once upon a plug {l.s}

By infactIarry

2.4M 217K 1.2M

Na qual Harry e Louis transam e não se lembram de nada depois, Louis acorda com um plug e Harry tira uma foto... More

avisos
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
11%
12%
13%
14%
15%
16%
17%
18%
19%
20%
21%
22%
23%
24%
25%
26%
27%
28%
29%
30%
31%
32%
33%
34%
35%
36%
37%
38%
39%
40%
42%
43%
44%
estamos de volta!
45%
46%
47%
48%
49%
50%
51%
52%
53%
54%
55%
56%
57%
58%
59%
60%
61%
62%
63%
64%
65%
66%
67%
68%
69%
70%
71%
72%
73%
74%
75%
76%
77%
78%
79%
80%
81%
82%
83%
84%
85%
86%
87%
88%
89%
90%
91%
92%
93%
94%
95%
96%
97%
98%
99%
100%
Trailer OUAP!
OUAP is back!
Um Milhão de Pequenas Coisas
trilogia Um Milhão de Pequenas Coisas
capítulo extra final

41%

23.2K 2.3K 6.5K
By infactIarry

este é um cap sério, pesado e íntimo. não contém descrição de cenas fortes, "apenas" menção à automutilação, breve (os arranhões) e explicará o comportamento de Louis, não está pesado no sentido de sofrimento, eu acho, só está realista, e sabemos como palavras podem doer, sim? está retratando os pensamentos de pessoas que sofrem abuso mental, psicológico, emocional (são todos diferentes) e físico. sei que muitxs de vocês sentem-se fragilizados e sensíveis por caps desde jeito e eu compreendo, mesmo, e compartilho da mesma sensação pois escrever coisas assim me dói pois sei do que estou escrevendo, parte de mim está aqui, e peço encarecidamente que deem uma chance, okay? se estiver em um dia ruim e não quiser ser colocado no clima, eu compreenderei se quiser pular, apenas irá perder o significado das ações de Louis mas desde que seja flexível mais para frente, estamos de acordo. e se ficar muito pesado, peço que venham falar comigo, acreditem, eu sei do que estou falando e adoraria ajudar ou apenas conversar sobre (ou não, vamos falar de friends ou de qualquer outra coisa). sei que não gostam de caps pesados e não aguentam mais sofrer mas este será o último com essa pauta okay? e um adentro: se ler é doloroso, imagina viver isso dia após dia? nós somos vencedorxs e somos fortes, sim? se você chegou até o final dessa nota e mesmo assim vai ler, obrigada, deu trabalho e foi dificil achar a força e clareza para retratar algo assim. se você não irá ler, ei, obrigada mesmo assim, eu sei que é dificil e compreendo. no final das contas, eu sempre amarei ocês.

Mais uma coisa. Pra todxs que falam que quando começaram a ler a fanfiction e pela sinopse e tal não imaginaram que seria sofrimento, apenas sexo: esta é a realidade de quem sofre abuso em relacionamentos. Eles escondem muito bem, eles enganam e disfarçam. Apenas aqueles que permanecem por tempo suficiente veem sua dor.

Assim que Louis entrou pela porta da frente do apartamento, o rosto molhado mais pelas lágrimas do que pela chuva, ele permitiu-se suspirar aliviado ao perceber que era o dia do turno noturno de Stan e que teria o apartamento só para si e suas angústias. O caminho até o quarto foi rápido, sincronizado com sua respiração ofegante e coração acelerado, suas peças de roupa molhadas ficando no chão durante o percurso – menos a blusa de frio de Harry, esta, ele segurou e depositou na cama com cautela, mesmo que ela estivesse ensopada.

E então, ele caiu ao chão.

Seus ombros pesaram e flashes de sua infância, de seus erros, de Ryan e de mais cedo naquele dia inundaram sua mente, coisas boas misturadas com ruins levavam toda a essência da salvação, cada gota de esperança era drenada conforme suas lágrimas rolavam por sua bochecha impiedosamente, quentes em contraste com a pele gélida.

FLASHBACK ON

- Um dia, querido – Jay começou a falar, a voz suave ao que ela acariciava a testa de Louis, automaticamente tirando os fios dali e os penteando até sua nuca. O garoto a encarava com grandes olhos azuis, a cabeça em seu colo. – Quando encontrar alguém, vai saber. Só se ama uma vez. – ela sorriu para ele, gentil. – E se você rejeitar esse amor, a vida irá cobrar de você. Não se pode alterar a ordem das coisas desse jeito. E não importa o quanto você tente escapar, a vida sempre irá te trazer de volta para seu amor inicial, porque é assim que deve ser.

- Por isso não deixa o papai?

Jay fitou Louis bem nos olhos, séria conforme falava.

- Sim. Eu não posso deixar seu pai, Lou, porque eventualmente estarei de volta com ele. É perda de tempo. Não importa o quão difícil pode ficar em alguns momentos, ele foi o escolhido para mim e se a vida decidiu que ele é o que eu mereço, por que duvidar? É sempre a melhor opção, querido, permanecer, independente dos erros da pessoa, independente de todos os motivos que ela lhe dê, não a abandone porque seu propósito é muda-la. E se não conseguir fazer a mudança acontecer do outro lado, mude você. O importante é permanecerem juntos até o final, sim?

- Mas e se achar alguém tão bom quanto ele? E se amar alguém diferente?

Jay riu, uma risada desdenhosa ao que puxava inconscientemente o cabelo de Louis, que fez uma careta.

- Se fizer isso, querido, você vai acabar levando a pessoa junto com você. Você vai privá-la de amar alguém já que sempre estará fadado a amar a pessoa inicial, seu coração sempre terá um dono, e não será ela. Nós não queremos fazer isso, queremos?

Louis negou avidamente, os olhos atentos no sorriso de sua mãe.

FLASHBACK OFF

- Não, não... – Louis murmurou baixinho ao que puxava seus cabelos em agonia, as lágrimas já saindo dolorosas de seus olhos ardidos. Seu peito doía em ofegos e tremendo em desespero, pegou-se apenas de cueca no chão, os pelos arrepiados com o frio noturno que entrava pela janela aberta.

Foi instantâneo. Seus dedos foram para seus braços e arrancaram a camada mais superior de pele, a dor dos arranhões recentes o atingindo de primeira, antes mesmo do sangue escorrer, e em seguida, ele já partia para as coxas, na lateral delas, com ainda mais força e mais necessidade de fazer sua mente focar em algo além das lembranças tortuosas.

Em vão.

FLASHBACK ON

- Eu já disse, Louis e esta é a última vez que irei repetir: eu não vou sair com seus amigos idiotas.

Louis fez um bico discreto ao que controlava um suspirar. Ele havia acabado de chegar da uni e estava no apartamento de Ryan, ambos no sofá ao que ele assistia algum jogo de futebol americano e Louis ensaiava silenciosamente – como ele fazia isso era um mistério mas ele daria seu jeito se fosse para evitar deixar Ryan irritado. No momento não estava tendo muito sucesso.

- Mas é o aniversário de Niall e—e—ele gosta de você e—eu realmente queria que vocês saíssem mais porque são as pessoas que mais importam pra mim e—

- O que?

Louis franziu o cenho para Ryan, que estava tão sério quanto jamais esteve. Subitamente, um nó tomou a garganta de Louis ao que ele se encolhia.

- Vocês são as pessoas que mais importam pra mi—

- Vocês? – Ryan riu descrente, quase desdenhoso. – Niall sabe dos seus segredos? Dos seus medos? Das suas frescuras? Dos seus problemas? Das suas carências excessivas e desnecessárias? Ele sabe quem você realmente é? Quem é o Louis por baixo dessa camada superficial de arrogância e atrevimento... quem você esconde ai por baixo dessas roupas atrevidas? Ele sabe da sua infância de merda e da sua família que fez é bem em se afastar do garoto problemático que é? Ele sabe disso, Louis? – Louis permaneceu quieto, o olho ardendo para conter lágrimas ao que suas mãos começavam a tremer e seu coração apertar. – Ele sabe que sua mãe te rejeitou? Que seu padrasto te repugna e suas irmãs te desconsideram? Até mesmo seu irmão mais novo se afastou de você para não ser contaminado. Ele sabe disso? Eles sabem—seus amigos? Sabem que ninguém gosta do Louis verdadeiro, só dessa fachada de garoto metido e provocativo que não sente nada e não liga pra nada. Eles sabem que você chora pra mim toda noite reclamando da sua vida de merda? Eles sabem que você não passa de um dependente miserável que grudou em mim como um sanguessuga, eles sabem? Aposto que não.

Louis abaixou a cabeça ao que lágrimas caíam por suas bochechas e molhavam seu pescoço e camisa. Foram segundos tortuosos que se passaram: Ryan o puxou pelo pulso de forma bruta, jogando-o para cima de seu colo e o obrigando a o encarar.

- Está chorando, seu inútil? Está vendo? É por isso que ninguém nunca vai ficar com você por tempo suficiente. Você é fraco, Louis, dependente, desnecessário, vive nas custas dos outros e serve os que te dão carinho. Igual a um cachorro. Assim que ganhou a confiança dele, pode jogar o osso longe que mesmo assim ele vai lá buscar e então... – Ryan ergueu seu rosto pelo queixo, o azul rodeado de vermelho nos olhos de Louis. – Você o deixa, e sem dono, ele fica perdido, faminto, desesperado, ridiculamente inútil, sem propósito. Você, Louis, é meu cachorrinho. Eu sou quem te dá comida e abrigo, carinho e amor. Não Niall, não seus amigos. E se ficar indo muito pro lado deles... eu irei jogar o osso longe. E quando você voltar com ele, eu não estarei mais lá para pegá-lo. – Ryan apertou as bochechas de Louis com força, dando ênfase e fazendo com que mais lágrimas caíssem. – Entendeu? – Louis fechou os olhos com força. – Entendeu, Louis? – ele assentiu fraco. – Palavras, caralho, palavras. Ou até nisso precisa que te ensinem? Entendeu?

- S-sim.

- Ótimo. Agora pare de besteira e diga para Niall que não irá na festa dele. Mande parabéns por mim. Seja rápido, o intervalo do jogo começa daqui a pouco e quero transar.

FLASHBACK OFF

Do mesmo jeito que as palavras de Jay rodeavam sua mente naquela época, elas estavam retornando com força total agora. Louis as ouvia veemente nos quatro cantos de seu cérebro, reverberando por seu corpo e saindo por seus arranhões em forma de sangue. A dor mental e emocional era tanta que ele sentia em seus ossos, músculos e veias – ela se tornara física, tão imponente sobre seu próprio corpo que o deixava refém de suas próprias lembranças.

Sua mãe o avisara – ela dissera para ele permanecer com Ryan, o aconselhou a aguentar firme e sofrer calado. "Se ele não mudar, mude você" – foi o que ele fez, mudou, mudou tudo sobre si e em si. Louis mudou para se encaixar na vida de Ryan, reconstruiu sua personalidade para combinar com o que ele queria, e então, ele se foi. E após sua partida, Louis não era mais ele mesmo.

- Você não podia me mudar e simplesmente ir embora... Me fazer mudar... – Louis sussurrou, tão baixo e tão fraco pelos soluços que só compreendeu suas próprias palavras porque elas ecoavam em sua mente antes mesmo de serem traduzidas por sua boca. – Não é justo...

E a pior parte de tudo isso é que Louis não mudara para melhor. Ele se tornou algo que ele nem ao menos gostava mais porque se tornou a imagem de Ryan – e assim como ele repudiava tudo relacionado ao Ryan, seu próprio ser estava incluso.

Toda vez que Louis sentia-se mal, ele acabava nos braços de Ryan. Toda vez que Louis sentia-se bem, ele acabava nos braços de Ryan. Toda vez que Louis sentia-se triste, ele acabava nos braços de Ryan. Toda vez que Louis sentia-se feliz, ele acabava nos braços de Ryan. E sempre que ele tentava se desprender um pouco da coleira que lhe fora colocada, Ryan o puxava de volta, o isolava de tudo e todos, tornando-o mais dependente ainda. Ryan o convenceu a pular com a promessa de que o pegaria e no instante em que Louis começou a cair, Ryan já estava dando-lhe as costas.

Era o tipo de sensação na qual Ryan o colocara no Inferno e Louis ainda chamava de amor. Ele o tinha no ponto em que Louis deixaria o mundo inteiro para trás apenas para estar com ele. Era amor, sim, ele amava – mas era uma via de mão única, Louis sabia em seu peito que era amor desde o momento em que ele começara a criar explicações, desculpas para o modo em que ele o machucava.

E Louis conseguira se desprender um pouco, conseguira se ver livre por míseros minutos que apenas o enganaram de forma tola. E então, ele caiu de novo. Caiu pois Ryan era seu capitulo favorito, aquele que ele ficava horas lendo e relendo até que seus olhos estivessem vermelhos com lágrimas e seu coração doído por memórias do toque perdido. Ele sabia que Ryan não era bom para ele, mas era pior sem ele porque no final do dia, estar com alguém que sabe todos os seus segredos, todas as suas cicatrizes, todos os seus medos e todos as suas fraquezas é confortante, é revelador, te dá a sensação de liberdade enganosa, você se sente protegido pois alguém que tem todas as armas para te destruir está ali do seu lado, jogando a seu favor.

E aí estava o nó principal do problema.

Mesmo quando Louis tentava não o querer, ele acabava retornando pois Ryan era sua alegria favorita (a única que ele se permitia e era permitido sentir) e sua dor infinita (a única que ele sabia que aguentaria sentir, era algo familiar no peito, conhecido, de casa); ele tentou o odiar mas a única coisa que acabou odiando era o fato de amá-lo.

E amar Ryan foi o maior sacrifício que Louis já havia feito em sua vida pois ele lhe deu o poder de o destruir.

E foi exatamente o que ele fez.

Confiança é um jogo perigoso. Muitos têm a experiência da traição. E a coisa é que, os sinais estão lá mas não os vemos. Nós racionalizamos e perdoamos mal comportamento – como esperar que a pessoa se importe tanto quanto você. Nesta linha de pensamento, nós nos tornamos nossa própria vítima. Pessoas como essas raramente se desculpam e geralmente sentem-se justificadas por qualquer mal comportamento que elas mostrem. Elas são manipuladoras, impiedosas, desonestas, e racionalizam suas ações para que não tenham que muda-las. Não há um ponto coeso em despejar seu coração nessas pessoas ou tentar entende-las e entender suas ações – a maior parte delas mal tem ideia do que fazem. A melhor coisa que pode fazer é se afastar.

E também é a pior.

Porque ele se foi e você está tentando deixar tudo ir embora com ele mas simplesmente não irá e você não irá esquecer. Dói, está vivo e ardendo quando não deveria estar, está de volta e ainda maior que antes. Dói e as lembranças são sutis e suaves ao mesmo tempo que te atingem como uma bola de demolição. E então, tudo cai em cima de si novamente. Ele nunca foi tão gentil quanto você se lembra, aquilo nunca foi tão perfeito quanto seu eu inocente do primeiro ano da faculdade pensava. É difícil deixar tudo ir quando dói e você está sempre sangrando.

Ryan o esfaqueou milhares de vezes e agiu como se ele fosse o único sangrando. Ou pior, mesmo depois que Louis foi esfaqueado nas costas, ele continuou se desculpando por seu próprio sangue nas mãos de Ryan. E a ferida fica ainda mais exposta no instante em que você percebe que amar alguém que não te ama de volta é uma coisa. Amar alguém que você pensa que te ama de volta e depois descobre que eles nunca o fizeram é algo totalmente diferente. Isso te destrói. Te esmaga. Você pensa que tudo está bem e que está feliz, no segundo seguinte tudo é arrancando direto de dentro de você.

Amar alguém tóxico é a coisa mais dolorosa de todas pois eles te machucam e te machucam e te machucam mas você sempre voltará para eles. Sempre. É como um veneno, lentamente sugando sua vida e sua felicidade, mas você os ama. E nunca irá parar de amá-los pois algumas pessoas simplesmente te pegam deste jeito.

Abuso é viciante devido à hormônios cerebrais em resposta à estímulo extremo. Não é culpa das vítimas se elas anseiam por abuso ou se sentem impotentes e ansiosas sem. Isso não significa que elas querem ou merecem, elas foram machucadas tanto que seus cérebros ficam danificados por isso. Ninguém no planeta consente à danos cerebrais ou quer cooperar com a sensação de absoluta mortalidade o tempo todo e desejando dor tanto que se sente culpado ou envergonhado por isso. Leva anos para estabilizar seus hormônios cerebrais, mas é algo que pode e deve ser feito.

É como estar com alguém que te faz sentir como se estivesse perdendo a cabeça mas sua abstinência fosse como perder a si mesmo. Te faz começar a questionar se você não é o único tóxico na relação. Não eles – seus pais. Não eles – as pessoas da escola. Não eles – seus péssimos amigos. Não seu passado terrível ou qualquer outra coisa em que você bote a culpa, lá no fundo. Você começa a questionar se não é você. Se não fora sempre você.

Talvez alguns de nós sejam realmente destrutivos em tudo que tocam.

Louis se sentia como se nunca fosse o suficiente para Ryan. Não importa o quanto ele o desse, ele sempre queria mais. Ele nem era de Louis e mesmo assim quebrou seu coração. E não é sempre apenas o coração. Algumas vezes, sua mente quebra também. Louis é do tipo de pessoa que ama com força, e quando quebra, quebra com tanta força quanto ama.

A ficha cai aos poucos conforme a dor da perda vai se alojando dentro de seu peito. Ryan não estava recolhendo os pedaços quebrados do coração de Louis e o remendando, ele estava movendo-os de lugar para que no final, tivesse o mesmo resultado: ele. Ryan queria estar no coração de Louis. Não porque ele queria ser amado mas porque ele queria que Louis o amasse – e Louis o fez, amou a ele, e o pensamento dele, até mesmo.

É o que eles sempre dizem:

"Passarinhos criados em jaulas pensam que liberdade é crime."

Louis se viu sozinho e desprotegido, a única coisa que o mantinha acolhido era a fachada que tinha de garoto gay e arrogante e petulante que pegava todos e transava com quem quiser, o garoto que se fazia de forte na frente dos amigos para não os afastar, não os mergulhar na infinidade de dor que o inundava desde a infância. E então, você começa a questionar se eles ao menos se importavam no final das contas. Começa a se questionar pelo resto da sua vida se você é o bastante.

E as respostas são as piores.

As vezes, o pior lugar que você pode ficar é em sua mente. Não era para ser desse jeito. Amar alguém deveria ser algo lindo, não algo que destrói as pessoas. Você nunca percebe o quão tóxico alguém pode ser até que respire ar fresco. E subitamente, você se sente asfixiado, aquilo é novo e estranho para você, a liberdade – te assusta, te amedronta. Por isso Louis tranca suas emoções, porque uma vez que as liberta, ele cai de cara no chão. Ele cai sem ninguém para o segurar, então despedaça no asfalto, quebrado e sozinho.

A dor muda as pessoas. As faz confiar menos, pensar mais e afastar as pessoas. É isso que acontece quando você aprende sobre amor com pessoas que nunca realmente nos amou.

E quando confiança é quebrada, um simples desculpe não significa nada. Quebrar a confiança de alguém é como amassar um pedaço perfeito de papel. Você pode suavizá-lo com os dedos mas nunca será o mesmo.

Há muitos jeitos de morrer mas apenas o amor pode te matar e te manter vivo para sentir o luto.

Louis não sabia mais como era não se sentir quebrado. E começa a se espalhar, ultrapassa os limites de seu corpo e contamina os que estão ao seu redor. E Louis não podia deixar isso acontecer. Ele pensou que assim como a dor de Ryan, a dor da solidão e saudade de seus amigos, de Harry, se tornaria familiar e suportável.

Não se tornou.

Ele sempre se encontrava preso entre dar tudo de si para as pessoas por estar morrendo para criar relações significativas, e os dando absolutamente nada porque se eles se forem, pelo menos será deixado inteiro.

Louis sentia-se cheio de pensamentos, sentimentos e vozes. Ele queria escrever exatamente o que sentia mas de alguma forma, o papel sempre permanecia vazio – e ele nunca poderia ser descrito de maneira mais correta.

Ele aprendeu que as pessoas podem permanecer, te deixar, te salvar, ou te destruir. Mas de longe, a coisa mais perigosa que podem fazer é retornar. E por este motivo é que ele tentava de todas as formas se manter afastado dos outros. Ryan era sua única base de comparação e em sua mente – ele era o reflexo de Ryan, sua criação. E, bem, Ryan o deixara eventualmente – ele só estava antecipando sua partida.

Mas tudo bem, ele não escolheria a si mesmo de qualquer forma. Louis nem ao menos permaneceria por ele mesmo, por que os outros o fariam?

Louis não precisava da sensação de cheio, mas sim da sensação de não estar vazio. E as pessoas o dizendo que Ryan nunca o amou não o ajuda a superá-lo, apenas o faz se sentir pior. Apenas estraga suas esperanças no amor. Você está o dizendo que todas as memórias com ele eram falsas? Que todas as vezes que ele disse aquelas três palavras, foi sem sentido algum? Que todas as vezes que ele sorriu e riu e o confortou e o protegeu foi absolutamente nada? Que no futuro, ele nunca será capaz de confiar em ninguém quando eles o dizem que o amam ou agem como tal?

É exatamente isso que está querendo dizer. As memórias foram falsas, as três palavras foram sem significado, os sorrisos e as risadas e o conforto e a proteção foram porra nenhuma e no futuro, a confiança estará destruída, assim como seu coração.

E aí que Louis fez uma nota mental.

Eu te amo nem sempre significa a mesma coisa que Eu nunca te deixarei.

Louis estava perdido. Ele não sabia o que sentia mais. Ele estava feliz e triste, ao mesmo tempo. Ele nunca conseguia explicar como se sentia, ele permanecia quieto e mantinha esses sentimentos dentro de si. Ele já havia perdido tanto e ganho tão pouco. Ele nunca se sentia bom o suficiente para alguém, nem mesmo para si próprio. Ele sorriria e riria. Agiria como se tudo estivesse bem mas ele sabia que estava vivendo uma mentira.

Por trás de seu sorriso estava um coração partido.

Ele perdoava e perdoava várias e várias vezes apenas porque estava com medo de perder alguém que nunca viu seu verdadeiro valor. Ele esperava demais e nunca aprendeu a deixar para lá. Ele ficou apegado rápido demais e quando a hora chegou, parte dele foi-se também. Todas as promessas que ele acreditou voaram para longe assim como o vento. E ele esperou, esperou e esperou, mas ele nunca retornou.

Tudo que ele quer é nunca mais sentir pois toda vez que ele sente, tudo que sente é dor.

É a sensação de vazio ao mesmo tempo de sufocamento. Como se a coisa mais pequena do mundo pudesse te levar até o limite. O que você faz quando não tem nada além de dor dentro de si? E se tudo que procurássemos apenas existisse em nossos sonhos?

Como você explica algo que nem ao menos você compreende?

Alguns dias são assim. Você sente tudo de uma vez. E outros, não sente absolutamente nada. E não sabe o que é pior: afogar entre as ondas ou morrer de sede.

Sangrando pelos braços e coxas, lágrimas escorrendo e peito subindo e descendo fortemente, Louis se encontrava deitado no chão frio, apenas usando uma cueca, já encharcada de sangue e chuva, o cheiro da camisa de Harry repousada em sua cama sendo o lembrete incessante de suas dores.

Há um momento tão frio, tão cheio de solidão e medo ardente aonde você deita em silêncio e seu peito parece como se seu coração estivesse quebrando, de novo e de novo. Lá. E tudo que há dentro de você é desespero e medo. Sem personalidade. Sem senso de vida. Sem alma. Há nada. Você é nada. E então tem esta voz dentro de seu cérebro danificado que continua sussurrando e cada palavra que diz faz sentido.

Você simplesmente não é feito para esse mundo. Você é sensível demais, frágil demais, fraco demais para esse rápido e amedrontador e bruto mundo do caralho.

E você silenciosamente pergunta a si mesmo o porquê de ainda estar aqui.

E não acha nenhuma resposta.

ei, parabéns por ter chego aqui, você é forte e agora está mais familiarizado com a sensação de ser drenadx até a última gota por alguém que considera muito. se você se identificou, se você se sentiu machucado de alguma forma com o que está escrito acima, eu peço imensas desculpas por trazer esse sentimento a tona, eu sei que as vezes os empurramos para os cantos mais escuros e afastados do nosso corpo e mente, mas este é um assunto que para mim, em particular, é vital. precisamos falar sobre abuso mental e fisico em relacionamentos. precisamos mostrar apoio à pessoas que sofrem este tipo de situação. então se você quiser falar ou apenas trocar mensagens de emojis de flores, sintam-se livres para me contatar, sou toda ouvidos.

amo ocês

Continue Reading

You'll Also Like

377K 44.8K 33
No século XIX, o mundo está fervendo com a expansão da Revolução Industrial, guerras e insurreições por todo o globo. Em meio a isso, uma novidade no...
309K 38.2K 36
Amor de alma, amor de espirito. Você já conheceu alguém que no momento em que o seu olhar cruzou com o dessa pessoa foi como se você a reconhecesse d...
2.3M 126K 69
"Você é minha querendo ou não, Alles!!" ⚠️VAI CONTER NESSA HISTÓRIA ⚠️ •Drogas ilícitas; •Abuso sexual; •Agressões físicas e verbais; •Palavras de ba...
335K 18.3K 92
Imagines House Of The Dragon. Apenas fique sabendo que nenhum capítulo é revisado, ele só é corrigido quando eu vou ler, então pode haver alguns err...