P.O.V. Hades
O nascer do dia na Dimensão Negativa era tão lindo quanto assistir Cérbero fazer suas necessidades. Tão lindo assim.
Como um dos comandantes dos deuses eu estava na linha de frente do exército da Ordem. Não tínhamos um nome como a Aliança Imortal.m, apesar de ter ouvido referências a Novo Olimpo é uma outra que não me lembro agora. Independente disso o quadro geral era desanimador.
O castelo de Isfet estava na nossa frente, e era o retrato dos pesadelos até para mim. Isso porque eu dominava sobre a morte, mas aquilo que estava à minha frente era insano. Caótico.
O castelo era feito de energia negativa. Não eram paredes, portas e janelas, mas apenas blocos de energia negativa. A aura que emanava daquele lugar era tão impregnada do poder de Isfet que chegava a dar náuseas em nós. E esse não era o problema principal.
Todos os inimigos que destruímos estavam na nossa frente. Todos, em fila na frente do enorme castelo, que era no mínimo do tamanho do Monte Olimpo. E eu, assim como outros deuses e seres mais elevados, podíamos ver cada detalhe de nossos inimigos.
O próprio Isfet estava lá, em sua armadura negra. Seu rosto era todo coberto por seu novo capacete em forma de dragão. Apenas os olhos vermelhos eram vistos.
Uranos, Gaia e Tártaro, os primogênitos de Isfet, estavam junto de suas crias: Cronos, com seus irmãos titãs; Porfirion, com seus gigantes.
Apófis, em sua forma de serpente, se movia preguiçosamente sobre milhares de demônios do Duat. Era possível sentir o imenso poder de Setne no meio deles.
Loki, Utgar-Loki e Surtur estavam diante de Ymir, o primordial ressuscitado e inimigo jurado de Odin e seus irmãos.
Saturno e centenas de titãs de planeta Otris estavam flanqueados de inúmeros titãs das sombras.
As feras Nithilans estavam voando sobre aquele cenário de horrores.
A rainha dos feéricos das trevas Maeve e o rei supremo dos Valgs Erawan estavam com seus exercícios prontos, irradiando maldade.
Belzebu, conhecido como O Velho Nick, estava encabeçando um grande grupo de monstros, ogros e feiticeiras. Perto dele estava Ordeen, uma antiga olimpiana que se voltou para o Caos.
O semideus Tirano, que reinou sobre as Terras Livres do mundo Emerso, está lá. Junto dele se encontra Sauron, e ambos lideram homens, orks, trolls, aranhas gigantes, dragões negros e os espectros criados pelos Anéis que o senhor do escuro criou.
Os príncipes dos anjos e demônios, Miguel e Lucifer, também estavam lá. Tinham trocado de lado e levado 30% dos exércitos dos céus e todo o Sheol com eles.
Monstros de todos os tipos e raças se juntaram à causa de Isfet, guiado por seus pais Tifão e Equidna.
Os Valherus estavam presentes em toda a sua glória, junto a seus fiéis dragões e seus suditos, como os Homens Tigre, os Sacerdotes Serpentianos e Morethels.
Leopold e os Catlords estavam ao lado da mulher demônio, Ravena, que queria transformar a Terra em mais um círculo do inferno. Junto dela estavam os draconianos e golens de uma dimensão tão negra que eu jamais gostaria de ir lá.
Milhares de milhões.
- O poder que emanam está além de qualquer coisa que eu já tinha visto - disse Gabriel, o Mestre do Fogo.
Ele, Rafael e Uziel, arcanjos das forças celestiais, tinham chegado ali antes do resto da aliança.
- Não sou poderoso como vocês - disse Aragorn, rei dos homens -, mas só de estar perto daquilo faz com que eu me sinta fraco.
- Sim - concordou John Snow ao lado de seu lobo gigante -, parece que todo mal e desespero que já me afligiu se voltou contra mim. Todos nos sete reinos que vieram comigo e com a rainha Daenerys relataram a mesma coisa.
- Isso não tem a ver com ter ou não poder, rei do Norte - disse Esta, uma das mais poderosas magas da Terra, creio que a única humana a conseguir viajar no tempo. - Nossa magia não nos torna mais ou menos humanos. O poder que aquele castelo maldito emana é caótico. Mais ainda que a Fenda, barreira mística que destruía magos em minha realidade.
- E o que estamos esperando? - Questionou Mandred.
- Concordo com o barba ruiva ali - disse o herdeiro das pedras e da espada de Shannara, Will Ohmsford. - Quer dizer, em termos. Não estamos aqui para destruir aquele castelo? Por que esperamos?
- A pergunta que deveriam fazer é outra - respondeu Jarek, um dos guardiões de Warthia. - Por que eles não estão atacando.
Finalmente um mortal sensato. Essa ideia de Jackson permitir mortais entre os generais do exército... bem, só podia ser coisa do Jackson.
Eu estava feliz em ver meus filhos assumirem o manto de senhores da morte em meu lugar, afinal, era o maior legado que eu podia deixar para eles depois de todo o sofrimento que passaram como semideuses. Mas ser súdito do Jackson... meu filho Nico, que contra todas as minhas expectativas se tornou um grande homem, deveria ser o rei dos deuses. Esse filho de Poseidon...
- Está começando alguma coisa - disse Aldebaran, o atual líder do CTPE cortando meus devaneios. - Vejam.
Nem precisava ter dito. Todos os seres sensíveis a magia já estavam olhando para o castelo. Não parecia possível, mas a aura negativa triplicou no local. O exército começou a se mexer... mas para o lado . Eles abriram caminho para as imensas portas do castelo que se abriam, e revelar o pior dos pesadelos.
Sem uma única exceção, todos do nosso exército deram um passo para trás.
- Por todos os nove reinos - disse Katherine, a atual deusa da morte nórdica. - Aquilo não é Isfet.
- É ainda pior - confirmei.
- O que pode ser pior que o senhor do caos? - Gemeu Groover, o senhor da natureza.
- Tehom - disse Uziel, o Marechal dos Anjos.
O mencionar desse nome enviou calafrios por todo o meu corpo. A lenda sobre aquela que criou as trevas por ser as trevas era conhecida por todo o universo. Mesmo quem nunca tinha ouvido falar dela sentiam um pavor ao ouvir sobre ela.
Ela veio andando, não maior que um humano. Pelo pálida e olhos totalmente negros, assim como seus cabelos. Não era possível contar suas asas, e um manto escuro com pontos brilhantes que mexiam-se cobria todo o seu corpo, deixando apenas seus braços à mostra. Ela segurava uma espada negra, com uma ametista presa à empunhadura, é um escudo com um diamante no centro, rodeado por quatro pedras precisosas: Rubi, Âmbar, Esmeralda e Safira.
Ela andava devagar e veio vindo em nossa direção.
- Por todos os deuses, minhas pernas estão tremendo - disse Will Tratado, líder da legião de arqueiros.
- Parece que... que eu quero me jogar no chão e não levantar nunca mais - confirmou Tom Ward, o Caça-Feitiços.
Eu não podia julgá-los, pois, apesar de minha divindade e poder, a presença de Tehom me reduzia a insignificância.
- Então o plano de Indra era esse? - Disse o garoto Rod, o Avatar de Etherion.
- Parece que sim - confirmou Will, o líder do Han Kami Sentai Ômega.
- E não podemos fazer nada? - Perguntou Quatro, do planeta Lorien.
- Não - eu disse. - Ela está em uma categoria diferente. Deuses, titãs, gigantes, valherus, primordiais... nada disso importa para ela. Ela é anterior à Isfet e Maat. Ela é anterior à vida.
Era o nosso fim, pois o único que poderia fazer frente à Tehom seria Yahweh, o Primeiro, o Alpha, o Senhor da Luz.
Foi quando uma luz brilhou nos céus.
Fazia tanto tempo que estávamos naquele mundo maldito que eu tinha me esquecido de como a luz do sol era. Mas ela brilhou.
Tehom parou seu caminhar e olhou indiferente para o céu. Porém, seu exército se mexeu, receoso. Do alto, saindo da luz, formou-se um portal que desceu até o meio de nosso exército. Todos se afastaram para verem nove deuses emergirem dali.
- Peeeeercy! - Baliu Groover, correndo na direção deles junto com os espíritos da natureza e semideuses, que tinham chegado até ali com Quiron.
Os demais deuses do conselho do Novo Olimpo apenas sorriam, como se soubessem que eles chegariam ali. Nico, Os Carter's, Nara, Kisha, Sadie, Harry e os dois recém nomeados deuses da magia, Rony e Hermione, Rhianna (nomeada deusa das feras), e Magnus.
Eles sorriram para todos e acenaram para outros enquanto os semideuses do CTPE, de Isikhathi, do planeta Olimpo e de Xanandu se empurravam para abraçar Alana e Emily.
Então outra pessoa saiu do portal, e instintivamente todas as comemorações pararam. Todos se prostraram para ela que, com certeza era Maat. Sua presença me acalmava e renovava minhas forças, expulsando toda influência de Isfet.
- Levantem-se - ela sussurrou. Todos levantamos. Ela olhou para Tehom e seu exército.
- Tehom.
- Maat - respondeu Tehom com uma careta de desprezo.
- Já é hora de pararmos com isso. Podemos pôr fim à essas contendas.
Tehom riu, e sua risada era como a de milhares de pessoas atormentadas - e eu sei do que estou falando.
- Vejo que está fraca demais para fazer frente a Isfet, quanto menos a mim. Pensei que os deuses pirralhos dariam a vida para trazê-la de volta com seus plenos poderes. Não foi o que fizeram?
Maat riu, e sons de cachoeiras e ondas marítimas, aves cantando e animais correndo nas planícies encheram meus ouvidos.
- Se meu objetivo fosse este, esses jovens, esses nove corajosos jovens fariam isso, com certeza. Mas eu não queria restaurar minhas forças para fazer frente a você. Queria apenas ter poder suficiente para trazê-Lo para cá.
Não sei a quem Maat se referiu, mas abalou Tehom. Ela apertou sua espada e ergueu seu escudo. As cinco pedras brilharam e emitiram um chamado medonho. Lucifer, o Arcanjo sombrio, respondeu ao chamado, se postando na frente de Tehom, que começou a crescer. Ao lado direito de Lucifer se materializaram Belzebu, o senhor das moscas; e Leviatã, demônio dos mares. Ao seu lado esquerdo se materializaram Asmodeu e Astaroth, os gêmeos da destruição. Juntos aqueles cinco eram mais do que capazes de destruir metade do nosso exército.
Com vinte metros de altura, Tehom berrou alto um som de morte, caos e total destruição. Se não fosse o poder de Maat, teríamos sido aniquilados, sem chance de ressuscitação. Mas mesmo Maat foi arrastada para trás, lutando para conter o poder de Tehom. A deusa das trevas estava certa: Maat não era páreo para ela.
- Você não pode me deter! - Gritou Tehom, e pude ver que seu exército se apegava àquelas palavras como se fossem sua declaração de existência, mesmo que alguns parecessem saber de quem Maat falava.
- Não mesmo - respondeu Maat, dando um passo para o lado. - Mas Ele pode!
E pelo portal de luz passou Aquele que era, sem dúvida alguma, a nossa salvação. Aquele que morreu mas ressurgiu e venceu.
Aslam tinha chegado à batalha.