Simply Happens [H.S]

By gabriela231d

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Ela, uma menina ofuscada pelo próprio medo de se mostrar as pessoas. Sendo muito difícil conseguir desifrar... More

1°- Capítulo.
2°- capítulo.
3°- capítulo.
4°- capítulo
5° - capítulo
6°- capítulo
7°- capítulo
8°- capítulo
9°- capítulo
10°- capítulo
11°- capítulo.
12°- capítulo
14°- capítulo.
13°- capítulo.
15°- capítulo.
16°- capítulo
17°- capítulo.
18°- capítulo.
19- capítulo.
20°- capítulo.
21°- capítulo.
22°- capítulo.
23°- capítulo.
24°- capítulo.
26°- capítulo.
27°- capítulo.
28°- capítulo.
29°- capítulo.
30°- capítulo.
31°- capítulo.
32°- capítulo.
33°- capítulo.
34°- capítulo.
35°- capítulo.
36°- capítulo.
37°- capítulo.
38°- capítulo.
39°- capítulo.
40°- capítulo
41°- capítulo.
42°- capítulo.
43°- capítulo.
44°- capítulo.
45°- capítulo.
46°- capítulo.
47°- capítulo.
48°- capítulo
49°- capítulo.
50°- capítulo.
51°- capítulo.
52°- capítulo.
53°- capítulo.
54°- capítulo.
55°- capítulo.
56°- capítulo.
57°- capítulo.
58°- capítulo.
59°- capítulo.
60°- capítulo.
61°- capítulo.
62°- capítulo.
63°- capítulo.
64°- capítulo.
65°- capítulo.
66°- capítulo.
67°- capítulo.
68°- capítulo.
69°- capítulo.
70°- capítulo.
71°- capítulo.
72°- capítulo.
73°- capítulo.
74°- capítulo.
75°- capítulo.
76°- capítulo.
77°- capítulo.
78°- capítulo.
79°- capítulo
Fim.
Agradecimentos e recadinhos.
Epílogo.
Wedding And Party ( capítulo bônus)

25°- capítulo.

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By gabriela231d

Estou há tanto tempo encarando o teto dessa barraca, somente esperando desesperadamente que o sono venha e que eu consiga finalmente dormir. Já perdi a noção de tempo. Parece que estou uma eternidade aqui. Nem é pelos mosquitos, o repelente ajudou muito nesse caso mas a verdade é que eu também não sei porque não consigo dormir. Talvez seja porque estou em um lugar diferente, estranho e não me sinto tão segura e confortável como no meu quarto e na minha cama.

Mary já está no seu décimo sono. E agradeço por ela não roncar, na verdade ela dorme igual a um anjo, de cabelos tingidos em cinza. Uma das coisas que admiro nela é sua autoconfiança e coragem. Eu não teria coragem em pintar meus cabelos, simplesmente porque gosto da cor deles e porque como todos sabem não sou corajosa nem para isso. Uma mudança dessa exige coragem, confiança e certeza do que está fazendo, mas eu, bem, eu não tenho coragem e também não sou nada confiante no que faço, independente do que seja.

Meus cabelos são castanhos claros, lisos mas tem dias que eles ficam levemente ondulados. Nesses dias, Mary passa o dia dizendo como ama eles e em como os queria para ela, e sei que ela diz isso só porque quer me deixar bem comigo mesma. Todos os dias aliais ela faz isso, tanto ela como meus pais, tentam me " animar" dizendo que estou bonita, que sou uma garota incrível, e blá blá blá. Eu admiro suas tentativas, sei que fazem isso porque me amam e querem me ver bem comigo mesma.

Mas a verdade é que independente disso, eu não consigo acreditar nem na metade do que eles falam, por ser tão visivelmente forçado, só pra me fazer bem. Tem dias que quando eu me olho no espelho, tenho vontade de chorar, se é que não choro mesmo. Não é só minha aparência, mas o meu jeito nunca me agradou, e se eu pudesse ser outra pessoa, eu seria.

Não consigo ser essas pessoas que não tão nem aí para o que os outros pensam porque na verdade, eu ligo muito para o elas acham e acho que é isso a grande questão. Mas definitivamente, não me agrado com o que eu vejo todos os dias. Meus sorrisos, a maiorias são falsos, como aqueles que eu dou para minha mãe de manhã quando ela pergunta se estou bem ou como aqueles que dou a vendedoras de alguma loja quando vou comprar roupas novas. São todos totalmente forçados.

Eu acho que aprendi a esconder meu sentimentos e fazer com que esses sorrisos forçados torne-sem sinceros para as pessoas, já é até natural pra mim. Um sorriso sincero meu, é quase raro mas quando conseguem arrancar de mim, essa pessoa tem que ser mesmo boa no que faz e no que diz para mim fazer isso.

Sem sono, me sento e suspiro, passando as mãos no rosto. Acho muito difícil alguém estar acordado essa hora. Eles devem estar exaustos pelo tanto de tempo que passaram naquele rio, nadando, brincando um com os outros, rindo, e enfim se divertindo. Eu sei o quanto isso deve cansar e ser mais fácil de adormecer. Bem, eu não fiz nada demais então esse deve ser um dos motivos do sono não chegar tão cedo pra mim.

Ainda com as mãos no rosto e o tédio no meu limite, ouço um sussurro baixo, chamado meu nome, me assustando no mesmo momento. Minha mente patética e boa parte influenciada pelas sérias e filmes de terror que eu vejo, logo leve a opção de algo sobrenatural, que me faz ficar como a medrosa que sou, mais encolhida.

Quando mais uma vez ouço o sussurro, agora um pouco mais alto e claro, imediatamente reconheço a voz do "ser" que estava me chamando. Engatinho silenciosamente até a saída da barraca, para não acordar Mary, mesmo que ela tenha o sono muito pesado.

Quando termino de abrir a barraca, dou de cara com Harry, agachado na frente da barraca com as feições perdidas e levemente angustiadas, que logo foram tomadas por um sorriso largo e alívio brilhando em seus olhos esverdeados.

- Graças a Deus, Bella. Pensei que ia me ignorar.

- O que você quer comigo? Está tarde, Harry.

- Eu sei, mas eu apenas queria conversar um pouco. Não consigo dormir.

Suspirei, e sai da barraca, com a ajuda oferecida de Harry, ficando ambos de pé. Estou agradecida por estar usando roupas quentes, está um gelo aqui fora.

- E tinha que ser eu, de todas as pessoas? Cadê seus amigos? - cruzei os braços.

- Você realmente não gosta da minha adorável companhia não é? Está sempre reclamando quando eu te procuro.

- Eu deveria gostar?

- Eu gosto de estar com você, então deveria ser gentil o suficiente para dizer também gosta de estar comigo.

- Quanta audácia, Sr. Styles. Eu não tenho que fazer nada para lhe agradar. - rebati, em tom falso de indignação. Harry sorriu. - Você quem está sendo o impetulante aqui.

- Oh, qual é? Você sequer estava dormindo? Conseguia ver sua sombra se quer saber.

Seu sorriso era provocativo e eu não queria e realmente não tinha nada para lhe dizer contra isso ao não ser revirar os olhos.

- Tá bom, Harry... Diz o que você quer comigo, por favor?

- Bem... Eu estava pensando em ir dar uma volta perto do rio, ou só ficar lá um pouco, e sabe, gostaria de saber se você quer ir comigo?

- A-agora?

- É, até o sono vim. Também está sem sono, não é?

- Sim...

- Ok, então vamos lá. Prometo tentar ser agradável o suficiente para você gostar da minha companhia. - ele sorriu, exibindo suas convinhas salientes.

Eu gosto da sua companhia.

- Ok... - concordei, sem perceber que também estava sorrindo e de repente, ele agarrou minha mão, me puxando com ele em direção a trilha.

Queria mesmo saber porquê ele está segurando minha mão como se tivéssemos essa intimidade e queria saber mais ainda o porquê do seu toque me fazer sentir o que sinto; aquelas borboletas estúpidas no estômago e o coração acelerado apenas por isso. É patético.

Seguimos em silêncio até chegar no Rio. Harry se apressou a se sentar na grama seca do chão e não demorei a imitar seus movimentos, me sentando ao seu lado. Eu conseguia sentir perfeitamente a fragrância possivelmente única do seu perfume, e era além de agradável como o cheiro invadia meus sentidos.

Além do seu cheiro marcante, Harry também me lembrava de sua presença a medida que nossos braços raspavam um no outro, de vez em quando, além do seu calor corporal irradiante, que me aquecia e isso explicava muito o porque de eu não me afastar. Era por isso, único e exclusivamente por isso.

Depois de cruzar minhas pernas e descer a manga do meu moletom o suficiente para tapar minhas mãos, na intenção de mantê-las quentinhas, fiquei como ele, apenas admirando o céu estrelado acima de nós, assim como a lua refletida de um jeito mágico nas águas do rio cristalino.

As estrelas pareciam se destacar mais daqui. Os pontinhos brilhantes pareciam infinitos, havia uma maior quantidade do que parece se ver na cidade. Aqui, o céu era pintado por todas elas, brilhantes e encantadoras. Era quase como estar em um transe enquanto se olha-as, porque a medida que o tempo passa, ela se tornam ainda mais mágicas e prendem seus olhos como se fossem donas deles.

- Eu acho incrível olhar as estrelas. - Harry comenta ao meu lado, depois de alguns segundos em silêncio, surpreendentemente confortáveis para mim.

- Eu acho encantador.

- Eu costumava brincar de conta-las quando era pequeno. Era algo divertido, e que me distraía, sem falar no quanto encantado eu ficava. Já fez isso?

Pronta para lhe responder, viro meu rosto para ele, porém a imagem que eu vejo, tranca as palavras nas minhas cordas vocais e me hipnotiza. Seu rosto está iluminado pela luz da lua, uma cor quase azulada o que explica o motivo de seus olhos estarem no mesmo tom, azuis e brilhosos. Meus lábios estão entreabertos, mas as palavras não saiem e não me surpreendo quando ele vira o rosto para mim, ao não ser pelo modo como sua beleza apenas clareia-se aos meus olhos.

Ele realmente existe?

Só noto o quanto estranho aquilo era quando ele começa a me encarar do mesmo jeito, direto e intenso, sem nem ao menos piscar os olhos ou desviar o olhar. Merda, temos que parar com isso, agora. E é por isso que pisco os olhos algumas vezes antes de baixa-los para o meu colo, provavelmente corada.

- Hm.. Não. - foi a única coisa que consegui dizer, para o que gostaria realmente de ter dito. Nem sei se ele conseguiu me ouvir.

Harry não diz nada, pelo o que parece horas, e durante todo esse tempo sinto seu olhar pesado sobre mim, ajudando para que minha vergonha se amplie. Ele devia para de olhar, tipo, agora. É desconfortável.

- Uhm... - ele pigarreia, puxando os cabelos para trás, e mexendo nos anéis em seus dedos. - Eu acho que devia fazer algum dia. Quer tentar agora?

- Agora?

- É, por que não? Já estamos aqui mesmo e temos estrelas o suficiente para nós dois. - não precisei encara-lo para saber que ele estava sorrindo e muito menos, que ele estava me olhando.

- Uhm... Ok.

Observei, um tanto confusa quando Harry se deitou na grama, com um braço embaixo da cabeça e o outro sobre o estômago, enquanto admirava as estrelas.

- Temos mesmo que deitar?

- Eu acho mais fácil e menos cansativo do que ficar com a cabeça erguida. Sabe, cansa o pescoço.

- Oh.

Acabei por deitar ao seu lado, um tanto desconfortável e embaraçada. Isso parece muito cena de filme para mim. Porém, quando ergui o olhar para o céu estrelado, esqueci completamente o resto, e me vi hipnotizada novamente. Era como estar imersa no universo, nas estrelas e na sua beleza.

Mal podia controlar o meu sorriso.

- Uau... - divaguei. Ouvi o som adorável do seu riso.

- É lindo, não é?

Assenti, incapaz de pronunciar mais alguma coisa. Estava encantada. Deslumbrada e tudo que ocasiona em ficar com um sorriso largo nos lábios. Não conseguia parar de me perguntar como nunca fiz isso antes e porque era tão reconfortante. Aquecia meu coração.

- Está contando? - sua voz rouca perguntou, me lembrando do principal motivo de tudo aquilo.

- Oh. E-eu... - ele soltou um pequeno e contagiante riso, que por algum motivo, ampliou meu sorriso.

- Tudo bem. Não é a primeira a fazer isso. - riu novamente, mas dessa vez meu sorriso diminuiu em segundos.

Quem já fez isso? Além de mim? Com ele?

- Quando Gemma e eu éramos pequenos, eu a levava para cima do telhado e a forçava a ficar olhando as estrelas comigo. Na primeira vez, ela resmungou dizendo que isso era patético mas assim que viu como era, não me negou mais nenhuma vez a ir comigo. E você teve, exatamente a mesma reação que ela, somente um pouquinho mais adorável.

Corei.

Não somente pelo o que ele disse, mas também por ter pensado que ele fazia isso com muitas garotas. Isso não deveria importar tanto....

- Oh. - foi a única coisa que consegui dizer, de novo. Ele riu. - Já parou para pensar que não estamos contando?

- Eu estava, até ver você sorrindo.

Silêncio. Silêncio muito desconfortável.

Ele realmente disse isso?

Me mantive calada e tentei me focar em contar o maior número de estrelas possíveis, porém depois de um tempo, acabei perdendo a conta por ter realmente uma infinidade. Acabei por me concentrar em uma coisa bizarra dentre tudo que poderia chamar minha atenção, a respiração de Harry. Não era intencional, somente notei o que estava fazendo quando me vi apurando os ouvidos na sua diração.

Sua respiração era calma, serena e me trazia um sentimento confortante inexplicável. O silêncio pendia entre nós, mas dentre todos os sons daquele lugar; grilos, a serenidade da noite, o vento batendo nas folhas das árvores e os barulhos suaves das águas do rio, sua respiração foi a que mais me chamou atenção, talvez pela proximidade dos nossos corpos.

- Quantas você conseguiu contar? - sua voz soou, interrompendo o silêncio contínuo e as frequências de sua respiração.

Estou ficando maluca, céus.

- Uhm... Acho que trinta e três, trinta e quatro. Não sei. Me perdi. - ele riu. - E você?

- Não estava contando, na verdade.

No mesmo momento, virei o rosto para ele, notando a covinha rasa em sua bochecha direita. Durante esse tempo, pude perceber que a covinha da bochecha esquerda é a mais funda e visível, porém, essa, também é adorável. Harry não estava sorrindo de modo que seus dentes aparecessem mas seus lábios estavam curvados e seus olhos brilhantes enquanto olhava para o céu.

- O quê estava fazendo, então?

- Pensando em outras coisas. Na maioria das vezes, também gosto de fazer isso. Me ajuda.

- Oh. Eu também, nesse caso. - virei o rosto na direção do céu novamente. - Sempre que possível, fico refletindo sobre algumas coisas enquanto as admiro. As coisas parecem se clarear, sabe.

- Sim, também sinto isso. E acho que sempre vou pensar em uma coisa em especial quando olhar para elas - virei o rosto para ele, prestando uma maior atenção. - É meio infantil, ou até mesmo idiota, mas desde pequeno, minha mãe sempre me dizia que quando as pessoas morrem, elas viram estrelas e que sempre que sentirmos saudades, sempre que nos sentirmos sozinhos, esperamos a noite chegar para admira-las e se lembrar que elas sempre vão estar ali, de um jeito ou outro.

- Não acho isso infantil, muito menos idiota. Claro que se for pensar agora, que já temos uma ideia do que acontece, isso pode parecer idiota mas ainda sim, gosto de pensar desse jeito, é um jeito bonito de ver a morte, e de tentar deixar ela menos dolorosa, sabe. - Harry assentiu, com seu rosto virado para mim, porém eu já havia direcionado meu rosto para frente novamente, não somente pela proximidade excessiva de nossos rostos, mas como também por toda a atenção vinda dele.

- É exatamente isso que eu penso. É ótimo saber que alguém concorda comigo e não me acha patético. - ele riu, e eu sorri, contagiada pelo seu riso.

- Nunca te acharia patético por pensar assim. É atencioso para mim. - murmurei, minhas bochechas provavelmente rosadas. Tenho certeza que ele sorriu.

- Sim, é atencioso pensar assim para mim também. Sabe, quando meu pai morreu, eu era praticamente um bebê recém nascido, mas mesmo assim, sempre quando olho para elas, penso que ele está comigo de alguma forma.

- Seu pai morreu? - não posso ajudar, mas estou surpresa. Não fazia realmente idéia disso. - Oh, meu Deus, eu sinto muito.

- Oh, não. Você não precisa sentir, Bella. - ele assegurou, abrindo um pequeno sorriso para mim. - Já faz muito tempo, e eu estou bem. Quer dizer, foi doloroso no começo mas Robin sempre foi um cara legal comigo. Ele nunca quis ocupar o espaço do meu pai, ele sempre foi mais como um amigo mesmo, e acho que é por isso que temos uma boa relação. Só que, eu tinha curiosidade em saber como era ter um pai, e sabe, ter conhecido ele.

- Sim, eu entendo. Mal consigo pensar em como me sentiria se fosse comigo. Você... Sabe, tem todo o direito em sentir falta e de querer saber como seria. Eu realmente sinto muito mas, eu não sabia sobre isso.

- Tudo bem, Bella. Minha mãe não sai dizendo isso para todo mundo mas, sua mãe devia saber disso não é? Elas são tão amigas.

Harry virou o rosto para mim, no mesmo momento em que virei o meu para ele. Nossos narizes quase se tocaram de tão perto que estávamos, e pude me sentir entorpecida pela forma como sua respiração se misturou com a minha. Imediatamente, virei o rosto para frente, provavelmente com as duas bochechas vermelhas. Por que ele não vai um pouquinho para o lado?

Limpei a garganta, antes de achar minha voz para lhe responder, ainda sentindo a sensação de estar sendo observada.

- Uhm.. sim, era para mim saber, mas para dizer a verdade, minha mãe tem essa coisa de ficar omitindo as coisas de mim, por algum motivo. Pra você ter uma ideia, ela só foi me dizer que conhecia sua mãe, naquele dia em que vocês foram lá em casa na primeira vez.

- Sério?

- Sim, é sério. Eu fiquei muito confusa quando ela saiu abraçando sua mãe como se fossem amigas desde sempre.   - Harry riu, provavelmente da minha expressão esquisita.

- Aquilo foi mesmo estranho. - nós dois rimos. - Minha mãe me disse um dia desses que nós já nos vimos antes, quando éramos crianças. - sorri, sabendo que ele fazia o mesmo.

- Sim, eu sei. Quando minha mãe disse que eu já te conhecia, Gemma e você, fiquei incrédula. Pensei que nunca tivéssemos nos vistos antes. - rimos.

- Eu também achei, por mais que quando eu te vi, você não pareceu tão estranha pra mim.

- Oh, sério?

- Sim. Sou mais velho que você, então provavelmente posso ter me lembrado de algo, sei lá. - ele deu de ombros - E depois disso, minha mãe me mostrou uma foto sua, de quando era criança, então não tive dúvidas.

É mesmo provável que ele possa se lembrar de algum momento quando era criança. Bem mais provável que eu, já que ele é mais velho e eu era praticamente um bebê ainda.

- Você era uma gracinha. - ele murmurou e eu ri alto, achando muita graça mesmo. - É sério, você era bem loirinha sabe, e tinha, quer dizer, ainda tem os olhos muito bonitos.

Meu sorriso vai sumindo aos poucos a medida que sinto seus olhos em mim, atentos e intensos. Sei que estou ficando ruborizada e também sei que é por isso que ele começou a dar risada, em seguida. Apenas não me irrito porque ele fica adorável assim.

- Oh meu Deus, você cora por qualquer coisinha. - zombou, com as mãos sobre o estômago vibrante por causa do ataque de riso. Reviro os olhos, mesmo que saiba do sorriso incontrolável em meus lábios.

- Você é tão chato. - murmurei, o que o faz rir mais. - É sério. Não devia estar rindo de mim. - cruzo os braços, encarando as estrelas de modo que não preciso encara-lo.

- Oh, não. Não, não, não. - ele respirou fundo, parando de rir. - Não me diga que você está chateada, pelo amor de Deus.

- Não estou chateada, estou ofendida, é diferente. - ele ri, antes de virar de lado, para mim, se apoiando no cotovelo. Mesmo encarando diretamente as estrelas consigo ver perfeitamente seu rosto sorridente, seus cabelos rebeldes e seus olhos brilhosos.

- Então perdoe minha indelicadeza de rir do jeito adorável que você fica quando está envergonhada. - ele pediu, sorrindo amplamente.

- Desnecessário. - murmuro. Ele ri de novo. - Ok... Mudando de assunto..-

- Propositalmente?

- Propositalmente. - reviro os olhos. Ele sorri, com seus olhos brilhando. - Por que você fez tantas tatuagens?

Sempre fiquei curiosa demais nisso.

- Oh, uhm... Não sei. Eu só acho legal e você deve saber que depois que você faz uma, sempre vai ter vontade de fazer mais.

- Eu não sabia na verdade... Mas... Quantas no total você tem?

Harry desviou o olhar de mim e manteve-o no horizonte, parecendo estar pensando. Nessa posição, sua mandíbula ficava perfeitamente visível para mim, mostrando-me o quão marcada era.

- Uhm.... Eu acho que.... No mínimo quinze. - seu olhar voltou para mim, enquanto meu cenho franzia e ele sorriu - Quando você fazer uma, vai ver que eu não sou tão louco assim.

- Isso é se eu fazer uma. - murmurei, desviando o olhar. - E sua mãe, ela nunca disse nada sobre isso?

- No começo sim, ela achou desnecessário, mas depois foi se acostumando e agora não liga muito. - eu assenti. - E por que você não faria uma?

- Eu não tenho tanta... Coragem pra fazer e agora, acho que minha mãe nunca deixaria. - encolhi os ombros. De repente Harry pegou minha mão esquerda, que estava sobre meu estômago, deixando a palma pra cima.

- Eu acho que se você fizesse um símbolo do infinito aqui, seria legal. - ele sugeriu, passando o polegar sobre meu pulso, mantendo o olhar sobre o mesmo.

- Oh, uhm... Quem sabe um dia... - murmurei, sentindo meu rosto aquecer.

- Não é como se você precisasse, mas bem, acho que ficaria legal para você, sabe. - ele deu de ombros, com seu polegar ainda acariciando meu pulso.

Por que ele ainda está fazendo isso?

Meus olhos estavam vidrados naquilo,   enquanto as sensações se afloravam. Será que ele pode sentir minha pulsação aumentando?

Também consigo sentir seu olhar em mim, como sempre ele faz. Não sei se ele sabe que eu percebo, mas ele normalmente me olha sempre quando eu não olho-o, e o pior é que continua me encarando quando flagro-o, como agora.

Mas antes que eu possa ter um ataque do coração, desvio o olhar, tirando minha mão do seu toque, enquanto me sento, novamente.

- O quê foi? - ele não demora a perguntar, se sentando igualmente como eu.

- Nada... Eu só... Acho que está ficando tarde.

- Oh. Está com sono?

- Na verdade não. Esse é o problema. - suspirei, meu olhar sobre meus dedos no meu colo.

- Eu também não estou. - ele murmurou. - Você quer voltar?

- E-eu não sei. Lá ou aqui, não há muito para se fazer. - encolhi os ombros. - A não ser contar as estrelas. - sorrio, esperando que isso mude o clima desconfortável. Posso ter certeza, mesmo não olhando, que ele está me encarando quando murmura;

- Prefiro olhar você.

Prendo a respiração no mesmo momento, o calor subindo para o meu rosto e meus olhos se direcionando à ele, sem o meu controle. Não há um sorriso brincalhão, não há um olhar divertido, há apenas a intensidade nele, mostrando-me que ele está falando sério.

Meus lábios se abrem mas as palavras não saiem, e meu olhar trêmulo pisca junto as minhas pálpebras. Estou perdida no que dizer, por isso, apenas engulo em seco, e me levanto abruptamente, determinada a sair daqui. Minha cabeça está enevoada e não consigo raciocinar direito, porém quando ele se coloca de pé também, e segura meu pulso, me impedindo de dar qualquer passo, sou levada a fraquejar.

- Você não precisa sair assim. - sua voz rouca é baixa, e seu aperto delicado. A distância entre nós é pequena e deve ser por isso que minha pulsação está aumentando consideravelmente.

- E-eu... E-eu acho... Eu só..... - gaguejo, não conseguindo formar uma frase.

Harry me surpreende quando me puxa repentinamente para ele, de modo que faz nossos corpos se chocarem sem brutalidade. Suas mãos fecham-se em meu quadril em seguida, me segurando contra seu corpo esguio. Tenho que me segurar em seus ombros, para me apoiar mesmo que suas mãos sejam firmes o suficiente em minha cintura para isso.

Sua respiração bate contra meu rosto, forte e pesada, por causa da proximidade de nossos rostos e seu olhar prende-se um segundo no meu, somente para descer em seguida para meus lábios e intensificar minha respiração. Eu me perguntava o que ele estava fazendo, repetidamente na minha cabeça, só não mais do que porque era tão bom tê-lo assim, tão perto, com a sua respiração contra a minha, o aroma inebriante da sua pele invadindo meus sentidos, e seus lábios cheios a centímetros dos meus. Era nostálgico a forma que ele estava tão perto mas ao mesmo tempo longe, fazendo algo aguçar em desejo em mim, querendo acabar com o intermédio dos nossos lábios.

Talvez ele viu que eu realmente não conseguiria ter qualquer tipo de reação, e que minhas forças simplesmente desapareceram do meu corpo, e então levou seus dedos ao meu queixo, envolvendo-os da maneira mais lenta e delicada possível. Seu polegar, lentamente, começou a se movimentar sobre a minha pele, enquanto seus olhos prenderam-se nos meus lábios, com certo deslumbre brilhando em suas íris esverdeadas. Minha respiração falhou sobre o seu toque singelo, e atencioso.

- O que está fazendo? - as palavras saíram lentas e baixas da minha boca, como se eu conseguisse perder a força até da minha voz.

- Sih... - seu polegar tocou meus lábios, e eu estremeci.

Em seguida, ele se aproximou, tão devagar que meu coração descompensou-se dentro no meu peito, em ansiedade. Seu nariz raspou no meu e a sua respiração morna se misturou com a minha, me fazendo perceber que meus olhos já estavam fechados. E mesmo eu estando confusa e extremamente nervosa, deixei-me sentir aquilo.

A princípio, tudo que senti foi apenas a textura macia de seus lábios contra os meus, e o gosto doce dos mesmos, mas logo Harry começou a movimentar calmamente seus lábios contra os meus, restando para mim apenas imitar seus movimentos, não sabendo muito bem o que fazer.

Nunca fiz isso!

Quando sua língua pediu passagem, concedi mas ainda deixei a minha quietinha, não querendo fazer nada errado nesse momento. Quando o beijo ganhou um pouquinho mais de intensidade, minhas mãos a princípio em seus ombros fizeram um caminho até sua nuca, encontrando os cabelos sedosos de Harry e entrelaçando meus dedos nos mesmos, carinhosamente. Sentia seu polegar fazer leves carícias na minha bochecha, como se tentasse me acalmar enquanto nossas bocas estavam seladas uma na outra no melhor beijo da minha vida.

Depois de alguns segundos de um beijo calmo e muito bom, Harry se afastou, tão ofegante quanto eu, deixou sua testa contra a minha, e dando um último beijinho nos meus lábios. Sua respiração voltou a bater contra meu rosto e fiz a única coisa que me restava nesse momento.

Como não tinha nada formulado na minha cabeça para esse momento, nunca pensei que iria acontecer, abri lentamente os olhos, tendo a visão de lábios vermelhos a centímetros dos meus, e encontrando um pequeno sorriso no canto deles. Subi meu olhar para seus olhos e observei o quão lindo estavam, um verde brilhante de um jeito que nunca vi antes. Quase me rendi novamente, indo a caminho dos seus lábios mas algo me fez acordar do transe, vendo a que ponto chegamos.

Pois é, a que pontos chegamos?

Engoli em seco e me afastei abruptamente dele, meus olhos piscando repetidamente, na minha tentativa de racionar o que tinha acontecido. Também conseguia sentir seu olhar perdido e confuso sobre mim.

- Hey.. O que foi?

- V-você... Harry... Por que fez isso?

Minhas bochechas nunca estiveram mais quentes e o constrangimento me batia sem pudor, diante do seu olhar perdido.

- O quê? Eu.. Você não gostou?

Balanço a cabeça, fechando os olhos com força no pensamento de que quando abrisse-os, tudo isso não passaria de um sonho maluco, e que eu estaria na cabana, ao lado de Mary, mas quando o fiz, ele ainda estava na minha frente, com as feições confusas.

- E-eu.. eu preciso ir. - murmurei, dando alguns passos para trás.

- Bella.... - Harry voltou a se aproximar de mim mas parei-o com a mão, me afastando mais.

- Não, Harry. E-eu preciso ir.

Dito isso eu saí o mais rápido possível dali, ouvindo ainda ele me chamar até sua voz ficar longe o possível pra mim parar de ouvir. Cheguei na minha barraca ainda desnorteada e atordoado com tudo aquilo, mas não ficaria no lado de fora, tendo a chance de ele aparecer e querer falar alguma coisa. Entrei na barraca o mais cuidadosamente possível, entrando no meu saco de dormir ao lado de Mary, que estava dormindo profundamente, de costas para mim.

Acabei por suspirar e fechar os olhos, ainda muito incrédula do acontecido.

Isso é muita coisa pra minha cabeça, eu não sei o que pensar, estou tão confusa. Aquilo não podia ter acontecido, por mais que tenha sido extremamente bom, espera, o que tô pensando? Não, não, não. Eu não devia ter me rendido aquilo. Eu não faço a menor ideia do porquê ele ter feito aquilo.

Mas ele quem me beijou, certo? Ele quem teve a iniciativa, não é? Então por que eu simplesmente não consigo acreditar?

Aquilo definitivamente não podia ter acontecido. Não podia. Tenho até a chance de ter sido péssima como sei que sou. Posso ter sido ruim do começo ao fim. Isso é muito provável já que nunca fiz isso assim.

Eu beijei o garoto que mora ao lado da minha casa e agora não tenho como me esconder como sempre faço.

Merda!

E ainda por cima eu tinha que gostar? Não vou mentir que beija-lo me trouxe sensações boas, novas. Foi... Foi quase perfeito, se eu não tivesse tão nervosa, mas como eu podia saber? Ele me pegou de surpresa, quando vi seus lábios já estavam nos meus e não pude e nem tive forças para para-lo.

Beijar ele foi surpreendentemente bom, de um jeito que eu nunca imaginei. Não foi nada previsto e muito menos forçado.

Simplesmente aconteceu!

E estou me matando por dentro por querer estupidamente estar lá agora, sendo beijada novamente por aqueles lábios deliciosamente bons...

O que há de errado comigo? O que há de errado com ele por ter feito isso? O que fizemos?

Merda, mil vezes merda!

E se eu não conseguia dormir antes, agora definitivamente não vou conseguir.

Provavelmente eu vou passar a noite inteira pensando em detalhe por detalhe e ficar me atormentando do porquê dele ter feito o que fez.

Obrigada por lerem!❤️
Desculpa qualquer erro.

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