Simply Happens [H.S]

By gabriela231d

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Ela, uma menina ofuscada pelo próprio medo de se mostrar as pessoas. Sendo muito difícil conseguir desifrar... More

1°- Capítulo.
2°- capítulo.
3°- capítulo.
4°- capítulo
5° - capítulo
6°- capítulo
7°- capítulo
8°- capítulo
9°- capítulo
10°- capítulo
11°- capítulo.
12°- capítulo
14°- capítulo.
13°- capítulo.
15°- capítulo.
16°- capítulo
17°- capítulo.
18°- capítulo.
19- capítulo.
20°- capítulo.
21°- capítulo.
22°- capítulo.
23°- capítulo.
24°- capítulo.
25°- capítulo.
26°- capítulo.
27°- capítulo.
28°- capítulo.
29°- capítulo.
30°- capítulo.
31°- capítulo.
32°- capítulo.
33°- capítulo.
34°- capítulo.
35°- capítulo.
36°- capítulo.
37°- capítulo.
38°- capítulo.
39°- capítulo.
40°- capítulo
41°- capítulo.
42°- capítulo.
43°- capítulo.
44°- capítulo.
45°- capítulo.
46°- capítulo.
48°- capítulo
49°- capítulo.
50°- capítulo.
51°- capítulo.
52°- capítulo.
53°- capítulo.
54°- capítulo.
55°- capítulo.
56°- capítulo.
57°- capítulo.
58°- capítulo.
59°- capítulo.
60°- capítulo.
61°- capítulo.
62°- capítulo.
63°- capítulo.
64°- capítulo.
65°- capítulo.
66°- capítulo.
67°- capítulo.
68°- capítulo.
69°- capítulo.
70°- capítulo.
71°- capítulo.
72°- capítulo.
73°- capítulo.
74°- capítulo.
75°- capítulo.
76°- capítulo.
77°- capítulo.
78°- capítulo.
79°- capítulo
Fim.
Agradecimentos e recadinhos.
Epílogo.
Wedding And Party ( capítulo bônus)

47°- capítulo.

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By gabriela231d


Sinto-me um pouquinho inconsciente quando acordo.

A claridade parece me deixar cega por alguns segundos e minha cabeça começa a latejar. As pálpebras são lentas enquanto eu pisco, tentando me acostumar com a claridade.

Imagens de pôsteres grudados na parede cinzenta, me fazem franzir o cenho enquanto continuo lutando para deixar meus olhos abertos. Quando tento me mexer, sou impedida por um grande e firme braço, envolta da minha cintura, me prendendo contra ele. De alguma forma, não preciso olhar para saber de quem é. Eu rapidamente entendo que esse não é o meu quarto, nem minha cama e que dormi com Harry esta noite.

Fico terrivelmente perdida, porque eu não faço a menor ideia de como vim parar aqui. Não consigo me lembrar muito bem sobre a noite passada. As coisas estão vagas agora.

Sua respiração calma bate contra a pele do meu pescoço e consigo sentir a pele quente do seu peito contra minhas costas, o que rapidamente me faz enteder que ele provavelmente deve estar sem camiseta e me faz imediatamente olhar para baixo, para o meu corpo. Continuo vestindo o meu vestido de ontem a noite, e agora ele deve estar provavelmente amarrotado, mas não posso deixar de soltar um suspiro aliviado por isso. Eu não sei o que faria se eu acordasse com outra roupa ou pior ainda, sem nenhuma. Eu teria um troço, e ficaria eternamente corada.

Os problemas caiem como uma enxurrada na minha cabeça. Estou aqui sem nem ao menos lembrar de ter aceitado. Não sei que horas são, e a ideia dos meus pais sentirem minha falta hoje no café da manhã me deixa preocupada. Não sei onde Mary está e se está bem. Com tudo isso, descobri que estou basicamente, ferrada.

Eu não consigo acreditar que não me lembro de quase nada da noite passada e eu nem bebi tanto. Estava exausta sim, e foi a primeira vez que bebi uma quantidade relevante de vodka que se não me engano, é conhecida pelo seu alto valor alcoólico.

Não entendo se é porque recém acordei e minha cabeça está latejando, ou se eu sou mesmo muito fraca com bebidas. Eu me lembro quase bem sobre a festa, e sobre os acontecimentos, o que só aumenta minha dor de cabeça, mas as lembranças são vagas em questão de como vim parar na cama dele.

Depois de longos segundos pensando em como devo sair daqui, se devo acorda-lo ou não, decido tentar sair sem acorda-lo.

Me movo lentamente, torcendo que o seu aperto frouxe e que seu sono seja pesado como o de Mary mas a única coisa que acontece quando tento, é sentir seu aperto mais firme, me mantendo no lugar, enquanto ouço-o murmurar alguma coisa. Solto um suspiro frustado. Levo minha mão para o seu braço e tento retira-lo devagar, mas sua voz me assusta.

- Onde vai?

Ela soa profundamente rouca. Eu estremeço.

- Respirar? - ele suspira suavemente, frouxando o aperto, e se afastando de mim.

Não posso negar do quanto estava gostando de tê-lo tão perto assim, mas também não posso negar o fato que eu precisava de ar e ele estava praticamente me espremendo contra o seu corpo. Não é ruim, mas estou perdida demais para conseguir aproveitar esse tipo de coisa, e acho que ainda não me acostumei a esse tipo de situação. Nunca imaginei estar na cama com algum menino, e muito menos com Harry. É novo pra mim, posso dizer. Novo e indecente.

Me sento na cama. Passo as mãos no rosto e suspiro, enquanto me mantenho acordada de um sono maravilhoso, apesar de tudo. Quando viro minha cabeça para olha-lo, ele está me encarando com os olhos sonolentos, as pálpebras quase fechadas. Seus cabelos estão bagunçados e esparramados no travesseiro. O edredom branco está tapando metade do seu tronco exposto, deixando as andorinhas tatuadas no seu peito a mostra. Tenho vontade de sorrir por vê-lo o jeito extremamente fofo em que ele está, mas quando ele sorri, certamente por me pegar admirando-o, a única coisa que consigo fazer é corar e desviar o olhar.

Paro meus olhos na cômoda ao lado da cama, onde um pequeno relógio está marcando 11:07AM. Merda, eu devia estar na aula uma hora dessas. Nós devíamos.

- Droga. - suspiro, passando as mãos no rosto.

- O quê foi?

- Perdemos mais da metade das aulas.

- Relaxa. Nem eram tão importantes assim.

Me viro para encara-lo de novo, e passo minha perna por baixo da outra, enquanto me apoio com a mão na cama.

- Como vim parar aqui? - resolvo perguntar. Por algum motivo, estou lenta demais. Era pra mim estar correndo para fora dessa cama, e ir para casa, mas simplesmente não consigo, seja pela dor de cabeça, ou pela lerdeza.

- Não se lembra? - ele pergunta de volta e balanço a cabeça, negando. - Eu te trouxe. Você estava sonolenta, tipo pra caralho. Achei melhor te trazer para cá do que te levar para casa. - ele deu de ombros.

As vagas lembranças se clareiam. Me lembro de nós subirmos no táxi e eu voltar a dormir. Mas as lembranças de como vim para cá, são vagas ainda. Só lembro do meu corpo sendo posto na cama, e dele pedindo para mim voltar a dormir enquanto me abraçava por trás.

- Isso é tão estranho. - gemo para mim mesma e ele se apoia no cotovelo e puxa seus cabelos para trás com a outra mão. Estou lerda demais para conseguir desviar o olhar do seu peito e braços expostos.

- Não se lembra de nada? - ele pergunta e sua sombrancelhas se juntam rapidamente quando ele força a visão, em seguida esfregando os olhos.

- Vagamente. Eu só consigo me lembrar de você me pondo aqui, mas tudo antes disso, é confuso. - suspiro, fixando meu olhar na cabeceira da cama.

- Você estava exausta, e tinha bebido. Isso acontece, relaxa. - ele assegura. - Como dormiu?

- Ahm... Não sei. Contando que não me lembro de quase nada da noite passada, acho que bem. - dou de ombros.- Espera, sua mãe não nos viu aqui, não é? Ela está aqui? Meu Deus, como eu vou sair sem ela me ver?! - começo a entrar em pânico.

- Relaxa, Bella. - Harry quase ri de mim, seus lábios sustentando um sorrisinho sonolento e humorado. - Ela não está aqui agora. Ela me disse que ia sair hoje cedo com Robin. E eu fui cuidadoso ontem, por mais que você seja mais pesada do que eu imaginava. - minha boca se abre, incrédula.

- Você está mesmo me chamando de gorda?

Harry sorri, sonolento e se divertindo com a situação. Ele provavelmente faz isso de propósito.

- Eu não disse isso. Eu disse pesada, é diferente. - balanço a cabeça, meu olhar baixando para os meus dedos incontrolavelmente.

- De qualquer forma, comparado ao que eu ouvi ontem, isso não é nada. - murmuro, mas em seguida, me xingo mentalmente por relembrar disso. - Bom, isso nem sequer é uma ofensa. Quero dizer, só quando falam de um jeito ofensivo mas daí a pessoa que é escrota. - começo a pensar, mais comigo mesma. Harry apenas continua me encarando com um sorriso. - Mas enfim, ontem foi.. horrível.

Suspiro, minha cabeça doendo por pensar demais.

Os acontecimentos da noite passada estão aparecendo aos poucos, mas aquilo seria impossível de esquecer, de qualquer forma. Posso ver nos seus olhos quando olho, que ele ainda se sente culpado, e quando vejo que ele está pronto para começar falar disso, mudo de assunto.

- Eu acho melhor eu ir para casa. Tenho que ver se Mary está bem, tenho que saber se meus pais ainda não sabem sobre ontem. - me ponho de pé.

Meu par de all-star está no chão, a frente da cômoda e eu pego para calça-los.

- Você não contou que ia?

- Eles não deixariam. Eu queria contar, só para eles negarem, mas Mary iria me obrigar a ir de qualquer jeito.

- Queria que tivesse me dito que ia também. Teria evitado muitas coisas. - ele murmura, levantando da cama.

Seu corpo magro e alto, de pé enquanto ele calça provavelmente seus chinelos. A bermuda preta de náilon está colada nele e para cima, certamente por ele estar deitado, ela deve ter subido. Mas eu simplesmente não consigo tirar os olhos das suas coxas surpreendentes torneadas e da forma como o tecido as envolve. Por um momento esqueço totalmente o que ele disse, e subo o olhar para sua barriga chapada, meio que hipnotizada com tudo aquilo.

- Gostou? - seu sorriso prensunçoso me faz corar violentamente.

- Eu... E-eu.. - gaguejo, terrivelmente envergonhada. - Cala boca. - Harry solta uma risada adorável enquanto caminha até mim.

- Não sinta vergonha em me secar, sei que é inevitável. - quando olho-o, ele tem um sorriso convencido e irritantemente perfeito. Reviro os olhos, mesmo que ele esteja certo.

- Eu não estava secando ninguém. Você quem está sem camiseta na minha frente, devia por uma se não quer ser olhado, aliais, por quê dormiu sem uma? - não que eu esteja reclamando.

- Primeiro, eu não disse que não quero ser olhado. Sempre durmo assim mas você pode me secar a vontade. Também faço isso com você. - ele pisca um olho, e minha boca se abre, na minha expressão incrédula.

- O quê? Você.. é inacreditável. - ele ri, balançando a cabeça.

- Esquece. Vamos tomar café - Harry beija minha bochecha antes de agarrar minha mão, me puxando em direção às porta.

- Não. Eu vou pra casa, tenho que...-

- Você tem a tarde inteira para ir para casa e ver essas coisas. Então, agora vamos tomar café. - ele manda, se aproveitando da sua altura para me intimidar. Suspiro, meio relutante.

Quando penso em negar novamente, conheço-o bem o suficiente para saber que ele não vai me deixar sair daqui tão cedo, então, resolvo ceder, assentindo.

Damos uma passada no banheiro antes de descer. Harry desce primeiro depois de se lavar. Tento arrumar meu cabelo da melhor forma, mas tudo que consigo é fazer um coque frouxo. Improviso uma escova de dentes com os dedos, e lavo meu rosto retirando toda a maquiagem. Meus rosto fica fresco e leve, mas quando o vejo no espalho, não gosto muito do resultado.

Eu não uso muita maquiagem, mas o que eu uso é o suficiente para esconder as pequenas manchinhas avermelhadas nas minhas bochechas. Também sei que tenho sardas, pequenas e quase invisíveis, mas tenho. Eu não gosto no entanto, mas quando vejo nas outras pessoas, parece adorável. Eu realmente não sei, mas acho que em mim, elas não fazem o mesmo sentido.

Antes de descer, volto para o quarto, e procuro minha pequena bolsa, achando-a encima da mesa do computador. Pego meu celular e desbloqueio. Preciso saber de Mary. Ela obviamente sabe se cuidar, mas não consigo deixar de me preocupar. Me sinto um pouco culpada por deixá-la lá.

Nada de respostas e nem chamadas dela quando penso que teria. Então resolvo ligar.

As primeiras três vezes que tento, só chamam mas ela não atende. Suspiros seguido de mais suspiros saiem dos meus lábios e estou extremamente preocupada. Na quarta vez já estou andando de um lado para o outro no quarto de Harry, esperando impacientemente.

Felizmente em umas das últimas chamas finalmente ouço um retorno.

Ligação on

- Alô? - sua voz soa rouca do outro lado da linha e inevitavelmente meus ombros relaxam.

- Mary, você está bem? Onde está?

- Ahm.. oi. Tô bem.. Eu estou..... O quê?!

Ela praticamente grita e franzo o cenho, encarando a janela, sem ter ideia do que é que aconteceu.

- Mas que porra?

Sei que não é comigo que ela está falando. Algo está acontecendo onde quer que ela esteja.

- Mary, onde você está?

Ela não diz nada, por mais que seus longos suspiros sejam muito audíveis para mim. Em segundos ouço uma porta fechando.

- Mary, você está me deixando preocupada. Onde diabos está?

- Calma, Bella. Minha cabeça está me matando. Merda..- ela murmura e cruzo os braços mesmo que ela não esteja aqui para ver.

- Eu estou preocupada com você. O que está acontecendo? - minha voz é dura.

- Não sei! - ela é apressada mas em seguida suspira, se acalmando. - Eu não sei muito bem, mas não é em casa. Minha cabeça está latejando e o grande problema de tudo é que... Eu estava com o idiota do Michael.

- Oh

Ela suspira pela milésima vez.

- Como assim?

- Não sei. Eu não faço a menor ideia de como que eu vim parar aqui com ele. - ela murmura.

- Oh. É... Você não se lembra de nada?

- Não. Só me lembro de brigar com ele na festa, bem, consecutivamente, mas depois disso mais ou menos. Ainda estou acordando.

- Não sabe onde está?

- Parece com o resto da casa da festa, deve ser em um dos quartos. Vim pro banheiro para não acordar ele.

- E você.... É... Acha que aconteceu alguma coisa? Entre vocês dois quero dizer. - tenho que perguntar.

- Não! - ela rapidamente grita. - Quer dizer... Eu acho que não. Eu não faria isso, ele não faria.. porra. Pare de fazer tantas perguntas, está aumentando minha dor de cabeça. - ela reclama.

- Só quero saber se está bem. Vai vir para casa agora?

- Sim... Só preciso acordar direito. A tia não desconfiou de nada hoje no café? Como foi para casa ontem?

- Eu... Bem, não estou em casa.

- Onde é que está então?

- Na casa do.. Harry. - posso imagina-la fazendo a mesma cara que fiz há poucos segundos.

- Espera, o que está fazendo aí? Não foi para casa?

- Eu... Eu na verdade não me lembro de muita coisa também. Eu dormi enquanto estávamos vindo para casa, e ele me trouxe pra cá. Beber definitivamente não me faz muito bem. - murmuro.

- Você nem bebeu muito, pelo menos que eu saiba. Ou bebeu?

- Se fosse não tivesse me deixado sozinha, saberia. - digo aborrecida mas rapidamente me lembro que não tenho porque ficar assim com ela. Aliais, ela só queria se divertir, e comigo certamente não iria.

- Me desculpa, Bella. Eu não queria te deixar sozinha, eu- interrompo ela.

- Tudo bem. Só estou com dor de cabeça, e me sentindo tipo... Morta.

- A palavra que descreve isso é ressaca. - revirei os olhos mesmo que ela não possa ver. - Mas então, vocês dormiram juntos?

- Sim, quer dizer. Não desse jeito, bem... Você me entendeu. - ela ri mas para drasticamente.

- Droga, não consigo nem rir de você. - ela reclama e agora eu dou risada.- Vaca, não ria e me conte melhor sobre isso.

- Não tem muito o que dizer. Eu só dormi aqui. Estou preocupada se meus pais sentiram nossa falta, se desconfiam de alguma coisa. Você sabe que ficaríamos ferradas se eles soubessem.

- Eu sei. Mas eles te ligaram?

- Não.

- Então provavelmente eles não devem ter notado, eles iriam te ligar se visse que não estava em casa.

- Tomara. Quando você chegar, conversamos melhor. Preciso comer alguma coisa.

- Nem me fale em comida, minha barriga ja começa a embrulhar. - ela murmura. - Até logo então, beijo.

- Beijo.

Ligação off

Pelo menos ela está bem, e vai vir para casa. Sei que a conversa vai ser longa e cansativa quando ela chegar, porque ela vai querer saber sobre tudo, e tudo inclui a humilhação da Stacy. Queria apagar esse nome do mapa, ou melhor, essa pessoa.

Quando chego no fim dos degraus, o cheiro de ovos fritos rodeia o ambiente. Caminho até a porta dupla da cozinha, e já posso ver as largas costas de Harry, na frente do fogão enquanto ele faz algo na frigideira. Eu simplesmente não consigo tirar meus olhos dos músculos flexionados das suas costas expostas. É impossível não achar incrível como ele consegue ser lindo sendo tão simples e sem fazer esforços. A bermuda preta continua cobrindo metade de suas coxas e o quadril, e seus pés tem os habituais chinelos. Seus cabelos continuam rebeldes em sua cabeça, e a tinta preta de suas tatuagens, destacam-se em seus braços com diferentes formas e palavras.

- Precisa de ajuda? - ofereço entrando na cozinha. Harry imediatamente me olha, visivelmente assustado com a minha chegada repentina. Não consigo evitar um sorriso enquanto cruzo meus braços e me encosto no balcão de mármore, à frente da pia.

- Foda-se. Não faça isso de novo.- ele murmura, puxando seus cabelos para trás. Não consigo segurar o meu riso pela sua expressão.

- Desculpa. - peço com um sorriso. - O que está fazendo?

- Fiz panquecas e estou terminando de fazer um omelete. Gosta não gosta? - seus olhos voltam para mim.

- Claro. Mas acha que precisava fazer os dois? - ele dá de ombros.

- Eu consigo comer até mais, mas não posso fazer nada se é fraquinha. - ele zombou e franzi o cenho, o olhando de cima à baixo.

Posso aguentar tudo, mas dizer que sou fraca com comida é tirar com a minha cara. Não sei se existe alguém que coma mais que eu, tirando a Mary, e o seu maldito poder de não engordar, mas mesmo assim, quando decido comer, eu como de verdade.

- E quem disse que eu não consigo? Só achei um pouco desnecessário. Comida é dinheiro, e isso está em falta se o senhor não sabe. - sua cabeça tomba para trás, quando ele gargalha e acabo sorrindo, contagiada pelo seu riso.

- É claro. - ele zomba esfregando seu nariz com as costas da mão enquanto o sorriso divertido continua em seus lábios, e desliga o fogo.

- Anne iria concordar comigo. - aponto, e ele se vira pra mim, deixando visível o resto de suas tatuagens. Não sei porque, mas parece que só melhora cada vez que olho.

- Ela concorda com tudo, especificamente com você - ele revira os olhos e não posso deixar de sorrir. - Devia admitir logo que é fraca e não consegue comer as duas coisas. - ele provoca, pegando os dois pratos com os omeletes e as panquecas.

- Saiba que única coisa que eu não sou fraca, na minha vida, é com comida. Por mais que tente inutilmente maneirar.

Ele vem até mim, e larga os pratos cheirosos e aparentemente deliciosos no balcão ao meu lado, e me encara.
Odeio a maneira como ele se torna ainda mais alto assim tão de perto. Me sinto um poodle na frente de um pastor alemão. Ainda mais por ele estar tão intimidador sem a droga de uma t-shirt. Ele poderia por uma para facilitar a minha vida de tentar inutilmente parar de seca-lo.

- Vamos ver. - um sorriso provocador desabrocha em seus lábios, me fazendo arquear a sombrancelha antes de revirar os olhos. Observo ele ajeitar as coisas no balcão e suspiro, sentindo minha cabeça latejar.

- Você hum... Tem algum remédio para dor de cabeça?

- Claro. Por que não pediu antes? - ele vai rapidamente até um dos armários, e abre, pegando uma caixinha de primeiros socorros.

- Ahm.. não sei. - Harry enche um copo d'água e me entrega junto com um analgésico. Tomo calmamente, engolindo o comprimido com a ajuda da água. Não sou fã de comprimidos.

- Melhor? - ele pergunta, me encarando assim que guarda a caixinha de primeiros socorros no lugar.

- Sim, obrigada. - sorrio.

- Não agradeça. Você é realmente fraca com bebidas. - ele pega minha mão, acariciando-a com o polegar, e acabo assentindo - Ok, sente-se, e manda ver. - ele diz, se referindo a comida e não seguro um riso enquanto me sento em um dos bancos alto ao lado dele. - Por que demorou tanto lá em cima?

- Estava falando com Mary.

Tenho que admitir que ele se puxou fazendo esse café da manhã. Está tudo arrumado, parece perfeito. O mel despejado nas panquecas amontoadas, que ele delicadamente ajeitou pondo em um prato de porcelana. O omelete no meu prato, parece delicioso, o cheiro é de dar água na boca. Parece que ele pegou tudo que tem na geladeira, e pôs aqui, suco, leite, café, cereal, manteiga de amendoim, pão de forma e etc. Normalmente tomo café preto, ou com leite e como torradas no café da manhã na minha casa, mas isso, parece simplesmente o paraíso. Um paraíso que espero que não me dê muito prejuízos.

- Ela já está em casa? - ele pergunta pondo livremente, uma das panquecas no meu prato e eu o agradeço.

- Não, ela está na festa. Dormiu lá, eu acho. - meu dedo suja de mel e levo a boca para limpa-lo. Me sirvo de um copo de suco de groselha, enquanto Harry se serve de café preto.

- Como assim eu acho?

- Ela acha que está na casa da festa, que dormiu lá. Bem, resumindo, ela bebeu demais e não sabe exatamente onde está. - deixo de fora que ela estava dormindo com Michael.

- Oh, uhm.. isso parece perigoso. Ela consegue vir pra casa pelo menos? - corto a panqueca antes de levá-la a boca e de inevitavelmente, fechar os olhos. É tão maravilhoso que tenho que provar de novo para ter certeza que existe. Nunca pensei que ele sabia cozinhar, e muito menos, tão bem.

- Sim, ela disse que logo estará aqui.

- Ok. - ele murmura de boca cheia. - O que achou do café? - encaro-o, que mastiga calmamente me olhando de volta.

- Não está tão mal. - ele ri antes de beber o seu café.

- Pude ver pela sua cara. - ele diz com um sorriso e reviro os olhos.

- Queria saber se você sempre faz tudo isso, sabe, um banquete ou se é por algum motivo especial. - semicerreio os olhos, olhando-o e ele sorri, puxando seus cabelos para trás.

- Posso dizer que acordei faminto depois de uma noite longa, ou admitir que foi por você mesmo.

Meu sorriso cresce e sendo incapaz de falar qualquer coisa, apenas reviro os olhos. Chega ser irritante que ele sempre me deixa em uma situação vergonhosa, e eu não faço ideia do que dizer em seguida.

Agradeço mentalmente por ter pedido o remédio, e ele que está fazendo efeito. Fico feliz em saber que não tive uma ressaca pior, como por exemplo vomitar tudo que acabei de consumir. Iria ser horrível.

- Que horas sua mãe vai chegar? - perguntei, depois de poucos segundos em silêncio.

- Não faço ideia. Provavelmente só de tarde. Ela está vendo algumas coisas da renovação de votos, eu acho. Eu ouvi por alto que ela quer deixar para fazer ano que vem.- olho para ele enquanto ponho outro pedaço de omelete na boca.

- Por quê?

- Não sei, provavelmente porque logo chega o inverno, e como ela quer fazer em algum local aberto ou alguma merda assim, ela acha melhor deixar para o ano que vem. Para a primavera, eu acho. - ele dá de ombros.

- Oh. Entendi. Espero que dê tudo certo, ela parece sempre tão animada com isso. Pelo o que minha mãe tem dito, ela parece muito ansiosa. - Harry assente, sem comentários, e espero que seja por estar com a boca cheia e não, por não agrada-lo falar disso.

Espero que ele esteja feliz por Anne e Robin. Queria poder saber o que ele realmente pensa sobre isso, mas quero deixar ele a vontade para querer falar disso.

- Vai treinar hoje? - resolvo perguntar. Queria que ele negasse mas sei que eles têm treinado bastante para o jogo de sábado. Queria poder passar o resto do dia com ele.

- Sim. Tenho que estar lá às duas da tarde. - ele responde limpando a boca com o guardanapo de pano. - Você ainda vai sábado, não é? - sinto seus olhos em mim enquanto termino de tomar o suco.

- Claro, por que não iria? - olho-o de volta e seus olhos saem de mim, no mesmo instante.

- Não sei... Apenas pensei que depois de ontem você não quisesse ver Stacy. Ela vai estar lá.

- Bem, ela também vai estar nas aulas, então, acho que não tenho muita escolha. - aborrecimento é claro na minha voz.

- Hm.. é. Você... Ahm.. você quer falar sobre ontem? Você sabe, sobre tudo que aconteceu. - desvio o olhar rapidamente e me ajeito no banco.

- Acho melhor não. - murmuro.

- Olha, eu sei que você tem razão em não querer falar disso, e em até estar chateada comigo, mas eu sei que você precisa falar com alguém disso, e eu quero ser esse alguém. É por minha causa que deu toda essa merda.

Estou adiando essa conversa porque eu sei que não vai me fazer bem. Eu queria simplesmente esquecer, pensar que nunca existiu. É sempre o que eu tento fazer, ignorar. Por mais que eu saiba o quanto covarde isso é.

- Não estou chateada com você sobre isso. Ela já me odiava antes mesmo de saber disso, bem, ela odeia todo mundo. - reviro os olhos. - Só não queria reviver isso. Não vai adiantar nada eu me sentar aqui e falar sobre isso com você.

- Eu quero que saiba que eu não queria que aquilo tivesse acontecido, ok? Eu sei que devia ter feito alguma coisa. Sei que você esperava isso de mim. - a culpa brilha em seus olhos.

- O quê? Harry, o que você poderia fazer?

- Não sei, qualquer coisa que impedisse dela dizer aquelas merdas. - seus dedos esfregam seus joelhos repetidamente, em dos seus gestos de nervosismo.

- Harry, para. Você fez o que pôde, não tinha mais o que fazer. Na verdade, eu quem tinha que ter feito alguma coisa, invés de ficar calada. - me encolho.

- Eu odeio tanto que isso tenha acontecido, eu sei o quanto te machucou ouvir tudo aquilo. - solto um suspiro profundo antes de olha-lo novamente. Odeio que ele tenha mesmo que tocar nesse assunto.

- Harry, podemos parar de falar disso? Sei que está preocupado, mas isso realmente não está ajudando.

- Você não acreditou naquilo que ela disse não é? - ele parecia angustiado.

- Do quê exatamente?

- Sobre eu te escolher aleatoriamente, só para te... Merda, você sabe. - minhas bochechas ardem e agradeço por ele não ter repetido aquilo.

- Ahm.. bem, eu não pensei muito nisso para ser sincera. - admito.

Não pensei muito nisso desse jeito, minha cabeça estava explodindo de tantos pensamentos. Mas isso especificamente não. Não é novidade para mim que Harry ficava com muitas garotas, e não escondia o que fazia. É uma das coisas que sempre foram claras para mim e até hoje, tenho que admitir que tenho receio sobre isso. Mas tudo que ele me mostrou até agora, é que me respeita. Ele não força nada desse tipo de coisa, pelo menos, agora. Não posso negar do quanto nossos beijos tem ganhado intensidade, mas sempre paramos antes que algo possa acontecer e posso ter certeza que se nós fossemos fazer isso, eu iria querer e ele iria me respeitar. Ando perdendo essas desconfianças que tinha dele a cada dia que passamos juntos, e uma coisa que não posso negar é que ele está me mostrando que posso confiar nele.

- Oh. - seus olhos fogem dos meus e ele esfrega um dos ombros com a mão. Sei exatamente que ele está desconfortável. - ahm... Então, não acreditou nela, certo?

- Eu tenho estado com você tempo suficiente pra saber que não faria isso. - digo sincera e posso ver o peso saindo das suas costas e o alívio em seus olhos esverdeados.

- Que bom que sabe. - seu sorriso é radiante - Você não faz idéia do quanto ela me irritou por ter dito aquilo, tudo aquilo. Só não mais do que te ver com aquele caralho. - sua cara se fecha e sei que ela está se referindo ao Luke. Não sei porque mas tudo tem a ver com o Luke, e eu realmente odeio isso.

- Bem, eu ainda não entendo isso. - murmuro, desviando o olhar.

- Como assim?

- Você sabe o que eu quero dizer. Você sabe o quanto desnecessário foi ontem, e sabe que não gosto disso. Ele não estava fazendo nada mais do que companhia para mim. - seu suspiro é alto suficiente para os meus ouvidos.

- Você realmente não entende. - sua voz é levemente irritada. - Você tinha me prometido que não estaria mais com ele, por isso fiquei tão chateado. E ele não é uma boa companhia para você.

- Eu sei que prometi, mas não tive outra escolha, e não iria sair fugida dele quando ele era o único que estava comigo. - minha voz é igualmente dura e não estou gostando do caminho dessa conversa.

- Ele só estava, porque eu não sabia que você estava lá. Acha mesmo que eu deixaria você sozinha na porcaria de uma festa cheia de idiotas bêbados, com esse vestido sexy como o caralho? Porra, você sabe que não.

Minha reação é confusa, entre corar com suas palavras ou me irritar. Mas sei que não faria nada além de corar violentamente. Odeio que qualquer coisa que ele diga, me acertem como flechas e me deixem sempre nessa situação.

- E-eu não estava falando disso. - gaguejo encarando a jarra de vidro à minha frente.

- Eu estou. Eu vi a forma como ele te olhava. Quase podia ver a baba descendo na boca daquele idiota - ele resmunga, fechando os punhos. Balanço a cabeça, em negação.

- Isso não muda nada Harry, ainda achei desnecessário expulsa-lo daquele jeito. Vocês deviam admitir o quanto essa briga de vocês é idiota, e resolverem de uma vez por todas.

- Não é só por causa da briga agora. Ele te quer e não vou tolerar isso. Ele não quer nada mais do que me irritar porque sabe que você é importante para mim. Você não o conhece como eu, não deve acreditar em tudo que ele faz e diz. - ele puxa os cabelos para trás no gesto de frustração.

- Eu não quero continuar com essa discussão, parece que tudo é em torno dele e você não consegue ver que isso é exaustivo. - me levanto, pegando meu prato, e pondo-o na pia. Descanso minhas mãos na pia, suspirando pesadamente.

Queria tanto que tudo isso não tivesse acontecido, essa discussão desnecessária, os acontecimentos de ontem. Não me ajuda nada ficar aqui discutindo com ele, e isso é uma das coisas que mais odeio. Discutir é tão exaustivo, ainda mais por esse motivo. Odeio que Harry tenha tanta birra com Luke, e isso atrapalhe o relacionamento bom que estamos tentando ter.

Os suspiros dele são frustados e parecem acalma-lo aos poucos. Sei que ele odeia tanto quanto eu discutir, e gostaria que ele tivesse pensando nisso antes de começar essa conversa exaustiva.

Continuo de costas para ele, mesmo quando ouço o barulho do banco arranhando o piso. Espero que Anne não veja se caso houver algum arranhado visível no seu piso. Suas mãos pousam em minha cintura e ele força para mim virar pra ele, mas não me mexo. Sei o quanto ficará difícil não encara-lo de frente para ele.

- Bella.. - sua voz é suave e não posso impedir do meu coração bater mais forte mesmo por tão pouco. - Me desculpa ok? Eu sei que sou fudido com isso, mas não quero que fique chateada comigo por causa dele de novo. - ele suspira. - Vamos esquecer isso, por favor. - suas mãos forçam novamente, e dessa vez, cedo involuntariamente.

Foco nas andorinhas em seu peito até seus dedos envolverem meu queixo, inclinando-o para olha-lo. Posso ver a intensidade do seu olhar, quando meus olhos encontram os seus. Por mais chateada que eu esteja, sei que é impossível não me abalar com isso.

- Vou fazer o meu melhor para parar com isso. Mas preciso que me ajude também. Ele só fica perto de você pra me irritar, então, por favor, tenta evita-lo.

Ele está certo. Sei que posso ajudá-lo com isso, sei que posso ficar longe de Luke, e sei que isso irá diminuir as chances de uma nova discussão, ou briga. Posso fazer isso, e acho que devo, aliais fui eu quem basicamente errou quando conversei com ele mesmo tendo prometido, não posso negar.

- Tudo bem.

- Obrigado.

- Só estou fazendo isso porque não aguento mais brigar com você por causa dele.

- Tudo bem. Também estou cansado disso. - ele suspira. - Okay... Nós temos apenas duas horas antes de eu ir - seu polegar faz leves movimentos em minha bochecha e acabo assentindo, não entendendo bem o que ele quer dizer com isso. - Quantos beijos acha que conseguimos dar nesse tempo? - seu sorriso é caloroso e não posso impedir das minhas bochechas esquentarem.

- Harry!- repreendo e ele ri - Você não tem escrúpulos sabia?

Ele cai na gargalhada, tombando a cabeça para trás. O som preenche a cozinha. É adorável.

- Para.

- Olha, eu queria saber de onde você tira essas coisas. - o sorriso continua dançando em seus lábios.

- Não ria de mim, eu só uso devidamente as palavras - encolho os ombros.

Ele sorri e volta a por suas mãos na minha cintura, me puxando para ele. Uma mecha dos seus cabelos está caída em sua testa, e levo minha mão para retirar-la antes mesmo de pensar nisso.

- Podemos começar agora?

A última coisa que vejo é seu sorriso antes de sentir meus lábios pressionados pelos dele.

Obrigada por lerem! ❤️
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