Love Me Right

By NatashiaKitamura

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Bailey Wright era uma garota doce e alegre. Aos 12 anos, viveu seu primeiro amor com Maximus King. Achou que... More

Introdução
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16 - Parte I
Capítulo 16 - Parte II
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo 28

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By NatashiaKitamura

Correção no capítulo anterior: Como observado por algumas leituras, cometi o engano de colocar o número do capítulo como 28, sendo que era o 27. A correção está feita, ele era o 27 mesmo, não havia nenhum capítulo antes dele. Obrigada pelo aviso, meninas! <3

~*~

- Levanta logo, Bailey.

Meus olhos se abriram em um piscar. Nicole raramente usava esse tom sério e sem graça, porque ela vivia dizendo que não combinava com sua personalidade ofuscante. Mas havia um motivo pela qual minha amiga sentiu a necessidade de surgir com um lado que ela desgostava.

Eu estava acabada.

- Me deixa. – murmurei, embolada em meio às cobertas no quarto que dividia com ela e Willis.

Desde o dia anterior, quando vi Scott ir embora sem olhar para trás, me senti como se tivesse sido derrotada. Não corri atrás de ninguém, porque não queria ter de aguentar ouvir as milhares de perguntas de Nicole e Jessica, e pior ainda, a empolgação das duas em me fazer correr atrás de Scott, quando tudo o que eu queria era me afogar em uma banheira quente.

- Quem você escolheu? – a voz de Jessica surgiu de repente. Pela surpresa de Sharon e Nicole, ela havia acabado de chegar após uma mensagem que Nikki deve ter mandado como "mega urgência que me fez ficar sóbria como nunca estive".

Só a ideia de responder que havia sido Scott e que ele havia me rejeitado antes da oportunidade de eu dizer a verdade a ele me fez afundar ainda mais em meio às cobertas.

Não achei estranho a falta de insistência das três em me fazer sair da cama, até começar a sentir uma falta de ar devido ao aumento da temperatura do meu corpo.

- Mas que merda! – gritei, vendo o aquecedor de Nicole bem próximo de mim. – Vocês querem me matar?

- Você é a única aqui tentando cometer suicídio, Bailey. – Jessica se sentou no pé da minha cama, enquanto Sharon e Nicole tomavam conta do aquecedor. – Você escolheu errado?

Seu tom de voz não era irônico ou ofensivo. Ela estava sendo solidária. Seu olhar sério e a mão apoiada em minha perna, esperando que eu respondesse e tendo paciência em não dizer tudo aquilo que achava. Pela primeira vez desde quando nos conhecemos, Jessica parece como uma amiga. Uma amiga comum.

- Eu não escolhi Maximus. – e contei toda conversa que nós dois tivemos.

Enquanto eu falava, podia ver no rosto das três um rubor de aprovação.

- Vocês apostaram no Scott. – disse, vendo-as concordar com a cabeça. – Mas deu tudo errado. – baixei o rosto e baguncei meu cabelo. – Eu estava me despedindo de Maximus, um abraço de quem não se veria mais, o que era real – observei, sentindo a necessidade de sobressaltar o fato. –, e então, quando percebi, Scott estava ao fundo me encarando como se eu fosse...

Funguei, sentindo a vontade de chorar voltar. Jessica fez um carinho em minha perna, enquanto Sharon sentava em sua cama e me encarava com solidariedade, e Nicole xingava Scott de alguma coisa e sentava ao meu lado.

- Eu corri atrás dele – disse, minha voz tão embargada que poderia dizer que havia uma bola entalada em minha garganta. –, pedi que ele me deixasse explicar, mas ele só pode olhar para mim e me acusar de não ter sido honesta com ele.

Abracei minhas pernas e deixei as lágrimas saírem. Naomi sempre disse que não faz bem segurar choro. O peito dói mais e a cabeça também, além do sentimento nunca deixar os nossos pensamentos.

Senti os braços de Nicole me envolverem em um abraço e as três manterem-se caladas para respeitar o meu momento de dor.

Então, depois de alguns minutos ouvindo somente meu choro, Sharon foi quem se pronunciou:

- Ele vai para a casa de veraneio da família dele em Vegas. Faz isso toda vez que acaba o semestre.

Fiquei encarando Sharon, que ergueu os ombros.

- Acho que é a sua vez de correr atrás dele, só para variar.

Nicole e Jessica imediatamente concordaram, me encorajando a me arrumar e ir até a casa dele ver se ele já havia saído. Eu poderia pegá-lo em casa, convencê-lo a me ouvir e pelo menos ficar na consciência de que tentei lhe dizer sobre meus sentimentos. Além disso, Sharon tinha razão, eu precisava correr atrás dele.

~*~

- Desculpe, ele já saiu. – a mãe falou. – Ele sempre sai durante a madrugada, para não pegar qualquer trânsito e conseguir passar no mercado.

- Ah, tudo bem, obrigada. – sorri sem graça, vendo-a sorrir antes de fechar a porta.

Voltei para casa pensativa, ponderando se esse era o fim. Com o tanto de coisas que tinha para pensar, acabei pegando o ônibus errado e, quando finalmente estava no certo, perdi o ponto para descer.

- Achei que voltaria ontem. – Naomi disse quando entrei em casa. Ela e Jace estavam na sala assistindo a um filme, um luxo que se deixam fazer um sábado por mês, já que Naomi é obcecada por seu trabalho e Jace precisa negociar alguns termos para suprir sua carência de namorada.

Sentei no sofá junto com eles apenas para ter companhia, mas acabei não ouvindo nada do que os dois diziam. Depois de alguns minutos tentando criar um diálogo, não ouvi os dois dizerem mais nada, o que significava que haviam entendido que eu estava perdida em meus pensamentos e eles não tinham permissão de saber sobre o que se tratava.

Nicole mandou uma mensagem no grupo – havíamos tirado Geller e colocado Willis – perguntando se eu havia conseguido falar com Scott. Respondi com um único 'não', o que causou furor nela e em Jessica.

Scott não poderia ter parado e me ouvido? Pensei, de repente. Ele poderia ao menos fingir que me ouvia!

Minha memória retornou com a cena do dia anterior, quando estávamos nós dois no estacionamento. Scott não poderia ser tão intolerante!

Bati na almofada do sofá e quando ele voou para o outro lado da sala, Jace me deu a que ele abraçava. Pude então perceber o quão infantil estava sendo.

Eu deveria tomar uma atitude! Deveria socar Scott ao invés da almofada!

- Liga para ele logo. – a voz de Naomi surgiu quando a almofada que Jace havia cedido voou junto ao primeiro.

- Quê? – a encarei.

- O retardado que a deixou assim. – ela apontou, como se eu estivesse louca. – Ligue para ele logo.

- Ele não vai me atender. – murmurei.

- Agora você prevê futuro? – ela ergueu uma sobrancelha.

Apertei os lábios, pois era sempre assim que Naomi me convencia a fazer o que ela mandava, com argumentos óbvios e tão bestas que provavelmente nem uma criança de 8 anos cairia.

Entretanto, como sempre, fiz o que ela pediu. Fui até meu quarto e disquei o número de Scott pelo telefone de casa, só na esperança de ele não ter o contato salvo em seu celular e atender.

O que não foi o caso.

- Merda, Griffin... – murmurei, dando minha cara a tapa e ligando direto do meu celular, para que ele pudesse criar probabilidades do porquê eu estar ligando. – Ele não pode achar que eu ligo para ele, estando com outro.

Enquanto minhas ligações eram ignoradas com sucesso, minha mente criava diversas hipóteses que ele podia estar pensando neste momento. Se chegou a desligar o celular, se está me xingando e do quê...

- Se você não atender por bem, vou fazê-lo atender pelo cansaço. – sentei na minha cama e cliquei em seu nome mais uma vez, iniciando a décima ou décima primeira chamada.

Foi assim que permaneci pelos vinte minutos seguintes até receber uma mensagem de Sharon.

North Hualapai Way, 334, Las Vegas – NV

Deixei seu nome na portaria do condomínio. Pare de sofrer entre quatro paredes como eu fiz e vá atrás dele.

Fiquei observando a mensagem por longos 2 minutos. Um quinto deste tempo foi para decidir qual desculpa eu daria para minha irmã me emprestar seu carro pelo final de semana inteiro.

- Apenas pegue e saia correndo, Bailey. Ela vai entender. – obviamente, tirei um print da mensagem de Sharon e, assim que liguei o carro e virei a esquina, vendo minha irmã e Jace saindo correndo de dentro de casa, enviei para ela.

Como uma boa irmã rebelde que ela foi – e às vezes ainda se diverte sendo de vez em quando – não me ligou para me xingar, o que significou que ela aprovava tanto quanto todo mundo que estava sabendo – a.k.a. Nikki, Jess e Sharon – minha atitude.

O caminho de Salt Lake para Las Vegas era de quase 5 horas e meia. Durante todo esse tempo, parando somente duas vezes para ir ao banheiro e reforçar a cafeína no organismo, não pude, nem um pouco, decidir o que eu falaria para ele quando o visse ou como faria para que ele me ouvisse sem virar as costas e ir embora.

Percebi minha dificuldade em reunir palavras que pudessem descrever minha escolha por ele. Durante os pensamentos, cenas de nós dois nos últimos 7 meses surgiram, mostrando N razões pelas quais eu poderia ter me apaixonado por ele, mas nenhuma para que ele se apaixonasse por mim. Desde que nos conhecemos, Scott esteve atrás de mim o tempo todo, seja me salvando ou salvando minhas amigas, ou, no pior dos momentos, salvando a prima dele.

Decidi parar no próximo posto para beber mais uma dose de café. Era exatamente o que eu precisava para entender o quadro. Eu estava tão perdida porque nunca havia estado nesta situação, de ter de correr atrás de uma pessoa. No passado, minha timidez era a causa principal. Dei sorte com Maximus porque era algo recíproco. Tudo o que precisamos, foi de Greg e Nikki para nos unir. Agora é diferente. Desde Miami, sempre fui abordada e jamais precisei fazer mais do que aceitar alguns drinks nas festas para saber que estava sendo paquerada.

Mensagens de encorajamento de Nikki, Jess e Sharon chegavam a todo momento. Aparentemente, elas perceberam que eu fui louca o suficiente para pegar cinco horas e meia de estrada sozinha, em um carro que nem era meu, e por isso obstáculos como o cansaço e o tédio, seguido pelo sono, poderiam atrapalhar, e muito, o trajeto até meu destino final. Além disso, poderia ocorrer – e ocorreu – de eu perder uma entrada ou outra porque estava presa nas palavras que deveria falar para Scott quando o visse.

A casa da família Griffin ficava dentro de um condomínio, em uma área residencial, mas bastante próxima do centro turístico de Las Vegas. Não foi difícil me identificar, já que pareceu que Sharon entregou até meu tipo sanguíneo para o porteiro. Assim que eu disse meu nome e identidade, e o guarda externo confirmou a placa e modelo do meu carro, o crachá de visitante foi entregue e tudo o que precisei fazer foi seguir o carro da segurança até o local.

- O dono da casa ainda não chegou. – o segurança disse quando saí do carro para ir até a porta tocar a campainha.

- Como? – o encarei, descrente da minha má sorte.

- Você é a primeira. – foi tudo o que disse e acelerou com o carro em direção à portaria.

Observei o carro se afastar para então me tocar do que ele havia dito.

Voltei meu olhar para a casa, percebendo que não havia mesmo sinais de que havia alguém ali dentro. Ela estava escura e sem nenhum carro na garagem.

- Você quer ficar extremamente brava, Bailey, mas não ficará, porque você está em débito com ele. – comecei a falar comigo mesma. – Além disso, vamos olhar pelo lado positivo. Você deve ter alguns minutos ou horinhas a mais para pensar no que dizer.

Só que ao invés de ouvir a mim mesma, voltei para o carro furiosa e liguei para Sharon que, pelo jeito, estava em uma festa com Jessica.

- Ele não está aqui. – disse, em meu tom menos irritado possível, o que não deve ter sido nada sutil, já que logo o barulho atrás de Sharon diminuiu e tudo o que pude ouvir foi:

- Você está no viva-voz. – de Sharon, ao mesmo tempo em que Jessica gritava:

- Por que diabos ele não está aí? A mãe dele não havia dito que ele já tinha saído?

Fechei meus olhos e soltei um longo suspiro. O pensamento logo me chegou à cabeça e não pude recebe-lo de boa vontade, pois significava uma viagem perdida e muito dinheiro em gasolina e pedágio gasto.

- Talvez ele tenha ido acampar. – disse, fazendo as duas, que tagarelavam motivos, se calarem. – Ele foi acampar. – gemi, sentindo na ausência de som delas, o consentimento.

- Calma. Jessica vai te ligar – Sharon disse. – e eu vou procurar ele.

- Você acha que ele irá atender? – perguntei, mas ela já tinha desligado.

Aguardei cerca de um minuto e meio até o celular vibrar, mostrando Jessica.

- O idiota não sabe que a gata faz parte do nosso clã. Não tem como ele saber que ela ajudou você e ter mudado os planos.

Ignorei o fato de Jess ter chamado Sharon de gata e Scott de idiota, e pus-me a pensar em milhões de maneira de tentar esquecê-lo, tamanho era a raiva de ter feito o papel de boba ingênua e ter vindo até aqui sem antes não confirmar se era aqui que ele estaria.

- Ele o quê?

- Ele está no acampamento, não está? – perguntei ansiosa.

- Não. – a voz de Sharon surgiu ao fundo. – Mas não posso confirmar porque o número está dando fora de área.

- Se está fora de área, é porque ele está acampando.

- Ligue para Nicole, fale para ela ir até lá. – Jessica mandou.

- Você não tem carro? Podemos ir lá nós mesmas.

- Eu não tenho carro desde que dei P.T. no meu carro e do meu pai.

- Você deu P.T. em dois carros?

- Da primeira vez, admito que foi culpa minha. Mas na segunda definitivamente não fui eu! A vaga estava liberada depois da meia-noite e o cara simplesmente surtou e decidiu descontar no meu carro!

- Podemos falar de algo mais importante do que dois carros que já devem ter virado sucata? – disse, nervosa, ouvindo as duas pararem de falar.

- Escuta, não saia daí. Vou ver o que aconteceu. ­– Sharon disse. – Pode ter havido um acidente também. Vou ligar para alguns amigos dele, enquanto isso Jessica irá ligar para Nicole e pedir que ela vá pessoalmente até a área do acampamento. Tenho quase certeza de que ele não está lá, mas é bom confirmarmos. Estou um pouco preocupada também.

- Fique aí ou será mais uma preocupação para nós. Já passa da meia-noite e você fez bem mais que cinco horas e meia de estrada.

- Eu vou confirmar na portaria se eles têm a chave reserva da casa. Se estiver com um vizinho, por conta do horário ficará complicado conseguir. Mas se o carro for confortável, então aproveite para ficar aí. O problema só é a bateria.

- Tudo bem, o carro é novo. – disse, lembrando a mim mesma de que precisava mandar uma mensagem para Naomi dizendo que eu havia chego ao destino e o carro dela estava inteiro.

- Por que ela dormiria dentro do carro na rua? Vá para um hotel, você foi com um cartão de crédito, não é? – Jessica perguntou.

- É um condomínio bastante seguro e com muitos idosos e famílias com criança. Não tem problema dormir no carro. Já fiz isso duas ou três vezes. – Sharon disse.

- É? – Jess perguntou. – E com quem?

- Eu vou dormir. – anunciei, vendo que as duas começariam novamente uma discussão na qual eu não pertencia. Antes dela poderem fazer o silêncio constrangedor e então voltarem ao assunto, desliguei a ligação e inclinei o banco para que pudesse deitar. Deixei o carro ligado, porque apesar de Nevada não ser frio como Salt Lake, nenhum lugar nos Estados Unidos enfrenta um calor na madrugada a ponto de poder dormir sem o aquecedor ligado.

Eu não percebi minha exaustão até o dia estar amanhecendo. Aparentemente, aqui dentro do condomínio também há os adolescentes que fazem um trabalho seguro, jogando jornais nas portas das pessoas. Um deles bateu no meu vidro, perguntando se estava tudo bem comigo.

Desci a janela do carro ainda sonolenta e perguntei que horas eram, me esquecendo completamente do relógio do carro ou do celular que estava completamente carregado.

- Cinco e meia. – ele disse. – Você esqueceu a chave da casa? – e olhou para a residência dos Griffin.

- É. Estou esperando uma pessoa chegar com a chave. – espreguicei e olhei para o garoto. – Você não teria café, teria?

- Claro, minha avó sempre acorda mais cedo que eu. Eu entrego os jornais todo domingo, mas ela acha que é como ir trabalhar como gente grande. Ela faz café para ela e chocolate quente pra mim – ele ergue os ombros.

O garoto, Justin, me trouxe o café em um copo grande de isopor, além de alguns sanduíches, coisas da vovó, ele disse. Dei-lhe uma grana como agradecimento e o vi voar para longe de mim em sua bicicleta.

Voltei a me aconchegar dentro do carro aquecido e dei uma olhada no celular para ver se havia alguma mensagem das meninas. Em nosso chat, apenas o contato entre elas com Nikki confirmando que Scott não estava no acampamento, mas que os amigos haviam dito que ele estava considerando não ir para Vegas esse ano.

- Ótimo. – murmurei. – Idiota mais uma vez, Bailey. Parabéns.

Desliguei o carro após tomar o café da manhã da avó de Justin e saí para espreguiçar e fazer uma caminhada. Talvez fosse o suficiente para eu conseguir fazer a viagem inteira de volta. Eu queria poder ter 21 anos para ir aos cassinos, ao invés de Salt Lake e ganhar toda a grana que gastei nessa viagem de volta nos jogos.

Infelizmente, 17 anos não é o que chamamos de adulto, muito menos confiável para jogos de azar. Assim, caminhei alguns metros e voltei, apenas para me aquecer.

Eu estava pronta para:

1. Desistir de Scott.

2. Voltar para Salt Lake City.

Entrei no carro e o liguei novamente, satisfeita em não ouvir uma falha na bateria, pelo fato de ter passado as últimas 10 horas ligado direto.

Porém, quando eu estava para passar a marcha para o drive, reconheci o carro de Scott se aproximando e entrar na garagem, onde estacionou e permaneceu alguns minutos até sair e se dirigir à uma mochila no porta mala.

- Imbecil. – foi tudo o que consegui dizer antes de desligar o carro e ir andando em passos rápidos e pesados até ele.

- Mas o qu-- – o ouvi dizer, mas foi calado pelos socos que eu lhe dava na altura do peitoral.

- Você! – falei brava, mas não alto por não ter voz o suficiente. – Você acha que pode chegar a essa hora e sair impune? – dei-lhe socos. – Eu roubei o carro da minha irmã e levei quase sete horas para vir até aqui! – e mais socos. – Passei a noite dentro desse carro minúsculo! – e ainda mais socos. – Tudo porque você é um idiota que tira conclusões precipitadas justamente quando não deve!

Eu teria lhe dado mais socos, se ele não tivesse agarrado meus pulsos e me feito parar de lhe agredir.

- Você está aqui desde ontem?

- Desde ontem? – gargalhei. – Eu saí de casa às seis e meia da tarde, então faça as contas!

Não demorou muito para ele arregalar os olhos e se afastar, me encarando da cabeça os pés, o que me deixou ainda mais furiosa. Ele me deixa neste estado e ainda tem a audácia de querer avaliar a minha aparência?

Pelo fato das minhas mãos estarem presas pelas dele, que segurava meus pulsos, passei a tentar chutá-lo, o que não foi uma boa ideia, pois quase caímos os dois no chão gelado. Mesmo assim, não me importava com a dor física, já que ela não poderia ser nem um pouco pior do que a psicológica.

- Você veio até aqui—Wright, pare de tentar me agredir. – tentou falar, mas eu estava tão envergonhada que apenas fechei os olhos e tentei me soltar de seus braços para poder voltar a lhe bater.

- Você... você! – murmurava, sentindo meus olhos arderem com a raiva. – Você acha que é divertido brincar assim com as pessoas? Pois não é divertido para mim! Me fazer apaixonar por você, para então reverter a culpa para mim, como se eu tivesse escolhido Maximus ao invés de um idiota como você!

Ouvi sua risada, o que me deixou, se é que possível, ainda mais lívida de raiva. Meus pés definitivamente pararam de se preocupar com a gravidade que nos prejudicava e acabava tentando nos levar ao chão, e começou a pelo menos tentar pisar nos pés dele.

- Você quer parar?

- Não até eu machucar você. De verdade. Fisicamente. Fique parado para eu dar uma ajoelhada em suas bolas, caramba!

Scott riu mais uma vez, mas antes que eu pudesse ter a ideia de usar minha cabeça para machuca-lo também, sua mão direita soltou meu pulso e envolveu minha cintura, puxando-me para o que eu me lembro ser um beijo bem dado.

Eu culpo minha falta de sanidade e o excesso de café da avó de Justin. Não pude pensar em mais nada senão enlaçar seu pescoço e aproveitar o que deveria ter acontecido há dois dias.

- Calma? – ele perguntou durante o beijo, mas não lhe respondi, somente continuei o beijando até o ar faltar a ponto de fazer o peito doer. – Você devia estar mesmo desesperada em me ter, para roubar um carro, pegar uma estrada sozinha até aqui e pernoitar na rua.

- Cala a boca. – murmurei. – A culpa foi sua.

- Tudo bem, vamos dizer que seja assim. – ele disse, me puxando para um abraço, de modo que senti seu queixo apoiar em minha cabeça. – Você veio então me dar a resposta de meu último desejo?

- Último desejo... – resmunguei. – Só por causa desse rolê todo que você me meteu, deveríamos anular seus desejos e eu quem deveria ter pelo menos um.

- Você quer um desejo? – ele se afastou e me olhou nos olhos com aquele meio sorriso de deboche. – Para uma garota, até que você está sendo bem boazinha.

- Queria ver você me chamar de boazinha se eu conseguisse ter chutado suas bolas.

Scott gargalhou.

- Meu desejo é que me ame. – falei, vendo-o parar com as risadas e me encarar. – Me ame como nunca amou ninguém e por tanto tempo que precisará de dezenas de vidas para conseguir igualar o que irá me amar nesta (vida).

Ergui meu olhar para ele, que tinha um sorriso sereno estampado no rosto.

- Você só vai poder parar de me amar quando eu mandar. – murmurei.

Suas mãos seguraram meu rosto, na altura de minhas bochechas, praticamente cobrindo-as inteiras com as palmas. Me deu um leve selinho nos lábios e olhou bem no fundo dos meus olhos.

- Não se preocupe, Wright, irei garantir que você seja devidamente amada pelo equivalente a pelo menos um milhão de vidas.

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