Oliver e Miranda se mantiveram em silêncio, apenas observando o fluxo de pessoas que entravam no teatro aumentar até todos estarem devidamente acomodados e o documentário começar.
O mestre de cerimônia deu início ao evento e um dos diretores do filme falou sobre sua experiência ao criar o documentário. O diretor subiu no palco e falou com emoção sobre os malefícios de exploração inconsciente, em como pessoas e animais sofrem com esse descaso. Depois de ser aplaudido e retornar ao seu lugar foi dado início ao documentário. Ele começou mostrando a poluição de alguns rios e como isso afeta a saúde das comunidades que vivem no entorno, a fauna e a flora. Depois vieram depoimentos de pessoas que sofreram mutilações trabalhando clandestinamente.
O documentário mostrava pessoas de várias nacionalidades, mas com o mesmo problema, o descaso por parte do governo e da iniciativa privada. Não tinham ninguém para assegurar os seus direitos e protegê-los da exploração. Algum tempo se passou e a história de uma garotinha que havia perdido os pais em um acidente causado por um trator enquanto trabalhavam clandestinamente, apertou o coração de Miranda.
A garotinha falava segurando a foto dos pais e estava bastante emocionada. Depois que os pais morreram ela foi perseguida por ter descrito a situação em que eram obrigados a viver, por causa da exploração de madeira da empresa em que seus pais trabalhavam. A garotinha foi adotada por outra família que cuidava dela com muito amor e ganhou proteção judicial e indenização por parte da empresa que foi denunciada. Mas isso só aconteceu após o projeto "Viver e Preservar" tomar conhecimento do fato.
Outras histórias e denúncias foram mostradas no documentário. Oliver estava muito interessado e indignado, e com certeza ele apoiaria aquele projeto. O mundo precisava de pessoas que fizessem a diferença e garantisse a defesa de quem não podia defender-se por si só. Olhou para Miranda e percebeu que ela estava tensa segurando o braço da poltrona com força. Oliver percebeu que a história da garotinha que perdera os pais mexeu com Miranda. Com delicadeza segurou a mão que apertava a poltrona e percebeu que ela estava fria. Olhou o rosto dela e viu que estava pálida e com dificuldade para respirar pois o peito arfava. Oliver então perguntou:
- Miranda você está se sentindo bem?
- Não muito - respondeu ela admitindo sua fraqueza pela primeira vez.
Oliver que já havia percebido a fragilidade de Miranda há algum tempo levantou-se de repente e segurando-a pela mão, com força, obrigou-a a levantar-se. Conduziu-a até a saída, sem se importar com os olhares curiosos. Ligou para John e pediu que chamasse um médico a cobertura.
Miranda ficava impressionada com a facilidade que Oliver tinha em tomar decisões. Em momento nenhum mostrava dúvida, sempre seguro do que dizia e queria. Cruzaram o Hall do hotel e entraram no elevador particular e apesar de Miranda estar encostada na parede, sem riscos de queda, Oliver não a soltava, continuava muito perto dela.
Miranda sentia o cheiro do perfume amadeirado, um cheiro muito agradável que a fez relaxar um pouco, apesar de sentir a dor de cabeça retornando. Fez uma careta por causa da tontura e enjoo que sentiu quando o elevador subiu mais rápido. Oliver segurou sua cabeça de encontro ao seu peito e Miranda agarrou-se nele como se sua sobrevivência dependesse disso. Ficaram assim, abraçados durante os segundos que o elevador levava para chegar à cobertura.
Quando finalmente a porta se abriu John já os esperava e Miranda foi incapaz de se soltar de Oliver, pois tinha medo de cair. Sua situação piorara desde o teatro. Ela olhou para Oliver, mas não precisou dizer nada. Ele colocou-a nos braços e a carregou até seu quarto, deitou-a na cama e tirou seus sapatos. Pediu a John que verificasse em quanto tempo o médico chegaria, depois entrou no banheiro e pegou o robe de Miranda, virou-a na cama e puxou o fecho do seu vestido.
- Oliver, não - protestou Miranda - Eu consigo me despir sozinha, apenas saia - falou com uma voz demente e quase inaudível.
- É mesmo? - disse Oliver em tom de zombaria - Você mal consegue falar. Apenas fique quieta e colabore - disse Oliver com firmeza.
Tirou o vestido e o sutiã, agora a nudez de Miranda era protegida apenas com uma fina calcinha de renda. Oliver com mãos ágeis a vestiu com o robe de seda branca, e colocou Miranda por baixo da colcha também de seda branca. Quando o médico entrou no quarto apressadamente, pediu para ficar a sós com a paciente.
Depois de meia hora o médico apareceu na grande sala de estar.
- Então doutor o que ela tem? - Perguntou Oliver
- Bem, aparentemente uma estafa, mas recolhi amostras de sangue e em breve teremos mais detalhes... E também já agendei uns exames para ela amanhã à tarde no meu consultório. No momento a senhorita Wenhaver deve ficar em repouso e não deve ter aborrecimentos, se alimentar adequadamente e nada de remédios para dormir. Acredito que eles estão causando uma certa demência e baixando sua pressão arterial.
- Remédios para dormir? - Perguntou John surpreso
- Sim, ela me contou que vem se automedicando desde a morte dos pais, por isso quero fazer alguns exames, pois eles podem ter causado sérios danos... Mas vamos torcer para que não. Além disso, eu a aconselhei a consultar um psicólogo. Tenho alguns nomes e posso lhe indicar alguns - Falou dirigindo-se a Oliver que ouvia tudo com uma expressão surpresa e preocupada.
- Claro doutor, eu agradeço. Seria possível marcar uma consulta com algum desses psicólogos para amanhã à tarde depois dos exames?
- Sim, com certeza. Pedirei para minha assistente marcar um horário para a senhorita Wenhaver.
John guiou o médico até a saída e Oliver foi ao quarto de Miranda. Bateu na porta, mas como não ouviu resposta decidiu entrar. Miranda adormecera. Estava pálida, com um ar de fragilidade que Oliver nunca vira antes. Aproximou-se devagar para não fazer barulho e continuou a observa-la... Como era linda com os cabelos espalhados pelo travesseiro. Oliver saiu do quarto antes que sucumbisse ao desejo de toca-la, mas quando chegou à porta ouviu Miranda chamar:
- Oliver!
Ele virou-se e viu os lindos olhos cor de mel olhando-o, sérios.
- Pensei que você estivesse dormindo.
- Não importa o que eu faça, não consigo dormir de verdade. Há meses eu não tenho um sono tranquilo.
- Estranho você não conseguir dormir, pessoas normais entrariam em coma com a quantidade de remédios que você toma por dia - falou Oliver em tom sério - O que passou pela sua cabeça Miranda? Tomar remédios sem acompanhamento médico? Isso é loucura, você pode ter prejudicado a sua saúde de uma forma irreversível ou poderia até ter se matado - falou Oliver com severidade. Olhou para Miranda e viu seu rosto molhado pelas lágrimas. Oliver não podia suportar aquilo, então se virou e saiu do quarto.
Cruzando a sala e foi até a varanda e sentou-se no grande sofá. Ficou olhando para as luzes da cidade e ouvindo o barulho das ondas do mar à noite. Oliver tentou se acalmar, passou a mão pelos cabelos loiros e as pousou na nuca meio que para relaxar, mas ainda estava preocupado com Miranda. Sabia que ela não estava bem, mas a situação era mais crítica do que ele imaginara. Mas amanhã mesmo ela iria se consultar com um psicólogo. Ele sabia como era difícil superar uma perda, já tinha passado por isso, sofreu durante meses após a morte do pai. Mas com ajuda de Miranda, conseguiu superar e transformar-se no homem que era hoje. Por isso Oliver se sentia tão magoado e decepcionado. Achava que ela o procuraria se não estivesse conseguindo lidar com a perda sozinha, mas não foi isso que aconteceu. Encostou a cabeça no sofá e olhou o céu negro e estrelado, respirou fundo e fechou os olhos. Foi assim que Miranda o encontrou minutos depois. Ele dormia relaxado no sofá, então ela sentou-se e tocou-lhe o ombro. Ele despertou levemente e virando o rosto a viu a seu lado.
- O que você faz fora da cama? O médico foi claro: você precisa ficar de repouso. Vamos! - E segurando-a pelo braço a fez se levantar, mas ela resistiu.
- Precisamos conversar. Eu lhe devo explicações.
- Hoje não. Amanhã quando você estiver menos pálida nós conversaremos!
- Não, eu preciso falar agora. Não quero dormir sentindo esse remorso e pensando que falhei com você, falhei com a nossa amizade!
Oliver respirou fundo.
- Pois bem... Sente-se, vamos conversar!
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Bjus lindas, obrigada pelos votos ^^
Shay ✿ܓ