Uma caverna. Era recoberta por pequenas pedras brilhantes nas cores azul e verde que brilhavam com a luz da bela lua Hakumahō, esperando pacientes suas cores no dia pela luz do grande sol Soruburanko (Sol Branco). Do meio do lago de água azula e cintilante, surge uma movimentação, e de lá, sai Psyck em sua maior glória. A água brilhava maravilhosamente na presença dela.
-AH! SHISAMA SEU DESGRAÇADO! –a água tremeu junto das pedras do local.
-Escuta Psyck. Eu sei que você tá bem brava, mas não acha que é melhor focalizar a raiva em outro lugar e não no seu esconderijo? O Shisama tá rindo de você agora por causa disso. –Nexo aparece bem atrás dela.
-Nexo, eu não tô bem agora! Você sabe. Será que posso tomar um banho pra tentar relaxar? –Psyck estava prestes a retirar seu longo vestido.
-Fique à vontade. Enquanto isso, eu penso no que fazer daqui a três dias quando meu odiado irmão vai vir pessoalmente pra me provocar e atacar minhas filhas. Ele tá fazendo o mesmo. –Nexo se acomoda em um dos cantos da caverna.
Psyck retirou a sua roupa e mergulhou na água, que voltou a brilhar. Seus longos cabelos verde- -esmeralda cintilavam junto.
-O ruim de ser deusa é que a única privacidade que você tem é da sua mente e de seus feitiços. Me sinto como nossas criaturas nesses casos. –Psyck levita um frasquinho com essência de lírio-negro e derrama sob seu cabelo.
-A diferença é que você tem noção de que isso acontece. Agora, vamos ter nossa conversinha particular: "Skill ativada-Marca de proteção!" –Duas marcas surgiram no chão e no teto da caverna: Uma era um losango com o símbolo anarquista no centro e o outro se tratava de uma espécie de sereia enrolada numa roseira.
Dessas marcas, pingavam um liquido semelhante à magma, mas que não queimava.
-Temos 15 minutos pontuais até algum deus quebrar isso e eu precisar reforçar as outras marcas de proteção. –confere Nexo
-Disso eu sei, Nexo! Não me trate como idiota! –reclama Psyck
-Quem disse que eu falei isso pra você, querida? Estou falando pra mim mesma pra reforça a ideia. –retruca Nexo, de maneira bem rude.
-Nexo, eu sei que você tá nervosa, mas dá pra ser um pouquinho educada ou tá difícil? –Psyck mergulha a cabeça na água e reaparece uns poucos segundo depois.
-Tá. Foi mal! Eu tô tão p@%& quanto você em relação à essa situação. –Nexo se desculpa de maneira fria e ansiosa.
-(Suspiro) Ok. Então... Por qual motivo você estaria tão p@%& quanto eu? Ah! Não responda! É por causa do seu sobrinho e a "namoradinha" dele atacando tudo que é nosso nesse planeta que criamos, tudo por causa do teu irmão e o fato de você não poder expulsar seu irmão daqui porque você não tem mais apoio de quase nenhum deus tirando à mim e, se me permite dizer, parece que todos estão cegos pra não ver o desequilíbrio que o Shisama está fazendo. –afirma Psyck
-Tsc. Acertou na mosca. O Raito passou dos limites à muito tempo, mas a perseguida aqui sou eu porque tentei impedir que o transformassem em deus por causa das m#$%&* que aconteceriam no futuro se isso se concretizasse e depois por ter escondido muito bem as relíquias dos deuses originais pro louco do meu irmão não remodelar o universo à visão doentia dele. Às vezes me dá uma vontade tão grande de dar a louca e destruir cada um deles por cada ano de exilio que eles estão me fazendo passar e por estarem até tirando meu direito de ser mãe! P@$%#! As meninas não me chamam mais de mãe por birra adolescente e por eu não conseguir ficar mais que algumas horas com elas! –Nexo se deita no chão como uma adolescente rebelde reclamando da vida.
-Nexo, amorzinho! Seu cabelo está mudando! –Psyck cantarola
-Deixa mudar! Tô me sentindo meio punk mesmo. –De cabelos encaracolados, os cabelos de Nexo ficaram rebeldes e com as pontas cortadas de maneira totalmente desproporcional uma das outras. O seu cabelo preto de luzes roxas estava mais escurecido que nunca.
-Voltando ao centro de nossa conversa: O Shisama vai mandar a Yoko e o/a Alma atacarem cada uma das famílias reais daqui e ele vai ir pessoalmente pra matar as suas filhas quando os dois terminarem o serviço. Agora lance as hipóteses. –Psyck sai da água e veste um vestido que deixa seus ombros à mostra e cobre seus pés. A água parou de brilhar.
-Hipótese 1: Tacar o dane-se e deixar rolar, o que causaria minha destruição em um resumo bem resumido. Hipótese 2: Tentar salvar todo mundo, porém, destruir situações-chaves e todos eles entrarem num ciclo de mortes infinitas e o pior de tudo, facilitar as coisas pro meu maninho. Hipótese 3: Deixar as meninas morrerem ou deixar as famílias reais morrer pra manter o ciclo de situações-chaves e não corromper a linha do tempo, dando uma dificuldade à mais pro Shisama. Basicamente temos essas opções. –comenta Nexo, que resolveu tacar pedrinhas na água pelo simples prazer de vê-las quicar e afundar.
-Você está realmente cogitando deixar a morte levar algum deles? Ela te convenceu disso? Mas enfim, como vamos contornar a situação mesmo? Estou curiosa pra saber onde isso vai dar. –Psyck começa a por seus brincos e sua coroa prateada.
-Eu odeio quando ela me faz esse tipo de situação! Tipo, ok, algumas das famílias reais são detestáveis, mas eu devo dizer que tenho um certo carinho pela família real do Império Nórdico-Invernal e pela rainha de Akinoha. Putz! Essa morte tem cada ideia pra me fazer ter um contrato com ela! –Nexo põe a mão na testa em sinal pensativo.
-Mas você não quer dar as suas meninas pra ela tão cedo, quer? –Psyck voltou com um tom que mesclava entre o brincalhão e o sedutor.
-É obvio que não! Elas nasceram pra viverem a vida delas, e não me safar das encrencas que eu me meti! Que tipo de mãe eu seria se as tivesse feito nascer só pra me satisfazerem e servirem de porcos pro abate?! Mas que tipo de pessoa eu seria se eu sacrificasse pessoas a fim de fazer satisfazer meus interesses? E... Se eu deixar rolar... Eu perco pro Raito e... Se eu salvar todo mundo, eles entram num ciclo em que a morte vai leva-los de qualquer jeito e... Eu ainda perco... pra ele... e...-Nexo não tinha mais o que dizer, seu cabelo estava mais desgrenhado e mal cuidado que nunca.
-Você tem que escolher Nexo. Infelizmente vai ter que escolher. Nós não teremos a ajuda dos deuses originais pra evitar essa situação-chave e suas consequências. Infelizmente, você vai ter de ser egoísta em relação à um para ajudar um outro, e eu tenho certeza que minhas afilhadas não serão negligenciadas. –Psyck se aproximou de Nexo com um olhar carinhoso e voz calma.
-Eu... Pelo menos posso poupar os mais jovens. Tipo assim, eu sei que alguns deles não merecem, mas... um deles tem a idade da minhas filhas, e outros dois tem mais ou menos a idade delas, sem contar a coitada da Erika, que é tão boazinha e não merece sofrer mais do que já sofre. A Morte me contou que alguém da minha família ou alguém das famílias reais hão de morrer. Provavelmente vai contar se apenas alguns morrem. –ponderou Nexo. Algumas lágrimas escorreram de seus olhos.
-Infelizmente, tenho certeza de que vai dar certo. Você provavelmente vai me odiar pelo que vou dizer, mas tem vezes que, infelizmente, temos que dizer pra morte cortar as vidas de alguém. É o trabalho dela, Nexo. Não podemos culpa-la por isso. –Psyck deixa a amiga deitar em seu colo e acaricia os cabelos dela, que se tornam longos e lisos, cobrindo-lhe os olhos.
-Eu sei. E sei que ele fez isso pra me desestabilizar. A Morte não é alguém ruim. Ela é a jogadora mais justa dentre nós, criaturas místicas. –Nexo se permitiu chorar mais um pouco no colo da amiga.
Os pingos semelhantes a magma aumentavam e brilhavam assustadoramente.
-Você vai falar com ela? Tipo assim, pra saber se o que você vai fazer é possível pra ela?–Psyck acariciava os cabelos da amiga.
-Sei lá. Acho que não. Se eu falar com ela, eu só vou ficar com a cabeça mais quente do que já tá. –Nexo parecia uma adolescente refletindo sobre a vida deitada num sofá.
-Temos mais ou menos uns dez minutos. Tem mais algo que queira falar? –Psyck deu uma risadinha amistosa.
-Tudo isso? Bom... Ninguém vai saber de nada do que dizermos aqui, então... Você acha que a morte me deixaria ver o Lennon mais uma vez? Escutar "Imagine" ao vivo é mais emocionante do que ver o clipe. –Nexo quebra seu próprio drama e troca pra algo totalmente aleatório.
-Nós temos assuntos mais importantes do que pedir um show particular de um ex-Beatle pra Morte. –Psyck não segura uma risada escandalosa.
-Qual é? Não peço isso desde que ele completou cinco anos de falecimento! –Nexo também ri.
Elas começam a discutir sobre a morte de vários cantores, tanto de sua dimensão quanto da Terra. Nexo falava de sua fase Hippie durante os anos 60 e de sua admiração por Lennon e Jagger, e do quão ficou apaixonada por Jim Morrison a ponto de esquecer de partes polêmicas da vida do artista. Psyck relembrava de Freddie Mercury e seu poder vocal, sem contar sua nostalgia pela moda das citaras.
Elas falavam e riam tanto que nem notaram o tempo passar e levaram um susto ao escutar a explosão de pingos parecido à magma (Estavam distraídas demais pra lembrar que isso ia explodir). Aqueles pingos pareciam agora criaturas informes que rastejam atrás das duas.
-Droga! Agora que chegamos no primeiro Rock In Rio! –Nexo pisa em um deles só de raiva.
-Bom. É o SEU turno pra proteger o planeta. Eu cuido dessa invasão de privacidade. Se topar com teu irmão, fala pra ele enfiar esses bichos no rabo! –Os olhos de Psyck emanavam raiva de ver seu esconderijo ficar sujo de vermelho.
Nexo nem questionou. Só olhou com cara de "Ok. Eu tô dando o fora!" e teleportou pra longe.
Enquanto isso...
-M#$%@! Nexo, sua maldita! Como pode ser tão rápida! Ela sabe dos meus planos e se ela souber evita-los ela vai me f#$%&! AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH! FILHA DA P$%*@!
Um homem alto e magro de grandes asas vermelhas e cabelos com de lava recém-lançada de um vulcão quebrava as coisas que tinha a sua volta e em seu alcance. Seus olhos avermelhados, seu sorriso de lobo e sua pele pálida mostravam sua aura raivosa. Sua túnica em tom de nude balançava conforme quebravam as coisas.
Por fim. Ele se sentou em seu trono. Seu diadema dourado lhe apertou a cabeça. Sua voz se tornou angelical e triste:
-Nexo esta nos fazendo bem. Você sabe que não é isso que precisamos. Ela só quer nos fazer voltar a sermos o que éramos.
-Cale a boca! Você não passa de uma sombra! Uma sombra suja e idiota! Idiota! Idiota! Idiota! IDIOTA! –Ele grita e sua voz volta a ser de um irritadiço demônio.
-MESTRE SHISAMA! –Alma e Yoko vieram aos tropeços e se ajoelharam diante de seu mestre, tremendo de medo.
-VOCÊS DOIS! Como me ousam voltar aqui sem matar aquela raposa-loba velha?! Ela é amiguinha da minha irmã e lidera aquelas criaturas imundas daquela p*%@ da Psyck! –as palavras de Shisama foram cortantes e feriram os pupilos como um chicote ou uma espada fina.
-Perdão mestre! Por favor, perdoe nossa fraqueza diante daquela maldita deusa! –Yoko não parecia mais a garota imponente que demonstrou antes.
-Meu pai. Por favor, perdão! Prometo fazer as mortes mais sangrentas para me redimir! Por favor! Por favor! Perdoe a mim e a Yoko! –A voz de Alma falhava e alternava entre a voz de uma garota e de um garoto.
O olhar cortante de Shisama calou as preses dos dois pupilos.
"Por favor, pare!"-A voz angelical ressoou em Shisama. Seu diadema lhe apertou a cabeça. Por fim, com os olhos em escarlate vivo, disse:
-Espero que os dois idiotas façam seu trabalho conforme minha vontade. Se têm apresso por suas vidas, é bom não fazerem palhaçadas. –Shisama acalmou a voz, mas o tom de demônio continuava.
Yoko e Alma engoliram em seco. Shisama os olhou com severidade e foi para seu quarto. Os dois pupilos respiraram aliviados.
Alguns momentos depois...
-Você poderia ter chegado mais cedo, Yoko! Você me salvando me deixou parecendo um fracote! –reclama Alma, deixando seu corpo neutro e pondo um top.
-Você é filho da p#$%@ do deus da guerra. Tente se impor um pouco, Alma! –Yoko estava atrás de uma cortina trocando de roupa.
Alma pensa em revidar, mas pensa melhor e fica emburrado.
-Mal posso esperar pra por minhas mãos naquelas p*&%¨#@$! Vai ser tão bom cortar elas lentamente e as fazer morrer tão dolorosamente! –Yoko sorri maliciosamente e sai de traz das cortinas com um top preto e calça legging.
Alma tira suas manoplas de garras e deita em sua desconfortável cama bufando de raiva. Seu corpo parecia virar vapor e condensar em nuvem, depois chovia e voltava ao estado sólido. Yoko deitou na cama ao lado e começou a fazer suas unhas e limpar sua motosserra.
-Sua Abilitty definitivamente não combina com sua magia. –comenta Yoko
-E pra que você faz as unhas se elas vão quebrar quando você matar alguém? –questiona Alma, deixando o corpo em estado sólido, mas que ficava escorrendo.
Yoko riu da pergunta.
-O que é tão engraçado?–Alma tornou seu corpo mais feminino.
-Você realmente me perguntou isso?! Eu faço porque eu quero e porque eu posso! Não é simples? –Yoko não conseguia parar de rir.
-Seu senso de humor é estranho. –comenta Alma
Yoko não ligou. Continuava a fazer suas unhas e afiar a motosserra. Alma voltou a fazer seu corpo entrar no ciclo que todo conhecem como "Ciclo da água". Nenhum falou mais nada durante aquela noite.
A noite de sangue se aproxima...