Picture of an Alpha

By QuaaseGay

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- Eu quero que você queira me beijar. - Mordeu o lábio inferior e olhou para o chão. - Então, quando você qui... More

Breve Introdução
Prólogo
Lycan University
Um encontro inesperado
Você ainda me deve um beijo.
Por que você foi embora?
Conversas
Por que você é assim?
Tentando falar de sentimentos
Cuidados com quem se ama
Quero me entender com você
Detesto falar de sentimentos
Buscando ajuda
Grite somente para ela
Mal entendidos
Fresco, como chuva.
Se for ficar, seja firme.
Um segredo meu, agora é nosso
O primeiro passo.
Sorrisos que durarão até a manhã seguinte
Senhor, me ensina a nadar
Contemplar a vida
Ver o mundo através de seus olhos
Minha alfa
Todos esses anos
Festa, emoções, adrenalina.
A mais intensa sensação
E eu tentarei... Consertar você
Alegria de viver
Faz sentido sentir medo?
E para você, o que é ser bem sucedido?
Eu encontrei um amor para mim (Epílogo)

Perdidas em um mundo só nosso

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By QuaaseGay

Amoreessss CHEGAAAAAAAAAAYYY

Com uma att gostosinha s2 sério, eu amei esse cap. Espero que gostem tanto quanto eu.

Pelo menos aqui, Camren está vivíssimo! Hsuahsuaha

Ceis mataram a minha Lauren alfa antes mesmo dela nascer --' nem dez pessoas votaram pela Lolo, isso somando com os leitores do spirit hsuahsuahsuahs

Prestem atenção nas coisas que Camila conta aqui e caso não entendam algo, deixem no comentário que eu buscarei explicar melhor.

Vamos ao que interessa, DIVIRTAM-SE! Ou não .-. Vcs quem decidem.

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Lauren

Ela deitou no enorme sofá da sala e me puxou para junto de si. Deite-me com a cabeça apoiada em seu peito, o coração dela batia acelerado. Não estava entendendo muito bem o porque dela estar tão nervosa, mas só me restava esperar que a mesma me dissesse.

Eu não a forçaria falar, acreditava que se ela me trouxe até aqui, não iria desistir no meio do caminho. Ficamos ali por uns trinta minutos. Camila não dizia uma palavra, não precisava, pelo ritmo cardíaco acelerado e por seu silêncio, eu sabia que buscava a melhor forma de me contar algo aparentemente muito importante para ela.

- Eu tinha uma irmã. Não sei se lembra disso, mas no último dia que conversamos... A inspetora nos encontrou. - Falou com calma, apesar de seu evidente nervosismo. Eu me recordava muito bem daquele dia, como poderia esquecê-lo? Mas lembro-me também da expressão de pesar da senhora Evans.

- Nunca esquecerei esse dia. - Ergui a cabeça e selei nossos lábios, tentando passar conforto à ela. - Você me respeitou, foi adorável e naquele dia, eu não quis te acertar com seu próprio taco.

Ela soltou uma risada gostosa e eu fiquei contente em ter atingido meu objetivo. Voltei a repousar a cabeça em seu peito e ela começou um carinho gostoso em minha nuca.

- Meu avô falaceu naquele dia. - Arfei surpresa com a revelação e mais uma vez me ergui para encara-la. - Ele quem cuidava de mim e de minha irmã em Miami, já que meus pais faleceram quando eu tinha sete anos.

- Foi por isso que você foi embora? - Ela assentiu. Não esperava ouvir aquilo. Eu sabia que Camila havia perdido os pais, mas achei que isso tinha acontecido quando ela tinha quatorze e não tão jovem.

- Minha irmã já ganhava muito dinheiro e trabalhava bastante. Era fotógrafa, então viajava o mundo e não podia parar para cuidar de mim. - Suspirou e puxou minha cabeça de volta, fazendo-me deitar nela mais uma vez. - Eu amava a minha irmã com todas as minhas forças. Ela não ficava muito tempo longe, passava no máximo duas semanas e logo voltava para casa.

Seu coração batia em um ritmo muito acelerado, eu tentava não temer que ela tivesse um ataque. Minha mão corria por toda a extensão de seu braço, acariciando sua pele macia.

- Ela sempre me ensinou a fotografar, era meu passatempo preferido. Mas só o fazia com ela, eu tinha esse hobbie como uma coisa só nossa, então quando ela não estava, eu jogava baseball.

- Você era muito boa! Não só no baseball, em tudo. Lembro-me de um dia ter matado aula e ido para o campo, sua turma jogava futebol e você deu um carrinho forte no Bradley por ele ter te passado uma rasteira quando o juiz não estava vendo.

Ela riu alto e eu não deixei de acompanha-la. Camila era esquentadinha, não que o ato do outro alfa tenha sido pouca coisa, mas geralmente não precisava de tudo isso para tirá-la do sério em alguma partida.

- Ah, ele era um bosta. Mereceu. - Rimos um pouco e eu beijei rapidamente seu pescoço vendo-a se arrepiar um pouco. - Então a senhorita Jauregui matava aula? Quem diria!

- Ahn... Bom... Não foi bem isso. - Me defendi. - Eu tinha saído para uma consulta médica e quando voltei, era aula do senhor Turman e por causa de cinco minutos, ele não me deixou entrar. Mesmo com o atestado.

- Nossa eu detestava esse cara! - Levou uma das mãos a testa e riu. - Ele sempre me deixava de detenção!

- E você não mereceu nenhuma dessas punições, certo? - Ela bufou e eu ri, abraçando mais o seu corpo.

- Claro que não. - No mesmo instante ergui a cabeça e a encarei. - Ok, talvez. - Ergui uma sobrancelha. - Ta bom, eu mereci. A maioria. Ele errou comigo algumas vezes.

- Claro que errou. - Beijei a ponta de seu nariz e sorri.

- Enfim, voltando ao assunto. - Deitei novamente. - Ela decidiu que teríamos que nos mudar para Los Angeles, uma vez que ela não podia cuidar de mim o tempo inteiro. Noah e Jeff foram os melhores tios que eu pude ter. Eles adotaram Dinah um ano depois que eu nasci, então eu cresci com ela. Nos separamos quando Noah foi chamado para lecionar aqui, o que aconteceu dois anos antes do meu avô falecer.

A alfa pegou algumas almofadas e se ajeitou melhor no sofá, nos deixando mais confortáveis. Eu prestava muita atenção no que me dizia e estava feliz por ela compartilhar esse assunto comigo.

- Não foi ruim ter que ficar na casa deles. Minha melhor amiga estava lá. E também, era verão, vivia de praia e piscina. Até que minha irmã precisou viajar a trabalho, mas como eu tinha acabado de perder meu avô, não queria ficar longe dela então... Insisti para que ela me levasse.

Percebi sua voz embargar, comecei a acariciar seu braço e beijei seu maxilar, mostrando que eu estava ali para ela. Camila respirou fundo e me abraçou apertado. Eu me sentia uma idiota egoísta por ter tido aquela sensação de abandono quando ela partiu sem avisar, me senti ainda pior pela forma que falei com ela no dia do jogo.

Eu a acusei de ter sumido, falei que ela não tinha direito de me cobrar aposta alguma porque ela não estava lá. Como se a culpa de tudo fosse dela, eu a julguei sem saber de porra nenhuma.

- Fomos para Fernando de Noronha e de lá seguiríamos para as Ilhas Galápagos, onde ela tinha prometido me levar no meio das férias. Já foi para Fernando de Noronha, no Brasil, Lo? - Neguei com a cabeça, nunca sequer havia ouvido falar. - É um dos lugares mais lindos do mundo. Eu fiquei encantada e quando ela saiu para fotografar a vida marinha eu fui junto.

Franzi o cenho, começando a refletir sobre a história que ela estava me contando.

- Era tudo muito, muito lindo. Eu fiquei extasiada e não queria ficar no barco e então, depois de muita insistência, ela cedeu.

- Sofia. - Falei baixinho.

- Sofia. - Confirmou.

Uma avalanche de memórias veio até mim, por isso a foto da Camila estava pendurada na parede, por isso todas essas fotos estavam emolduradas. Aqui era o apartamento de Sofia Estrabao. Por isso a alfa tinha todos aqueles álbuns, por isso ela sabia toda a história por trás do afogamento...

Imediatamente me mexi e deitei totalmente em cima dela, segurando seu rosto e sentindo suas bochechas úmidas pelas lágrimas.

- Você não tem culpa do que aconteceu. - Ela negou. - Não tem, Camila. Foi um acidente!

- Que poderia ter sido evitado se eu não fosse teimosa. - Foi a minha vez de negar com  a cabeça e uni nossas testas.

- Não tem culpa. Você só queria estar com ela, só queria compartilhar do amor que vocês tinham pela mesma coisa. - Mais lágrimas desciam de seus olhos e aquilo doeu em mim. Naquele momento, fui capaz de sentir todas as emoções de Camila.

A culpa que a consumia, como um veneno letal, a dor da perda que comprimia seu coração até ele ter dificuldade para desempenhar sua função. A alfa que sempre se mostrou forte, desabou diante de meus olhos e eu senti cada parte de sua ruína.

- Não, pare de se sentir assim! - Supliquei, meus olhos ardiam ao vê-la daquela forma. - O que aconteceu foi um acidente, sua irmã amava você! Ela te salvou, Camila! - Tentei buscar seus olhos, mas os castanhos estavam escondidos por de trás das pálpebras. - Ela quis que você vivesse! Por amor, fez tudo o que pôde para você estar aqui.

- E-ela não precisaria ter feito nada se eu tivesse...

- Shhh... - A beijei, com todo amor que eu sentia por ela e fiquei aliviada quando fui correspondida. Sua boca tinha sabor de suas lágrimas, eu só queria poder tirar aquela dor de seu peito.

- Olha para mim, Camz. - Pedi e vi meus castanhos favoritos. - Nada vai mudar o que aconteceu. Pare de carregar um fardo que não é seu... Sofia se foi, mas deixou você aqui. - Foi a minha vez de derrubar lágrimas. - Permita-se ser feliz, por você, por ela e... Por mim. Camila, ela te amava com todas as forças e eu não tenho dúvidas de que você teria feito o mesmo por ela. Sofia não iria gostar de ver a pessoa que ela mais amava assim...

- Você não pode dizer o que minha irmã sentiria ou não, Lo. - Novamente fechou os olhos e me abraçou. - Ela sequer teve a chance de encontrar um companheiro. Sei que quer que eu me sinta melhor, mas... Eu não consigo lidar com o fato de que eu poderia ter evitado a situação.

- Você não poderia. - Sussurrei e ela olhou para mim novamente. - Você não poderia ter evitado nada, sabe por que? Porque a morte chega para todo mundo na hora exata. Não importa a forma. Se morremos por causas naturais, por atropelamento, por um tiro. Nós partimos quando temos que partir. Aquela era a hora da Sofia e ela se foi de uma das melhores maneiras que se tem. Foi embora salvando quem ela amava, foi embora por amor.

Nós duas choravamos muito em cima daquele sofá. Foi assim que soube que aquele momento seria inesquecível. Pois até podemos nos esquecer daqueles com quem rimos, mas nunca, jamais, nos esqueceremos daqueles com quem choramos.

- Se eu pudesse escolher uma forma de ir, seria salvando a vida de alguém. O mundo se tornou mesquinho e egoísta. Seres de luz são aqueles que dão suas vidas para ajudar o próximo e eu tenho certeza que, onde quer que Sofia esteja, ela está orgulhosa de você e mais do que tudo, quer quer você viva tudo que ela não viveu.

Segurei em seu rosto, os castanhos banhados em lágrimas e dor me deixaram trites, mas eu não podia deixar que ela continuasse pensando daquela forma.

- Nada que você fizesse mudaria o que aconteceu. Era o que tinha que acontecer, você não entende e eu também não. Mas temos que aceitar as situações que a vida impõe e buscar a melhor forma de seguir em frente. Deixe Sofia ir, Camz.

- Ah, Lauren... - Abraçou-me com desespero e chorou por muito tempo. Camila chorou até ficar com dor de cabeça e adormecer em meus braços.

Fiquei velando seu sono. Era ela quem estava deitada em cima de mim agora e ressonava tranquila. Limitei-me a acariciar seus cabelos e costas, dava beijos leves em sua testa e pensava no quanto ela havia compartilhado comigo.

Li em algum lugar que lágrimas, quando são divididas, aliviam a dor de quem sofre e eu senti essa leveza enquanto a ouvia chorar baixinho em meu peito. Aos poucos o aperto em meu coração se desfez e eu relaxei.

Foi estranho sentir o que ela sentiu. Ao mesmo tempo foi bom pois descobri que sabendo o que ela sente, posso acalmá-la mais facilmente. As coisas eram esquisitas com Camila. Eu sentia uma atração muito forte por ela, tão forte que sentia sua falta o tempo todo.

Porém, me parecia que ela não sentia o mesmo por mim. Digo, ela me trata bem, por mais que tenhamos nossos desentendimentos, ela cuida de mim, me dá carinho e os beijos dela são sempre tão avassaladores, mas era como se faltasse algo.

- Sinto o cheiro de fumaça. - Tive um leve sobressalto com sua voz. - Ah, vem do seu cérebro. Você está pensando demais, Lo. - Ergueu a cabeça para olhar em meus olhos.

Não pude evitar rir de sua piada boba. A apertei mais contra mim e beijei sua testa.

- Achei que ainda estava dormindo.

- Eu acordei há uma hora. - Sorriu e voltou a se aconchegar em mim. - Mas não falei nada, se não você iria parar com o cafuné."

- Muito esperta você." Camila tentou se levantar, mas eu a segurei firme, fazendo-a rir. - Nãaaaoo, vamos ficar aqui! - Resmunguei.

- Não, Lo. Vem, eu quero te mostrar outra coisa. - Só então a deixei sair. Sem me preocupar em ficar descalça, a segui até o segundo andar.

Perdi o fôlego ao chegar lá. O manto estrelado do céu nos cobria, estávamos no alto e com apenas algumas lanternas pelo chão para iluminar o caminho até um deque de madeira do lado oposto da grande piscina.

Camila levou-me até ali e subimos lentamente os dois degraus até um colchão grande com almofadas. Bem ao lado da pequena piscina quadrada, provavelmente para hidromassagem.

Toda a área externa era cercada por vidros, deixando as luzes da cidade mostrarem seu espetáculo e beleza. Plantas verdes e bem cuidadas completavam a paisagem do pequeno deque. Tudo ali era lindo.

A alfa ajeitou algumas almofadas e rapidamente me deitei ao seu lado. Ficamos olhando as estrelas por um tempo, até que senti sua mão segurar a minha e nossos dedos se entrelaçarem.

Suspirei satisfeita com aquilo. A garota que eu pensei que nunca mais veria estava hoje ao meu lado, vendo estrelas comigo. Minha babaca que se transformou em uma cafajeste.

Ri de meu pensamento e isso chamou a atenção de Camila, que sem soltar minha mão, se virou de lado para ficar de frente para mim. Eu continuei olhando o céu, fingindo não perceber seu olhar.

- Do que está rindo? - Falou baixinho.

- A babaca evoluiu e se transformou numa cafajeste. - Ri novamente e a ouvir bufar, para depois rir junto comigo.

- Queria poder dizer que está errada, mas não está. - Voltou a deitar-se de barriga para cima e virei minha cabeça para olha-la. "Sexo é bom. Todo mundo gosta.

- Ah e com você deve ser a melhor coisa do mundo mesmo, já que o assédio para cima de você é irritantemente gigante. - Revirei os olhos e sentei-me para ajeitar melhor as almofadas.

- Não sei. Nunca transei comigo mesma. - Ela se sentou e aproximou-se de mim. - Me diga você... - Sussurou em meu ouvido, arrepiando cada pelinho do meu corpo. - Transar comigo é a melhor coisa do mundo?

Sua fala foi finalizada com um beijo atrás de minha orelha e foi descendo por meu pescoço. Tombei minha cabeça para o outro lado, dando-a mais espaço. Senti Camila se mexer, ficando mais perto.

Aquilo estava muito bom, mas uma dúvida surgiu em minha cabeça. Ela estava muito receptiva hoje, então iria aproveitar para ter mais algumas respostas à seu respeito. Tomando cuidado para não extrapolar, é claro.

- Quero te perguntar algo, mas não quero que fique brava e nem que se afaste de mim. - A olhei e sua mão veio delicadamente em meu rosto, acariciando minha bochecha. Fechei os olhos brevemente para aproveitar aquele contato.

- Pode perguntar, anjo. - Abri meus olhos, surpresa pelo apelido tão carinhoso. Meu coração deu um solavanco e sorrimos uma para a outra.

- Por que você não passa cio com ninguém?

Ela suspirou e parou com as carícias. No mesmo instante fiquei triste e o medo que ela me tratasse com grosseria veio até mim como uma sombra. Camila coçou a cabeça deitou novamente, não ousei me mover, apenas fique a observando.

- Meu Alpha Interior maturacionou quando eu fiz dez anos. - Arregalei meus olhos, era raríssimo acontecer esse tipo de coisa. - Quando eu te conheci, eu já tomava supressores fortes, para controlar o meu Alpha e tinha que tomar inibidores pois meu cheiro era forte demais, iria atrair ômegas mais velhos e isso seria um problema.

- O que alterou em seu corpo essa maturação precoce? - Ainda sentada, me aproxeimei um pouco dela.

- Bom, meu cheiro ao invés de apenas acentuar, ficou forte demais. Eu não tinha ômega, então fiquei mais irritadiça, mais territorialista e muito autoritária. - Isso explicava o porque dela sempre se meter em encrencas e brigas com vários alfas da escola.

- Passei um bom tempo fazendo tratamento, com medicamentos e acompanhamento psicológico para aprender a controlar meu temperamento. Eu estava indo muito bem até a morte de Sofi. - Meu coração doeu ao ouvir aquele nome, mas Camila falou com muita naturalidade.

- Você parou de se tratar, não é? - Não era difícil deduzir isso se ela estava indo bem até o falecimento de sua irmã. E bom, se ela tivesse continuado, com toda certeza não seria rude comigo.

- Parei. - Suspirou. - Parei com tudo e minha vida virou de ponta cabeça. Conheci Machine um ano depois de chegar aqui, ele não é a melhor das influências e minha cabeça estava revirada, eu só queria esquecer tudo.

Sorrateiramente, deitei-me ao seu lado, ainda sem me atrever a tocá-la.

- Ele me levou à rachas, raves, onde eu experimentei muitos tipos de drogas e à lutas cladestinas. Foi numa dessas lutas que conheci Matts, o soldado me ajudou a sair das drogas. Eu não havia contado pro Machine que usava. Ele sempre me proibiu, dizia que iria parar de me levar se eu começasse a me envolver com isso. - Ela riu de minha cara emburrada, eu não havia ficado nem um pouco satisfeita.

- Calma, Lo. Ele me deu uma surra quando descobriu. Nossa como eu apanhei. - Queria dizer que foi pouco, mas achei melhor não interromper sua narrativa. - Matts me viu toda surrada quando saiu do galpão de lutas e viu Machine puto da vida. Ele mandou meu amigo ir embora e me levou para o quartel. Matts é soldado, depois de cuidar de mim, fez eu me desintoxicar, foi horrível e como é militar, pode ter certeza que ele não foi nem um pouco gentil durante o processo.

Eu ainda estava irritada com tudo aquilo. Não imaginava qur Camila pudesse ser tão irresponsável. A dor que ela sentia por ter perdido duas pessoas em um curto espaço de tempo tornava seus motivos compreensíveis, mas não justificáveis.

- Depois disso, eu precisava ter outros escapes. Então Matts me ensinou a lutar e a atirar. Foi muito bom, com a luta eu descontava toda a minha frustração e raiva e ao apanhar sentia minha culpa diminuir momentaneamente, pois sempre pensei que merecia cada soco.

Franzi o cenho. Ela apanhava para aliviar momentaneamente a própria dor, devia estar muito desesperada para se livrar daquilo, nem que fosse por poucos minutos. Pensar nisso fez com que eu me movesse e deitasse minha cabeça em seu ombro.

- Eu queria estudar onde minha irmã estudou. - Falou, passando o braço por baixo de minha cabeça para acomodar melhor nós duas. - Sofi iria iniciar sua pós. Enfim, eu sabia o quanto é difícil ser aceito na Lycan, então mergulhei de cabeça nos estudos, até que um dia, eu conheci uma ômega.

Retesei meu corpo e me virei mais para ela, claro que eu estava enciumada. Instintivamente, passei meu braço por sua cintura e entrelaçei nossas pernas,  puxando-a para mim. Só me dei conta do que fiz, quando Camila riu baixinho e beijou o topo de minha cabeça.

- Eu pensei estar muito apaixonada por ela. Reunindo uma coragem que eu não tinha, a chamei para sair e com o tempo fomos nos relacionando. Eu não estava em tratamento, então eu a tratava daquele jeito que você não gosta. Talvez eu fosse um pouco pior, por conta da idade. - Respirou fundo e soltou devagar, seu coração estava bem acelerado, indicando seu nervosismo.

Mais uma vez fui inundada por um sentimento de culpa e medo. Aquele mesmo veneno que aos poucos paralisa seus órgão vitais e te sufoca. Beijei seu maxilar e acariciei sua cintura, antes de aperta-la e tentar colar ainda mais nossos corpos.

- A semana do cio dela chegou. Antes dela eu tomava supressores ou passava sozinha porque não queria intimidade com ninguém. Mas eu era a alfa dela, era meu dever ajudá-la.

Mordi meu lábio, tentando esconder dentro de mim o ciúmes e a raiva por ouvi-la falar que era alfa de outra, não era momento para dar chilique. Aquele era um assunto importante e eu queria saber o desfecho da história.

Obviamente, Camila percebeu. Sua mão foi até minha nuca e começou a acariciar o lugar, por entre meus cabelos. Sua atitude me relaxou e eu afrouxei um pouco meu aperto em seu corpo.

- Quando estavamos no segundo dia, onde o período é mais forte eu... Me descontrolei. Muito." Ergui minha cabeça para olhar em seus olhos. - Eu a machuquei. Ela teve que ser levada ao hospital. - Arregalei os olhos e me sentei, sendo acompanhada pela alfa.

- Se descontrolou tanto assim? - Ela assentiu em resposta.

- Depois disso, a vi apenas uma vez. Os pais dela me expulsaram e ameaçaram me matar. Eu não os culpo, teria feito o mesmo. De qualquer forma, paguei as despesas do hospital e tudo mais que eles precisavam, era o mínimo a ser feito. - Segurou minhas mãos e olhou em meus olhos. "Entendeu porque eu não quis passar seu cio?

- Então porque passa o seu com Cristina? - Novamente me irritei ao lembrar daquela ômega.

- Não posso enclausurar meu Alpha, já que abusei muito de supressores no passado. Então sou obrigada a ter cio. Eu tomo três tipos de medicamento, um calmante, um para diminuir a libido e um anti-stress. Ou seja, passo meu cio todo dopada. - Se jogou novamente em cima das almofadas e cruzou os dedos sobre sua barriga. - Cris não se importa e aceita ser totalmente amarrada. E eu confio nela, então... É simples e cômodo.

O cio era uma forma de desestressar nosso Interior. Quando tomamos muitos supressores para impedir o cio, não desestressamos e isso causa um grande descontrole, pois chega à um ponto em que nosso gene interior não aguenta mais.

No caso de ômegas, ficamos irritados, porém emotivos demais, choramos o tempo inteiro e nosso corpo arde de dentro para fora, como febre. Já os alfas ficam irritados em um nível alto e qualquer coisinha é motivo para agressões.

- Aaron. - Lembrei-me do alfa quando ela mencionou o meu cio. - Você disse que me diria porque o detesta. - O rosnado dela me fez encolher. Ela levantou e desceu do deque, caminhando para o vidro.

Camila havia tirado a camiseta no meio de sua crise de choro anteriormente, agora, de apenas top e shorts, eu via mais uma vez sua tatuagem. As flores de cerejeira começavam em seu ombro esquerdo e descia até para dentro do shorts.

Perguntei-me o significado por trás daquela obra de arte em suas costas e fiz uma anotação mental para a questionar depois. Caminhei até ela e a abracei por trás, dando um beijo em seu ombro. Não queria irrita-la, a mesma já havia me contado muita coisa.

- Não precisa me dizer se não quiser. - Beijei novamente seu ombro e a apertei mais, não queria ultrapassar seus limites.

- Não há sentido não te contar. Eu conheci uma ômega, Selena, em uma de minhas aulas. - Revirei meus olhos, mais uma garota. - Era uma garota muito legal sabe? Ficamos amigas, ela era namorada de Aaron, então nunca passamos a barreira da amizade. - Respirou fundo e eu percebi suas mãos apertarem forte o vidro da sacada.Ela o pegou fodendo com outra no apartamento dele.

Ao ouvir se rosnado, me afastei. Engoli seco ao ver a raiva em seus castanhos quando ela se virou para mim, apertava os punhos e respirava fundo, tentando se controlar da melhor forma. Por via das dúvidas, dei mais três passos para trás.

- Sel terminou com ele. Depois de um mês fomos para a cama. Claro que o alfinha ficou com o ego machucadinho." Riu sarcásticamente. - E então um dia eu fui até a casa dela e vi a pior cena de toda a minha vida. Ele a amordaçou e estuprou ela.

Cambaleei para trás, tropeçando no deque e ainda um pouco zonza sentei-me novamente no colchão. Tentei regular a minha respiração. Eu não acreditava naquilo, eu me recusava a acreditar que fui para cama com alguém assim.

- Ele a enforcou enquanto... - Eu encarava o nada, a voz de Camila apenas ecoava. - Eu o espanquei, bati tanto nele. Selena quase morreu asfixiada, se eu não tivesse chego a tempo... Ele conseguiu se livrar das acusações. Sel teve que se mudar para outro continente. Ele a chamava de vadia, entendeu porque reagi daquela forma quando me disse que ele havia a chamado assim?

Aquilo me despertou. Pulei do lugar que estava e corri para ela, chorando e soluçando. O medo possuindo cada célula de meu corpo. Eu sentia nojo, tanto dele como de mim mesma. Eu havia passado o cio com um... Comecei a soluçar e me agarrar na alfa com desespero.

- Ele não pode... Não pode fazer isso comigo... Camila... - Sussurrei contra seu pescoço, seus braços me envolveram com firmeza.

- Ele não vai, meu anjo. Eu jamais permitiria isso, jamais. - Senti seu carinho em minha nuca e estar nos braços dela me passou segurança. Afrouxei um pouco meu aperto, ainda sentindo meu estômago revirar, que nojo! Nojo!

- P-porque deixou que eu fizesse isso? Por que não me contou? - Eu sabia que ela não tinha culpa. Eu quem havia chamado ele afinal, sequer me preocupei em saber mais dele pois comigo, sempre se mostrou um alfa bom.

- Lo, como eu saberia que iria passar o cio com ele? - Suas mãos sustentaram minha cintura, o toque quente e macio me acalmava, senti-la comigo, em mim, sendo meu alicerce, tranquilizava-me.

Ela tinha razão. Eu não havia dito a ela sobre meu cio até uns dias antes dele ter início e tampouco disse a ela com quem eu iria passar. Eu fique chateada por ter sido recusada mais uma vez e não queria vê-la, então não fazia sentido dizer a ela com quem eu iria passar meu período.

- Eu só soube que estava com ele na segunda, depois que a primeira aula teve fim. Perguntei para Ashara, Lo se eu soubesse antes, teria impedido. Mas... Eu não podia invadir o apartamento dele e interromper seu cio."

Não se deve interromper o cio depois de seu início. Quando um casal começa, eles precisam ir até o fim, pois durante esses dias, ômega e alfa estão levemente ligados. A interrupção brusca pode prejudicar a saúde de ambos, mas pricipalmente do ômega, por sermos mais sensíveis.

- Eu sabia que ele não te machucaria enquanto estivesse dando a ele o que ele queria. - Beijou minha testa e se afastou minimamente. - Mas eu fiquei tão puta quando vi o estado em que você saiu... E depois de ouvir a forma que ele te tratou... Eu...

- Você bateu nele. - Completei sua frase e ela franziu o cenho. - Você fez um bom estrago nos olhos dele.

- Como sabe disso? - Soltou-me e afastou um passo, desconfiada.

Engoli seco ao ver sua expressão séria. Seu maxilar estava trancado, mas eu podia ouvir o rosnado baixinho em sua garganta e seus punhos estavam cerrados, ela fechava tão forte que os nós dos dedos ficavam brancos.

Me fitava com os olhos injetados, brilhando em fúria, mas ao mesmo tempo, tentava manter um ritmo lento de respiração, claramente lutando contra seu instinto.

- E-ele me p-procurou hoje. - Camila rosnou alto, dessa vez mostrando os dentes e eu me encolhi, com medo daquela personalidade, mas continuei falando, temendo que meu silêncio piorasse a situação. - Me chamou para jantar no apartamento dele...

- Você aceitou? - Rosnou com a voz de alfa e eu me encolhi, afastando-me dela.

- Não! E-eu dei uma desculpa qualquer e ele foi embora! - Me expliquei rapidamente.

Ela avançou para cima de mim, mas para minha surpresa, me abraçou forte, sem me mchucar. Encheu meu rosto de beijos e acariciou meus cabelos quando me abraçou novamente.

- Perdoe-me por falar assim novamente... Eu tentei ao máximo me controlar. - Beijou meu pescoço carinhosamente e eu me derreti.

Desde que começamos a falar desses assuntos delicados ela vem se controlando. Nem mesmo quando tentei forçar a porta de um cômodo aparentemente importante, ela brigou comigo ou foi rude.

Conversou, me explicou da melhor forma que pode e levando em consideração os problemas biológicos dela, Camila estava dando o melhor de si aquela noite. E agora estava me abraçando e me dando carinhos.

Eu não teria perdoado se ela fizesse isso toda vez e não mudasse. Mas ela estava tentando mudar, isso era o suficiente para mim. Era minha vez de encorajá-la e mostrar para ela que não a deixaria por um deslize.

Mudanças vêm com o tempo, eu tinha que respeitar o tempo dela. Se queríamos contruir algo, era assim que tinha que ser. Ela se esforçando por mim e eu me esforçando por ela.

- Está tudo bem, Camz, já passou. - Sussurei e a apertei contra mim.

- Você ficou com medo de mim. Eu percebi sua cautela quando eu falava do meu cio. Sinto muito que você tenha que agir assim, Laur. Sempre com medo que eu vá te destratar... - Se afastou um pouco e segurou meu rosto delicadamente, olhando-me nos olhos. - Eu fui no médico hoje, começarei o tratamento amanhã. Vou melhorar Lauren, não vou mais ser assim...

Sua fala me pegou de surpresa e uma felicidade absurda tomou conta de mim. Camila havia ido atrás de retomar seu tratamento e eu não podia estar mais contente e aliviada por isso.

Aquilo a faria melhorar, a deixaria saudável e tudo ficaria bem para ela. Não teria mais que se controlar porque isso já seria algo inato. A qualidade de vida dela melhoraria muito e... Tendo uma visão um pouquinho egoísta, ela estaria melhor para mim.

- Não sabe como é bom ouvir isso. - Joguei-me em cima dela e a alfa ergueu-me, girando-me no ar e fazendo um gritinho escapar de mim. Sua risada ecoou pelo ambiente e quando parou, fitei seus olhos.

Os castanhos estavam escurecidos pela pouca iluminação, mas mesmo assim, eram belos e brilhantes, estavam banhados em alegria, nenhum vestígio da ira anteior. Senti meu coração errar a batida e minha respiração falhar um pouco com o esplendor de seus olhos. 

- Você é a ômega mais bela que já vi em toda minha vida. - Falou baixinho, como se fosse um segredo íntimo dela. - Nunca deixei de gostar de você, Lauren.

Arfei com aquela revelação. Camila me colocou no chão e não pude evitar provocá-la um pouco, eu ainda tinha alguns sentimentos ruins dentro de mim que precisavam se dissipar.

- Nem quando conheceu Rebecca? - Arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços. Ela riu e apertou levemente minha cintura.

- Você é muito ciumenta, não? - Não me dei ao trabalho de responder, isso a fez rir mais e eu não pude evitar revirar os olhos.

Gritei quando ela passou um dos braços por trás de meus joelhos, pegando-me no colo. Quando dei por mim, estávamos em cima do colchão novamente, com ela por cima de mim, sustentando seu corpo nos braços.

- Só depois de um tempo, percebi que não era amor, muito menos paixão. Era um bocado de confusão com um pouco de paranóia. Nunca senti por outra o que sinto por você. - Nossos olhos ainda estavam ancorados, um mergulhando na intensidade do outro.

- E o que sente por mim? - Meu coração esmurrou meu peito, ansioso pela resposta.

- Chega de falar de sentimentos. Até mesmo porque, esse sentimento, eu prefiro mostrar.

Seus lábios vieram de encontro aos meus, chupando-os, mordendo-os e exigindo minha boca. Entreguei-me sem medo algum, retribuí seu beijo com toda a minha vontade, que não era pouca. Agarrei-me em seus cabelos como um náufrago se agarra à um bote.

A alfa deitou e puxou-me para cima de si, não demorei a sentir suas mãos passeando pelas minhas costas até chegarem na borda da calça. Desceu um pouco o tecido e eu interrompi o beijo apenas para tirar totalmente aquela peça de roupa.

Voltei para cima dela, agora apenas de top e calcinha. As mãos possessivas acariciaram minha bunda e um firme tapa foi desferido ali, fazendo-me arfar contra seus lábios.

Nosso beijo era calmo e sensual. As línguas deslizavam uma sobre a outra com gana e luxúria, seus dentes se fechavam em meus lábios e meus lábios chupavam sua língua, para depois voltarmos a repetir tudo.

Sentia seu coração acelerado correr no mesmo ritmo que o meu, minhas mãos passavam por seus ombros e apertavam seus seios enquanto as dela percorriam minhas costas, arranhavam de leve minha cintura, apertavam minha bunda e deslizavam pelas minhas coxas.

E ali, perdida em todas aquelas sensações, quis fazer amor com ela. Não apenas foder, mas amar. Debruçada nela, deixei que seu cheiro me invadisse, por mais que não fosse seu aroma natural, era o que eu conhecia e gostava.

Com deleite, senti-me arrepiar sob seus toques ousados e cheios de posse. Sua respiração ofegante entre nossos beijos, os gemidos baixos que ambas soltavamos, perdidas naquele mundo só nosso.

- O que quer, Lauren? - Sussurou para mim com aquela voz rouca, ainda de olhos fechados. Rebolei em seu colo, sentindo sua ereção resvalando em minha boceta que queimava, implorando por ela.

- Quero beijar tua boca lentamente. - Passei minha língua pelo seu lábio inferior e o chupei. - Quero decorar quantos cílios você tem em cada olhar, quero deslizar em teu corpo, me derramar em você. - Mais uma vez me movimentei sobre ela, ouvindo-a arfar e segurar com força minha cintura.

E ali, com as estrelas de testemunha, expressei meu desejo mais íntimo.

- Quero que me faça sua, Camila Cabello.

*------------*------------*------------*

Notas finais:

O que acharam?

Bom amores é isto, por enquanto. Beijos da autora na ponta do nariz de cada um.
Quem estiver com o nariz sujo, um abraço espiritual.

A gnt se vê por aí

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