-Você está linda minha filha.
-Obrigada Luiz, mas você é meu pai, seu elogio não conta.
-Você está linda meu amor. - diz Alfie.
Faço uma careta, subindo as escadas da casa branca.
-Muito melento, Kansas.
-Posso apostar que ela fez uma careta. - diz Sara.
-E você ganhou, Sara. -diz Luiz.
-Essas escadas nunca acabam? - murmuro impaciente. -E parem de futricar no meu ouvido! Onde está Miller?
-Bem aqui. - responde ela.
-Ótimo, estamos entrando. - anuncia Luiz.
Assim que entramos, Luiz me conduziu até um local estratégico do salão. Nem tão a mostra, e nem tão escondido. Perfeito para atrair a atenção apenas daquele que desejavamos.
Aceito uma taça de champagne oferecida pelo garçon, e beberico a bebida enquanto ouvia as instruções de Jack.
-Vocês estão ai apenas para fazer contato. Quando conseguirem, saiam imediatamente. - murmura.
-Onde está o presidente? - questiona Miller.
-Ele ainda não chegou. - responde Luiz, dando uma pequena olhada ao nosso redor. -O que acha de uma dança?
-Esse truque é velho e óbvio, pai.
-Sim, mas muito eficaz.
-Tudo bem, mas não diga que não avisei.- digo, concedendo minha mão, e deixando que ele me arrastasse até o centro. - Essas festas são sempre tão entediantes.
-Não há muito o que se fazer num lugar desses.
-Até a música dá sono.
-E então? Por que não foi nos visitar? Desde que tudo acabou, você nunca mais procurou a mim e a sua mãe.
-Eu sei... as coisas andam muito corridas.
-Tudo bem, nós entendemos, Jack no mantem informados de tudo o que acontece. Mas sentimos sua falta... principalmente sua mãe. - ele revira os olhos - Ela diz que está bem, mas você sabe como ela é...
-Prometo fazer uma visita, só que... não agora.
-Já pensou no que fazer?
-Ah? - indago confusa.
-Quando tudo isso acabar.
-A verdade? Não. Mas sei lá... acho que vou continuar trabalhando para o FBI.
-É isso mesmo o que você quer?
-O presidente.
-Você quer o presidente? - questiona confuso.
-Não! O presidente chegou! - digo, vendo-o descer as escadas com a primeira dama.
Luiz para a dança, vendo que a música também foi pausada pela chegada de Snoolk. Ele sorria para todos os lados, cumprimentando os convidados com um aceno de cabeça e apertando as mãos mais próximas, tudo isso, sem desgrudar de sua mulher, que entrelaçava seu braço ao dele.
A música é novamente ouvida, e os casais que anteriormente dançavam no centro, voltaram a rodopiar enquanto meu pai descidiu me puxar para um lugar mais tranquilo.
-Não vamos falar com ele? - indago.
-Snoolk provavelmente sabe que você trabalha para Dylan, Natasha. Vamos ficar aqui, até que ele mesmo decida se aproximar.
-E quanto tempo isso vai levar?
-Não faça perguntas idiotas, Morgan. - murmura Miller.
-Por que ela te chama pelo sobrenome? - sussura meu pai.
-Longa história... Onde está Alfie? - indago, estranhando o seu silêncio.
-Aqui amor! - se manifesta.
Faço uma careta.
-Você tem que parar com esses apelidos, é um mais péssimo que o outro! -reclamo.
-Pensei em ser carinhoso... - murmura.
-Me chame de Natasha.
-Posso chamar de Tasha?
-Não, só o Táu pode. - debocho.
-Que história é essa de amor?! - intervém Luiz.
-Natasha? Você não contou? - questiona Jack.
-Pela reação dele, acho que não... -diz Sara.
-Tem algo que deva saber, Natasha?! - indaga ele.
Reviro os olhos.
-Estou namorando sua filha, sogrão!! - responde Alfie.
-Não me chama assim, garoto! - murmura. -É o que? Quando me contaria isso? Vocês não se odiavam?!
-Ironias da vida. - debocha Noah.
-Como você já sabe, andei meio sem tempo.
-Estamos no século XXI, Natasha! Já ouviu falar de celular?
-Para de chilique, as pessoas estão começando a olhar. Você nunca foi do tipo ciumento.
-Não estou com ciúmes, mas bravo por ser o último a saber!
-Tecnicamente, a Alexia seria a última a saber. - corrige Jack.
-Tabom, já deu. Tenho dezenove anos, não preciso mais da sua permissão para namorar, não que tenha precisado antes... Esqueci de te dizer. ok. errei. satisfeito?
-Eu...
-O presidente está vindo. - interrompo.
Snoolk se aproximava de vagar, esbanjando um sorriso amigável na nossa direção, passando levemente as mãos no cabelo que apontava o tom grisalho. Agradeci internamente por vê-lo interromper a conversa antes que alguma confusão fosse gerada. Sinceramente, depois de meses sem falar com o meu pai, não quero que a nossa primeira conversa seja uma briga, e muito menos que o meu relacionamento com Alfie se torne o motivo.
-Agente Morgan! Fico feliz em vê-la!
-Snoolk! posso chama-lo assim, não é?- questiono, vendo-o acenar com a cabeça. - Minha mãe não pode comparecer, e meu pai fez o convite.
-Luiz! Você tem uma ótima filha! - murmura, apertando a mão do meu pai.
-Como vai Paul? - questiono, lembrando do garotinho que salvei á alguns anos.
-Otimo! Já está um rapaizinho! É um grande fã seu!
-Fico feliz de saber que ele esta bem! -sorrio. -Mas infelizmente, não foi para aproveitar a festa que vim.
Ele franze a testa, prestando claramente mais atenção á conversa.
-Estamos quase lá! - grita Simon. -Enrola ele!
-Posso saber o motivo? -indaga.
-Bem, acho que você já sabe, não é?
-Não estou entendendo Srt. Morgan...
-Vou ser mais clara. Estou aqui por Dylan.
-Está trabalhando pra ele?
-Não se faça de bobo, você já sabe que sim!
-Então por que precisa de mim?
-Quero um contato. Preciso falar com ele, mas não tenho nem sequer um número.
-Se ele não lhe deu o telefone, não posso fazer isso.
-Ah... você vai fazer sim. Nós dois sabemos o quanto você está sujo! Esse salão está cercado do que? Generais? Militares? Garanto que qualquer um deles gastaria o seu tempo só para ouvir a história de um presidente corrupto.
-É a sua palavra, contra a minha.
-Conseguimos! Estou enviando para o celular! -grita Noah.
-Na verdade, são as minhas provas contra a sua palavra.
-Impossível!
Retiro o celular do bolso interno da roupa do meu pai, e viro a tela de modo que o presidente pudesse enchergar o vídeo, que já era transmitido.
Pouco a pouco, conforme o video avançava, Snoolk foi abandonando a postura rigida, substituindo-a por uma tensão palpável.
-E então, mais alguma dúvida? Garanto que essa não é nem a metade das provas que tenho. Posso te afundar em um piscar de olhos.
-Pega leve, ele ainda é o presidente. - aconselha Miller.
Snoolk retira um celular antigo do bolso do terno, daqueles modelos descartáveis e me entrega.
-Faço contato por esse telefone. Ai estão os números.
-Não quero seu telefone, só os números. - murmuro copiando a lista de contatos para o meu celular. -Prontinho! Foi bom negociar com você, senhor! Ah, e pra sua segurança, não diga nada a Dylan sobre isso.
-Agora vocês já podem se retirar.
-Que grosseiro! Sorte a sua que odeio esse tipo de festas. -digo sarcástica.
-Vamos, Natasha. - intervém meu pai, me puxando pela mão. -Não consegue manter essa boca fechada?
-Não reclama não! A culpa é sua... genética, esqueceu?
Abro a porta do carro, entrando com dificuldade no lado do acompanhante. Sim, ele vai dirigir. Não quero causar nenhum acidente tentando guiar um carro com esse vestido incomodante, se é difícil ver os pés, imagina os pedais?!
-Simon, acabei de enviar os número para o seu telefone... vou desligar os comunicadores. - murmuro, rancando o aparato da orelha sem esperar por resposta. - Quer dizer alguma coisa?
-Como sabe que...
-A sua linguagem corporal - intervenho.
Ele sorri, orgulhoso.
-Você está aprendendo... só queria pedir desculpas... tranformei uma notícia boa de um namoro em motivo de discussão.
-Está desculpado, mas sinceramente? Não entedi porque você agiu daquela forma!
-Perdi anos da sua vida. Te conheci com quinze anos e passamos pouco mais de um ano como pai e filha até você sumir novamente. A última vez que á vi, tinha dezesseis anos! É difícil me acostumar com a ideia de que não precisa mais de mim, e que os anos que precisou, não estive lá. E quando você finalmente volta, está longe... não estou te culpando, de jeito nenhum! Só quero que me entenda, ok?
-Você soube a vida toda da minha existência.
-Já conversamos sobre isso.
-Eu sei, quero dizer que não somos estranhos. Somos pai e filha. E isso ninguém muda. - murmuro convicta. - Agora, podemos parar com o momento sentimental? Vamos fazer um programa de familia! Você liga pra Alexia?
-Claro, mas onde vamos?
-Beber! Conheço um ótimo bar!
Ele ri.
-Você com certeza, não é normal.
-Percebeu isso agora, vovô?