walking the wire | lwt+hes

By alterhstyles

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Em seus dezessete anos, Louis nunca pensou que encontraria acolhimento entre tinta negra, agulhas e um pouco... More

avisos/saudações
[1.en] • no angel
[2.to] • daddy issues
[3.tre] • so it goes...
[4.fire] • black beauty
[5.fem] • medicine
[7.syv] • guys my age
[8. åtte] • gangsta
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[10.ti] • the blackest day
[11.elleve] • honey baby
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By alterhstyles

[n/a]: com o cap anterior e com esse eu só queria passar a mensagem para vcs NUNCA aceitarem copo com bebida de ninguém ao menos q vc tenha pedido e recebido na própria mão, infelizmente é "normal" pessoas serem dopadas em festas e acontecer cada coisa ruim, nunca aconteceu comigo e nunca vi acontecer com minhas amigas, mas não desejo isso pra ninguém, ainda mais pra vcs :/

e eu queria agradecer pelos views e likes, WTW tá sendo recebida tão bem e vejo que muita gente tá gostando da fic, é mt gratificante acompanhar a trajetória que a fic tá levando, thankss szszsz, mas enfim, bom capítulo!

Louis lembra.

Não de exatamente tudo, mas ele lembra de quando Harry o pegou em seus braços, andando rapidamente pelo pátio da festa, atravessando a piscina com uma das suas amigas, que Louis supôs ser Perrie, depois lembra de Harry conversando com Steve próximo das escadas, logo em seguida sendo acompanhado por Nicolas e Leigh-Anne até um quarto chique que provavelmente era de algum hóspede, ou que estava servindo de motel para alguns convidados, porque ele lembra de ver a veia saltando no pescoço de Harry gritando com os convidados, colocando o menor na cama com cuidado, Louis tinha certeza que Harry lhe falava algo, mais como um sussurro para ele, mas só notava seus lábios se movimentando rapidamente e a voz grossa saindo dos seus lábios, mas nada que ele pudesse compreender de verdade.

Louis lembra de quando uma discussão em grupo começou à sua frente, com Harry, Steve, Nicolas, Perrie, no tentando, Leigh-Anne estava ao lado de Louis na cabeceira da cama: meio que tentando distrair o mesmo da confusão, sorrindo e lhe falando algumas coisas que poderiam ser reconfortantes, apesar dele não lembrar nem um terço do que ela falou. Mas ele conseguiu ver Harry aos berros com Nick, empurrando o rapaz vezes ou outras quando de fato o Grimshaw aumentava o tom de voz, retrucando algo que Harry argumentava com toda a garra para cima do amigo, com certeza culpando o mesmo de algo. A última coisa notória que ele ouviu, foi Leigh-Anne gritando para os rapazes que Louis fechou os olhos, dormindo, desmaiando, ou qualquer merda que fosse que não era nada bom naquele momento.

Não sabe que horas acordou depois, somente sentiu uma espetada na sua pele, com uma agulha afiada levando um líquido transparente para dentro das veias de Louis, que formigou – e muito – o sangue dele com a sensação desconfortável, tanto que até choramingou e tentou arrastar seu braço para longe de um cara com maca branca, porém Harry o impediu, mantendo o seu braço imóvel e lhe reconfortando com palavras calmas e acolhedoras, afirmando que ele se sentiria melhor depois que o remédio fizesse efeito, mas mal conseguiu manter seus olhos abertos por mais de um minuto, que olhavam diretamente para a boca de Harry próxima com um sorrisinho nos lábios, mas a preocupação nas suas orbes verdes e perfeitas demonstravam algum tipo de preocupação séria, e então depois que aparentemente o médico terminou o trabalho, achou que de fato adormeceu.

Horas depois, a primeira coisa que ele notou depois de abrir os olhos foi a luz solar fraca invadindo a janela coberta por uma cortina branca, seu corpo estava tenso e um gosto azedo continuava na sua boca, seus músculos doíam somente para fazer o esforço de piscar, mas conseguia se sentir mais disposto, então abaixou os olhos para sua mão esquerda, onde uma agulha inserida na veia da palma da sua mão, observando a bolsa de soro não muito longe dali, despejando as gotículas do liquido em uma velocidade mediana.

– Hazz? – Chamou para o nada, movendo a cabeça com esforço para o lado, encontrando o tatuador adormecido em uma poltrona de mal jeito, Louis conseguiu sentir o cansaço somente pela sua respiração pesada, mas arrastou o outro braço com dificuldade até que pudesse alcançar o joelho de Harry, estava odiando a si mesmo por acordá-lo, porém iria enlouquecer se ficasse mais um minuto ali sem saber o que tinha acontecido consigo mesmo. – Harry.

Louis cutucou o rapaz com rispidez após três tentativas falhas, a primeira reação do cacheado foi franzir as sobrancelhas, não muito feliz por ter sido acordado naquele minuto, mas ao ver o Tomlinson em sua frente, fez um esforço para expulsar o sono do corpo, esticando-se na branca com dificuldade, os ossos das suas costas se estalando pouco a pouco.

– Louis? O que foi? – Harry se alarma, levantando para ficar próximo do garoto. – O soro não está descendo? – Continua, atravessando a cama de casal para poder conferir se havia algo errado, sua expressão suavizou um pouco após ver tudo sob controle, sentando-se de forma desajeitada no espaço vazio da cama. Respirou fundo, acariciando a bochecha de Louis com atenção, vendo que o garoto parecia um pouco melhor. – O que está sentindo?

– Me sinto mais disposto mas, meus músculos ainda doem. – Louis reclama, procurando molhar a garganta com saliva ao perceber a sede. – Eu quero água, Hazz.

– Claro, já volto. – Harry diz apressadamente, com passos rápidos até uma mesinha onde alguns copos e tubos de remédios estavam, colheu o copo transparente, adentrando outra porta distante que Louis supôs ser o banheiro, o tatuador voltou com o copo cheio, ajudando o menor a se sentar com as costas na cabeceira da cama, lhe entregando com cuidado após perceber que o moreno tinha força para conseguir se lidar sozinho. – Quer mais alguma coisa?

– O que é isso que eu estou vestindo? – Tomlinson franze as sobrancelha, notando as vestes largas e parecidas com um pijama.

– Você não lembra? – Pergunta com certa curiosidade. – Você vomitou meia hora depois do paramédico terminar de injetar o remédio, eu fiquei meio preocupado... – O cacheado respira fundo, colocando o copo de vidro no criado mudo após Louis finalizá-lo. - Mas ele disse que era bom, provou que o remédio estava fazendo efeito.

– O que aconteceu comigo? – Louis fora direto, olhando no fundo dos olhos verdes do Styles, que parecia meio incerto do que dizer. – Harry, eu vou enlouquecer se você não me contar.

– Você foi dopado, amor. – Responde, Louis precisa de alguns segundos para raciocinar. – Boa noite cinderela. Foi provavelmente na bebida que você tomou que Nick te ofereceu. – O tatuador continua, travando o maxilar. – Ele diz que jura pela própria morte que não sabia, mas eu não consegui acreditar.

Louis fica quieto, olhando para a própria mão com a injeção injetada, tentando e se esforçando e muito para conseguir lembrar de alguma coisa, mas algo notório na sua mente só vem em cortes, lembra de quando Nicolas começou a zoá-lo por Louis confirmar que teve um momento com Harry no banheiro, depois passa para o Harry começando a beijá-lo no sofá, e em seguida todas as coisas de anteriormente.

– Perrie havia inventado de te levar para o hospital, mas eu não quis. – Harry permanece com os olhos baixos. – Você é menor de idade, e apesar de eu meio que ser considerado seu responsável agora, eu tinha certeza que iriam chamar seus pais, e se você saiu de lá por algum motivo ruim, não queria dar a chance de te encontrarem em um hospital dopado. – Ele riu sem humor. – Por sorte Steve retornou com paramédicos da festa, e eles te ajudaram, pelo visto deu certo.

– Obrigado, chamar meus pais não seria nada bom. – Louis olha para Harry com um sorriso mínimo nos lábios. – Ainda bem que você não fez isso.

– Eu me perturbei por causa disso por horas, não sabia se tinha feito o certo. – Harry sorri, segurando a mão de Louis com carinho. – Mas você não está com raiva de mim, isso alivia muita coisa.

– Por que você não voltou para o apartamento?

– O médico falou que você precisava repousar algumas horas antes de pegar a estrada, então, quando você quiser. – Responde, dando de ombros para o garoto. – Steve deixou esse quarto para você descansar, mas ele não está mais na cidade, foi fazer algum show lá no Canadá.

– Então, vamos agora? Eu não quero ficar mais aqui. – Louis pede, olhando com súplica para o tatuador, que tinha um olhar desconfiado. – Eu estou bem!

– Só depois de você comer alguma coisa, você não vai subir na garupa da minha moto com estômago vazio. – Harry diz sério, pegando a carteira e as chaves para colocar no bolso de trás do jeans. – Há muitos convidados aqui ainda, Steve pediu para servir o café da manhã para que ninguém tivesse problemas, e com certeza não quero mais problemas com você por causa do seu mal-estar, Louis.

– Qual é, Harry! – Louis revira os olhos, grunhindo em negação. – Não estou com fome.

– Então vamos ficar aqui até você criar fome, sim? – O tatuador arqueia as sobrancelhas, olhando para o garoto com determinação e confiança nas suas palavras, Styles tinha um pouco de prática com medicina, então tomou a liberdade de retirar a agulha da veia do menor com cuidado, após perceber que o soro havia acabado, colheu o resto dos curativos e os colocou em uma sacola reciclável para jogar no lixo. Louis roda os olhos novamente, cruzando os braços feito uma criança emburrada. – Não adianta, amor. Na garupa da minha moto você não sobe, é isso. E nem vou deixar você sair por aí pedindo carona de desconhecido, já me comprometi demais em cuidar de você essa noite.

– 'Tá bom Harry, vamos para o café da manhã nessa merda. – Louis bufa, completamente irritado com a insistência do cacheado, uma pitada de esperança surgiu ao pensar que se ele mantivesse a pose de bravo, faria Harry ceder e tomar a decisão de irem diretamente para a moto e pegarem a estrada, então se levantou da cama com passos pesados e alguns segundos para que pudesse se recuperar do momento zonzo que teve, porém seguiu firme até a porta depois de calçar os próprios tênis sem olhar para trás, ainda com o plano em mente; mas por não olhar para trás, perdeu a chance de ver Harry esconder uma risada, achando adorável a forma que Louis ficava quando estava com birra por pura teimosia, o biquinho em seus lábios e o vinco entre as sobrancelhas, para Harry, foi uma coisa mais fofa do que interpretar a careta de Louis como algo ruim, e recompensou de alguma forma o esforço que Styles teve pela noite mal dormida por estar cuidando do moreno de olhos azuis.

Ao descerem as escadas, Louis amoleceu um pouco a carranca em seu rosto após sentir os dedos de Harry o puxarem pela cintura para mais perto, o instinto protetor do tatuador reconfortava o Tomlinson querendo ou não, e não estava com forças o suficiente para que não fosse um pouquinho dócil com o de olhos verdes. Lá no andar debaixo, Louis observou os convidados espalhados pelo chão e pelos móveis, alguns estavam em um sono profundo e outros mantinham conversas baixas enquanto se deliciavam com o café da manhã, Styles guiou o rapaz até uma fila, que o de olhos azuis achou bem parecida com a do seu colégio, idêntico quando alunos chegavam cedo para merendar na escola, com bandejas em mãos, e até a mesma mesa que continha alimentos para servir a si próprio.

A fila foi rápida, já que boa parte dos convidados já haviam se alimentado, porém Louis teve sorte de pegar os waffles servidos, cookies de chocolate e um suco de goiaba, poderia considerar que sua fome cresceu um pouquinho mais. Olhou de soslaio para o cacheado bem atrás de si, seu prato continha porções de nozes, três bananas e um suco de laranja, a única coisa gordurosa que Louis pôde perceber no café da manhã de Harry foram dois cookies de leite ao lado das bananas, e é claro que ele revirou os olhos para o tatuador, uma risada rápida saindo dos seus lábios ao perceber a diferença de refeições entre o prato dos dois.

– O que foi? – Harry franziu as sobrancelhas depois de perceber a animação no rosto de Louis, mas o menor somente fez um sinal com as mãos para que ele deixasse para lá.

O tatuador revira os olhos, colocando a mão desocupada novamente na cintura de Louis, guiando-o até uma mesa vazia para os dois. Já estava tão automático sua mão subir para a cintura alheia que nenhum dos dois se incomodara.

Louis tinha os olhos perdidos para a casa quando finalizava o seu último biscoito de chocolate, procurando por algum sinal de Perrie ou qualquer amigo de Harry, mas aparentemente eles já tinham ido embora pela madrugada, não tinha muita gente ali dentro, e com certeza já teria visto algum deles pela visão da janela para a piscina, mas só algumas garotas se encontravam na piscina, brincando com a água divertidamente, e outros, estavam nas espreguiçadeiras tirando um cochilo.

Seus olhos voltaram para o tatuador, que tinha o olhar fixo para o nada enquanto mastigava as nozes com lentidão, Louis acompanhou os movimentos do seu maxilar fodidamente perfeito se mexendo com cautela, mas como no mesmo dia que Louis foi fazer a tatuagem, Harry tinha um sensor de acompanhar todos os movimentos do Tomlinson mesmo que se não estivesse prestando atenção necessariamente no rapaz, Harry voltou os olhos para Louis e riu ao perceber a careta tediosa do de olhos azuis para ele, lendo seus pensamentos que de fato, reclamavam da demora que o tatuador tinha para se alimentar.

Depois que terminaram, foram caminhando para o estacionamento onde a moto de Harry estava, este por sua vez, finalizava a segunda banana que havia pegado no café da manhã. O tempo estava meio nublado, porém uma consistência de cores azuis misturadas com um rosa bebê pintavam o céu, era por volta das seis da manhã quando chegaram de fato ao estacionamento. Após colocar o capacete, esperou Harry pacientemente subir na moto, mas ele não o fez, Harry impediu o garoto, apoiando-se na própria moto e um olhar sugestivo para Louis, o moreno franziu as sobrancelhas, confuso. E só foi entender as intenções do tatuador quando Harry colocou a banana ainda com a casca na frente de Louis.

– Seu gosto para comer porcarias é enorme, come pelo menos essa banana para eu parar um pouquinho de querer bater minha cabeça no capacete por ter visto você só comer lixo. – Explica, ainda com a banana em mãos, Louis simplesmente não conseguiu evitar em bufar e bater o pé no chão igual à uma criança. – É uma mísera banana, Louis. – Harry revirou os olhos, mas agradecendo silenciosamente quando o menor pegou com brutalidade a fruta das suas mãos, começando a descascar com certa impaciência. – Sério, em todos os meus vinte e um anos eu jurava que não poderia encontrar alguém mais teimoso que a minha irmã, mas você conseguiu superar o posto dela, está de parabéns.

– Cala a boca, Harry. – Louis revira os olhos, mordendo um pedaço enorme da fruta. A única coisa que Harry fez, foi rir da reação do menor. – Por que você se diverte quando eu estou puto? Sério, não tem graça.

– Tem sim, amor. – Harry sorri. – Você parece um gatinho raivoso, e eu não me sinto nem um pouco afetado, é adorável.

– Vai ver o que é adorável quando, se de verdade você me considera um "gatinho" – Louis fez aspas sarcasticamente com os dedos. – Eu cravar minhas garras em você por pura revolta.

– Dependendo de onde, e se for principalmente nas minhas costas... – O tatuador senta na moto, colocando o capacete e segundos depois lança um sorriso malicioso para o garoto. – Eu vou adorar, Louis.

Louis balança a cabeça e suspira, indo jogar a casca de banana em um lixeiro próximo, então retorna para a moto que já estava com o motor roncando, subindo na garupa e agarrando o tronco do Styles, um sorrisinho surgiu em seus lábios ao pensar o quanto seria interessante arrastar suas unhas pela costa feita pelos deuses de Harry.

Na estrada, Louis podia apreciar o vento que batia diretamente no seu rosto, estava consideravelmente frio quando eles chegaram ao ambiente que fora trocado de árvores por prédios e casas antigas, Styles dirigiu tranquilamente pelo transito regulado, trocando algumas palavras com Louis no trajeto. Parecia que a volta foi bem mais rápida que a ida, no entanto Louis só percebeu que havia chegado quando o tatuador estacionou um pouco longe do comércio que ficava embaixo do seu apartamento, estranhou um pouco por não ver o cacheado colocar a moto no estacionamento para hóspedes, após descerem da moto, Styles colocou os dois capacetes nas mãos, levando a jaqueta de couro na outra mão, acenou rapidamente para James que se encontrava no caixa do mercado, mas logo se concentraram em subir os lances de escadas que ia diretamente para o estúdio e apartamento de Harry. Suas pálpebras começaram a pesar novamente pelo esforço que fez para subir as escadas, talvez a ideia da academia não fosse tão necessária agora, aquelas escadas longas já eram um ótimo exercício para um sedentário de plantão.

Como Harry não falou mais nada, o de olhos azuis tirou o tênis e foi diretamente para o banheiro, doido para tomar um banho e cair na cama para ter um sono melhorado. Escovou os dentes e ficou lá por uns dez minutos antes de praticamente acabar com a água quente do chuveiro, sempre esquecia do fato de que não estava no seu quarto e poderia acabar com a água morna sempre que quisesse, esperava que Harry não percebesse nada caso fosse tomar banho, já que ele tinha uma temperatura menos frienta que o Tomlinson. Foi para o quarto e vestiu roupas confortáveis, enxugava seu cabelo quando o Styles entrou calmamente no quarto, carregando uma caneca que trazia uma fumaça branca para o ambiente.

– Fiz chá de malva para você, vai se sentir melhor depois que acordar. – O tatuador diz, entregando a xícara para o moreno, que tinha novamente um olhar tedioso nos lábios. – É bom para recuperar a energia física e mental, também fiz para mim, vou sair daqui a pouco.

– Sair?

– Sim, vou levar Misty ao veterinário e preciso resolver algumas coisas. – Harry explica, observando Louis lhe olhar com certa desconfiança enquanto afastava a fumaça da caneca com um sopro saindo dos seus lábios. – Volto antes do almoço, vou trazer comida japonesa para comermos, pode ser?

– Tudo bem. – Louis senta, bebericando o líquido azedo, resultando em uma careta desaprovada pelo mesmo. – Ew! Isso é terrível.

– Não, é bem docinho, você acostuma. – Harry dá de ombros. – Finge que é coca cola, você tem cara de quem ama coca.

– Vou tacar esse líquido quente em você se não parar de julgar minha alimentação. – Louis ameaça, o vinco entre suas sobrancelhas voltando.

– Certo. – O cacheado ri, erguendo as mãos para o alto em rendição. – Descanse, volto mais tarde.

– Cuidado por aí. – Outra careta no rosto do Tomlinson surge após beber o líquido. – Puta merda, que horrível!

– Dramático! – Harry cantarolou, saindo do quarto aos risos antes que Louis pudesse lhe acertar com uma almofada. – Até depois, amor.

– Idiota. – Louis sussurra revirando os olhos, escondendo um sorriso nos lábios ao voltar com a caneca para a sua boca.

Procurou vestígios de barulhos vindo através da porta fechada, o menor pôde ouvir a voz suave e rouca de Harry conversando com alguém, sabia que ele conversava com Misty por ser o único som em retorno que ele ouvia, os miados da gata protestando alguma coisa, mas logo após cinco minutos, a porta foi batida, deixando o apartamento em silêncio completo, o que fez Louis supor que Harry já tinha ido. Depois que terminou o chá terrível, não pensou duas vezes em se enrolar nos edredons, que por sinal tinham o cheiro doce de Harry impregnado no tecido, na qual que fez Louis se distrair longos minutos, antes de realmente seus olhos pesarem e ele dormir sem mais delongas na cama enorme do tatuador.

Ao abrir os olhos, Louis voltou a perceber onde havia se metido.

Estava praticamente dois dias no apartamento de Harry, que lhe acomodou com toda a compreensão possível e fez questão de deixar a entender que se dependesse de Harry, ele poderia ficar ali o quanto de tempo quisesse. Mas na sua mente não funcionava assim, sempre vinha os pensamentos, as dúvidas e as perguntas sem respostas quando pensava o que poderia estar acontecendo à sua volta fora daquele apartamento. Pensou até em procurar algo na televisão, algo do gênero, como se pudesse se manter notificado do que acontecia de si, porém não tinha coragem, talvez o medo de ver o próprio rosto estampado como desaparecido ou qualquer merda que fosse possível colocar na televisão assustava todos os pelos do seu corpo.

Então, quando estava terminando de escovar os dentes de frente para o pequeno espelho no banheiro dentro do quarto do tatuador, decidiu que ligaria para a sua irmã à noite, estava sedento por notícias e uma porra de preocupação com o que poderia estar acontecendo dentro da sua casa; no entanto, decidiu que pensar naquilo naquele momento só pioraria muito mais as coisas em sua cabeça, e saiu do banheiro com a toalha preta enxugando ao redor da boca pela água gelada da torneira. Pegou o celular que sua irmã havia lhe emprestado que estava entre os travesseiros, verificando a hora, meio dia e meia. Louis não sabia ao certo qual era a definição do horário de "voltar antes do almoço" para Harry, mas para o seu próprio relógio, ele já estava meia hora atrasada, e furiosamente, Tomlinson infelizmente herdou o tenebroso horário pontual dos ingleses dos seus pais, tinha coisas que realmente não dava para mudar, pelo visto.

Caminhou com os pés cobertos pela meia de patinhos até a janela que o quarto do tatuador tinha, encostando os dedos como forma de apoio no vidro, onde seus cílios tocaram as bochechas ao observar a vista lá embaixo. Estava nevando, não muito forte mas o suficiente para deixar as ruas vazias como escapatória de um tombo no gelo derretido na calçada, apesar do sol radiante nos céus, os dedos de Louis estavam gélidos e o seu hálito formando um borrão no vidro da janela era o suficiente para saber que lá fora estava fazendo um frio fodido.

Ao não notar nenhum movimento da moto de Harry ou algo como aviso que ele estava chegando, se afastou da janela calmamente, saindo do quarto para preparar um chocolate quente. Abraçou os próprios braços quando o frio do resto do apartamento parecia uma previa do que estava acontecendo lá fora, os aquecedores dali não funcionavam tão bem como o do quarto do cacheado, e Louis conseguia sentir seus lábios e o nariz ressecarem bem devagar por conta do frio, já estava acostumado com isso, aliás, o garoto tinha uma fraqueza enorme quando se tratava de combater o frio de Atlanta.

Geralmente só começava a nevar para valer pelo começo de janeiro, e ainda era próximo do natal quando a neve já começava a cair por todo canto da cidade, meio como forma de aviso que no próximo mês poderia ser pior, mas agradeceu por um lado, já que as férias de dezembro se prolongaram por conta da neve, na sua escola eles não se sentiam muito confiantes em deixar os alunos por causa do frio, então era muito menos prejuízo para a coordenação suspenderem as aulas como solução, o número de adolescentes na enfermaria por conta de tombos e brincadeiras idiotas ficavam incontáveis.

Colocou a caneca que bebeu o chá mais cedo na cerâmica metálica da pia, deixando para lavar depois, nem fodendo que congelaria seus dedos por lavar alguma coisa que com certeza poderia esperar, já bastou ter escovado os dentes na água do banheiro prestes a congelar toda sua mão. Porém teve que ligar a torneira mesmo assim, para encher o tanto de água para ferver e fazer o seu chocolate quente, depois de fazê-lo, apoiou-se na bancada de frente para o fogão, os braços cruzados observando a faísca esquentando o fundo da panela.

Para Louis, o silêncio era extremamente confortador, adorava a sensação de ficar sem algum tipo de barulho, lhe acalmava, mas de fato percebeu que havia algo de errado quando o barulho de vozes se misturava com uma espécie de baque na parede. O moreno franziu as sobrancelhas, notando que o barulho vinha do quarto de Zayn, e então, abaixou o fogo rapidamente, seus pés obrigando a caminharem até a porta do quarto de Zayn fechado, tinha até estranhado que ele não havia dado as caras, para falar a verdade, Louis jurava que estava sozinho ali no apartamento. Quando se aproximou, os sons finalmente ficaram claros para Louis ter noção do que estava acontecendo, não sabia se ria de nervoso ou se sentia um pouco incomodado por ouvir a foda do amigo de Harry vindo atrás da porta, mas não era sua culpa de fato, certo?

Em um movimento rápido, Louis roda os olhos e girando os calcanhares, preparados para voltar à cozinha e deixar para lá a intimidade alheia, até algo lhe deixou curioso, o de olhos azuis se sentiu um pouco mal por encostar com cuidado a orelha na madeira escura, podendo ouvir o que estava acontecendo ali dentro.

– Você faz muito barulho, imbecil. – Zayn, o que parecia, reclamou. Sua voz estava ofegante, um gemido arrastado foi ouvido pelo menor, o baque entre a cama e a parede se tornando mais rápido. – Louis está no outro lado do apartamento e com certeza vai acordar por causa do escândalo que você está fazendo e ele vai nos encontrar assim.

– Não me culpe pelas suas demasiadas tentativas de tentar impedir uma gozada rápida vindo de você acontecer, Zee. – Louis para, totalmente congelado da mesma forma que estava. A única e primeira cosia que veio à sua mente, foi a palavra "Harry". O som não estava totalmente perfeito, estava abafado e a voz do tatuador era baixa, mas Louis não duvidava de que de fato, era ele.

Antes que pudesse ouvir mais alguma coisa, ele se afastou abruptamente da porta, olhando-a perplexo por alguns segundos, logo dando meia volta para a cozinha. Louis era um péssimo ator, sabia disso, era um horror em tentar esconder seus sentimentos e emoções, e daquela vez não foi diferente, não foi um impacto como se pudesse acabar com a sua vida, mas foi algo como se uma porrada de desapontamento lhe acertasse em cheio. É óbvio que ele e Harry não tinham absolutamente nada sério, mas era difícil para Louis colocar na sua cabeça que ele poderia ter o direito de se envolver com outras pessoas, mesmo que isso fosse praticamente diante do seu nariz, se abalar era inevitável.

Desligou a água que já borbulhava de tanto ferver, um suspiro longo e pesado escapando dos seus lábios, se sentindo completamente inútil com a tristeza surgindo em seu corpo, talvez nem fosse culpa de Harry, mas Louis era uma pessoa que se iludia muito fácil, não conseguia se entregar para alguém sem a chance de criar expectativas após aquilo, como um telefonema ou uma mensagem para marcar outro encontro no dia seguinte, e depois do momento em que Harry e ele tiveram no banheiro da festa na noite passada, é claro que ele se garantiu e nem pensou duas vezes para pesar no pós e contras de criar expectativas com o tatuador.

Ele lembrou do seu "ex-namorado", Bryan, que tinha conhecido no segundo grau do ensino médio, não chegou a ser oficializado, foi o primeiro cara que Louis admitiu para si mesmo que gostava de um garoto, e apesar das carícias, palavras e tudo que fazia a mente de Louis ferver com a probabilidade de se pensar em um futuro, é claro que o cara só estava doido para enfiar o pau na bunda dele, e quando o fez, fingiu que nem conhecia Louis no dia seguinte. E nem foi uma foda boa, para começar, além de ter seu coração partido de uma forma totalmente clichê, usou hipoglós pelos próximos três dias por estar com a bunda assada justamente pelo babaca não ter usado a quantidade de lubrificante exata, chega ele tem vontade de enfiar a própria cara na parede quando lembra dos choros no seu quarto enquanto comia uma barra de chocolate reclamando para Niall que estava ocupado passando algum remédio nas nádegas do amigo para amenizar a dor.

Bom, deveria ter percebido no mesmo momento que um adolescente idiota de dezessete anos não era nada comparado com os de livros ou filmes, então Louis tem um pouquinho de culpa por ter se apaixonado por um otário.

Impassivo, voltou para quarto com a caneca de chocolate quente em mãos, se distraindo da melhor forma que conseguia para tirar a voz de Harry misturada com os gemidos de Zayn vindo em seguida, o baque entre a cabeceira e parede.

Talvez ele que fosse o intruso ali dentro.

Por sorte, encontrou um fone jogado no criado-mudo ao lado da cama que se deitara, conectando com o seu celular temporário e indo diretamente para as músicas, foi uma boa distração enquanto bebericava o líquido de chocolate deitado na cama, com o olhar oposto à porta, concentrado em observar a neve fraca caindo pelos ares fora da janela, uma vez ou outra a neve grudando no vidro polido. O gosto musical de Phoebe realmente não era o melhor, só tinha estilos genéricos e músicas chatas e bem chicletes, porém era bem melhor ele ficar reclamando das terríveis músicas que tinham ali do que qualquer outra coisa que passavam em seus pensamentos.

Não sabe ao certo quanto tempo ficou ali, mas já estava contando os cristais de neve que grudavam no vidro da janela quando sentiu dedos gélidos tocarem sua cintura com precisão. Em um abrupto, Louis quase caiu da beirada da cama, soltando um gritinho extremamente infantil quando virou o rosto rapidamente para ver Harry do outro lado, com um sorriso mínimo nos lábios pedindo atenção do de olhos azuis. Louis ficou tão vidrado olhando a neve que só agora percebera que o tatuador tinha a pele tão branca quanto o fenômeno meteorológico, dava cor para os desenhos em seu corpo e os lábios avermelhados e um pouco ressecados pela temperatura, fazia o garoto se tornar uma miragem mais do que já era, Louis quase riu de nervoso ao pensar nisso, já que o cara estava transando horas atrás do outro lado do apartamento e o moreno só se concentrava em pensar na Branca de Neve masculina de tão bonito que Harry era.

– Hey. – Saudou, sentando-se um pouco distante na cama com o garoto, havia um pouco de neve no seus cachos castanhos, as bolsas embaixo dos seus olhos verdes demonstravam que precisava dormir o mais rápido possível. Ao contrário de Louis, ele era um bom ator. – Desculpa a demora, não deu para trazer comida japonesa porque lá estava fechado, então fui para um que o restaurante estava uma bagunça e atrasaram meu pedido por uns vinte minutos. – Oh, um ótimo mentiroso também, talvez o pedido consistisse em fazer Zayn não gozar tão rapidamente. – Então, eu trouxe frango empanado.

– Ah. – Louis disse com desdém, as sobrancelhas arqueadas quando voltou a dar atenção para o celular, fingindo estar fazendo a coisa mais interessante do mundo enquanto ignorava o tatuador, que obviamente franziu as sobrancelhas estranhando o modo que o garoto lhe tratou.

– Tudo bem? – Insistiu, aproximando-se do moreno de olhos azuis, tentando ver o que Louis estava fazendo no celular, mas antes que pudesse perceber que de fato, ele não estava fazendo nada, o moreno desviou, olhando com carranca para o cacheado e reclinando as costas na cabeceira da cama, concentrado novamente em não fazer nada no eletrônico. – Oh, pela sua puta carranca no seu rosto em minha direção, está com birra por algo que eu nem sei o que fiz, mas estou morto de fome para tentar adivinhar o seu mistério agora. O almoço está na mesa, se quiser.

Louis acompanhou Harry sair do quarto com a posição ereta sem olhar para trás, é claro que ele não aceitaria almoçar para mostrar que estava disposto à ignorar o rapaz por pura infantilidade, mas o negócio é que havia um buraco negro na sua barriga implorando por algo decente que não fosse um chá ou chocolate quente, então quis se tacar na parede a cada passo que dava em direção à cozinha, sentindo que estava destruindo seu orgulho pedaço por pedaço, comida sempre seria seu ponto fraco, afinal.

Quando chegou na cozinha, Harry revirava algum dos armários, entendendo suas intenções quando retirou um prato de lá, mas o tatuador percebeu o garoto chegar, então apanhou outro prato para ele, juntamente com os talheres. Colocou em frente ao garoto que já havia sentado na mesa para almoçar, sem olhá-lo de fato, Louis observou o maxilar travado no rosto de Harry, mostrando o quão ele estava puto pelo menor ter lhe ignorado, mas aparentemente não estava afim de conversar com ele naquele momento.

Então Louis ficou em silêncio, observando Harry tirar os alumínios de cima dos pratos, as orbes verdes do cacheado lhe encararam, meio que avisando para que ele se servisse primeiro, e Louis não evitou em fazê-lo. Após os dois encherem o prato de comida, começaram a comer silenciosamente, o moreno de olhos azuis não sabia onde enfiar a cara por tanta vergonha de ficar de frente com Harry em uma tensão desconfortável, e parecia que para piorar as coisas, Louis ouviu a batida de porta vindo de algum lugar, observando Zayn caminhar preguiçosamente com o cabelo bagunçado e somente de samba canção, expondo todo o seu corpo tatuado e magrelo.

– Oi. – Disse brevemente, não esperando por uma resposta, logo se acomodando ao lado de Louis depois de pegar um prato para que pudesse servir a si mesmo.

– Oi. – Harry diz sem encarar o amigo, a carranca em sua cara se desfazendo um pouco. – Não vai para o estúdio?

– Cancelei todas as sessões de hoje, não estou com saco para isso. – Zayn responde com desdém, colocando uma enorme quantidade de arroz em seu prato. – Como foi a festa?

Antes que os dois pudessem conversar como dois idiotas sobre o que tinha acontecido, Louis fingira que nem estava ali, estranhando quando Harry não mencionou o ocorrido para o amigo, talvez ele fosse pior que Louis quando estava disposto à ignorar alguém. Estava melancólico e surpreso pelos dois tratarem de assuntos banais na mesa como se não tivesse acontecido nada, mas como o futuro era incerto, Louis ficou extremamente confuso quando observou outro garoto saindo do quarto de Zayn.

– Hey, Liam. Almoça com a gente. – Harry pediu, olhando para o garoto de topete baixo e com a barba por fazer. O tal de Liam sorriu, caminhando até pia onde lavou as mãos e depois revirou o armário para pegar um prato, antes de sentar ao lado do cacheado. – Ah, esse é o Louis, e Louis, esse é o Liam, mora no apartamento ao lado.

– Olá Louis! – Liam cumprimenta, dando um breve aceno para o de olhos azuis com um sorriso simpático nos lábios. – Zayn me disse que você está passando alguns dias aqui.

– Oi. – Louis disse meio tímido, retribuindo o sorriso para o rapaz. – Sim, Harry deixou eu passar alguns dias aqui... Estou com alguns probleminhas.

– Louis, você tem sorte de eu estar aqui. – Zayn diz com empolgação na voz. – Liam cursa psicologia, certeza que está listando na cabeça dele os prováveis problemas que você está tendo, e ele só não vai falar porque já combinamos que ele tinha de parar com isso, ou se não eu não daria os bonequinhos de brinquedo dele para completar a coleção da Marvel.

– Cala a boca, Zayn! – Liam bufa, mostrando o dedo do meio para o moreno tatuado, que riu e voltou a se concentrar em comer. – E não são bonequinhos de brinquedos, para de falar assim deles, eles são especiais.

Louis não consegue evitar em olhar para Liam por alguns segundos, retornando tudo o que havia acontecido mais cedo lá no apartamento, para ele, quem estava no quarto do outro tatuador obviamente era Harry, apesar das leves indiretas que o garoto tinha ouvido vindo de Zayn, praticamente afirmando que ele e o de olhos verdes já se divertiram antes; ele não olharia para o moreno magrelo com um topete perfeito e iria definir que Zayn gosta de homens, Louis nunca fora uma pessoa que rotula as outras, mas sempre teve em mente que se, ele soubesse a sexualidade de alguém, já seria muito fácil de criar um laço sem que não rolasse nenhum tipo constrangimento de ambas partes. E Zayn era do estilo quietão e reservado, não se importava com nada e simplesmente não ligava para o iriam pensar ou não dele, parecia ser pacífico com tudo e todos, mas é claro que Louis poderia estar errado, não havia trocado mais que dez palavras realmente que fariam um diálogo entre os dois, resumindo, eles sequer tinham intimidade.

Apesar de que, nesse almoço em quatro, eles se divertiram muito e conversaram sobre coisas banais, pelo menos Louis pode conhecer melhor – ou um pouquinho – dos dois além de Harry, este por sua vez, trocava poucas palavras e evitava olhar por muito tempo para Louis, mas naquele momento era algo que ele conseguia lidar, mesmo que tenha sido sua culpa ficar bravo com o tatuador sem a porra de um motivo sólido e válido, e mesmo que se Harry tivesse realmente transado com o Zayn, não seria da conta dele do mesmo jeito, afinal. Liam foi o primeiro a terminar de comer, afirmando que teria de ir para o seu apartamento e arrumar várias coisas lá, depois leria alguns artigos da faculdade, então somente agradeceu ao jantar e avisou que na próxima vez ele lavaria as louças.

Quando Louis decidira ir lavar a sua louça, notou Misty praticamente camuflada no sofá da sala, dormindo quietinha e bem confortável. Ele sorriu, talvez a gata tivesse desistido de ir para as ruas na sua gestação, sabia que seria mimada de uma forma ou outra pelo dono, mas ficar em um sofá confortável e um lugar quentinho era definitivamente a sua opção preferida agora. A água gelada tocou seus dedinhos, mas este preferiu não pensar tanto na temperatura, já que seria mais torturante para terminar de fazer a tarefa.

Percebeu uma sombra se aproximando ao seu lado, onde Zayn tinha um sorriso angelical e carregava o seu devido prato junto com os talheres, colocando com uma lentidão na pia para que Louis pudesse lavar, o moreno de olhos azuis semicerrou os olhos para o tatuador, mas abaixou o olhar e fez o favor de lavar os pratos, Zayn por sua vez, pegou o guardanapo e ficou esperando o garoto lavar os pratos para que pudesse enxugar e Louis sorriu em agradecimento.

– Lava o meu prato, por favor? Eu preciso tomar um banho e dormir – Harry fica atrás de Louis, onde sua boca parou bem próxima do ouvido alheio, o de olhos azuis pode sentir o efeito que a voz rouca do Styles causa em seu corpo, arrepiando todos os seus pelos com perfeição. O menor somente dá um pequeno espaço para que o tatuador pudesse ter o caminho para colocar a louça, e após fazê-lo, um sorriso mínimo surgiu em seus lábios. – Obrigado.

– Nada. – Louis retribui, olhando por cima do ombro o cacheado sumir para o quarto sem prévia. – O que foi? – Pergunta, quando nota o olhar de Zayn em sua direção, que segurava um prato em mãos e as sobrancelhas arqueadas como se estivesse surpreso com algo.

– Seja lá o que aconteceu entre vocês, ele não consegue te ignorar por muito tempo. – Zayn explica, abaixando os olhos para poder esfregar o guardanapo nos garfos com atenção. Louis engole seco, decidindo não perguntar, apesar da extrema curiosidade em sua cabeça, então termina de lavar tudo e enxuga as mãos, pensando em algo para fazer o resto da tarde, já que não queria incomodar o sono de Harry, tinha noção do quanto o maior estava cansado e achou justo deixar o rapaz ter algumas horas de sono, mas como se Zayn tivesse lido seus pensamentos, ele sugere algo. – Quer jogar vídeo game? Também tenho Pringles escondido no meu guarda roupa.

– Soa bem. – Louis sorri, aceitando o convite do tatuador. Ele espera o mesmo terminar de enxugar tudo e o ajuda a guardar as devidas peças de louças nos armários. Zayn sorri, grunhindo qualquer coisa para o garoto na intenção de pedir para que ele o seguisse, os dois marcharam até o quarto de Zayn do outro lado do apartamento. – Você é vampiro ou coisa do tipo?

– Eu não gosto de sol ou qualquer merda que envolva o verão. – Zayn explica, se agachando próximo da mesa onde o vídeo game e a televisão estavam posicionados, então começou a revirar uma das tomadas para ligar os eletrônicos. – É terrível. Você soa feito um porco, eu não suporto isso. E as paredes nesse tom me acalmam demais e até que combina, huh?

– Sim, você fez uma bela arte aqui. – Louis elogia, perdendo o olhar nas paredes com um azul marinho discreto, onde pôsters de filme de ação estavam espalhados e desenhos inacabados que o menor supôs Zayn ter feito, seus dedos tocando a tampa de uma das variáveis latas de sprays em uma mochila entreaberta que estava pendurada no gancho da parede. O tamanho do quarto era praticamente o mesmo de Harry, mas com a imensa bagunça de roupas e sapatos espalhados pelo quarto todo, fazia de fato parecer muito menor. – Só não vou comentar nada sobre a bagunça que você tem, porque se na minha casa não tivesse empregada poderia estar pior.

– Uau, você não parece o tipo de garoto playboy que tem uma lamborghini na garagem que foi dada pelos pais de classe alta. – Zayn com certeza tinha falado hipoteticamente sobre como imaginava Louis, mas até que ele tinha acertado noventa por cento, tirando a parte do carro, já que o de Louis que o seu pai havia lhe dado, era um Audi rs7. O carro era uma miragem, de fato, contar para Niall que não iria dirigir aquela belezura fez o mesmo quase ter uma morte pelo melhor amigo, mas Louis afirmava que não tinha jeito para pilotar nenhum automóvel, se sentia mais seguro andando de ônibus do que pilotando um dos carros mais rápidos do mundo, obrigado. – Acertei?

– Um pouco. – Louis ri, sentando-se na beirada da cama de casal do moreno, que ainda estava com a sua paciência diminuindo por não conseguir encaixar alguma fio na tomada. – Ugh, mas por quê...

– Louis, pelas suas vestes qualquer um pensaria que você é um garoto de classe média como qualquer outro. – Zayn olha para Louis com uma seriedade em seus olhos, antes de voltar a dar a vista da bunda magra para o Tomlinson, agora realmente disposto para conseguir enfiar o fio na tomada. – E não é porque você está confortável ou sei lá, tenho clientes que usam cada roupa brega para irem se tatuar, mas sei que são uns pirralhos que só usam roupa de marca, consigo sentir o cheiro de ouro de longe.

– Bela forma como você trata seus clientes. – Louis debocha, um sorriso sarcástico saindo dos seus lábios.

– Nah, eu não tenho muitos apelidos carinhosos no dicionário da minha cabeça, mas gosto de todos, prometo. –Dá de ombros, um sorriso discreto nos seus lábios em comemoração por ver a tela da televisão finalmente ligada. – Eu só não entendi muito o fato de você parar aqui no meio dessa bagunça de um apartamento razoavelmente grande com um estúdio de tatuagem, provavelmente o tamanho daqui deve ser o do seu quarto e a suíte, estou certo?

– Agora não basta o Harry zoar meus hábitos alimentares, você vai vir zombando da burguesia que eu vivo? – Tomlinson revira os olhos, sua gargalhada fraca acompanhando a de Zayn. – Bom, basicamente meio que fugi de casa de casa.

– Oh. – Zayn olha para Louis, a sobrancelha arqueada em surpresa, o mesmo passa a mão pela barba preenchida em suas bochechas. – Fugiu porque derramou suco de groselha no sofá branco de cinco mil dólares da sua mãe e ficou com medo de apanhar ou...

– Vai à merda, Zayn! – Louis reclama, acertando uma das camisetas do tatuador que estava ao seu lado no colchão, Zayn riu, desviando da jogada do menor. O humor descontraído de Zayn fazia as coisas ficarem mais leves, tanto que o moreno de olhos azuis sequer se ofendeu com a brincadeira, pelo contrário, agradeceu pelo mesmo não ter levado tão sério a confissão. – Você e o Harry com certeza poderiam viver em uma mansão se quisessem.

– Yeah, você está certo. – Ele dá de ombros, entregando um dos controles para Louis. – Ganhamos bem por sermos tatuadores, mas eu e ainda mais o Harry não damos a mínima para luxo, vivemos bem aqui, e ele não é muito bom para manter a paciência na hora de fazer mudança, então a chance de irmos para um apartamento cinco estrelas está fora de cogitação.

– Eu também não ligo para luxo, Zayn, tanto faz para mim viver em um lugar caríssimo ou não, acho que me acostumo muito fácil com qualquer ambiente. – Louis admite, seus olhos seguindo cada passo do jogo que era controlado por Zayn, aparentemente um jogo de luta que Louis tinha certeza que já jogara com Niall, mas lembrar nomes não era com ele. – Vamos jogar ou não, afinal? Você parece mais entretido em querer saber se sujei o sofá da minha mãe de cinco mil dólares do que focar no jogo.

– Então vamos jogar, cacete, e quem não para de falar é você. – Zayn reclama, revirando os olhos para o menor. O nome Mortal Kombat apareceu na tela, confirmando as suspeitas de Louis. – Preparado para levar vários Fatalities, seu playboyzinho de merda?

Louis ri e esbarra no tatuador de propósito, antes dos dois começarem de verdade a jogar. A primeira coisa que veio na mente de Louis ao pensar que Zayn havia escolhido aquele jogo, era para que ele pudesse quebrar o de olhos azuis fácil demais com a sua experiência no game, mas quem acabou ganhando na primeira partida foi Louis, zoando de Zayn que estava extremamente confiante minutos atrás, e foi respondido com alguns xingamentos, avisando que aquilo só era sorte de principiante. Então na terceira partida, mais ou menos, os dois estavam à flor da pele com as reviradas de jogos entre ambos, e Zayn logo propôs um desafio, avisando que quem ganhasse primeiro com sete vitórias, ficaria com a lata lacrada de batatinhas de Pringles que o moreno havia mencionado antes, e para falar a verdade, Louis nunca gostara muito daquela marca, mas a questão de ser desafiado em uma competição fazia o menor ter o foco total de vencer, porque levar um jogo somente na brincadeira não acontecia nunca com um Tomlinson, ainda mais quando se tratava de Louis Tomlinson, ser capricorniano com ascendente em áries poderia ser difícil de diferenciar se colocassem o diabo ao lado dele.

E quando estavam à uma vitória de diferença, os dois gritavam e xingavam de forma alta no quarto, enlouquecidos com o controle em mãos e os olhos atentos para a enorme tela que mostrava os dois bonecos em uma disputa infalível, onde cada um retornava com cada vez mais forças, antes de Louis pegar Zayn com surpresa, o matando em um golpe, a vitória era de Tomlinson.

– Pau no seu cu, Louis! – Zayn grita, completamente puto ao ver que tinha perdido uma proposta que ele mesmo havia sugerido. Ele larga o controle na cama, bufando enquanto ignorava o menor dando alguns pulinhos em comemoração em cima da cama, o ego alto naquele momento estava penetrando cada célula do corpo de Louis, talvez fosse errado se gabar por causa de um jogo besta, mas para alguém como o de olhos, a sensação de ficar por cima era boa demais. – Já acabou?

– Onde estão minhas batatinhas? – Louis cantarolou para o tatuador, que revira os olhos e se levanta, caminhando até o armário e revirando algum canto, tirando a lata vermelha e jogando na direção do moreno. Um sorriso finório ainda estava nos lábios do Tomlinson, abrindo de forma metida a embalagem. – Eu não sou tão cruel para não dividir com você, pega.

– Obrigado. – Zayn agradece com uma expressão surpresa, mas logo enfia a mão dentro da lata, pegando uma quantidade enorme de batatinhas. Os dois permanecem em silêncio enquanto mastigavam, o som crocante ecoando pelo quarto. – Ah, Liam estava aqui de manhã... Você por acaso... ouviu alguma coisa?

– Não. – Louis mente, lambendo os lábios após responder, talvez mencionar que ouvir os gemidos dos dois pela manhã deixariam as coisas um pouquinho constrangedoras, apesar do fato de que ele lembraria ter sido um idiota com Harry sem necessidade. – Mas, vocês dois namoram ou...

– Não, somos amigos. – O tatuador dá de ombros, completamente relaxado com a sua resposta. – Na verdade, talvez a gente se goste um pouquinho. Mas ele diz que eu vou ser uma bela distração se ele aceitasse namorar comigo, já que ele quer terminar a faculdade completamente focado, e eu acho que eu não seria um bom namorado para ele. – Continua, pegando mais batatinhas. – Então só transamos de vez em quando, no entanto, nossas cabeças de cima não se dão muito bem, mas as de baixo...

– Eu não precisava saber disso, Zayn. – Louis faz uma careta de tédio diante da confissão do outro, a risada alheia vindo como uma resposta clara. – Estou com sede, vou na cozinha já que agora você acabou com todas as batatinhas.

– Não acabei nada. – Ele rebate, mostrando a língua para o menor. – Aproveita e traz um pouco de suco para mim.

– Já que você zombou da burguesia que eu moro, seria mais justo se você fosse a empregada. – O de olhos azuis rebate, recolhendo o resto de lixo no quarto do tatuador. – Mas, tudo bem, você nunca iria saber se eu cuspisse no seu copo, de qualquer forma.

– Você não está nem louco!

Louis ri e marcha para a cozinha vazia, onde joga a lata já seca com a embalagem rasgada, ele lava as mãos na torneira pra retirar o grudento dos seus dedos, e logo procura dois copos para que enchesse de suco e acabasse com a sede. Já se passava umas duas horas e meia desde o almoço, por volta das três da tarde da segunda feira, ali no apartamento não havia relógio de parede, e apesar de achar mais prático, parece que os tatuadores da casa achavam melhor saber da hora pelo celular. Ele pegou os dois copos, na intenção de voltar para o quarto de Zayn, imaginando que Harry não acordaria tão cedo, mas quando deu dois passos depois da porta, a campainha soou.

Franziu as sobrancelhas, confuso da provável visita, talvez fosse algum cliente de Harry, na qual o cacheado não havia avisado de fato que não teria sessões naquela tarde, ou poderia ser Liam procurando por Zayn, de qualquer jeito, foi até a porta, na intenção de receber quem quer que seja. Primeiramente se posicionou na ponta dos pés, tendo como passo para olhar no olho mágico da porta, talvez se fosse algum psicopata querendo extorquir ou qualquer merda, mas no momento em que viu os olhos azuis com a cabelereira loira impossível de não ser reconhecida, provavelmente a opção de um ladrão querendo invadir o apartamento pareceu um pouquinho mais agradável para Louis do que ver Niall ali do outro lado da porta.

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