Picture of an Alpha

By QuaaseGay

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- Eu quero que você queira me beijar. - Mordeu o lábio inferior e olhou para o chão. - Então, quando você qui... More

Breve Introdução
Prólogo
Lycan University
Um encontro inesperado
Você ainda me deve um beijo.
Por que você foi embora?
Conversas
Por que você é assim?
Tentando falar de sentimentos
Cuidados com quem se ama
Quero me entender com você
Detesto falar de sentimentos
Buscando ajuda
Perdidas em um mundo só nosso
Grite somente para ela
Fresco, como chuva.
Se for ficar, seja firme.
Um segredo meu, agora é nosso
O primeiro passo.
Sorrisos que durarão até a manhã seguinte
Senhor, me ensina a nadar
Contemplar a vida
Ver o mundo através de seus olhos
Minha alfa
Todos esses anos
Festa, emoções, adrenalina.
A mais intensa sensação
E eu tentarei... Consertar você
Alegria de viver
Faz sentido sentir medo?
E para você, o que é ser bem sucedido?
Eu encontrei um amor para mim (Epílogo)

Mal entendidos

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By QuaaseGay

OLHA QUEM VEM VIRANDO A ESQUINA É A AUTORA COM TODA ALEGRIA ATUALIZANDO 💃

Desculpa, vi isso em uma fic - Em um piscar de olhos, LEIAM! - E tive que entrar assim HSUAHSUAHSUAHS

O cap ficou mais longo do que eu imaginava, infelizmente para mim - que necessitarei de mais inspiração para o próximo - e felizmente para vocês que amam capítulos longos.

Em caso de erros, deixem nos comentários.

Espero que se divirtam e pfvr, tentem não passar raiva, ok?

Beijos e nos vemos lá embaixo.

Isso soou bem sexy. Gostei.

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Lauren

Quinta feira foi um dia movimentado. Eu e minhas amigas tivemos um trabalho para apresentar e mais dois para entregar. Estávamos exaustas mas ainda tínhamos disposição para ir à festa.

A Sigma Alpha era a maior fraternidade da Lycan. E essa em especial era chamada de Blank Out, era a primeira das três maiores festas do semestre.

No manual dos freshman, que eu recebi no dia da matrícula, vinha escrito sobre essas festas do primeiro semestre.

A primeira, era a Blank Out, todo mundo tinha que ir de branco, a segunda, em outubro, era a PhantonSigma, tinha como tema o Halloween e a última, era a EndYear, de ano novo.

Até hoje não sei como Ashara conseguiu comprar os ingressos para nós irmos às três festas, eram disputados. Obviamente, a faculdade só falava disso e como era meu primeiro ano, claro que estava empolgada e ansiosa.

Não vi Camila nenhuma vez e tentei não me aborrecer com isso, eu ainda estava chateada com ela, afinal. Estávamos agora no dormitório de Al, nos arrumando para ir à fraternidade.

Ashara havia sumido logo depois do primeiro horário, provavelmente estava com algum alfa e quando eu e Alice saímos da faculdade, ela nos encontrou na porta do prédio, dizendo que tinha levado nossas coisas para o apartamento da loirinha para nos arrumarmos juntas.

E foi uma ideia excelente, pois estava divertido, já que enquanto nos vestíamos, bebíamos cervejas. Haviamos conhecido a colega de quarto dela, uma japonesa bonita e muito elegante, chamada Yoko Fujita.

Era uma garota legal, também iria à festa, então pode imaginar a bagunça que fizemos no banheiro e nos quartos daquele dormitório.

- Meninas! Mal posso esperar para encontrar o Kiraya. - Yoko falou enquanto vestia o vestido branco. - É o meu alfa... - Explicou.

E logo ela e Ash engataram em uma conversa aninada sobre os alfas de outros cursos que estariam presentes e a japonesa ficou de apresentar seus amigos para a minha colega de quarto.

Não pude evitar pensar em Camila. Queria demais que ela fosse, mas ao mesmo tempo, seria ruim estar na mesma festa que ela e não poder beijá-la. E pior seria se eu tivesse que presenciar a quantidade exagerada de ômegas dando em cima dela.

Chacoalhei minha cabeça, evitando pensar nisso e terminei de amarrar as tiras de meu sapato.

Eu usava um vestido branco com alças finas, um leve decote e justo na cintura, deixando a saia soltinha. Nos pés, um salto preto bem alto, porém muito confortável, eu havia pego emprestado de Alice.

Não exagerei na maquiagem, apenas destaquei meus olhos, eram a parte favorita do meu corpo e nos lábios apenas um brilho.

Camila não estaria lá, então não teria ninguém para impressionar, iria apenas conhecer gente nova e curtir a festa ao lado de minhas amigas, que modéstia à parte, estavam espetaculares.

Alice usava uma saia branca comprida até os pés com uma enorme fenda e um cropped de manga comprida soltinha. Não exagerou na maquiagem, ela já era bonita naturalmente e honestamente falando, não parecia interessada em se produzir muito, como eu.

Já Ashara optou por um tubinho branco que beijava suas curvas de forma quase obscena e um scarpin preto alto com solado vermelho. Eu achei lindo o contraste que ficou com sua pele, na verdade, eu amava o tom de pele dela. A ômega sempre se cuidou muito, passando cremes e protetores solares, de longe se via o quanto ela se preocupava com isso.

A japonesa vestia um macacão de shorts bem curto por cima de um sutiã azul marinho rendado. Estava ousada e elegante em cima de uma sandália da mesma cor da lingerie.

Kiriya iria morrer ao vê-la.

Descemos em uma conversa super animada e rindo bastante, já que nós bebemos um pouquinho a mais do que o esperado, enquanto nos arrumávamos.

Fiquei levemente surpresa ao ver Machine encostado em um porsche cayenne branco. Alice correu até ele e pulou em seus braços, me deixando boquiaberta.

- É... - Ash deu dois tapinhas em meu ombro. - Eles estão no chove e não molha. Quem sabe hoje se pegam de uma vez.

- Deixo-os, Ash. - Ri e a empurrei de leve.

Saber daquilo me deixou triste, pois me dei conta de que estava tão envolvida com Camila, que deixei minhas amigas de lado. Eu precisava passar mais tempo com elas.

Estava tocando Humble do Kandrick na rádio e logo nós começamos a cantar e rir da nossa desafinação. O caminho foi tranquilo e muito animado, Machine me pareceu ser um cara legal, apesar dos rumores.

Uma certa preocupação se apossou de mim, eu sabia que ele era um cara, digamos, bem diferente de Al. E lembrar de Camila me contando os lugares que ele a levava não me fez sentir segura sobre esse relacionamento.

Mas quem era eu para dizer a Alice com quem ela podia ou não se relacionar? Eu tentaria conversar com ela sobre isso mais tarde.

A casa estava lotada, a pista estava cheia e a música alta invadia meus ouvidos e mexia com o meu corpo. Poucos cheiros estavam no ar, devia ter exaustores espalhados, o que era bom, já que alfas conseguiam deixar ambientes insuportáveis com a mistura de aromas.

Pessoas bêbadas andavam tropegas e algumas garotas riam sem parar, confesso que me divirto muito em lugares assim. Eu amo festas!

Fomos até o bar pedir algo, enquanto Al e Machine sumiram por entre os demais. Os bartenders estavam sem camisa e com tintas neon pelo corpo, eram sarados e estavam sempre sorrindo para nós.

- Caralho que festa! Não acredito que estou aqui! - Comentei.

- Vai se foder, branquela, que eu não gastei cinquenta dólares no seu ingresso para você não acreditar. - Ashara respondeu e eu ri.

E de fato isso me lembrou que eu devia à ela pelos ingressos. Eu sequer havia me lembrado de comprá-los, dei um beijo em sua bochecha e a abracei por ter feito o gigantesco favor de comparar para mim.

- Noooossa... A Lauren tá pelada! - Yoko apontou para mim e eu e Ash franzimos o cenho.

A japonesa já estava bem alterada, ela era fraca para álcool e desde o dormitório já estava falando coisas sem noção.

Minha amiga olhou para mim um tempo e começou a gargalhar. Estava a rir muito mesmo, olhei para meu corpo e não vi nada de errado.

- Aff sua burra. Não creio que vou ter que te explicar a piada. - Ash revirou os olhos e Yoko riu ainda mais. - Você é tão branca que a roupa some em você, por isso ela disse que você está pelada.

As duas voltaram a rir e eu revirei meus olhos. Peguei minha batida de limão e fui para a pista, iria dançar até não poder mais. As garotas logo me seguiriam, havia tanta gente!

Rihanna começou a tocar e só eu sei o quanto fico louca quando toca S&M, ou qualquer outra música dela. Me soltei mesmo, acompanhando a batida da música e rebolando sobre meus saltos, as pessoas ao meu redor se exaltaram junto comigo e todos dançavam, ômegas se jogavam em cima de alfas e muitos se pegavam fortemente.

Camila podia estar aqui. Droga.

Fiquei ali sem saber quantas músicas eu havia dançado e quantos copos eu bebi. Dancei com algumas ômegas que estavam por perto e até mesmo alguns alfas, só parava para encher meu copo.

A batida sensual e romântica começou a tocar e senti mãos envolverem minha cintura. Um cheiro bom invadiu meus pulmões, cheiro de alfa e foi isso que me impediu de empurrar quem quer que fosse.

Virei-me nos braços fortes e me deparei com castanhos claros. Ele era mais alto do que eu e tinha o cabelo curto e despojado. Porra, o alfa era um gato!

- Dança comigo? - Sussurrou em meu ouvido.

Sua voz entrou por meus ouvidos e me arrepiou, fazendo meu coração pular uma batida. Apenas assenti, hipnotizada pelos castanhos tão profundos, suas mãos apertaram minha cintura e eu voltei a acompanhar a batida da música.

Dancei com ele, com nossos corpos colados e em nenhum momento ele tirou as mãos de minha cintura, passei meu nariz por seu pescoço, senti o cheiro forte e muito atraente. Era tão bom, arrisco dizer que nunca havia sentido um aroma natural tão bom.

Reparei o quão bem nossos corpos se encaixavam, os passos eram sincronizados e nós nos entendíamos na pista, em nenhum momento nos atrapalhamos, foi como se nós estivéssemos conectados.

- Qual seu nome? - Sussurrou perto de minha orelha e mais uma vez meu coração tropeçou.

- Lauren. - Respondi, sussurrando em seu ouvido.

Ele era um alfa tão lindo. A forma delicada com que me segurava, o jeito que nossos corpos se respondiam e seu cheiro, tudo aquilo estava mexendo com algo dentro de mim.

- Prazer. - Sorriu e eu não pude deixar de sorrir junto. - Sou Tobias. Tobias Maldonado.

- É um prazer te conhecer. - Sorri.

Foi a vez de uma balada bem brega e romântica tocar, ele puxou-me para si e eu deitei minha cabeça em seu peitoral forte, apreciando seu cheiro de alfa. De alguma forma, senti-me segura com ele, protegida.

Quando a música acabou, fomos até o bar e paramos ali para esperar nossas batidas. Avistei Ashara caminhando para fora da casa, rumo a piscina e dei um toque para Tobby, avisando-o onde ia.

- Ash! - Puxei seu braço.

- Me solta, caralho. - Rosnou para mim, soltando-se bruscamente.

- O que eu te fiz? - Praticamente gritei, irritada pela grosseria gratuita.

Ela puxou-me para um canto afastado, já que alguns que ali estavam prestavam atenção em nós com olhares curiosos.

- O que estava fazendo com aquele alfa? E a Camila? Esqueceu dela? - A garota estava em fúria.

Não entendi o porquê dela estar colocando a alfa na conversa, eu de fato havia me esquecido, mas isso não vinha ao caso, ela não estava aqui, afinal. E eu estava apenas dançando, não havia beijado Tobias e nem algo perto disso.

- O que tem a Camila? Eu não a esqueci. - Respondi, ela me encarava com raiva e eu não entendia o motivo disso.

- Pois parece que esqueceu. Qual a porra do seu problema? Ela não é a sua alfa? Que estava fazendo dançando com ele? - Apontou para trás de mim e logo Tobias apareceu ao meu lado.

O alfa segurava duas bebidas e vestia uma jeans branca junto com uma camisa social com detalhes pretos no colarinho e punhos.

- Você tem um alfa? - Voltou-se para mim, erguendo uma sobrancelha.

- Ahn... - Eu não sabia como responder. Eu queria muito que Camila fosse minha alfa, mas estávamos apenas nos conhecendo e somente porque ela queria assim. - Não... Eu... Estamos só nos conhecendo.

Ashara bufou ao mesmo tempo que revirou os olhos e me encarou com algo que parecia ser ódio, se olhar matasse eu já seria pó.

- Que bom, eu posso ter esperanças ainda. - Sorriu de um jeito meigo e eu quase sorri de volta se não fosse Ashara sussurrar um palavrão.

Voltei minha atenção para ela e a mesma fez um sinal com a cabeça, indicando a entrada da casa.

Olhei para trás e só deu para ver a silhueta de Camila adentrando-a. Senti meu sangue parar de circular, voltei a olhar para o lugar que Ash estava, mas a mesma já havia atravessado o jardim e sumido.

- O que deu na sua amiga? - O alfa perguntou, estendendo-me o copo.

Virei tudo de uma vez e joguei o plástico no chão mesmo, antes de entrar novamente na casa da fraternidade. Pelo cheiro, notei que Tobie ainda estava comigo, eu olhava para todos os lados, mas nem sinal de Camila.

- O que diabos você fez, Lauren? - Alice surgiu em minha frente, furiosa.

- O-O que? - Eu nunca a vi daquela forma. Al era tranquila, precisava muito para tirá-la do sério.

- Tá achando que é quem para falar assim com ela? - Maldonado se colocou em minha frente, usando a voz de alfa com Alice.

- Tá maluco?! - Machine entrou na frente de Al e rosnou alto para ele que logo se encolheu. - Usa essa voz com alfa com a minha ômega de novo e eu quebro todos os seus dentes.

Observei Tobie engolir seco e recuar um passo. Machine era muito popular, era o capitão da equipe de baseball, por isso, era muito respeitado pelos alunos e claro que todos sabiam com o tipo de coisas que ele se metia. Ninguém em sã consciência o desafiava.

- Só... Não quero que ela fale assim com a Laur. - Usou o tom normal e mais baixo.

- Crescer pra cima de ômegas é mais fácil né? - Debochou e eu senti Tobias ficar irritado, mas não rosnou e nem respondeu.

O olhar que o loiro dirigiu à mim me fez gelar e um arrepio nada legal passou por minha coluna. Ele rosnou e puxou Alice para fora dali.

- Você está bem? - O alfa perguntou-me e acariciou o meu rosto, seus castanhos tinham um brilho carinhoso e preocupado.

Assenti, mas logo me lembrei de Camila e voltei a passar os olhos pela casa. Estava escura, abarrotada de gente e o fato dela sempre inibir seu cheiro dificultava ainda mais o processo de encontrá-la.

Depois de rodar a casa toda e nem ter nenhum sinal dela, comecei a pensar o pior. E se ela estivesse com outra? E se pensou errado ao me ver com outro?

Paramos perto da porta de entrada da casa e eu respirei fundo, apesar de me acompanhar o tempo todo, ele não me perguntou quem eu procurava e eu fiquei agradecida por isso.

Era bom estar com ele, parecia ser tranquilo e eu sentia a leveza dele passar para mim, o que era muito bom, pois eu estava desesperada e com medo do que Camila poderia estar fazendo ou pensando.

- Vem, vamos esquecer o que quer que esteja te perturbando. - Abraçou-me e ainda um pouco atordoada, permiti à mim mesma relaxar em seus braços, usufruindo da segurança que ele me passava.

- Ahn... Tobie... - Consegui falar depois de um tempo.

- Sim, Lo. - Passou seu nariz pelo meu pescoço, arrepiando-me.

- Pode me levar para casa? Estou cansada e tenho aula amanhã.

- Claro, princesa. - Sorriu e beijou minha bochecha.

Saímos da fraternidade e eu reparei em uma rodinha de briga, dois alfas se socavam no meio enquanto os demais incentivavam. Um deles era Aaron e eu desejei que ele tomasse uma surra, apesar de, aparentemente, ele estar ganhando.

Camila não estava no meio deles. Respirei fundo e pedi, do fundo do meu coração que ela não estivesse fodendo com uma ômega qualquer.

Entrei no carro dele, um pálio prata simples e seguimos caminho em silêncio. Fingi estar quase pegando no sono apenas para que ele não puxasse conversa, sabia que faria perguntas e eu não estava nem um pouco afim de dar respostas.

Quando chegamos, vi Alice conversando com Yoko e só então pensei na minha colega de quarto. Eu havia deixado minha chave em casa, já que Ashara levaria a dela.

- Ei... - Ouvi a voz do alfa e me virei para ele. - Posso... conversar com você na faculdade? - Franzi meu cenho, geralmente os alfas pedem o número. - É que te observo desde o primeiro dia de aula... Somos da mesma sala.

Saber disso me fez sentir uma péssima colega de sala, pois nunca havia sequer o visto. E olha que era um alfa lindo, muito bem vestido e... Bom, se encaixou em mim.

- Eu não quero ser precipitado e pedir seu telefone, afinal você está enrolada com alguém... Mas eu gostaria de te conhecer melhor e gostaria que você me conhecesse... Sei lá... - Corou um pouco e sua timidez me fez sorrir. - Só quero uma chance.

- Bom... Você pode falar comigo na faculdade. - Sorri. Ele poderia ser um bom amigo, eu gostava dele. - Eu sou grata pela carona, mas tenho que ir agora.

Ele assentiu e nos despedimos com um beijo no rosto. Desci do carro e fiquei magoada ao ver que Alice parara de sorrir ao me ver.

Yoko me cumprimentou e logo subiu as escadas para dentro do edifício. Suspirei e me aproximei da minha amiga, eu não entendia porque elas haviam ficado tão bravas comigo.

Eu havia contado sobre Camila, então mesmo que eu tivesse ficado com ele, não havia motivos para tanta revolta.

- Oi... - Cumprimentei insegura.

- Oi, Laur. - Alice disse com a expressão relaxada e aquilo me aliviou. - Está tudo bem? Achei que ia ficar a noite toda na festa.

- Achei melhor vir embora. Você e Ashara ficaram tão putas comigo que acabei perdendo o gosto.

- Entendi... - Ela se virou para subir as escadas e aquilo me fez perceber que ela não iria me pedir desculpas, então estava convencida de que sua atitude comigo estava correta.

- Ei! - Gritei e corri atrás dela, que parou na porta do prédio. - Não acha que me deve uma explicação para essa braveza toda?

- Não te devo explicação nenhuma, Lauren. - Falou calmamente, como sempre e suspirou. - Não gostei da sua atitude naquela festa. Como acha que a Milk se sentiu ao ver aquilo?

Foi a minha vez de suspirar. Prendi meu cabelo com um elástico preto, que inclusive, era de Camz. A loirinha sentou-se no primeiro degrau da escada e eu a acompanhei.

- Como você se sentiria se fosse ela? - Me sentiria péssima. - Como se sentiria se a ouvisse falar para outra ômega que você é somente alguém quem ela está conhecendo?

Ela realmente ouviu?!? Droga!!

Fiquei sem palavras diante daquilo. Claro que me faria mal, óbvio que eu detestaria e provavelmente choraria muito, mas ela mesma disse que eu poderia ficar com outros, então será mesmo que aquilo havia a abalado tanto?

- Eu estou brava porque detestei sua atitude e detestei ainda mais ao saber que Camila havia presenciado tudo! - Levantou-se e chamou o elevador. - Porra se você quer a garota, como que do nada sai dançando com outro daquela forma?

Minhas amigas me viram dançar com o outro alfa, então. E ambas falaram com Camila, o que eu não entendia é que se ela estava na festa, porquê não veio até mim? Por que foi embora sem ao menos falar comigo. Nem que fosse para brigar!

Eu também não entendia a forma que fui tão receptiva em relação à Tobias. Simplesmente gostei da aproximação dele e o deixei ficar.

Entramos na caixa de metal. O dorm dela ficava no quinto andar, então o curto tempo em que ficamos ali, ficamos em silêncio.

- Lo, toma um banho e veste essa calça e essa camiseta aqui. - Jogou as roupas em meu colo. - Eu não tenho calcinha para emprestar. 

Sorri com seu gesto e fui para o banheiro, assim que terminei meu banho coloquei a roupa de Al, ficou um pouco justa em minha bunda. Achei melhor ficar sem calcinha mesmo, logo de manhã eu voltaria para meu dormitório e faria Ashara abrir para mim.

Só espero que amanhã ela não esteja mais tão brava comigo.

O quarto de Alice tinha uma poltrona reclinável muito confortável e eu me acomodei ali com um cobertor e algumas almofadas.

- Al... - Murmurei depois de um tempo e ela fez um som anasalado. - Eu não iria ficar com ele. - Minha frase a fez se remexer na cama e ficar virada para mim. - Admito que me senti atraída. Senti... coisas... Mas foi só uma dança.

- Coisas? Sabe Lo, eu vou te apoiar caso queira ficar com ele e não com a Milk. Estou aqui para você sempre, sou sua amiga. Só não gostei de sua atitude porque sei que se fosse ao contrário, você ficaria destruída. E... Depois do que houve... Você lembra... - Assenti e suspirei.

Como eu não lembraria do que ocorreu com ela e Ashara quando resolveram ir à uma organização de luta clandestina?

- Eu tenho muito carinho por ela. Ela me ajudou e veio todos os dias ver como eu estava, até fez comida para nós naquela semana. Sem contar que ela é amiga do Colson.

- Quem?

- O Machine. - Rimos um pouco.

- Ah... - Murmurei em concordância. - E  falando nisso... Sem querer ser a amiga chata, mas já sendo. Você sabe como ele é e as coisas que ele faz, não é?

- Eu sei... - Ela suspirou e eu fiz uma careta. - E você não está sendo chata, apenas preocupada. O que só mostra o quanto gosta de mim e se importa. - Sorrimos uma para outra. - Eu não o impeço de fazer nada, sabe? Ao contrário do que ele disse, Machine não é meu alfa. Nós apenas estamos saindo... Sequer nos beijamos ainda. Não quero me precipitar e definitivamente não quero ter uma relação séria com alguém que só se mete em encrencas. Talvez com o tempo, ele mude... Se não mudar, eu procurou outra pessoa.

- Caramba Al... Você parece ser tão fria. - Rimos. - Tipo, ah se não der certo eu arrumo outro. Como quando quebramos um fone e vamos atrás de outro.

A loirinha riu e sentou-se na cama para me encarar melhor. Ela usava um conjunto fofo de pijama vermelho e cinza, seus cabelos ainda estavam arrumados, mesmo ela tendo estado deitada pela última meia hora.

- Não quis soar assim. - Apertou o travesseiro em seus braços. - Mas eu não vou ficar sofrendo e tentando fazer ele mudar. Ele tem que fazer isso por si próprio e não por mim, se não der certo, claro que ficarei triste, mas não vou parar de viver por isso. Vou encontrar um alfa que se encaixa melhor em mim e serei feliz com ele. - Ela bocejou e logo deitou novamente. - Boa noite, Laur.

- Boa noite, Al.

Durante um tempo, fiquei pensando nas palavras de Alice. E se eu não desse certo com Camila? Era certo eu ficar esperando até que ela esteja pronta? Ou ela quem deveria vir até mim depois de concluir seu tratamento?

Tobias entrou em meus pensamentos também. Parecia ser um bom alfa, mas Aaron também e olhem só no que ele se transformou. O alfa que eu conheci hoje foi gentil e respeitoso, meu coração errou a batida assim que eu cruzei meus olhos com os dele e isso só havia acontecido uma única vez, com Camila.

Mas as coisas com ele foram um pouco mais intensas, eu senti as emoções dele, senti seu cheiro. Será que isso era o que faltava para eu me ligar ainda mais à Camila?

Eu sou completamente apaixonada por aquela cafajeste idiota, enquanto que por ele, eu apenas sentia atração e alguns sentimentos bons. Se ele desaparecesse de minha vida, eu não sentiria falta, mas quando ela fez isso... Eu cheguei a ficar doente.

Como será a minha reação quando eu sentir o cheiro natural dela?

E com essa dúvida em meu pensamento, adormeci.

[...]

- AHSARA ABRE ESSA MALDITA PORTA! - Berrei em plenos pulmões e logo a garota abriu.

- Desculpa! - Falou, me dando espaço para entrar. - Eu acabei de chegar, estava no chuveiro.

E ela de fato estava, pois veio me atender com a toalha enrolada no corpo. Deu um beijo em minha bochecha e caminhou para a cozinha.

Franzi o cenho para seu comportamento, mas achei melhor não dizer nada, não queria ter uma discussão e se ela já havia esquecido o que aconteceu na festa, eu que não a lembraria.

A vi tomar remédios, provavelmente para ressaca. Eu já havia tomado no dormitório de Alice enquanto tomávamos café da manhã.

Assim que abri a porta do meu quarto, tive uma surpresa. O chão tinha pétalas de rosas que estavam presentes também em cima da cama. Velas - agora já queimadas - estavam presentes em pontos estratégicos do ambiente.

Ao lado de minha cama tinha um buquê de rosas brancas e ao lado do miniCamz havia uma caneca, igual a que eu vi no apartamento dela. Estava cheia de pequenas trufas.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu peguei as flores, antes de sentar-me na cama. Olhei mais uma vez para o chão, que estava lindo com as cores amarelas, vermelhas e brancas das pétalas.

Ashara se apoiou no batente te apagou a luz, logo percebi o teto cheio de pisca pisca de led. O que significava tudo aquilo?

- Milk disse que você gostava de estrelas, então queria fazer esse efeito. - Ela explicou, como se lesse meus pensamentos e acendeu a luz. - Por isso eu sumi ontem, eu a ajudei. Ela iria te encontrar na festa e depois te traria para cá. Até subornamos o guarda da noite. - Sorriu triste. - Esse seria seu pedido de namoro, Laur. - Aquilo soou como uma facada em meu peito. - Bom, não deu certo...

E dizendo isso, se retirou. Só então entendi o motivo delas terem ficado tão revoltadas comigo, tiveram o trabalho de me manterem fora do apartamento, Ash se propôs a ajudar Camila e no fim... Eu estraguei tudo.

Fui até meu guarda roupa e tirei de lá uma calça jeans e uma blusa qualquer, precisava falar com Camila urgentemente. 

Depois de ter tomado banho, fui até a cozinha e preparei um lanche natural para minha colega, que havia voltado a dormir e com toda certeza não iria para aula. Guardei o lanche na geladeira para que ela pudesse comer quando acordasse e deixei o alojamento, à caminho da faculdade.

Não falava-se de outra coisa a não ser da festa. Havia poucos alunos, já que era sexta e a maioria não tinha aulas, ou viajavam de volta para suas cidades. E também tinha aqueles que como Ash, preferiram ficar dormindo.

No intervalo, procurei Camila por todos os cantos junto de Al, mas não a achamos. Ela também não respondia nossas mensagens e tampouco atendia ligações.

Eu já estava ficando realmente preocupada, entramos no banheiro e eu lavei meu rosto enquanto Alice entrou em uma das cabines.

- Estou te dizendo! - Uma loira chegou animada ao lado de duas amigas ruivas. - Eu transei com Camila Cabello. Têm ideia?

Elas deram um gritinho histérico e tiveram minha atenção. Só então reconheci a ômega que falou, era a mesma que dava em cima da Camila nas aulas de fotografia cinematográfica.

- Saímos da festa e transamos a noite toda no apartamento dela. - Gabou-se e as outras sorriram animadas.

Meu sangue ferveu e no mesmo instante eu deixei o banheiro. Enquanto eu andava apressadamente até o campus, chamei um uber que não demorou a chegar.

Adentrei o prédio de Camila e o porteiro, por já me conhecer, não se importou e eu pude adentrar o elevador.

Toquei a campainha incansavelmente até que a porta finalmente abriu, me fazendo dar de cara com um alfa alto e negro. Eu já havia visto ele na primeira vez que estive aqui. Provavelmente, este era Matts.

- Eita branquinha... - Ele falou para mim. - Acho que não é uma boa ideia.

Bufei e passei por baixo de seu braço que estava apoiado no batente da porta.

- Lauren! - Ele falou atrás de mim. - Lauren, não...

Mas eu já havia aberto a porta do quarto dela. Camila saiu do banheiro usando nada mais que uma cueca e um top, ambos vermelhos da marca Supreme.

Ela secava os cabelos e fingiu não me notar ali. Apenas se virou para Matts e fez um sinal, fazendo o alfa se retirar.

- O que fez ontem a noite? - Cruzei os braços.

- Sabe porque eu não tirei aquele cara de cima de você? - Se virou para mim e esfregou a toalha em seus cabelos. - Por que eu não tinha o direito de te cobrar nada. E é por isso que não responderei a sua pergunta.

- Você disse que não iria dormir com ninguém. - Trinquei os dentes e ela franziu o cenho rapidamente, antes de estender a toalha sobre o encosto da cadeira do computador.

- E o que te faz pensar que eu dormi com alguém, Lauren? - Caminhou para dentro do closet e eu a segui.

- Uma garota da minha sala, você com certeza sabe quem é, ela vive dando em cima de você na aula de segunda. Estava contando como foi bom ter transado com você.

- O nome dela é Micaela. E é gostosa para caralho. - Fechei as mãos em punhos e parti pra cima dela com raiva e socando seus ombros, até que ela segurou em meus punhos. - Eu não transei com ela, porra! Nem com ela e nem com ninguém! - Soltou minhas mãos com fúria e pegou a escova de cabelos, começando a pentear-se.

- Ah é? Então porque ela estava falando isso?

- Muitas falam, poucas fazem. - Logo me lembrei de quando eu estava em seu carro e ela havia me dito essa mesma frase. - Mas é bom saber que para você, a palavra de uma qualquer, tem mais valor do que a minha.

Em nenhum momento ela havia rosnado ou sequer erguido a voz. Sua calma me surpreendeu e suas palavras me pareciam sinceras, mas era de Camila que estávamos falando, a maior cafajeste da Lycan e não era um absurdo pensar que ela havia se deixado levar pelo que viu e ouviu na festa de ontem.

- Então por que não me diz onde esteve?

- Porque não é da sua conta. - Deu de ombros e saiu do ambiente, deixando a escova sobre a mesinha perto do espelho.

- Eu não sei o que viu, mas eu estava apenas dançando ontem. - Abracei meu próprio corpo e a observei vestir uma camiseta de basquete do Chicago Bulls, escrito "Jordan 23".

- Eu vi que estava dançando. E também ouvi que sou apenas alguém que você está conhecendo. O quão estúpida e precipitada eu seria se te pedisse em namoro, não é mesmo?

Lembrar do quarto me deixou pior. Eu queria muito que ela tivesse feito aquele pedido, agora, poderíamos estar nuas e abraçadas, felizes.

Ela não olhou para mim em nenhum momento desde que cheguei. Falava comigo como se estivesse falando consigo mesma, sem parar de se vestir com uma calça jeans preta justa.

- Por que não foi até mim? - Sentei-me ao seu lado na cama. - Você me viu dançando, podia ter nos interrompido ali!

- Engane-se o quanto quiser, mas não tente fazer isso comigo. - Olhou-me nos olhos pela primeira. - Vocês não estavam apenas dançando, aquilo era flerte. Vocês se cheiravam, se apertavam.

Levantou-se e coçou sua cabeça, deixando evidente seu nervosismo.

- Eu disse que você poderia ficar com quem quisesse, qual seria o nível da minha hipocrisia se fosse lá tirar você dos braços dele?

Ela respirou fundo e voltou para dentro do closet, voltando com um par de vans vermelhos nas mãos. Sentou-se na cama e começou a calça-los.

- Eu queria que você saísse de perto dele por conta própria. - Amarrou-os e me fitou. - Eu queria que você não quisesse estar com ele, não porque eu te cobrei fidelidade, mas porque eu sou suficiente para você. Porque eu te satisfaço e por isso, você não quer mais ninguém. - Ela se colocou de pé e olhou-me nos olhos. - Eu não transei com ninguém, não porque eu te devia fidelidade, mas porque eu queria ser fiel. Entende a diferença?

Uma lágrima minha desceu e caiu no chão. As pupilas dela estavam dilatadas e aquilo me chamou a atenção. Camila se retirou do quarto e eu fui atrás.

- Camila o que você tomou? - Segurei sua mão e a puxei.

- Medicamento, Lauren. É para controlar minha raiva, faz parte do tratamento. Pode me soltar? - Engoli seco e assenti.

A deuxei e ela pegou as chaves do Dodge. Notei a presença de Matts, o cara estava perto da porta, nos observando com atenção.

- Como nós estamos? - Falei baixinho perto dela.

- Não existe nós. - Eu coração se apertou de uma forma brutal. - Primeiro que você não confia em mim e não existe relacionamento sem confiança, segundo que eu não sou suficiente para você e eu entendo. Não pense que te culpo por se interessar por outro alfa, só não pense que vou ficar assistindo isso.

- Você está sendo injusta. Eu confio sim em você e você me basta! Por favor, acredite quando eu digo que foi apenas uma dança!

- Você acredita que eu não passei a noite com ninguém?

Mordi meu lábio. Eu não acreditava. Por mais que me parecesse sincera, ela não queria me dizer onde tinha ido, não tinha atendido nem mesmo as ligações de Alice. Se ela não dormiu com aquela ômega, podia ter dormido com outra.

Sem contar que ela já havia me deixado para transar com uma ômega e sabe-se lá o que se passou em sua cabeça quando me viu com Tobias.

- Seu silêncio diz tudo. - Ela se virou para o outro alfa. - Matts, leve Lauren até o edifício dos freshman.

- Camila! - Tentei segura-la mas a alfa se soltou bruscamente de mim e saiu do apartamento.

Desabei a chorar e o alfa se aproximou. Sem saber o que fazer, deixou-me só na sala por alguns minutos antes de voltar.

- Eu disse que não era boa ideia, branquinha... - Sussurou e me estendeu um copo com água.

- Obrigada... - Falei quando terminei de beber.

- Olha... Aquela garota ama você. - Ergui meus olhos para ele. - Você é a única ômega que entra aqui. - Arregalei meus olhos. - Nem mesmo a Cris já veio aqui.

"E transamos a noite toda no apartamento dela."

Me senti a pessoa mais idiota do mundo. Se ela nunca havia levado alguém ali, era óbvio que aquela garota oferecida estava mentindo.

- Acha que ela me perdoa?

- Tenho certeza que sim. - Ele sorriu. - E ontem ela estava em uma corrida ilegal com Machine. - Bufei, não gostava de imagina-la em lugares assim. E com certeza foi por isso que ela não queria me dizer. - Eles gostam da adrenalina e quando ela ganha, doa o dinheiro para instituições de caridade.

- Camila faz caridade? - Franzi o cenho. - Ela nunca me contou.

- Ela diz que dinheiro roubado é dinheiro do povo, então sempre que ganha, ela doa para orfanatos, ONGs e abrigo de animais. Ela não conta para ninguém, eu só sei porque descobri. - Soltou uma risada e eu sorri para ele. - Quando eu perguntei, ela disse que não contou porque não querem que pense que ela só faz isso para aparecer.

- Fazendo caridade enquanto corre ilegalmente. - Falei, mais para mim mesma do que para ele.

Nossa isso é tão ela...

- Também acho meio torto. - Ele sorriu e deu de ombros. - Mas é melhor do que não fazer.

Mais uma atitude linda de Camila que só provava o quão bom caráter ela era. E eu pensando que ela seria capaz de se deitar com outra só porque uma idiota disse isso.

Matts me levou à uma sorveteria, dizendo que eu estava muito mal e somente sorvete poderia me curar, eu acabei concordando com ele. Porém, ao chegarmos lá, parecia ele quem precisava de cura, pois tomou todos os sorvetes que seu estômago lhe permitiu.

Com ele, descobri que Camila treinava tiro no quartel e lutava com ele sempre que tinha um tempo. Ela havia me contado algo sobre isso mas nunca com detalhes. E certamente não havia me contado a surra que levava dele durante sua iniciação nos esportes.

O alfa era um cara sensacional, que me fez rir durante a tarde inteira antes de levar-me novamente no alojamento.

Contei animada para Ashara a tarde que tive pois não queria voltar a chorar. Combinamos que Alice dormiria com a gente e eu contaria para as duas a minha conversa com Camila.

Eu estava terminando de falar sobre Matts quando a campainha tocou. Já que Ash estava cuidando das panelas, desci do balcão e fui atender.

- Tobias! - Exclamei surpresa, não esperava vê-lo tão cedo.

- Ei... Lauren... - Ele coçou a cabeça e corou um pouco.

- O... O que faz aqui? - Sai e fechei a porta atrás de mim, pois não queria irritar Ashara.

- Ah... Minha irmã mora logo ali. - Apontou para o fim do corredor. - E quando eu passei e senti seu cheiro, então arrisquei bater na porta.

- Entendi... - Cruzei os braços e assenti, tentando ignorar o quão bom era o cheiro dele.

- Bom... ah... Se não estiver fazendo nada... Eu... Ahn... Gostaria, aliás pediria... para... Se você quer... dar uma volta comigo... agora.

Sorri com sua timidez, era no mínimo cômico achar um alfa tão tímido assim. Mas esse detalhe de sua personalidade só o deixava mais fofo.

Antes que eu pudesse responder, senti um perfume no ar. Flores de cerejeira e esse cheiro eu conhecia bem.

- Camila... - Sussurrei ao vê-la e sorri.

- Olá, Camilk. - Tobi cumprimentou simpático.

- Oi. - Seu tom frio me fez encolher e o alfa reparou isso, pois logo se aproximou mais de mim. - Ashara está?

- Anh... - Perdi-me um pouco em seus olhos. Os castanhos dela eram lindos e suas pupilas estavam normais agora. - S-sim. Está aqui dentro. - Abri a porta e ela logo entrou.

- Você gosta dela. - Ouvi a voz do alfa e voltei minha atenção para Tobias.

- Sim. Eu gosto. - Não podia mentir sobre aquilo, era mais do que um simples gostar...

- Todas as ômegas gostam. - Ele suspirou. - Até mesmo minha irmã, ela estava me contando que transou com Milk ontem depois da festa.

Ah, então a vadia que eu queria arrebentar era irmã dele? Apenas assenti para o que ele havia dito e logo a dita cuja saiu de seu dormitório e veio saltitando em direção à seu irmão.

- Tobie, você esqueceu seu pedaço de bolo. - Entregou em suas mãos um pote azul e logo uma mão delicada me empurrou um pouco para frente.

Camila havia saído e parou ao meu lado com os braços cruzados.

- Você gozou bastante essa noite, Micaela? 

Um pouco boquiaberta, meu olhar foi de Camila para a outra ômega que engoliu seco. Tobias não gostou nem um pouco do tom da alfa e logo inflou o peito, iniciando um rosnado.

O braço dela passou por minha cintura, me colocando atrás de seu corpo.

- Responde minha pergunta, Micaela. - Usou a voz de alfa e Tobias a empurrou, seu corpo foi para trás, me fazendo bater contra a porta.

- Olha seu tom pra falar com ela.

Ao ouvir meu gemido de dor, Camila avançou nele, o prensando na parede e apertando seu pescoço com o braço.

- Sua irmã está falando para todo mundo que transou comigo. Eu quero saber se fiz meu papel de alfa direito.

Soltou o garoto que logo levou uma de suas mãos ao pescoço, buscando desesperadamente por ar.

- E então, garota. - Cruzou novamente os braços e eu senti a presença de Ash atrás de mim.

- Desculpa, Milk. - A menina sussurrou fitando o irmão que não tinha uma cara nada boa. - E-eu vou desmentir.

- Não precisa desmentir nada. - Camila falou e em seguida olhou para mim. - Quem tinha que saber a verdade já está sabendo.

E com isso se virou e começou a descer as escadas.

- Tobie! - A ômega foi até o irmão e o ajudou.

- Vamos conversar. - Ele disse para a irmã. - Sinto muito, Lauren. Preciso falar com minha irmã.

Eu assenti e os observei irem novamente para dentro do dormitório. Ashara me puxou para dentro e trancou nossa porta.

- Que diabos, Lauren! Porque não foi atrás dela?

- E dizer o que? - Revirei os olhos e fui até a cozinha. - Ela está de cabeça quente e vai jogar na minha cara que agi mal e... Enfim. Não preciso disso agora. Milagre você cozinhando... - Tentei mudar de assunto.

- Bom, enquanto você passeava a tarde toda, eu fui às compras. Alguém tem que fazer isso nessa casa.

Ri de sua atitude e peguei uma banana da fruteira.

- Acha que Camila vai me perdoar? - Não pude evitar perguntar.

- Claro que vai. Se não perdoar você se joga em cima dela e dá-lhe uma bela chave de boceta naquele pau grande.

- Você é tao bruta! - Dei risada e joguei a casca no lixo.

- O máximo que pode acontecer é você ser rejeitada. Isso aconteceu duas vezes, uma terceira não vai te abalar.

- Caralho, você é a pior amiga do mundo!

- Eu sou a melhor amiga que tu e aquela loira lá vai arrumar na vida! - Falou enquanto balançava a colher de madeira. - Aliás, vocês duas deveriam me glorificar. Igual aqueles doidos que veneram santos.

- Ah sim, santa Ahsara. - Debochei e ela tampou as panelas.

- Exato! Eu sou uma santa abençoada na vida de vocês. E vocês nem sabem! Aposto que se eu pisar no Vaticano, o papa vai me olhar e dizer "ASHARA! - Fez o sinal da cruz no ar. - É santa!

Desabei a rir, o Vaticano perdeu muita força depois da evolução da espécie humana, afinal, que sentido tem uma sociedade criada em laboratório acreditar na igreja? Porém, ainda tinha alguns poucos seguidores, mas eu mesma nunca tinha encontrado com alguém que era adepto da fé.

- Vai rindo. - Ela falou. - Tô te falando, eu seria... A santa da vida difícil.

Puta que pariu, aquela história só melhorava. Comecei a rir ainda mais.

- Santa... Da vida difícil. - Repeti sua fala por entre as risadas.

- Claro! Está achando que é fácil ser eu? Minha vida é dura! Aguentar você é aquela nerd loira é minha penitência. - Abri a boca em uma falsa expressão ofendida. - Meu lema seria "A vida tá foda? Reza pra Santa Ashara.

Ela ainda teria um lema! Eu ria tanto que quase caí da cadeira, ela falava sério, o que tornava a situação ainda mais hilária. Tentei imagina-la de Santa e então uma dúvida me surgiu.

- E qual seria sua imagem? - Ela franziu o cenho. - Como você seria representada em uma imagem? Segurando uma cruz?

- Não. Seria levantando o dedo do meio. - E então ela fez uma pose com um sorriso cínico e mostrando o dedo.

- Tá vendo? - Ela voltou a falar depois que eu diminui o volume das risadas. - Eu tenho até uma imagem!

- Você é louca, garota... - Sequei as pequenas lágrimas que caíram de meus olhos. - Acho que nunca conheci alguém que acreditasse na fé. - Comentei, tentando lembrar de alguém mas ninguém me vinha à mente.

- Minha tia. Sabe aquelas velhas chatas? Pois bem. Tia Cinthia. Menina! Tenho uma história boa! - Puxou uma cadeira e sentou-se em minha frente. - Um dia essa tia me levou na igreja junto com ela, eu já tinha dezesseis anos e nunca havia ido, como não tinha nada a perder, fui.

Já comecei a rir aí. Imaginar aquela maluca dentro de um local como aquele me era impossível.

- Garota... o cara lá que falava no altar saiu por aquele corredor balançando um treco que soltava fumaça perfumada.

- Incenso, Ash. - Ri.

- FODA-SE! Era uma fumacera do caralho e o lugar era pequeno! Tinha tanta fumaça que eu saí de lá defumada.

Gritei com sua fala e ela logo me deu um tapa, querendo continuar a história mas eu não conseguia mais segurar o riso.

- Depois ele veio jogando agüinha por todo lado, caiu umas três gotas na minha cabeça! Saí de lá xingando o mundo inteiro e quando voltamos pra casa, minha tia disse que iria me levar em uma sessão de exorcismo, para tirar o capeta de mim.

Minha barriga já doía de tanto rir, aquela era a melhor história que Ash podia ter me contado e eu super conseguia imagina-la revoltada e xingando tudo ao redor.

- Eu tava com tanta raiva, que disse "que vai tirar o que, vai tirar nada não! Osh, não quero que tire. Eu gosto dele, ele me faz bem, pode deixar o capeta aqui.

Abri a boca e ela começou a rir junto comigo.

- Branquela, minha tia ficou da tua cor e caiu pra trás. - Fiz uma careta enquanto ela ria. - Meu pai veio correndo e aí eu pensei "Ai pronto. Só falta eu ter empacotado a véia."

- ASHARA! - Gritei e voltamos a rir e eu estava passando mal àquela altura.

- Aí eu falei para o meu pai que tinha lido em algum lugar que uns tabefes na cara ajudava a pessoa a acordar. - Ela se ajeitou na cadeira. - E ele disse que ia dar uns tabefes em mim! Logo eu, que não fiz nada!

- Caramba... E sua mãe?

- Ah gata, minha mãe apenas me olhou. Na hora eu tremi na base, da minha coroa eu tinha medo. Era ela olhar pra mim que eu parava na hora!

- Ah, pelo menos alguém você respeitava.

- Tinha que respeitar né? Se não era cada cola brinco que eu tomava... Minha mãe nunca precisou mais do que um olhar. - Gesticulou com a mão. - Era o olho da minha mãe abrindo e meu cu fechando.

Gargalhei alto com aquilo e ela voltou sua atenção para as panelas, rindo também enquanto eu passava mal.

Aquela garota era sensacional e eu precisava passar mais tempo com ela e com Alice. E quem sabe agora, com Matts.

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Notas Finais:

O que acharam?

Caso não tenham entendido algo, falem aqui nos comentários.

Até qualquer dia amores ^-^












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