once upon a plug {l.s}

By infactIarry

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Na qual Harry e Louis transam e não se lembram de nada depois, Louis acorda com um plug e Harry tira uma foto... More

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Trailer OUAP!
OUAP is back!
Um Milhão de Pequenas Coisas
trilogia Um Milhão de Pequenas Coisas
capítulo extra final

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By infactIarry

att dupla yay

só pra não perder o costume (quero ver todxs okay?)

cap ta...

(mas esse ta mesmo)

boa leitura e amo ocês desde aqui em cima já

Harry não contou para os rapazes sobre Louis.

Ele não queria contar, simplesmente, e não o fez. Liam não o questionou quando chegou de nariz vermelho e roupas ensopadas no dormitório, em plena segunda-feira. Mas Harry não podia ligar menos. Quer dizer, seus amigos haviam perdido a fé em Louis e se eles tivessem visto a expressão no rosto do mesmo, teriam a confirmação de que não haviam mais chances. E Harry não queria isso. Ele sabia que Louis tinha salvação, que ele iria melhorar e iria voltar.

Harry sabia que Louis valia a pena.

Ele retornou a biblioteca naquele dia, ainda. Pegou o livro que sua professora pediu e também o livro que Louis estava lendo. Ele precisava guardar para ele, sim? Aquilo foi o pontapé inicial que Harry precisara para se dedicar ainda mais em trazer Louis de volta, não só para sua vida, mas trazer a vida de volta para ele. E com um bônus: sua câmera sobrevivera ao banho de chuva. Outra coisa para agradecer.

Harry estava animado, esperançoso e ansioso. Ele viu nos olhos de Louis, certo? Louis podia de fato ir para o jogo, certo? Ele podia estar lá, assistindo-o pela primeira vez em meses, certo?

Harry não havia imaginado aquilo, certo?

Certo?

Só para garantir, Harry fechou os olhos e rezou para que tivesse realmente visto um resquício de vontade de comparecer ao jogo nos olhos de Louis. Ele havia sonhado com aqueles olhos vazios e agora, no vestiário, a gritaria da arquibancada ultrapassando as portas fechadas e ensurdecendo seus ouvidos e Liam gritando comandos ao seu lado, ele só se sentia ansioso, o pé batendo incessantemente no chão frio.

Estava garoando, claro, o que só piorava a situação em que se encontrava. Jogar em campo molhado era péssimo, ainda mais para correr várias jardas em segundos. Liam caminhou até ele de forma animada e sentou-se ao seu lado no banco, ajeitando sua joelheira logo em seguida.

- Pressentimentos? – Liam sempre perguntava o que Harry achava do jogo antes de entrarem em campo, era seu ritual. Harry sorriu antes mesmo de falar, as covinhas o denunciando.

- Hoje vai ser um ótimo jogo, Payne, um ótimo jogo.

Liam apenas o encarou e sorriu de volta, pensando que ele estava falando somente do jogo do campeonato quando, na verdade, a animação de ver Louis na arquibancada consumia a maior parte.

Louis precisava estar lá. Precisava.

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Mesmo com a garoa rala, a arquibancada se encontrava cheia. Sem cobertura e terminantemente proibido a utilização de guarda-chuvas em campo aberto como aquele, os torcedores se cobriam com mantas (provavelmente já encharcadas), bonés e capas de chuva – algumas amarelas outras transparentes, haviam até mesmo alguns torcedores criativos usando capas de chuva vermelha, preta ou branca opaca, nas cores dos Wolves.

- Estou congelando aqui. – Zayn resmungou, a cabeça encostada no ombro de Niall, que os cobria com uma capa de chuva só, a única que tinham, fazendo-os ficar encolhidinhos um no outro. E mesmo assim Niall manejava de segurar um refrigerante de um litro e um pacote de salgadinhos fedorentos que fazia Zayn franzir o nariz a cada dois minutos.

- Se você não namorasse um jogador do time, podíamos ter ficado no dormitório, mas como você tem fogo no cu e não consegue aquietar esse facho, estamos aqui no frio e na chuva. Agora pare de reclamar e me deixa aproveitar.

Com aproveitar Niall queria dizer babar enquanto observava Barbara (a loira na qual ficou no dia da confusão generalizada) tocar no meio do campo, ela fazia parte da banda da uni e tocando o tambor, tomava frente à fileira de alunos com outros instrumentos variados.

A banda cessou por um segundo, tempo suficiente para os jogadores dos Wolves entrarem em campo. Styles parecia mais radiante que nunca ao pisar no gramado, a calça colada branca delineando os músculos de sua coxa (agora ainda maiores devido ao treino diário e levantamento de peso), meias altas sobre a calça na cor azul, contendo listras pequenas e finas em vermelho e branco, a blusa de mangas em um azul escuro, as ombreiras com listras vermelhas e brancas e o peitoral estufado pela proteção contendo o número 28 em branco, delineado em vermelho. Styles escrito nas costas, aonde o cabelo caía solto.

Liam e ele andavam lado a lado, ombros chocando e capacetes na mão conforme olhavam diretamente para a arquibancada. Liam rapidamente achou Zayn, uma vez que ele estava em pé acenando freneticamente, um Niall com a cabeça nas mãos ao seu lado. Harry, por sua vez, demorou sólidos segundos procurando por um certo rapaz de olhos azuis não mais tão vívidos e quando não o encontrou pela olhada por cima que deu, soltou um suspiro, chateado mas não surpreso. Afinal, ainda havia aquela pontada de dúvida.

Vai ver ele havia apenas imaginado mesmo, vai ver Louis nunca tivera aquele flash de veracidade em seu olhar.

Louis não estava ali, afinal.

Eles cumprimentaram os jogadores do Black Panthers e se posicionaram, a banda já ficando de canto e as líderes de torcida se recolhendo ao que o apito soou e a bola foi liberada, como sempre, Liam passando-a por baixo das pernas até as mãos de Styles, firmes.

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- Licença. – Louis encontrou-se murmurando pelo que parecia ser a milésima vigésima vez enquanto tentava a todo custo chegar mais perto da abertura, aonde poderia, finalmente, ver o campo.

As pessoas estavam acomodadas na fila para o banheiro, era o que parecia, e o encarando de forma curiosa e até mesmo receosa (Eles nunca parariam? Okay, ele estava péssimo e havia sumido por um tempo mas, por Deus, ele estava ali, ao menos, sim?), mas, eventualmente, o deixaram passar, alcançando o limite em que começavam as escadas para a arquibancada.

Louis suspirou pesadamente e ali se encostou, a parede dura contra seu ombro mal causando-o incômodo ao que seu coração batia aceleradamente. Ele não estava acreditando que estava mesmo ali. Ele só podia ser idiota. Ele havia prometido para si mesmo que iria livrar Harry de toda a dor, havia prometido que iria afastá-lo pelo seu próprio bem.

E ainda faria isso. O plano todo era não deixa-lo ciente de sua presença ali.

O que acontece é que, ao chegar no apartamento no começo da semana, encharcado e de rosto inchado, ele, após muito custo em desviar das perguntas de Stan (ele sabia que uma hora ou outra teria que contar, mas naquele dia, ainda não estava pronto), deitou a cabeça em seu travesseiro e pensou em como foi bom o contato com Harry.

Por um segundo.

Apenas isso, cada milésimo de segundo depois desse segundo bom foi um inferno. Foi como se fogo ardente estivesse em contato com sua pele, como se estivesse afogando em um mar de suas próprias lágrimas e como se tentasse alcançar um degrau cada vez mais alto que somente o traria pesar. Louis se sentiu péssimo, a dor que o consumiu ultrapassou limites suportáveis e cada toque mínimo de Harry o relembrou de momentos dolorosos.

Tudo porque não queria que ele sofresse uma dor que não valia a pena – a sua. Louis construiu um muro ao seu redor e após tantos dias de choro incessante e arranhões ardidos que era obrigado a esconder sob o moletom, sempre quando na presença de alguém, ele simplesmente se proibiu de sentir algo por Harry, se proibiu de tocá-lo e se proibiu de vê-lo. Depois de tanto sofrer e causar sofrimento, Louis desenvolveu um medo do mundo exterior, focalizando toda sua energia em sua pequena bolha aonde qualquer desconhecido que se aproxime deve ser deixado de lado (poupando sofrimentos futuros) e qualquer conhecido que se aproxime deve ser ignorado (poupando sofrimentos instantâneos). Após tantos pesadelos do passado, lembranças ruins e gostos amargos que o davam calafrios por onde cada hematoma que teve em sua vida manchou sua pele, Louis simplesmente desenvolveu medo da vida.

Louis havia se proibido de Harry, simplesmente. Uma maneira de protege-lo de si. Louis era perigoso, uma bomba relógio programada para explodir a qualquer momento e tudo que lhe restava era a esperança de que pudesse afastar Harry da área de risco e salvar sua vida.

Mas ali estava ele. Parado que nem um idiota, escorado em uma parede e encolhido no moletom preto, a touca sobre os cabelos e protegendo-o da garoa que o alcançava pelo vento forte.

E por que? Se o propósito era poupar Harry de todo o sofrimento que causava, por que estar ali? Alimentando suas esperanças?

Porque Louis queria suprir sua alma, apenas um pouquinho. Harry não iria vê-lo ali, mas o importante é que Louis o veria jogar sorridente e animado em campo, avançando várias jardas em questão de segundos, driblando investidas ou suportando outras, pulando sobre corpos emaranhados em defesa e arremessando a bola na área vermelha, apenas para ouvir a arquibancada cantando o grito de guerra dos Wolves ao que ele era levantado por Payne e erguia os braços em comemoração.

Igual naquele momento.

Louis não sorriu completamente mas seus lábios curvaram-se para cima ligeiramente, antes que sua mente pudesse processar o ato, e com a mão coberta pela manga do moletom, ele o escondeu, seria algo que ficaria guardado apenas para si. Aquilo, de certa forma, trazia-o alívio: a felicidade de Harry, mas era uma felicidade causada por qualquer coisa menos ele pois isso significava que ao se afastar nesses últimos meses, Harry estivera feliz e que, futuramente, quando sumir de vez (e levar consigo toda a bagagem ruim que trazia – Ryan e suas merdas incluso), Harry terá total capacidade de seguir em frente com sua vida e voltar a ser a pessoa mais feliz do mundo. E vendo enquanto Harry passava o olho pela arquibancada sorrindo, Louis deixou o peso de seus ombros se esvair e quando menos esperou, o jogo já havia sido retomado e sua atenção havia sido deslocada para algo.

Ou melhor, alguém.

- Desculpe, desculpe. – a garota de cabelos loiros murmurou ao esbarrar em Louis com o tambor. Ele a encarou confuso mas assentindo, como se disse que estava tudo bem, apenas deu de ombros. Ela, no entanto, o encarou por mais alguns segundos, analisando seu rosto com a sobrancelha franzida. – Hm... er, oi.

Louis ergueu uma sobrancelha em confusão, sem saber o porquê daquela garota estar conversando com ele ainda e encolhendo-se no moletom, como sempre fazia de uns meses para cá, como se estivesse se protegendo do exterior e evitando machucados maiores em seu corpo pequeno, apenas acenou.

- Sou Barbara. – ela sorriu, um sorriso lindo. Louis a analisou, desde a pele levemente bronzeada, afinal, o sol de Londres não aparecia há muito tempo, até sua trança grossa e repousada em seu ombro direito, coberto por uma blusa vermelha de botões dourados, o uniforme da banda dos Wolves, o que explicava o tambor contra sua cintura.

- Louis. – algo acendeu em sua expressão assim que Louis terminou de murmurar, tímido e baixo, apenas por educação ao que ela havia lhe dito seu nome primeiro, mas disfarçando casualmente, Barbara apenas assentiu e sorriu mais uma vez.

- Por que não desce e procura um lugar na arquibancada, hm? Falta muito tempo pro jogo acabar, você vai cansar de ficar aqui em pé antes mesmo do segundo tempo.

Louis apenas negou, o olhar tentando decifrar a expressão de Barbara, sem sucesso uma vez que ela parecia saber o que estava fazendo ali, seja lá o que for. Barbara assentiu e olhando para a arquibancada como se estivesse procurando por alguém, desfocou por um tempo antes de voltar. Ele estava pronto para se afastar, o coração alarmado em medo dentro do peito, algo o dizendo que tinha que sair ali – talvez seus muros estivessem o alertando.

- Louis, o que te trouxe aqui? – Louis arregalou os olhos levemente ao dar um passo para trás, como se Barbara tivesse apontado uma arma em seu peito ou coisa do tipo, e percebendo que o assustara, Barbara apenas sorriu gentil e se explicou. – Digo, no jogo. O que trouxe você para o jogo hoje?

Louis não respondeu. Deu a volta e esquivando-se do tambor de Barbara, apenas sumiu pelos corredores a tempo de ouvir a gritaria dos torcedores dos Wolves. Touchdown. Assim que deixou os limites da uni, a cabeça a mil e o peito doendo de tantas batidas frenéticas de seu coração, ele percebeu que aquilo fora uma péssima ideia. O medo que o inundara o fez tropeçar várias vezes no caminho e ofegante sem motivo aparente, apenas seguiu em frente, cada vez mais longe do campo.

Ele se lembrava de Barbara. No dia da briga, o dia decisivo em que deixou a uni, ele lembra de ter acordado e ouvido as vozes dos rapazes contando sobre o ocorrido. Lembra-se perfeitamente bem daquela noite, ainda mais de Niall se culpando por ter colocado seus amigos naquilo por causa de uma menina que havia conhecido naquela noite, ele se lembra ainda de Niall chamando-a de Barbara.

A mesma Barbara que havia esbarrado nele hoje. E tudo que ele pôde fazer enquanto caminhava para o apartamento de Stan com o peito doendo e os olhos ardendo foi rezar para que Barbara não contasse para Harry que ele estava lá.

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- Styles, posso falar com você por um minuto?

Harry encarou Barbara com as sobrancelhas franzidas mas a seguiu até o corredor mais afastado das mesas aonde estavam no Balls&Blues, comemorando a vitória dos Wolves por uma diferença de doze pontos dos Black Panthers. Todo o time estava ali, assim como Zayn e Niall, que já eram da família.

- Devo ficar preocupado? – Harry brincou mas a expressão de Barbara dava a entender que a resposta daquela pergunta era sim. Mordendo o lábio e enrijecendo a postura no mesmo instante, Harry observou enquanto Barbara checava se a mesa estava distraída o suficiente para não focar nos dois ali.

- Eu vi Louis no jogo hoje.

E foi com essas seis palavras que Harry quase derreteu no chão. Sentimentos como alívio, felicidade e orgulho inundaram seu sistema ao que ele tentava conter um sorriso idiota que ameaçava sair. Barbara o analisou com curiosidade mas ele nem se importava. Harry sabia que estava certo.

Ele sabia que havia visto nos olhos de Louis. Ele sabia. E estava certo. Louis fora ao jogo.

Com o coração semelhante à uma escola de samba, Harry tentou organizar os pensamentos confusos e emaranhados, conformando-se de que Louis havia o visto jogar hoje, o havia visto marcar três touchdowns e o havia visto, simplesmente.

- Mas ei, hm, ele meio que foi embora no final do primeiro tempo. – percebendo a expectativa crescente de Harry, Barbara murmurou. Harry, de fato, murchou, afinal, Louis talvez só tenha visto um de seus touchdowns, mas sem deixar-se abalar, apenas assentiu, o sorriso diminuindo, no entanto.

- Sabe porquê?

Barbara mordeu o lábio, remexendo-se na roupa da banda, ainda.

- Talvez... talvez eu tenha o assustado. – Harry a dirigiu um olhar estranho, diferente do normal, algo misto de preocupação e decepção, do tipo que sua mãe dá depois de falar mil vezes para tomar cuidado com a faca e depois tem que fazer um curativo em seu dedo.

- Como ele estava? – com a voz engatando no começo, Harry murmurou, o olhar em Barbara mas longe dela, ao mesmo tempo, lembranças do começo da semana quando viu Louis na biblioteca o atingindo tão forte que o deram arrepios.

- Pálido, gelado, quer dizer, estava chovendo e tudo mais e... – Barbara suspirou. – Harry, vocês se viram antes?

Harry gostava de Barbara, confiava nela e até mesmo achava que ela simpatizava com sua dor, diferente dos meninos, que o chamariam de idiota naquele instante, e se permitiu contar, breve e sintesicamente.

- Na segunda, ele estava na biblioteca e—conversamos? Nem sei explicar, ele—ele não parece o Louis de antes, sabe?

- Ele me pareceu bem aterrorizado quando o perguntei o que levou ele a ver o jogo.

Harry engoliu o gosto amargo ao saber a resposta daquela pergunta. Louis estava com medo dele. E era um fato, mas Barbara pareceu não saber disso e, recusando-se a contar algo tão doloroso assim, Harry apenas suspirou e assentiu.

- Só... não conta nada pros meninos, 'tá? – Barbara pareceu entender o motivo por trás daquele pedido e apenas assentiu, um sorriso delicado sendo direcionado para Harry ao que colocava a mão carinhosamente em seu ombro, como se o confortasse.

E sentando de volta na mesa, Harry pegou-se atordoado em pensamentos, perdido em órbita. Louis havia, não só ouvido seu pedido como também comparecido e o visto jogar por algum tempo. Motivo de ficar feliz, pensava Harry. Mas o que não batia com essa informação era que Louis recuava ao seu toque, tinha medo de si e mal aguentava encará-lo. Então porque ir ao jogo?

Confuso demais para achar respostas, Harry zerou seu milk-shake e apenas tentou focar nas conversas do time ou em Zayn e Liam se pegando, mesmo sem ter sucesso em esquecer do assunto Louis por um segundo sequer.

Aquilo só o dava mais motivação para continuar tentando. Só o dava mais esperança.

Louis não era um caso perdido.

Louis valia a pena.

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Embora Louis tentasse de todas as formas se distanciar de Harry, esquecê-lo e evita-lo, o destino parecia brincar com seu coração.

Andando pelos corredores do supermercado, Louis lia cada etiqueta de cada pacote diferente de macarrão, procurando pelo integral (Stan estava tentando ser fitness e já que morava com ele agora, tinha que dividir as despesas, o que se resumia em comprar comidas estranhas e aleatórias em plena quinta-feira à noite) e somente o achando na prateleira mais superior do corredor.

Xingando baixinho, Louis se pôs na ponta dos pés e esticou um braço para tentar alcançar o pacote enquanto o outro se encontrava na borda da prateleira, equilibrando-o nos dedos do pé para não cair. E com o olhar limitado para a prateleira mais alta, ele observou uma mão grande e de dedos longos cobertos por anéis agarrar um pacote de macarrão integral e o retirar da prateleira.

O coração de Louis quase saiu pela boca ao retornar o pé completamente ao chão e girar para encarar a pessoa dona da mão grande – ou melhor, o dono. Harry o encarou diretamente nos olhos, como se estivesse espremendo-os com os dedos e rezando para que algo de bom saia, a boca rígida em uma linha e os dedos esticados, entregando-lhe o macarrão. Mas Louis não conseguia reagir, mesmo com a mão ainda na prateleira e os pés já inteiramente no chão, estáveis, ele se sentia a beira de cair e se espatifar com a cara no chão. Com os olhos arregalados, ele fitou o rapaz à sua frente e deu um passo para trás, aumentando a distância entre eles.

- Oi. – Harry murmurou ao ver que Louis estava hesitante em pegar o pacote em sua mão, ainda estendida, os músculos do braço flexionando com o movimento. Louis desviou o olhar de si e apenas girou nos calcanhares, pronto para ir embora e deixar tudo para trás. – Não!, ei, pega, você estava querendo. Não precisa falar comigo se não quiser, eu—só pega.

Girando novamente, Louis não subiu o olhar da mão de Harry, esticando seus dedinhos e pegando na extremidade do pacote que estava livre do toque do mesmo, agarrando-o contra seu peito e acenando com a cabeça como em agradecimento. E então, preparou-se para ir embora novamente.

- Lou—eu... – Harry suspirou, exasperado ao observar Louis travando no lugar, de costas para ele e mesmo assim, conseguia ver seus joelhos tremendo (Frio ou medo? Harry não sabia dizer e pra ser sincero, preferia assim.) Seu corpo estava tão pequeninho naquele moletom, as coxas antes fartas estavam irreconhecíveis no jeans apertado e seus tornozelos a mostra eram preocupantes. – Obrigada, hm, por ter ido no jogo. Sabe? Quarta retrasada. Ou foi na re-retrasada?

Louis não respondeu e após alguns segundos de silêncio, apenas deu um passo para frente e continuou a se afastar. Harry se xingou mentalmente ao que o acompanhava, ainda mantendo uma distância segura para que ele não se assuste e fuja novamente (Não era o que ele estava fazendo ali, afinal?).

- Er, o macarrão... – Harry murmurou, o corpo de Louis tremendo ao que sua voz voltava a ecoar no corredor do supermercado, levemente cheio. – Está comendo, né? Digo, hm, está se alimentando bem e... tudo mais? – franzindo a testa, Harry questionou suas próprias palavras, confusas igual sua mente. Louis ainda estava de costas para si, se encolhendo ainda mais no moletom. – Está—hm, está morando aonde? Com—er—alguém conhecido? Aluguel? O-o—aonde?

Louis se dirigiu para o caixa de pagamento eletrônico, passando o pacote singular de macarrão no leitor de código de barras e colocando uma mão no bolso, pegando sua carteira em seguida. Harry o observou calado e alguns passos atrás ao que ele pegava o cartão e o inseria no lugar indicado. Após pagar, Harry viu Louis dispensar a sacola plástica e apenas enfiar o pacote de macarrão no bolso do moletom, pronto para deixar o supermercado.

- Lou... – Harry suplicou mais uma vez, suspirando. Ele não podia deixar o supermercado por causa de sua cesta cheia de compras ainda não pagas. Louis, para sua surpresa, parou no lugar, após a catraca de segurança, e o encarou por cima do ombro, os olhos baixos e cheios de olheiras, a pele pálida e os lábios rachados.

- Por que não me deixa em paz? – a pergunta, embora pesada, foi pronunciada da forma mais monótona possível, como se Louis não tivesse forças para cuspir aquelas palavras. Harry mordeu o lábio ao que se aproximava da catraca, do lado de dentro.

- E-eu—como eu poderia quando você parece tão... doente? – Harry ignorou o apertar no peito quando Louis deu alguns passos para trás, mantendo a distância entre eles maior que o necessário, fazendo-o erguer a voz para ser escutado com clareza. – Eu entendo que você acha que tudo isso é culpa sua e—Não!, não vai embora, me deixa terminar, por favor! – Louis estremeceu ao parar novamente no chão, os olhos vazios desviando para a própria catraca e evitando o verde intenso. – Eu não sei o que você andou dizendo para si mesmo durante todo esse tempo mas... eu posso te ajudar, Lou—eu quero te ajudar, e—eu só preciso que você me permita, sim? E-eu—eu só preciso saber que você está bem e—e—você sumiu por três meses, porra, sabe o quão difícil foi ficar todo esse tempo sem te ver? – Louis fez um barulho semelhante à um engasgo ao abrir a boca e puxar mais ar do que aguentava para dentro dos pulmões, as mãos tremendo visivelmente sob o moletom. – Se você não quiser que eu te toque, que eu fique perto demais, eu—eu posso viver com isso, só—só não some, por favor. Eu ficaria aliviado somente em te ver todos os dias, mesmo que não pudesse estar lá com você, só... não some.

Louis ergueu o olhar para Harry por alguns segundos, enquanto estavam acontecendo, eles foram longos, mas assim que Louis se afastou e saiu do supermercado, Harry percebeu que eles não foram longos o suficiente. Xingando alto, ele apenas retornou à suas compras, o peito comprimido em sufoco e os pensamentos atordoados.

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- Comprou o biscoito de aveia? – Liam perguntou assim que Harry abriu a porta do dormitório, a mão carregando uma bolsa de pano recheado de compras (Harry se recusava a usar sacolas plásticas). – Zayn ama eles e sempre come todos quando vem aqui e amanhã é dia de filme e eu o convidei e—

- Comprei. – murmurando, Harry cortou Liam, que mal percebeu o mal humor do amigo, focando tanto nas mensagens que trocava com Zayn que nem ao menos ergueu o olhar.

Após colocar todas as comidas no armário e algumas outras no frigobar pequeno, Harry tomou um banho e foi direto para cama. Liam ainda estava entretido no celular e, sem ter o que fazer, Harry o imitou, desbloqueando o IPhone e ignorando a sensação que o tomou ao se lembrar da selfie que tirou com Louis e que costumava ser seu plano de fundo – agora, uma foto que tirara do céu azul tomava sua tela (Não é como se não se lembrasse de Louis, do mesmo jeito).

Harry não tinha culpa, ele não conseguia evitar e mesmo sabendo que Louis havia bloqueado seu número, ele se pegou enviando a foto que havia tirado dele no chão da biblioteca, o que foi uma surpresa pois logo abaixo da foto estava escrito: enviado.

Louis havia o desbloqueado, afinal.

A chama da esperança queimava dentro do corpo de Harry e bloqueando o celular novamente, ele se pegou desejando que suas palavras tenham surtido efeito em Louis, pelo menos um pouco. Ou, na pior das hipóteses, que ele estivesse comendo aquele macarrão integral e estivesse enchendo sua barriga e evitando aquela aparência magra-doentil que já o acompanhava a algum tempo.

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- Está bom?

Louis assentiu para Stan enquanto limpava o canto de sua boca, retirando vestígios de molho vermelho dali. Fitando a televisão, aonde Hora de Aventura passava, Louis pegou-se suspirando, as palavras de Harry ecoando em sua mente tão violentamente que seja qualquer personagem na tela, parecia que ouvia Harry em sua frente, tagarelando em seu ouvido.

- Stan. – Louis se arrependeu antes mesmo de ter aberto a boca. Stan o encarou enquanto chupava uma larga quantidade de fios de macarrão para dentro da boca, molho espirrando para todo lado e sujando seus lábios. Louis desviou o olhar. – Se você tenta evitar uma coisa, uma coisa ruim—não, tipo, calma... – coçando a nuca, Louis fechou os olhos com força, a atenção de Stan toda em si enquanto comia o macarrão. – Se você tenta proteger uma pessoa de uma coisa ruim que só você pode causar, e mesmo assim ela quer ficar por perto, como você afasta ela?

Stan desviou o olhar de Louis e começou a enrolar spaghetti em seu garfo lentamente, refletindo sobre sua pergunta seriamente, os pezinhos cobertos por meias felpudas de Louis estavam batendo contra o apoio da cadeira, ansiosos pela resposta.

- Você não afasta, você confia.

Louis franziu o cenho, enquanto Stan sorria pequeno para sua confusão.

- M-mas—

- Se, mesmo ciente do perigo, ela escolhe ficar, você deveria confiar nela porque ela claramente confia em você. – Stan deu de ombros. – E também deveria agradecer, pessoas assim são difíceis de encontrar.

Louis ficou em silêncio durante todo o resto do jantar e Stan estava o direcionando aquele olhar de que sabia que isso tinha relação com o que ele estava escondendo todo esse tempo mas, conhecendo Louis como conhece, sabe que não adianta pressionar. Somente quanto o ajudou a lavar a louça e deitou sob seus edredons, a cabeça encostada no travesseiro, é que Louis se permitiu pensar no que Stan disse.

Ou melhor, não pensar. Ele só fez.

Poucos minutos após pressionar desbloquear contato, seu celular vibrou, Bobão aparecendo na tela. Louis forçou seus olhos a se fecharem para dormir antes que pudesse alcançar o celular e ver a mensagem, o medo do que encontraria ali o consumindo. E foi assim que pegou no sono, um calor desconhecido no peito enquanto os lábios permaneceram frios.

"Você acha que não machuca porque não vê sangue"

Desconhecido

amanhã tem mais ole ole olá

o que acham? (pls me deem esse feedback okay, ajuda muito)

amo ocês e pacience com meu louist okay? ele é machucado pela vida há muito tempo e merece todo o amor (pegaram a referência? rs)

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