"É estranho estar em casa do Niall. É como se fosse uma refém. Uma refém que sabe que nada lhe vai acontecer. Estou a estudar há meia hora e não consigo parar de rir ao ouvir o Niall. Visto que eu estou a estudar há meia hora, ele está a preparar o lanche há meia hora. Vou ter de o ajudar."
- Está tudo bem? - pergunto e ele salta.
- Aaah! - Niall grita e eu rio - Que susto, rapariga. - ele continua assustado - Sim, está tudo bem.
- O que estás a fazer? - questiono e chego-me para a beira da banca da cozinha.
- Sandwiches. - ele responde e sorri.
Contudo, quando olho para as sandwiches, aquilo é tudo, menos sandwiches. Os meus olhos analisam o resto do lanche e o que ele preparou, e com sucesso, acho, foi o chocolate quente.
- Isso é chocolate quente? - interrogo.
- Bom, agora deve ser chocolate frio. - Niall comenta e bebe um bocado - Ou chocolate gelado. - corrige-se.
- Niall, deixa-me ajudar. - digo e pego nas chávenas de chocolate quente e meto-as no microondas.
- Não, vai estudar. - ele recusa.
- Não, isto não é comida, Niall. - aponto.
- É sim... olha! - Niall pega numa das sandwiches e mastiga um bocado de uma... Segundos depois, vai deta-la ao lixo - Tão saboroso que acho que não mereço engoli-la. - ele brinca.
- Niall, vai ver televisão ou lá o que costumas fazer. Eu faço o lanche. - informo.
- Ok, mas eu ajudo. - ele rende-se.
A ajuda do Niall é, basicamente, arrastar a cadeira da mesa e ligar a televisão da cozinha. Para ser sincera, acho que ele ajuda mais a ver futebol do que me chegar as coisas. Só iria estorbar.
O microondas apita e eu sei que o chocolate quente está quente. Após terminar as sandwiches, vou buscar as chávenas com o chocolate quente e pouso tudo na mesa da cozinha. Sento-me à beira do Niall.
Ele não tira os olhos da televisão. A mão enorme dele agarra uma sandwich e ele mete-a logo à boca. À medida que vai comendo, vai bebendo e eu acho isto a coisa mais adorável.
- Golo! - ele grita - Do Tottenham! - ele berra.
- Niall, os jogadores não te vão ouvir... - informo e ele encolhe os ombros.
De uma só vez, ele mete quase metade da sandwich à boca e bebe o resto do chocolate. Eu olho para o meu lanche, que nem a meio as coisas vão. Uns momentos depois, Niall está completamente revoltado e eu espero que não vá explodir.
- O QUÊ? FORA DE JOGO? ESTE GAJO SÓ PODE VER MAL! - ele está exaltado - És do Tottenham, certo? - ele interroga e eu assinto com a cabeça - Estamos casados. - Niall goza e eu rio. Ele consegue ser tão tolo.
- Não sou fanática, mas sou do clube. - revelo.
- Estava bom... - ele comenta - Agradecia se viesses cá cozinhar todos os dias. - ele brinca e eu continuo a rir.
- Quando és filho de uma mulher que cresceu no campo, não sais de lá sem saber cozinhar... Por isso é que a Daisy ainda lá está. - explico e ele desata a rir. Nunca o ouvi a rir tão alto e espero que a gargalhada dele não seja assim.
- Que boca. - ele argumenta.
Depois de acabar de lanchar e de o jogo de futebol acabar, vamos os dois para a sala, que está muito mais quente que a cozinha. Niall atira-se para o sofá e liga a televisão da sala. E como o futebol acabou, ele vai ver Basquetebol.
A minha mente está novamente focada nos livros, o que eu achei estranho, pois o barulho da televisão não me está a incomodar. Faço os exercícios e umas fichas extra que a professora Granger mandou.
No fim do jogo de basquetebol, Niall prefere vir observar-me do que aturar os anúncios e publicidade. Aqueles olhinhos azuis estão vidrados no meu diário e eu sei que ele quer ler o que eu escrevi após ele mo devolver.
- Podes pegar nele. - autorizo e ele sorri de uma maneira estúpida, agarrando o meu diário - Não, espera... - tiro-lhe o diário das mãos...
Há algo que tenho que apagar para ele não ler. Rapidamente, eu tiro uma borracha do meu porta-lápis e procuro a página onde estava aquilo escrito... Quando vejo aquele excerto, nem penso duas vezes e apago logo. Se o Niall lesse aqui-lo... Oh meu Deus, se ele lesse.
- Toma. - sorrio e entrego-lhe o diário. Ele está confuso.
- O que apagaste? - Niall interroga.
- Nada. - minto, mas não sou boa a fazê-lo.
Ele encolhe os ombros e deita-se no sofá a lê-lo. Já passa das sete e eu já não posso ler mais nada, por isso dou por terminado o meu estudo. Não tenho que marrar muito, faltam quatro dias para o teste. Niall começa a rir e eu adivinho automaticamente onde ele vai a ler.
- "Quando quiser cola, peço à Pudim. Aquela baba demorou para me sair da cara...". - ele relê.
- Niall... - murmuro e baixo a cabeça, para rir - É verdade!... - defendo-me.
- Então é só contigo, porque a mim a baba sai. - ele ataca.
- Mas a tua pele absorve. A minha pele linda não deixa absorver. - estou a levar isto para a brincadeira.
- Ui, cuidado, a minha pele é horrorosa e a tua é pele de princesa... - ele troça ironicamente.
- Dá cá! - tiro-lhe o diário das suas mãos e ponho a língua de fora.
Ele levanta-se para me tirar o diário. Todavia, antes que isso aconteça, eu começo a correr à volta da sala, enquanto ele vem atrás de mim. Escusado será dizer que ele corre muito mais rápido que eu, mas é óbvio que ele me está a deixar ganhar.
Fico encurralada e ele tira o meu diário das minhas mãos enquanto solta gargalhadas para o ar. Niall volta a abrir o diário. Entretanto, vai andando para o cadeirão ao lado do sofá. Ele está demasiado atento a lê-lo, por isso não o vou incomodar.
POV Niall
Eu pedi-lhe que ela fosse para a sala enquanto eu arrumava a cozinha. A Diih já tinha feito o lanche, não ia ser estúpido e dizer-lhe para arrumar a cozinha depois de comermos as lasanhas. Não me apetece lavar a loiça agora, por isso lavo as mãos e seco-as, indo depois para a sala.
Ela está deitada no sofá e a dormir. Depois de olhar para o meu relógio de pulso, reparo que já é tarde, logo não a vou acordar. Os meus pés levam-me até ela e, antes de pegar nela ao colo e leva-la para a minha cama, fico a observa-la. Vislumbrar o quão bonita ela é, ainda por cima a dormir. Ela é tão calma que eu chego a achar que isto é impossível, nunca vi ninguém tão calmo, tão tranquilo, tão tímido e simpático.
Um dos meus braços está por debaixo dos seus joelhos e o outro por debaixo das suas costas. Elevo-a e transporto-a até ao meu quarto. O corpo dela deita-se sobre a minha cama e eu cubro-a com os coberotres. Apago a luz e saio de casa. Ela fica segura aqui, umas horas sem mim.
POV Diih
Os passarinhos chilram e voam de um lado para o outro. Os raios de sol penetram entre os buraquinhos da pressiana preta e isso tudo misturado foi suficiente para me fazer acordar. Estou numa cama que não é minha e que eu nem sei de quem é... Deve ser do Niall, de certeza. Ele não está no quarto, por isso saio da cama e vou procura-lo, embora pareça um zombie. Ele está na cozinha a mexer com uma colher qualquer coisa que está dentro de uma chávena e eu acho que é café.
- Bom dia. - ele cumprimenta-me e bebe um gole do café.
- Hum... - só gemo e espreguiço-me.
- Não sei se reparaste, mas estás à minha frente sem roupa. - ele avisa e eu arregalo os meus olhos, olhando logo para baixo.
- Estou nada. - balbucio e ele ri.
- Fiz café. - ele informa - Tens aí, se quiseres.
Agradeço e pego na chávena de café e bebo lentamente e de uma maneira calma. O café está a escaldar e mesmo assim Niall consegue bebe-lo de uma vez só. O que me deixa impressionada.
- Oh meu Deus, Diih, vais chegar atrasada à escola! - ele pigarreia.
- Ao Sábado? - só digo isto e sorrio.
- Ontem avisei a tua mãe. Disse-lhe que ficaste a dormir em casa de uma amiga. - Niall avisa.
- Obrigada... eu adormeci na tua cama? - interrogo. É óbvio que não.
- Não, no sofá, eu levei-te para a cama. - ele diz e come uma torrada... queimada - Queres torradas?
- Não, obrigada. - respondo rapidamente - Espera, tu pegaste no meu telemóvel? - questiono.
- Sim... Diih, até eu que sou anti-social tenho mais contactos que tu. - acho que isto é gozar comigo.
- Eu sei... - não sei, mas já tinha uma ideia.
- E não encontrei lá o meu. - Niall aponta.
- Está gravado como "Ron". - explico.
- Ah. A conversa está estranha, não está? - só faço um sim com a cabeça.
- Há uma coisa mais estranha. - confesso.
- O quê? - ele está curioso.
- Tu conseguires comer essa comida. - brinco e ele desata a rir alto.