THE REFUGE ✔

By withpoesie

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Georgia Roe levava uma vida diferente da maioria das garotas de sua idade. Era difícil. Era caótica. Em meio... More

para falar com amor;
epigrafe;
sinopse;
prologo;
01 | luke rudenko
02 | georgia roe
03 | georgia roe
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06 | georgia roe
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carta de engrandecimento;
# aesthetic & spin off.
epilogo.

17 | luke rudenko

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By withpoesie


                Acordei assustado com o barulho de algo quebrando na cozinha, mal conseguia abrir os olhos devido a luz que invadia meu quarto. Suspirei fundo pela milésima vez, desejando com todo coração que aquilo seja apenas um sonho, ou meu despertador automático. Outro barulho, um gemido de dor agudo.

Alba está quebrando minha cozinha.

— Luke, você vai continuar fingindo que sua irmã não está caída no chão? — Reverberou irritada.

A empregada veio à mando de Meredith arrumar o apartamento, e posso apostar, pelo que a conheço, ela mandou a mesma instalar varias câmeras, microfones e um grupo de combate aqui em casa. Mas o chão estava escorregadio, não sei o que ela passou aqui, mas todo cuidado acabava sendo mínimo, e bom, Alba não era muito cuidadosa.

Alba gritou novamente, mas dessa vez, ela conseguiu atravessar todas as paredes e obstáculos possíveis. Inclusive, meu bom humor matinal inexistente.

Joguei as cobertas com toda raiva por ter sido acordado com essa gritaria, bufei e fui em direção da cozinha. Espero, de coração, que Deus seja bom comigo e não a deixe ouvir os xingamentos que saem da minha boca.

Ao fazer a curva para minha cozinha, vi um corpo magrelo estirado no chão, acompanhado de copos e alguns poucos talheres. Alba estava em uma posição tão cômica que não consegui segurar a gargalhada, e ela me jogou uma colher. Um de seus pés estava agarrado ao forro da mesa, e o outro no chão, enquanto ela escorregava tentando levantar.

— Calma, eu vou te ajudar. — Coloquei as mãos na barriga tentando não rir mais, mas era inevitável.

— Assim que eu levantar, vou juntar todas as minhas coisas e ir embora daqui. Eu vou morar com as meninas no Brooklyn.

— Ah, mas você não vai mesmo.

Peguei em sua cintura fina, e em um movimento rápido a joguei em meu ombro. Alba não resistiu e gargalhou alto, socando minhas costas e gritando para que deixe ela no chão.

Estava com saudade da nossa conexão, de como somos unidos e sempre damos um jeito de tudo ficar bem. Minha irmã era o meu maior tesouro. A joguei na cama, ela se enroscou entre os edredons e sumiu. Alba é tão branca, que não se destacava ali.

— Por qual motivo nós não ficamos no Brooklyn mais?

Ela se sentou na cama, arrumando seu cabelo, que parece mais com um ninho, juntou as mãos no colo e sorriu.

— Porque tem duas madames morando lá agora, e uma criança. Nós não precisamos de lá, então, pensei que seria legal deixar o espaço para eles.

Minha irmã assentiu, mordeu o lábio superior sem tentar esconder o quanto acha aquilo engraçado e peculiar.

— Você sente algo por ela?

O tiro veio com força total, sem uma introdução antes para que eu me preparasse.

— Ela quem? — Franzi o cenho, a encarando sério.

— Você sabe quem, uh? Mas se quiser eu posso pegar um megafone e gritar o quanto você vem sendo idiota ultimamente.

— Como assim?

— Para de se fingir de besta, você sente algo por ela, não sente? Seja sincero comigo. Primeira regra dos Rudenko: sinceridade.

Certo, ela acabou de inventar essa regra.

Seus olhos espertos fazem questão de me atravessar, a loira continuava me encarando com aquele sorriso de quem já sabe a resposta, mas, queria ouvir dos meus lábios para que possa ter algo para fazer sua chantagem emocional daqui pra frente.

Sinceridade, certo. Posso lidar com isso.

— Eu não sei. — Sentei na beirada da cama a encarando. — De verdade.

— Está disposto a descobrir?

— Ela está saindo com o Costigan, você viu? Além da rivalidade no ringue, eu não gosto nada dele, aquele cara mente pra ela.

— Como assim, Luke? Você prometeu ao Calleb que...

A interrompi aflito.

— Que ia protege-la. Eu sei, mas não posso contar isso pra ela. Eu estou protegendo ela assim.

— Hm, pelo que conhecemos dela em quase um ano... Não. Não acreditaria.

— Eles estão saindo, eles se beijam e ela está feliz. Não posso fazer muita coisa quanto à isso.

— Você pode ir lá e impedir. — A encarei — Tipo, falar que sente algo por ela.

Havia um tempo que deixei isso quieto, bem fundo no meu peito, mas ouvir minha irmã dizendo em voz alta fez tudo ressurgir. Droga, sinto mesmo algo por ela, mesmo que ainda não saiba o que é. Mas não é vontade de leva-la pra cama, como já tentei algumas vezes, era vontade de cuidar, de estar ali.

— Não sei o que sinto.

— Ok, vamos lá. Vou te ajudar — Alba amarrou seus fios, voltou seus olhos em minha direção como se realmente fosse uma expert naquele assunto — O que você sentiu quando viu os dois se beijando?

— Raiva.

— É ciúmes o nome, bom, pelo menos onde eu moro.

— Alba, vai comprar café.

Joguei a carteira em sua direção, vendo a mesma reclamando de como sou idiot*, grosso e xingando de mais alguns nomes pejorativos. Fiquei ali, deitado na cama, inerte e mergulhado em meus pensamentos, ao ouvir a porta bater e minha irmã gritando o quanto sou frouxo.

Frouxo é o caralho!

O que eu ia fazer? Georgia estava feliz, e já havia deixado claro o quanto éramos amigos, o quanto nossa amizade valia a pena, o quanto nossa amizade era importante pra ela. 

Ela dizia tanto a palavra amizade, que acho que já corrompeu boa parte do meu cérebro.

E quando eu a encarava, parecia ter uma enorme placa com os dizeres: eternamente amigos.

Se minha vó estivesse aqui, diria o quanto estou sendo idio.ta, e que estou entregando o jogo tão facilmente.

Cara, nunca senti nada assim antes, e espero que seja os dias costumeiros ao seu lado.

Eu me recuso a ser chutado por alguma mulher nesse mundo como um cachorro sarnento.

Mas, querendo ou não, precisava agir. E precisava agir rápido, essa dúvida me atormentava as vezes. Não queria pular de cabeça, apesar de essa ser uma das minhas regras de vida, mas também não queria demorar demais e ver o quanto estive errado, e já era tarde. Continuei ali, deitado no amontoado de lençóis, travesseiros e edredons brancos, que pareciam ser bem mais convidativos do que os pensamentos que perturbavam minha mente.

Uma boa parte de mim se recusava a admitir que uma garota de Hornell, atrevida e com aquela sinceridade acida estava tomando conta do meu espaço, e de tudo que eu tinha antes dela chegar.

Georgia tinha uma reação devastadora por onde passava, e aposto que era por causa do seu sorriso.

E também tinha Calleb. Aquele garoto, de apenas oito anos havia me pegado de jeito, e tomado meu coração pra si. Ultimamente, todos os meus planos tinham Alba e Calleb incluídos, como se fossemos irmãos, e precisássemos nos proteger de tudo. Eu os protegeria de tudo, inclusive Georgia, e mesmo com toda essa confusão, minha promessa havia sido feita.

— Sabe o que eu estava pensando... — Alba bateu a porta, e seus passos ecoaram na cerâmica — Eu demorei trinta minutos, e tem trinta minutos que você está ai com essa cara. Francamente, Luke. Para onde foi aquele lance de "eu sou inpaxonavel"?

Havia me esquecido do quanto Alba conseguia ser irritante.

Minha irmã tinha algumas sacolas em mãos, suponho que seja nossa comida, e seu nariz arrebitado me analisava juntamente com seus olhos.

— Eu já levantei, escovei os dentes, troquei de roupa.

— Você só tem essa bermuda então, não é?

A encarei com raiva, mas gostava disso. De tê-la me azucrinando, tirando meu juízo com sua voz aguda e chata.

— Então vai, no que você estava pensando?

— Chame a Georgia para sair, e se o seu coraçãozinho bater freneticamente, meu querido, te trago péssimas notícias. Péssimas não, vou adorar ter Georgia como minha cunhada.

Certo, vamos pontuar o quando Alba era sonhadora, e literalmente, vivia no futuro. Sua cabeça era capaz de projetar o início, meio e fim de tudo.

— E se ela for sair com o Costigan... De novo?

Sua risadinha ecoou com toda ironia, a encarei travando o maxilar, mostrando que não estava para brincadeiras. Estávamos falando sobre os meus sentimentos, e o meu luto por talvez estar gostando de uma garota, certo, isso não acontecia com muita frequência, e por isso eu estava desesperado.

— Aposto que, quando você disser... Sei lá, que tem algum programa legal, ela vai adorar.

Suas mãos pequenas e finas retiravam todos os alimentos da sacola. Alimentos não, besteiras. Ali só tinha biscoitos recheados, chocolate, doces, pizzas congeladas, hambúrguer congelado e suas amadas jujubas. Encarava seus movimentos atentamente, vendo quando ia parar de sair comida dali, Alba não conhecia o limite quando se falava de doces.

O mármore da pia estava cheio de comidas, e ela parecia não se importar com isso, abriu um saco de jujubas e comia enquanto guardava o resto nos armários, os quais já estavam aqui há muito tempo, bom, desde quando me mudei para cá. Já que nunca comia aqui, na dispensa só se encontrava cervejas e pizza... Quando eu solicitava.

Liguei a televisão, e por incrível que pareça, às quatro da tarde de um sábado, estavam reprisando o jogo dos Lakers, o qual já tínhamos visto, mas a emoção era tanta que ver de novo me deixava animado. Voltei para a cozinha, pegando uma cerveja e o saco de jujubas, logo depois me jogando no sofá.

Alguns gritos de excitação, comemoração e vários palavrões saiam dos meus lábios á medida que o jogo se estendia. As vezes eu me pergunto se estaria ali, caso tivesse continuado à jogar basquete no ensino médio.

— Luke, eu estou tentando ver minha série. — Alba apareceu no corredor, nitidamente irritada. — Você não vai ligar pra ela?

— Eu vou, estou esperando terminar.

— Você não me engana, Luke Gregers Rudenko, ligue pra ela agora. Para de ser um fracote.

A loira pegou o telefone ao meu lado, irritada e esperançosa. Alba queria muito que desse certo, pelo seu semblante, era perceptível.

Encarei o aparelho dourado em minha frente, busquei na lista de chamadas por seu nome, onde tinha um coração do lado que ela mesma colocou. Apertei e esperei atender.

Nervoso.

Ansioso.

Como um fracote.

Encarei Alba que ria da minha expressão, fiz um gesto para que saísse dali, e ela respeitou.

— Ora, Ora... — Sua voz soou risonha — À que devo a honra?

— Quer sair comigo? — Rápido demais, respirei fundo — Então, como amigos, certo? Quer fazer algo hoje?

— Ah, sim. Calleb vai ao aniversário do amiguinho dele, o Pietro, e Hera já sabemos aonde vai. Não estava querendo ficar sozinha mesmo... Para onde vamos?

— Hm, o que você acha de uma surpresa?

— Nossa, eu acho ótimo! — Sua animação me fez sorrir.

— Te pego as sete, pode ser?

— Sim, claro! Te aguardo, Luke Rudenko.

O frio na barriga ao ouvir meu nome foi instantâneo, como na primeira vez. Sorri ouvindo o "tu, tu, tu" e ainda estava ali igual um idiota com o telefone na orelha.

Um flash quase me cegou.

Corri na direção de Alba, vendo a mesma pular para o quarto, trancando a porta.

— Apaga essa foto, ou eu vou te pendurar na janela!

— Eu nunca vou apagar essa foto, o mundo precisa ver sua cara de retardado.

Sua gargalhada soou audível, e alto, como sempre.

Encarei o relógio e o mesmo marcava quase seis horas.

Eu posso lidar com isso... Como amigos.

Parado em frente ao apartamento no Brooklyn, verifiquei meu perfume e meu cabelo no retrovisor, e me certifiquei que ele precisa colaborar comigo, quero aparentar ter me arrumado, mas nem tanto. Tentei ajeita-lo, de uma forma que ele pareça dominado, sem sucesso, acabo passando a mão e bagunçando tudo.

Me sinto melhor assim.

Estou pronto para subir, e ter um encontro.

Encontro de amigos, não se esqueça, Luke. Encontro de amigos, amizade, friendzone, amigos.

Acho que se ouvir a frase amizade mais uma vez tenho um colapso no meio da rua.

Não posso esquecer dos meus cigarros, eles vão me ajudar a controlar a ansiedade, sem parecer um fracote.

O movimento no Brooklyn estava bastante controlado, apesar que, muitos turistas vem direto para cá. Conhecer a fama, e todas as atrações que esse lugar maravilhoso tem, mas hoje, em especial está vazio. E me sinto bem por isso, já basta Alba jogando na minha cara como estava suando mais cedo.

— Você vai ficar ai dentro, donzela? — Encarei o vidro aberto pela metade, e a imagem magrela e negra estava ali, me encarando.

Descrição, vamos cortar bem forte essa qualidade em Rob.

Abri a porta, rolando os olhos e sai do carro. Rob me analisava de cima em baixo, sem o mínimo pudor e constrangimento.

— O que foi, cara?

Seus olhos estão me atravessando, em uma seriedade que poderia até me amedrontar.

— Eu espero que você não esteja fazendo o que estou pensando, certo? Eu gosto de você, mas não te pouparia de um boneco de voodo, e jogaria você da ponte. Se estiver saindo com a Georgia para atingir o Costigan, você já sabe.

— Você pirou? — Meu tom saiu alto, mas trato de lhe controlar com rapidez — Nós somos amigos.

— Porque ela quer...

Certo, ele não estava errado.

Dou-lhe uma última encarada, tentando passar certeza que não estou fazendo aquilo por rivalidade, trazendo problemas do ringue pra cá. Eu realmente gosto da nossa amizade, e das sensações boas que ela anda me trazendo.

Subi pelas escadas externas, devagar e sempre. Quase parando. Na minha cabeça era um encontro, mesmo que fosse para tirar algumas dúvidas, mas ainda assim era um encontro. Fechei as mãos em punho, deu uma última olhada no meu cabelo.

Você já entrou na casa de uma garota quantas vezes antes? Para de ser maricas.

Estava frente a porta de seu apartamento, sentindo minha nuca soando de expectativa, bati algumas vezes e aguardei alguém me atender.

Queria fazer do jeito certo.

A porta se abriu e Hera apareceu. A loira me encarou com o cenho franzido, sobrancelhas unidas e uma careta.

— Por que você bateu se aqui é sua casa? — Ela ainda estava segurando a porta, sem desgrudar da face sua expressão.

Bufei e entrei, já que ela foi inconveniente e citou o ocorrido.

— Luke! — A voz de Calleb surgiu por trás do corredor que dá até seu quarto.

Os passos rápidos se tornaram audíveis, meu sorriso se alargou sabendo que ele está vindo, e correndo em minha direção. A figura de cabelos claros surgiu exaltada e se atrapalhando pela correria, e de uma vez ele pulou em meus braços, me fazendo segura-lo com força e impulsionar o corpo para trás.

— Cara, você tá comendo pedra? — O encarei abraçando seu corpo forte — Anda bem pesado.

— O que você tá fazendo aqui? Vai sair com a minha irmã? Só vocês dois? Vão para onde?

O encarei rindo de seu desespero. Calleb gostava de mim, ele já havia dito e agradecido por ser meu amigo muitas vezes, mas seu instinto protetor não deixava que ninguém se aproximasse de Georgia tão facilmente. Ele realmente agia como seu segurança, e como se não tivesse meio metro.

— Vamos sim, eu já levei você para sair, e agora é hoje de leva-la. Posso?

— Você pode! — Sua voz enérgica me faz sorrir mais uma vez, ele se senta no braço do sofá, balançando as pernas pra frente e para trás. — Ela tá bem bonita.

Diz baixo quando Hera desapareceu da sala.

— Mesmo? — Questionei nitidamente curioso e um sorriso de canto se fez presente.

— Mesmo! Você vai cuidar dela, não é?

— Sim, eu vou, como prometido. — Lhe estendi o dedinho, ele enroscou no meu e fazemos novamente a promessa.

— Certo, ela já vem.

Calleb continuava me analisando com seus olhos verdes e curiosos. Já havia escutado uma vez o quanto crianças são espertas, mas ele ultrapassava esse nível. Ele deu uma piscadela em minha direção, e logo depois uma risadinha.

— Você já chegou?

Tirei as mãos do bolso, levando a mesma na nuca e massageando o ponto da tranquilidade, nós aprendíamos isso nas lutas, Roqua fazia questão de ensinar. Sua proximidade me fez respirar fundo, havia um bom tempo que não via Georgia, depois de destruir seu encontro e tudo mais.

Seu efeito conseguia ser ainda mais devastador.

Essa garota é mesmo linda, e eu estou mesmo fodido.

A encarei de cima à baixo, sem conseguir conter meus olhos, que delineavam suas curvas bem atentos. Queria minhas mãos ali, rodeando sua cintura e dizendo o quanto seu cheiro me inebriava.

Respirei fundo, sugando todo o ar e sorri, tentando esconder o máximo o quanto a garota de coturno, e cabelo desgrenhado era atraente.

— Então, podemos ir? — Encarei meu relógio, a sessão está quase começando.

— Calleb, sua mochila com roupas está pronta no seu quarto, não se esqueça da escova de dentes, sabonete e do seu horário de escola — Sua proteção com o garoto era incrível — E pelo amor de Deus, não destrua nada da casa dos outros, certo? Eu amo você e boa festa.

A expressão entediada do garoto no sofá dizia o quanto a fase aborrecente estava chegando.

— Eu amo você e bom encontro — Georgia o lançou um olhar mortal — De amigos, você não me esperou terminar.

De amigos, Luke, está lembrando, não é? Amigos, espero não repetir.

Minha consciência gritava.

— Você tá tão bonito hoje — Georgia me abraçou, enquanto procurava sua mão para segurar e descermos as escadas. — E cheiroso também. — Seu nariz passou pelo meu pescoço.

Eu tinha muito autocontrole, eu sou o rei do autocontrole. Eu podia fazer isso.

Mas todos seus atos pareciam um teste para minha sanidade.

Espero acabar com minha dúvida, e não com a noite.

— Você também tá linda, linda pra caralho hoje. — A encarei sorrindo, meu sorriso mais sincera, seus olhos se encontram com os meus e sorri também.

Calça jeans rasgada, coturno e uma blusa de frio solta.

Georgia era simplesmente linda, simples e linda.

Ao entrarmos no carro, Rob ainda estava ali, se certificando que tudo vai ocorrer bem. Estava me sentindo em um exército, minutos antes de servir ao meu pais.

Liguei o motor do carro, e a garota ao meu lado ligou o rádio, não conhecia essa música, mas ela sim. Ela cantava com seu pulmão, alcançando todas as notas e nem se importa o que vou achar das vezes que desafina, ela apenas ria e voltava a cantar. Seu corpo balançava ritmado com a musica, e as nossas gargalhadas se confundiam, me trazendo paz e conforto.

Soquei o volante ao perceber o quanto estou na dela.

Muito.

Desliguei o carro, deixando o mesmo na avenida, atrás de uma fila deles e abri a porta.

— Vamos, temos que caminhar. — Fui até a porta do passageiro, abri a mesma e vi sua expressão confusa.

— Luke, você tá falando sério?

Georgia questionou rabugenta, encarou o nada e quando viu apenas a noite.

— Eu estou falando sério. — Dou risada ao ver sua expressão.

A rodovia, que dá até o cemitério quase não tinha iluminação. Os carros devem ser estacionados do lado de fora, obviamente, comida é proibido e todos os filmes são dos anos noventa, estava ansioso para conhecer esse cinema, e pensei que traze-la aqui seria uma boa ideias.

Todos estão caminhando, como nós dois, mas o sedentarismo de Georgia não a deixa em paz, e a garota solta lamurias que me fazem gargalhar como idiota. Peguei suas mãos e fomos dançando até chegarmos perto, certo, é um pouco longe, mas nada que uma distração não a faça parar de se preocupar com isso.

A musica que tocava era apenas uma batida no bar ali perto, um único bar, devo ressaltar. A garota sorriu, acompanhando meu ritmo e fazendo sua dança majestosa. Georgia parou quando um casal passou rindo de nossa dança, fez um biquinho e me mandou virar.

Já entendi que serei seu transporte.

Me abaixei e a garota pulou em minhas costas gargalhando. Levantei girando a mesma no ar e sua gargalhada soou ainda mais alto.

Sim.

Sim, para Alba.

Sim, para o que vibra em meu peito.

Sim, admito.

— Luke, você pode me dizer por que estamos em um cemitério? Você veio visitar algum parente? Aqui não tem luz?

Queria rir do seu desespero, mas apenas mordi o lábio superior, segurando qualquer resquício de graça.

— Não, não vim visitar ninguém. É um cinema aqui.

Apontei o dedo para o telão branco, e todas as pessoas devidamente sentadas no gramado. Podia aparentar assustador, mas é bem legal e insano.

— Jura? — Seus olhos se abriram em surpresa — Meu Deus, isso é muito legal!

Sorri aliviado por ela ter gostado, soltei todo o ar e segurei em sua pequena mão, caminhando para mais perto. Georgia puxou minha mão, passando atrevidamente pelas pessoas e escolhendo um lugar na segunda fileira, quase dentro do telão. As pessoas começaram a resmungar e nos abaixamos, sentando na grama e seus olhos me encaravam com expectativa.

— Qual é o filme?

— Ah, eu ainda não sei...

Procurei qualquer sinal de aviso sobre o filme. Espalmei as mãos no gramado, sentando de forma relaxada e seus olhos me auxiliavam na busca.

— O filme se chama Dracula de Bram Stoker. — Um garoto, robusto e com sardas disse ao nosso lado.

— Obrigada — Georgia o respondeu simpática, com um sorriso final de agradecimento.

O garoto suspirou, lhe devolvendo o sorriso e continuou a encarando admirado. Travei o maxilar, e dei um sorriso sem humor em sua direção. Ele abriu os olhos surpreso e voltou sua atenção na barra de chocolate.

A tela ficou branca, e logo o nome do filme aparece, e a data mil novecentos e noventa e dois também.

Minha atenção estava nela. A assaltante de pensamentos, roubadora de pensamentos... O que seja. Mas o foco estava todo nela, e em como ela ficava bonita com o cabelo preso, no quanto é adorável sua risadinha, mesmo que antes eu a achasse esquisita. Boa parte do filme passa, e Georgia dava apenas alguns pulos fracos devido aos sustos do filme.

Seu perfume conseguia me viciar mais ainda que a nicotina.

Encarei seu perfil mais uma vez, e aposto que o sorriso em meu rosto denunciava e respondia a pergunta de todos. Principalmente do sarnento ao meu lado. Já que ele não desgrudava os olhos dela.

Me aproximei mais um pouco, seus lábios parecem me envenenar, e chamavam meu nome.

Queria beija-la.

Beija-la muito, e matar a vontade de muito tempo.

— Luke? O que foi? Você tá com medo? — Sua voz soou tão baixo que forcei para entende-la.

Seus dentes mordiam o lábio inferior, ela me encarou divertida com suas orbes negras. Ai sim, vi que estou próximo demais, com as narinas em seu cabelo, quase lhe plantando o beijo que ansiava tanto. Me afastei de súbito, vendo o quanto era idiota, e essa garota devastou meu autocontrole.

Georgia voltou sua atenção ao filme, colocando toda sua expectativa no mesmo, e sua expressão entregava o quanto ela está gostando do programa. Voltei à posição normal, com as mãos atrás do corpo, e o peito aberto esperando uma bala.

Qualquer acontecimento trágico seria melhor do que descobrir meus sentimentos assim.

Fechei os olhos quando sinto seus braços rodeando minha cintura, Georgia descansou sua cabeça em meu peito e ficou confortável ali.

Porra, essa é a minha ruína.

Encarei o céu, recebendo seu veredito e sua risada entregando o quanto estou ferrado.

— Trazer uma garota que você está afim pra um cinema não é boa ideia. — O ruivo ao meu lado disse, juntando todos seus dentes e rindo baixo.

Nada é uma boa ideia quando você descobre que está sentindo demais por sua amiga. 


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