher que me deu à luz ficasse sofrendo, por mim?

Deixar ir, é uma das maiores provas de amor que podemos demonstrar. Amor não impõe presença, mesmo de longe, eu sabia que mama estaria comigo. Não sei em que ponto eu havia me esquecido disso, mas agora que lembrei, cuidarei para não esquecer.

Deixar ir, não significa esquecer, deixar de amar, desistir, mas aceitar que há coisas que não podem ser. Como Lauren havia me dito, a morte chega para todos na hora exata e não há nada que possamos fazer, prefiro saber que minha mãe se foi, com a certeza de que eu ficaria bem, do que ir em meio a dores e sem ter certeza de nada.

Soltar, pode ser uma tarefa muito árdua em algumas situações, mas só quando soltamos é que nos permitimos abraçar algo novo, hoje, eu abraço Lauren, mãe do meu filho. Eu precisei deixar minha família partir, para poder ter a minha agora.

Felizes são aqueles que não precisam abrir mão de uma para ter a outra, mas esse não era o meu caso. Se eu quisesse construir bases sólidas, meu passado tinha que ficar para trás.

- Foi bom rever Sofia. - Comentei. - Eu... Sinto saudades. Muitas.

- E sentirá sempre. Uma vez, li em um livro que a saudade é a presença ausente de alguém querido. - Assenti, concordando plenamente com aquela definição.

- Sim... Mas eu tenho uma família agora, não que Dinah e meus tios não fossem, mas... - Olhei em seus olhos. - É diferente agora.

- Claro que sim. - Sorriu. - Mas, percebe o porquê tem essa fascinação por corridas?

- Ah... - Pensei um pouco. - Não.

- Seus pais morreram em alta velocidade. De alguma forma, isso ficou dentro de você e quando estava em seu tempo mais vulnerável, seu lado humano queria partir e buscou a mesma forma de seus pais, porque você sofreu menos com a morte deles. - Recostou-se na cadeira. - Já que na morte de seu avô e de sua irmã, você estava mais velha e já via as coisas sem o filtro inocente.

Respirei fundo, assimilando o que ele estava me dizendo e fazia sentido. Eu realmente queria morrer naquele tempo, queria simplesmente ir embora, deixar de existir. Mas algo sempre me fazia tirar o pé do acelerador nas curvas, algo sempre me impedia de virar o copo de me faria ter uma overdose.

- De algum modo, você acreditava que essa seria uma forma menos dolorosa de partir, mas algo te mantinha viva, seu Alpha Interior se recusava ter esse destino. E eu tenho um grande palpite do motivo. - Sorriu de canto. - Ao mesmo tempo que você queria morrer e se juntar aos que você perdeu, algo te prendia fortemente aqui.

- Lauren. - Eu tinha certeza de que era ela.

Era sempre ela. Minha guarda-vidas, como Sofia havia dito, Lauren fora quem sempre me salvou, mesmo estando longe. O amor não cobra presença, pois pode ser sentido mesmo em distância, e sem saber, estávamos ligadas.

Nosso amor começou quando eu tinha dez anos e Lauren, oito. Na sala do senhor Oswald, diretor da Lewis Elementary School.

- Lauren. - Ele confirmou.

Lauren

Dinah havia me trazido para a Lycan, pois Camila iria para sua consulta. Assim que coloquei os pés no campus, tirei a jaqueta preta e deixei que as alças finas da blusa que eu usava mostrasse a marca dos dentes de minha alfa.

De início, eles não me atormentaram, pois Camz não estava comigo, mas era questão de tempo. Assim que adentrei o corredor, procurando por minhas amigas, os ômegas ali repararam meu cheiro e logo notaram a mordida.

Continuei andando e ignorando completamente o burburinho que começou. Decidi que estava farta de deixar que isso me afetasse, afetasse meu pequeno filhote. Se eles queriam tanto saber sobre minha vida, pois que vissem que agora eu tinha uma alfa.

E não uma alfa qualquer, a alfa que eles mais desejavam. Que agora era completamente minha.

Senti meu braço ser puxado fortemente para trás e em seguida fui jogada dentro do banheiro. Subi meu olhar para dar de cara com aquelas três. Elas eram as piores, não largavam de meu pé, sempre me provocando quando ninguém estava por perto.

- Conseguiu o que queria, não é, vagabunda. - A loira que agora eu sabia se chamar Sarah, falou, cruzando os braços.

- O que uma criança não faz. - A ruiva, chamada Becca comentou e aquilo me pôs em alerta, como elas sabiam sobre meu filho?

- Engravidou só para conseguir prender a Milk. - Foi a vez da morena baixinha falar. Não me lembrava de seu nome, algo como Liliah, ou Lyla. - Como conseguiu? Ela sempre foi cuidadosa.

- Deve ter furado a camisinha. - Eu não pensava direito sobre o que elas falavam, só me perguntava como souberam de meu bebê.

Por instinto, levei minhas mãos à barriga, já sentindo uma leve pontada de irritação, aquelas três que não ousassem chegar perto do meu filho.

- Agora você conseguiu a mordida, mas não pense que isso a livrará de nós. - Sarah se aproximou. - Vamos te infernizar tanto, que você não vai nem ter essa criança.

- Não ousem. - Rosnei. - Não deixarei que façam mal ao meu filho.

Não conseguia entender essa obsessão que elas tinham para com Camila. Todos os outros que estavam bravos comigo por ter tirado da "pista" a alfa que eles mais desejavam, me ignoravam ou provocavam um pouco e paravam. Mas elas não me deixavam em paz um dia sequer.

- Que fofo ela rosnando. - Sorriram diabólicas para mim. - Não temos medo de você, gatinha.

Todos os pelos de minha nuca e braços se arrepiaram, nunca havia sentido tanta fúria, mas eu descontaria em cima delas sem dó se tentassem fazer algo contra meu filhote, eu não permitiria jamais

- Se afastem de mim. - Rosnei mais alto e contraí meus dedos em garras, pronta para arranhá-las.

- Não faremos nada com você hoje. - Becca sorriu. - Só estamos avisando.

- Não farão nada com ela, nem hoje e nem nunca. - Ashara apareceu por trás delas, que se viraram rapidamente. - Eu acabaria com as três antes mesmo de encostarem nela. - Minha amiga rosnava alto também.

As três começaram a rosnar baixinho, até que Alice entrou, rosnando também, agora estávamos iguais, nos olhávamos tensas, a menor faísca poderia causar um incêndio ali dentro. Eu olhava cada uma delas, a raiva corria pela minha corrente sanguínea, cada sentido aguçado e alerta, totalmente pronto para proteger minha criança.

- QUE PORRA É ESSA? - Machine invadiu o banheiro dos ômegas, causando um sobressalto em todas nós com sua voz de alfa, mas eu apenas me assustei, aquela voz não fez efeito nenhum sobre mim.

- Podem ir parando. - James, que entrou atrás falou. - Sai todo mundo, agora. - A voz de alfa dele era potente, pois todas encolheram, com exceção de Ash e eu.

Eles saíram atrás das ômegas, me deixando a sós com minhas amigas que logo correram até mim, preocupadas perguntando como eu estava e o que elas haviam me dito. Ashara ficou emputecida e já queria sair puxando briga com as três.

- O que me intriga é como elas ficaram sabendo sobre minha gravidez.

- A faculdade inteira está sabendo. - Alice falou. - Eu não sei como, mas era óbvio que a informação iria vazar uma hora ou outra, Laur...

Respirei fundo, tudo que eu queria era que Camz estivesse aqui comigo, mas a essa altura ela estava presa dentro de sua própria mente. Minhas amigas me abraçaram e passaram o tempo que restava antes da aula me mimando e cuidando de mim.

Os meninos estavam o tempo todo com a gente também, aparentemente Alice estava conseguindo manter Machine um pouco mais na linha. Camila havia me revelado que o alfa estava parando de ir em lutas, corridas e fazer outro tipo de coisas ilegais.

Era bom ver aquilo, minhas amigas estavam felizes, eu estava feliz. Ter vindo para Los Angeles foi algo maravilhoso, conheci novas amizades, encontrei o amor da minha vida e agora estava formando uma família.

No fim do mês iríamos contar aos tios de Camz, se é que Noah ainda não soubesse, já que a história se espalhou pela faculdade. E em dezembro, seria a vez de meus pais saberem, eu conversava bastante com eles sobre maternidade, mas sempre com a desculpa de estar curiosa a respeito.

Eu, de certa forma, tentava prepará-los para receber a notícia, para que não reagissem de forma extrema quando soubessem. Meu pai provavelmente irá gostar bastante, ele sempre foi mais doce comigo, já mama sempre teve pulso firme, ela era a minha maior preocupação.

Mas saber que eu tinha minha alfa ao meu lado, saber que eu não ficaria desamparada, me deixava muito segura. Entramos na sala de fotografia cinematográfica e aguardamos o professor chegar.

Logo o ômega adentrou, segurando sua pasta de couro e sentou-se sobre a mesa, olhando cada um de nós, senti seu olhar se demorar um pouco mais sobre mim. Não sei se por ter ouvido as fofocas, ou se era por eu estar expondo minha marca.

Não era comum deixar a mordida a mostra, era algo íntimo entre o casal, poucos faziam o que eu estava fazendo.

- Bom, como vocês sabem, o projeto integrado com os outros cursos está correndo. Semana que vem faremos nossa última visita aos sets. Será no colégio Hansford High School. - Suspirou. - Hoje quero que façam um relatório das duas últimas visitas e me entreguem no fim da aula. Podem começar.

Durante todo o tempo, nós fizemos os relatórios, eu peguei todas as minhas anotações e até mesmo fotos que eu havia tirado do lugar, Ashara estava totalmente concentrada, bem como Alice.

Estava tão submersa em meu dever que nem me dei conta de que a sala já estava praticamente vazia, sobrando somente eu, Alice e Tobias. Nós três terminamos ao mesmo tempo, mas enquanto eles se dirigiam à Noah, eu guardava as minhas coisas e as de Al.

A loirinha voltou para perto de mim e eu entreguei sua mochila, colocando a minha no ombro e descendo as escadas para entregar meu relatório para o professor.

- Senhorita Jauregui, precisamos conversar. - Falou assim que pegou os papéis de minha mão.

Alice prontamente entendeu o recado e saiu da sala, sumindo de minha vista. Olhei para meu professor que apesar da expressão séria, não parecia irritado, mas eu sabia que ele estava ciente dos assuntos comentados pelos corredores.

- Acho que só me resta dizer parabéns. - Levantou-se da cadeira. - Eu nunca pensei que Camila pudesse ficar com alguém, sempre foi muito solitária.

- Eu sinto muito por não termos contado nada. - Engoli seco. - Nós queríamos fazer tudo de forma correta, mas acabaram descobrindo antes... Bom, nada saiu como planejado.

- Realmente. - Olhou para minha barriga e sorriu. - Vocês estão precisando de alguma coisa?

- Não. - Ajeitei minha mochila. - Na verdade, não.

- E como ela está se saindo? - Perguntou encostando-se na mesa. - Camila não nos conta nada sobre sua vida. A única coisa que sei é que ela está fazendo tratamento e que está melhorando, Dinah também não fala a respeito da vida da amiga.

- Ela está se saindo muito bem. - Um sorriso surgiu em meus lábios. - Acho que não poderia ser melhor, cuida de nós e me mima o tempo inteiro. O tratamento está indo muito bem, ela só tem melhorado.

- Eu fico muito feliz em saber disso. - Sorriu. - Qual o nome do pequeno ômega? - Apontou para minha barriga.

- Ah, eu também quero que seja ômega! - Nós rimos. - Camila quer um alfa, claro. - Falei e nós dois reviramos os olhos. - Ela e todos os amigos, mas eu tenho quase certeza de que será um ômega. Se for garota, será Angel, ainda não decidimos o nome do menino, mas provavelmente será Nicolas.

- Eu gostei dos dois. - Puxou-me para um abraço que eu fiquei um tanto constrangida de retribuir. - Seja bem-vinda à família, Lauren. Felicidades à vocês.

- Isso é muito gentil de sua parte. - Finalizei o abraço. - Até segunda...

- Até segunda.

Saí da sala com um sorriso feliz, era bom saber que o tio de Camila não estava furioso conosco e apoiava nossa relação. Uma sensação de paz se apoderou de mim, sorri mais ainda, sabendo que aquilo era sentimentos de minha alfa e que agora eu poderia ficar aliviada pois o tratamento havia sido um sucesso.

Com meu celular em mãos, mandei uma mensagem para Camz e para minhas amigas, perguntando se já estavam no refeitório ou se tinham ido até a biblioteca primeiro. A semana de provas começaria logo na primeira semana de dezembro.

- Hey. - Alguém segurou meu pulso com delicadeza.

Antes de me virar eu sabia quem era, o cheiro de Tobias era tão comum agora que não fez a menor diferença em mim. Os olhos do rapaz caíram em meu ombro e um suspiro triste saiu por seus lábios.

- Eu realmente achei que teria chances. - Sua mão ainda segurava a minha. - Nunca imaginei que você se uniria a ela tão cedo.

- Sempre fui unida a ela. - Falei baixo, não queria machucá-lo mais do que ele evidentemente já estava. - E sempre te disse isso.

- Eu sei que você sempre me disse, mas ver... É diferente. - Seus olhos umedeceram. - É verdade, então... Vocês terão um filho? - Apenas assenti. - Isso é... - Sorriu triste. - Muito legal...

- É... - Puxei minha mão das suas. - Eu preciso ir...

- Sim. - Uma lágrima desceu por sua bochecha. - Você precisa. Felicidades, Laur. - Deu um leve beijo em minha testa.

Balancei minha cabeça para ele e virei as costas. Não havia gostado de ter tido essa conversa com ele, nunca soube reagir quando uma pessoa que gostava de mim ficava triste por não ser correspondido.

Tobias era um bom alfa, errou sim, mas isso não o torna alguém ruim, quem nunca fez besteira afinal? Apressei meus passos, decidindo tirar isso de minha mente e concentrar-me em achar aquelas malucas que eu chamava de amigas. 

*--------------*-------------*--------------*

Notas Finais:

O que acharam? 

Beijos anjos e até qualquer dia <3 

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