Niall permanece a olhar para o retrovisor à medida que o carro da polícia se aproxima de nós lenta e calmamente. O Liam calou-se e eu estou mais nervosa que eles dois. O carro pará atrás do nosso e um homem sai do carro.
- Dianna, tu tapa-te. Eles podem ver-me, mas a ti não. - Niall manda e eu viro a cabeça para a janela.
- É o Niall! - o polícia grita.
Nesse exato momento, o Niall liga o carro e arranca. Como a seiscentos metros há um acidente, ele vira e vai em direção contrária, passando por cima do passeio para poder passar pelo carro da polícia. O homem, tremulo, volta a entrar no seu carro e segue-nos.
- Agarra-te. - ele avisa e eu nem sei onde me agarrar.
Numa estrada onde o limite é 60 Km/h, o Niall ia a 140. Ele vira pela rua que o Liam referiu à bocado, a dois quarteirões. O carro azul e branco continuava atrás de nós, com a sirene irritante ligada e com as luzes azuis e vermelhas a brilhar.
- Liam, esquerda, direita ou em frente? - o Niall pergunta ao Liam que ainda estava do outro lado da linha.
- A polícia já está avisada. A rua da frente leva-te à estrada principal, mais gente vai vir daí. Vira à direita. - ele ordena e ele assim o faz.
O carro vira violentamente, o que faz com que o meu corpo escorregue do acento e quase choque com o porta-luvas. Pelo espelho do meu lado, eu via não só um, mas sim três carros da polícia atrás de nós. O meu coração está a bater mil à hora.
- Tens dez segundos de distância dos outros carros, aproveita-os bem. - Liam avisa.
- E agora? Esquerda ou direita. - ele interroga.
- Esquerda. Pela direita ias para a estrada onde houve o acidente. Rápido, Niall. - mesmo o Liam está em pânico - Oh meu, vais ser apanhado. - ele supõe.
- Foda-se. Dianna, vai ao porta luvas e tira-me a caixa com as balas. - ele pede e eu assim faço.
- A Dianna? Que raio faz ela contigo? - eles estão a ralhar um com o outro.
- Agora não! Em frente ou à direita? - Niall questiona.
- Merda, vêm carros de frente, vira à direita. - ele manda.
- Quantos carros tenho no total atrás do Niall? - falo.
- Oito. Merda... - ele resmunga.
- O que foi.
- Encurralei-te, meu. Estás numa estrada em que a única saída está ocupada com a bófia. E tens carros da polícia atrás. - Liam explica-se.
- O quê? - ele grita.
- Espera, espera. Tens uma rua estreita entre uma casa branca e uma rosa. O problema é que essa estrada é de sentido único, corres o risco de bater num carro qualquer. - Liam avisa.
- Eu prefiro arriscar.
Niall acelera ainda mais e vira na rua. O carro bate na esquina da casa e o som horrível faz um arrepio escorregar pela minha espinha. Por azar nosso, duas bolas de luz amarela são avistadas num fundo escuro e, em segundos, os carros embatem. Ele aproveitou o momento e carregou uma das suas armas novas. Não demorou muito tempo até a polícia tapar a entrada para a rua.
- Sai do carro. - ele ordena e abre a porta do carro.
Eu saio e vou ter rapidamente com ele. Ambos começamos a correr em frente. Niall vinha atrás de mim e eu atrapalhava-o porque não corro tão rápido como ele e se não fosse eu, ele já estaria uns bons metros à frente. Uma mulher polícia dispara e eu grito.
Enquanto corria, Niall vira-se para trás e dispara à toa e eu já nem sei o que fazer. Quando viramos à esquerda, não há carros nenhuns. Ele agarra a minha mão e acelera o passo, fazendo com que eu corra atrás dele de uma maneira mais rápida. Estamos a uns dez quilómetros de casa, o que vamos fazer?
E um milagre aconteceu. O carro do Zayn aparece e para. A porta de trás abre-se por dentro e nenhum de nós dois hesita em entrar. Harry, Zayn e Melissa estão no carro. Zayn está a conduzi-lo e o Harry está à frente. Melissa está nos bancos de trás, por isso abriu-nos a porta há segundos.
- Foda-se. Continuam atrás de nós! - o Niall resmunga.
O vidro baixa-se e ele mete o seu tronco fora. O som de balas a serem disparadas pela arma entram nos meus ouvidos de uma forma perturbadora e horrorosa.
Finalmente, conseguimos despista-los e o Niall entra, sentando-se. O meu corpo treme e o meu coração não volta ao seu ritmo habitual e Melissa tenta acalmar-me.
- Que raio te deu para levares a Diih? - Harry ralha com o Niall.
- Nem eu sei, olha foda-se, ela veio e acabou. Está inteira! - ele resmunga e encosta a cabeça ao vidro.
O resto do caminho é silencioso. Estamos todos abalados com isto, principalmente eu e o Niall. Como sempre, ele sente-se culpado por me ter levado. Na verdade, a culpa é minha. Ele avisou-me, ele recusou, ele teve de me gritar para me calar. Contudo, eu continuei a insistir. Qual era o interesse? Nem eu sabia. Só sabia que queria ir e pronto.
O Zayn deixa-nos em casa. Nenhum deles sobe até ao apartamento do Niall. Só eu ele. Mal ele abre a porta, dirige-se à cozinha e eu vou atrás dele. Ele oferece-me um copo de água com açúcar e, enquanto bebo, a minha mão treme e eu tenho dificuldade em engolir o líquido.
Uma cadeira é arrastada para mim e eu sento-me lá. Ainda estou acelerada com o que aconteceu hoje. Largo o copo de água na mesa e apoio a minha cabeça sobre as minhas mãos.
- Nunca mais, mas mesmo nunca mais, te levo comigo a caralho de lugar algum. - ele comenta e eu estou demasiado stressada para ligar à escolha de palavras dele.
- Eu não devia ter insistido. - culpo-me. Ele não merece ficar com as culpas de algo que não teve culpa.
- Eu é que não te devia ter levado... - ele lamenta e liga a televisão.
- "[...] foi nesta rua que o carro de Niall Horan foi avistado pela polícia. A fuga durou cerca de dez minutos até que o carro do assassino bate noutro e ele têm de fugir a pé. Contudo, um carro surgido de nenhures apareceu e levou Niall e o outro alguém que estava com ele.
«Nós temos a certeza de que ele levava alguém e também temos a certeza de que Niall estava incrivelmente empenhado em proteger esse alguém. Acreditamos que seja uma rapariga, pois quando a Mrs. Carter disparou contra Niall, ouviu-se um grito feminino. Foi nobre da parte dele tentar defender a sua amiga, mas acho que ele não a devia puxar para os seus assuntos. - um polícia relata as suas ideias.
«O carro de Niall foi completamente destruído. Antes de o condutor da segunda viatura desmaiar com o impacto, Niall e a sua companheira fugiram, a pé. O automóvel da vítima não estava travado e continuou a empurrar o carro de Niall pela descida. O carro do assassino acabou por ser esmagado contra uma casa. A vítima da viatura encontra-se gravemente ferida no hospital".
- A sorte é ninguém nos ter filmado, senão podiam reconhecer-te. - ele sorri vitorioso - Tu estás melhor? - Niall interroga e aproxima-se de mim.
Eu assinto com a cabeça e levanto-a. Os olhos azuis céu parecem querer perfurar os meus com a tamanha preocupação dele. Eu sorrio e tento acalmar-me. Um suspiro é solto por ele e acho que começou a pensar em alguma coisa.
- Eu não posso voltar para casa hoje. - murmuro. Se a minha mãe me vê neste estado, dá-lhe um ataque.
- Sim, eu ia dizer isso agora. - ele concorda - Vamos deitar-nos, a noite já deve ter sido demasiado para uma vida para ti. - eu rio e levanto-me juntamente com ele.
Ontem, quando dormi com ele, foi diferente. Eu tinha adormecido no sofá e ele levou-me para a cama. Eu não fazia a menor ideia do que estava acontecer. De momento, é diferente, porque eu ainda vou demorar a adormecer e estar na cama dele. E o que vou vestir? Ontem também não era problema nenhum, porque adormeci com a roupa. Niall abre o seu roupeiro e atira-me uma T-Shirt dele e umas calças de um pijama qualquer.
- Eu vou lavar os dentes, tens exatamente três minutos para te trocares sem que eu te veja. - ele brinca e ri.
Depois de ele fechar a porta da casa-de-banho, eu começo a despir-me para pegar no pijama. Pijama entre aspas. O frio arrepia a minha pele e eu apresso-me para pegar na roupa dele. Niall sai do compartimento ao lado e olha para mim, confirmando que estava pronta.
- Ficas avisada que eu só tenho um pijama, porque detesto isso, eu durmo nu. - ele informa-me.
- Não. - peço.
- Pronto, de boxers, se isso te fizer mais feliz. - ele comenta.
Meto-me debaixo de todos aqueles cobertores e olho para as cortinas azuis e pretas do Niall para não olhar para ele enquanto ele se despe. Niall entra também na cama e liga a televisão do quarto.
- "Niall Horan teve outra fuga bem sucedida..." - Niall muda de canal - "Por volta das dez e meia da noite, Niall Horan fugiu à polícia, juntamente com uma...", "[...] a vítima está agora internada no hospital, num estado...".
- Só falam de mim, agora? - ele refila e enterra-se mais entre os cobertores.
- Infelizmente. - opino e ele olha para mim.
- Vamos ver um filme? Ou queres dormir já? - ele pergunta.
- Eu não consigo dormir. - confesso e ele dá-me um olhar de compreensão.
- Diih, duas coisas : um, esquece o que aconteceu, ok? Já passou, estamos a salvo, ninguém sabe que és tu. Dois, nós somos só dois bons amigos a dormir juntos, mais nada. - ele assegura-me.
- Sim, eu sei, eu não me importo com isso. - admito e ele revira os olhos e sorri.
- Filme? - ele encoraja-me e eu sorrio.