Contos de Halloween

By AssumimosACulpa

351 90 58

Desafio Relâmpago - A Culpa é dos escritores. More

Apresentação
Tião - @ZildaMariano
@LailaMaisa
Descoberta sombria - @JonasZairVendrame
Acertando as contas - @NataliaDonatto

Segunda Chance - @JAPereira

51 12 6
By AssumimosACulpa

  Havia muito barulho sobre o quarto, porém não se sabia ao certo de onde ele vinha. Agoniado pelo que parecia ser uma música, o rapaz hospedado no quarto 23 do hospital central se levanta, seguindo lentamente com seus pés descalços até um buraco em sua parede.

 "Que loucura é essa?" pensou ao notar que a música saía exatamente daquele buraco. Buraco que o mesmo acabara de por um de seus olhos.

 Desesperado por não saber de onde vinha aquela música mesmo que ela aparentasse sair daquele local e também por que não conseguia ver nada através daquele furo, o jovem começa a arrancar pedaços da parede. Será que só ele escutava aquilo, seria possível?

 Após ter quebrado gesso o suficiente para a passagem de um ser, o rapaz se surpreende por não encontrar nada além de um lugar branco e vazio, porém foi esse lugar branco e vazio que tragou todo o seu corpo para dentro de si.

 Com seus olhos arregalados o rapaz observa todo o local, e chocado tenta voltar pelo mesmo caminho, mas no lugar do buraco havia apenas uma parede muito bem reformada.

 "Meu quarto? Onde estou?" Acreditava ele ainda está no mesmo lugar.O que parecia ser seu quarto, na verdade era a entrada para um outro mundo.

 Um arrepio escandaloso e colossal se funde a sua espinha o fazendo virar-se com rapidez. Dando um grito que o faz pular para trás, o jovem recua tapando seus olhos.

 — O caminho é para lá. — disse uma das muitas almas presentes no local. 

Ele não era louco, era obvio que não se juntaria a elas, além do mais, um humano não atravessa paredes, mas se um humano não faz isso, qual é a explicação para a sua chegada ali? 

 Tomando coragem ele se aproxima pouco mais de dois passos da fila que os fantasmas faziam, ambos o ignoravam e seguiam atravessando uma parede especifica do cômodo.

 "Não me custa nada tentar." Pensou se colocando entre a fila. 

Seu momento estava chegando, seu coração batia forte sob o peito, e aquela corrente colossal se aproximava novamente de sua espinha. Era o momento, aquele era o seu momento.

 Assim que ele se preparava para fechar seus olhos e correr, alguém o toca e novamente ele sente a desconfortável sensação de está sendo sugado.

 "Uau." Foi a primeira coisa que passou diante de sua mente ao chegar no mundo atrás da parede.

 Era um deserto, um enorme e esplêndido deserto recheado de almas e fantasias.

 — Diga o seu nome meu querido fantasma — disse um rapaz baixo e barrigudo.

 "Fantasma?"

 — Jovem? — enquanto o garoto mexia suas pequenas mãos tentando dizer algumas coisas o rapaz barrigudo reparava bem e gargalhava. — Como assim você não é um fantasma? Você está no mundo dos mortos... Agora me diga, qual seu nome? 

Assustado o rapaz repara o próprio corpo como se fosse um cachorro a procura de seu rabo. O homem barrigudo estava certo, ele era um fantasma, estava no mundo dos mortos.

 Abrindo a boca sem que ela emitisse som algum, o pobre menino tenta com diversos gestos dizer algo ao rapaz risonho. 

— Vamos lá, fique calmo e respire. Quer saber por que está aqui? — o menino assente. — Porque está morto oras! — nervoso o jovenzinho coloca suas mãos sobre os cabelos escuros e choraminga sem emitir som. — Fique calmo meu rapaz, morrer não é lá uma coisa tão ruim, e além do mais você chegou em uma boa hora, quero dizer, olha só tudo isso! — o barrigudo faz uma rápida e divertida dança e grita — é Halloween meu jovem! É o dia dos mortos, é o nosso dia! — Batendo sobre as costas do menino ele o incentiva a se misturar sobre a multidão de fantasmas.

 A sensação abaixo dos pés do garoto era incrível, pisar no deserto era como se nuvens acariciassem seus dedos e ao alto muitas e milhares de lanternas decorativas. Os habitantes da tal festa pareciam realmente contentes, perambulavam de um lado para o outro assustando crianças e adultos. 

— Bu! — gritou uma figura conhecida. Era a mesma mulher que havia dito que esse era o caminho. — Está tudo bem? — ele assente negativamente. 

— Chegou a sua hora, maldito pecador! — um traje escuro e uma longa foice o rodeia. — Seu lugar não é aqui, seu lugar é... 

— Já chega! Não vê que ele não ta legal?

 — É novo por aqui? 

— Ele não fala — declarou apoiando uma mão no ombro do novato.

Novamente o rapaz começa a se debater, ele não poderia está morto, não era justo, ele apenas tem 14 anos, tem uma vida e tanto pela frente.

Após cair ao chão a música que o buraco de seu quarto emitia torna a tocar, e por algum motivo todos ficam petrificados em meio ao nada. Os enfeites que estavam sobre os ares simplesmente se apagam. 

— Vamos! — Com a ajuda de seu amigo, a jovem fantasma agarrou no braço do menino o dando a sensação de um leve choque e uma canseira.

— Ela não deveria está aqui! — As unhas fincadas sobre o braço do jovem o impediam de ver quem não deveria está ali. Ele sentia frio, estava desesperado, o deserto que antes parecia nuvens sobre seus pés, agora eram como pregos, e a cada passo a dor fazia seu corpo suspirar quase a render-se.

 De repente uma risada fina e fria surge entre o silêncio, mas essa transmitia uma certa paz para o menino e para ele não fazia sentido correr. Forçando seu ser sobre o corpo daqueles que o carregava ele caia o chão, e ao olhar para aquilo que ele chamava de corpo, o mesmo se espanta. Onde estava metade dele? Onde estava suas pernas largas e finas? 

Vendo seus amigos se afastando, ele percebe que a canção está mais próxima, tão próxima que parecia está dentro de sua cabeça.

 — Eles não são o que pensa — informa tocando o ombro do rapaz. — Veja bem, o que você cria com dor e ódio tem força o suficiente para destruí-lo, mas aquilo que é criado com amor tem força o suficiente para salva-lo.

 Ao erguer sua cabeça e olhar para aqueles que o ajudaram ele vê um lugar lindo logo atrás de seus corpos, mas ao olhar para trás de si ele vê uma mulher feia, com seus cabelos enormes e duros, roupas longas e esfarrapas, usava uma mascara sorridente e outra chorona, e logo atrás de si um deserto vermelho, o lugar estava imundo, coberto de sujeira e um odor azedo.

 — Não ouça ela! Nós estamos aqui porque você nos chamou, estamos aqui porque precisa de nós para viver. Não quer mais ficar sozinho, está cansado daquela vida, está cansado de sofrer.

 Confiante de que aquelas sabias palavras eram o que ele precisava ouvir, ele caminha até a direção dos mesmos e então eis que repara dois grandes sorrisos.

 — Não está sozinho, nunca esteve, prometi estar ao seu lado, não prometi? Nada do que houve foi sua culpa, o que sentiu eu também senti, acha que eu queria o abandonar? Acha que também não sofro desde aquele dia? Precisa voltar, precisa acordar antes que seja tarde — ela o dia observa com tristeza. — Me deixe cuidar novamente de você. Volta pra mim. — ela estende sua mão.

 Ele já havia tomado uma decisão, e essa decisão era nunca mais sentir dor ou solidão sua decisão era viver. Dando meia volta ele se prepara para agarrar a mão da mulher, mas a traição vem primeiro.Ele estava rodeado por aqueles que se diziam ser amigos, ele estava sufocado, seus braços estavam sendo consumidos, a dor em sua alma parecia alcançar seu ser, seu corpo. Ele estava vivo, sim ele sentia, mas não por muito tempo. Se debatendo ele pedia que aquelas coisas o deixassem em paz, que o abandonasse para sempre, ele não os queria, os criou por medo, por orgulho.

 — O reconhecimento é a salvação da alma, a dor é a purificação, o sofrimento é o começo. — essas foram as últimas palavras ditas pela tal bruxa.

[...]

Confuso por está agora em frente ao seu corpo físico, ele sente um conforto que era cedido pelas mãos que laçavam sua cintura.

 — Não olhe — disse ao seu ouvido. — Agora você entende? O arrependimento é a porta para a salvação... se entregar ao desespero apenas o trará sofrimento e ruína. Quando nos vimos pela última vez naquele carro, aquela musica passava no rádio, ela é nossa ligação, ela é a resposta de que estou sempre ao seu lado, e que enquanto ouvi-la tudo fica bem. E não se esqueça, o Halloween é a passagem dos mortos para esse mundo, e não a passagem dos vivos para aquele mundo. Nunca mais volte... A mamãe te ama...

 [...] 

Ainda naquela noite o jovem pode abrir seus olhos, e pela primeira vez dentro de 6 meses ele pode sentir que não estava sozinho, pois aquela musica tocava no rádio ao lado de sua cama.  

Continue Reading

You'll Also Like

15.1K 457 11
Contos relacionados a relação ddlg.
10.6K 623 37
Imagines com atrizes,os Imagines dependem da minha imaginação ( aceito pedidos mas depende da minha imaginação)
703K 3.5K 30
coleção de contos eróticos (Aceito sugestões)
44.5K 1.2K 102
Alice foi diagnosticada com incontinência. A partir daí sua vida nunca mais foi a mesma.