Colecionador de Emoções

By ChFehlmann

2.7K 918 1.6K

"Se o destino parar para lhe trazer um aviso, escute-o. Não há como fugir; ele já está traçado." "Com um... More

Colecionador de Emoções
Prólogo
capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
aviso
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
capítulo 23
capítulo 24
capítulo 25
capítulo 26
capítulo 27
capítulo 28
capítulo 29
capítulo 30
capítulo 31
capítulo 32
capítulo 33
capítulo 34
capítulo 35
capítulo 36
capítulo 37
capítulo 38
capítulo 39
capítulo 40
capítulo 41
capítulo 42
capítulo 43
capítulo 44
capítulo 45

capítulo 16

22 11 12
By ChFehlmann

Katherine realmente andava muito estranha. Eu não entendi como ela sabia do plano e muito menos por que ela se importou em dizer que sabia de tudo e que também precisava me aconselhar para fazer melhor ou simplesmente não fazer.

- C-como você sabia ? - pergunto um pouco assustado.

- Eu sempre sei das coisas, Willy. Escute.... - ela dá uma pausa olhando diretamente em meus olhos. - Eu decidi não contar a ela o que fizeram mas, espero que isso não se repita, estamos entendidos? Pelo menos não aqui dentro dá escola. - ela concluiu.

A lista iria ter que esperar.

Lista:
* Mycon (OK)
*Diretora: Elizabeth (OK)
* professor de química: Filippe
* Brendon
* Edgar advogado
* Bob

Possivelmente, Frank iria querer continuar com a idéia dá lista e consequentemente, o próximo seria o professor de química. O certo mesmo sendo errado, seria então, fazer isso fora dá escola; só não sei como.

- Tudo bem, pode deixar. - falo suspirando. - Deu certo? - pergunto soltando um riso.

- Ela está se coçando feito maluca. - ela ri certificando se havia alguém escutando. - Digamos que... também não gosto dela, mas infelizmente, devo obediência. - a professora continua sussurrando.

- Me explica por favor, como é que você soube? E por que não nos dedurou? - pergunto querendo entender tudo.

Eu olho para os seus olhos mas ela desvia dos meus por um momento tentando hesitar. Tiro os meus olhos do dela e olho para o montinho de neve que fizera em um momento de tensão com os pés; do qual, eu nem havia percebido antes.

Me levanto do banco e me posiciono em sua frente para encara-la. Queria que ela olhasse nos meus olhos e me dissesse de uma vez.

- Willy... Eu só sei. Passei uns dias observando você. Não contei sobre o que fizeram, mas se isso acontecer outra vez, pode ter certeza que irei contar a Elizabeth. - ela suspira logo após acabar de falar.

- Por que todo mundo insiste em mentir para mim mesmo eu sabendo que isso não é verdade? É como se eu fosse o único que não soubesse de nada aqui! Talvez, eu tenha o direito de saber o que está acontecendo já que tudo isso me envolve. - falo respirando fundo e retomo logo após:

- Estou cansado de tanto mistério. Tudo começou por esses sonhos idiotas. Essas loucuras, as mentiras... Sabe de uma coisa, Katherine? Eu queria que a minha mãe estivesse vivido na noite do parto. Eu queria ter dado a vida a ela. Desde então, só tenho vindo ao mundo para sofrer. Sabe de outra coisa? Minha mãe morreu por minha culpa e então, vou fazer de tudo para que ela se orgulhe de mim, mas assim está sendo difícil. Ninguém está me dando a oportunidade de saber a verdade e eu sinceramente já não sei mais o que fazer. - falo sentindo uma leve dor no peito. Olho diretamente para os seus olhos assustados e balanço a cabeça sabendo que não teria solução. Me afasto em passos curtos para trás ainda olhando para ela, tentando procurar em vão uma brecha para que ela me contasse o que sabia. Até então, ela não abriu a boca, apenas me olhou com os olhos tristes, tentando segurar o choro.

Me viro para ir quando sinto alguém segurar meu braço. Olho para a mão que ainda me segurava e logo em seguida para o rosto da pessoa. Era Katherine.

- Só confie em mim. Se precisar, pode contar sempre comigo. Para... qualquer coisa. - ela sussurra as duas últimas palavras. As mesmas palavras que Elly disse. Alguma coisa está acontecendo e eu sou o único que não sei de nada; isso é ridículo.

Ela solta o meu braço e eu olho o seu semblante pela última vez; caminho sem olhar para trás até ao ônibus que havia acabado de chegar.

Se passaram alguns meses e eu percebi que meu pai havia mudado comigo. A todo tempo ele fazia tudo o que eu pedia, ele estava se aproximando de mim e eu estava gostando. Eu precisava disso, precisava da sua atenção. Desesperadamente eu precisava de Greg Foster.

Eu estava um pouco inquieto com os meus pensamentos. Não sabia se viria algo bom à frente. Comigo sempre foi assim e, talvez, continue sendo.

Coisas boas acontecem e logo, as ruins tomam conta de mim. Chegam para tirar do meu rosto a felicidade que tanto deu trabalho para chegar.

Por que ele decidiu ser bom comigo logo agora? Será arrependimento? Talvez, mas... Ainda não me esqueci das palavras, do tapa e muito menos do soco. Na verdade, eu jamais esqueceria.

O dia começou estranho. Acordei, olhei para o lado e lá estava ele. Meu pai estava de pé ao meu lado com uma bandeja do café da manhã.

Era possível sentir o cheiro de pão de queijo se exalar pelo quarto. Eu amo tanto que infelizmente é muito difícil de se encontrar no extremo oeste do Canadá.

Ele sorriu para mim me entregando a bandeja e logo Beth entra atrás dele.

- Bom dia. - os dois falam em uníssono.

- Bom dia. - respondo com uma voz rouca.

Eu estava doente? Estava a beira da morte? Era o meu aniversário? Que data importante é hoje para eles estarem me tratando dessa maneira?

- Tenho uma notícia. - meu pai fala enquanto se senta na cama ao meu lado, acariciando o meu rosto. O mesmo rosto que ele havia batido antes. O mesmo rosto que ele cuspiu cada palavra, cada ameaça. O mesmo rosto que ele fez sangrar.

- Na verdade, duas. - Beth sussurra se sentando ao meu outro lado.

- Já estou ficando preocupado, falem logo. - peço tomando parte do meu café da manhã.

Greg Foster se levanta com um enorme sorriso no rosto e caminha em direção a Beth.

- Amor, a melhor notícia podemos contar no jantar, o que acha? - Beth fala segurando aos mãos do meu pai.

Eles poderiam me poupar daquelas cenas. Poderiam.

- Acho ótimo. - ele concorda. - a primeira notícia que tenho certeza que irá gostar, vou te dizer agora. - ele continua sorrindo para mim. Fazia tempo que eu não via aquele sorriso e aquele olhar me fitando.

Ele tira do bolso dá blusa moletom uma chave e chacoalha ela em minha frente.

Não acredito, será?- penso.

- É isso mesmo que está pensando. O carro que está lá fora é seu. - meu pai diz me entregando a chave. - Agora que comprei outro carro para mim, achei que deveria comprar um para você também. O meu antigo preferi não levar para o concerto, aquela mancha de sangue do dia do acidente não sai dá minha mente então preferi vender e comprar outro. - meu pai continua.

Ainda fico submerso nesse pensamento. Como é possível atropelar uma pessoa, e ela sumir do nada, deixando apenas mancha de sangue no carro?

Paro de pensar nisso e sem pensar duas vezes, saio correndo para fora fazendo ecoar o barulho dos meus pés pela casa toda. Paro na porta de casa fitando o carro, era perfeito; só pode ser um sonho.

Driver's licenceé provincial:

No Canadá, a idade mínima para conseguir uma licença é 16 anos, sendo que na maioria dos casos uma autorização dos pais ou responsáveis é necessária, já que a maioridade no Canadá é de 19 anos, na maioria dos casos.

Não é preciso passar por aulas de autoescola, desde que você tenha alguém que possa ensinar a você o que você precisa saber para que possa digirir, e também os conhecimentos necessários para ser aprovado na prova escrita e noroad test.

No meu caso, meu pai já havia me ensinado o básico e eu já dirigi algumas vezes o seu carro; então era fácil.

Fico imóvel olhando o meu mais novo presente e os dois me abraçam ao mesmo tempo. Eu esperei por isso a anos. E logo, isso completaria com palavras.

- Nós te amamos Willy. - meu pai fala e logo, Beth concluí sussurrando: - Para sempre...

Sem querer, deixo meu sorriso escapar. Ao mesmo tempo que eu me sentira muito feliz, eu estava apreensivo. Logo após de algo bom acontecia algo ruim, então, eu deveria já estar esperando o inesperado.

O carro era um spin 2015. Fiquei surpreso, pois ele era de sete lugares.


- Gostou? - meu pai pergunta indo até o carro e abrindo a porta para que eu pudesse entrar e observar o seu interior.

- Muito! Obrigado, pai. Eu te amo. - falo já dentro do carro e acabo deixando escapar as últimas palavras. Meu pai me olha por um momento e logo, ele desvia o olhar.

- Também te amo muito, filho. - ele sussurra já de costas para mim.

Por que ele não consegue dizer isso olhando nos meus olhos? Por que me abraçar ou me dar atenção é tão complicado? Por que, por que, por que... Tantos porquês vagando por aí sem resposta, sem sentido.

Os dias passaram voando, é como se eu fechasse os olhos por um instante e dormisse por uma eternidade. Na verdade, já era outono. Logo viria o último ano no colégio, novas escolhas, responsabilidades e confesso que isso me deixava enjoado só de pensar.

Eu queria aproveitar já que agora tenho o meu próprio carro, queria sair e levar meus amigos para algum lugar já que o mesmo tem sete lugares.

"Ah, claro Willy. Super amigos que você tem, babaca." - penso.

Eles entraram para dentro de casa e eu fechei o carro. Uma manhã bela se transformará em uma manhã escura.

O dia estava estranho, um temporal estava prestes a cair. Era possível notar as luzes no céu, os raios não paravam de iluminar e os estrondos dos trovões faziam literalmente, o mundo estremecer.

Cada vez mais o céu ia ficando escuro, as nuvens pareciam estarem literalmente com raiva. Eu sentia que algo estava por vir e eu não estava gostando de sentir isso.

O vento foi aumentado, era possível notar que as árvores pendiam para os lados, era como se o vento também sentisse raiva ou coisa de tal, e com isso, quisesse levar para junto de si tudo que ele conseguisse desmoronar tanto fisicamente quanto psicologicamente. Era como se o mundo quisesse desmoronar ali mesmo, na minha frente, diante dos meus olhos.

Respirei fundo e olhei para os lados e logo depois para o céu. Senti uma sensação como se alguém estivesse me observando. Um arrepio invadiu minhas espinhas, fazendo com que minhas entranhas ficassem completamente ilhadas mas ao mesmo tempo aglomeradas e bagunçadas. Tentei procurar em vão qualquer pessoa que pudesse estar me observando em meio aquela tempestade que estava prestes a começar; nada e nem ninguém estava ali.

Entrei para dentro e a chuva lá fora insistia em cair até não poder mais. Nunca havia visto uma chuva tão forte assim.

- Fico feliz que tudo está se ajeitando para você, Willy. - Elly me abraça de lado sorrindo.

- Acredite, eu também estou muito feliz. - digo apertando ela em meus braços e deitando minha cabeça um pouco em seu ombro. Beth era um pouco mais baixa que eu; na verdade, bem mais baixa e então logo voltei a posição normal.

- Não ri. - ela fala fazendo um bico pois já sabia do motivo que eu estava rindo. Ela era uma anã perto de mim. Uma anã que tem uma mão pesada.

- Não tem graça. - ela prossegue me dando um tapa no braço. Doeu mas continuei rindo.

- Tem sim. - falo indo para o meu quarto.

Entro no quarto fechando a porta. Observo pela janela fechada, o vento levar as folhas secas para longe, para um certo destino, talvez. A chuva inunda o solo, leva junto consigo qualquer coisa que possa levar; talvez, ela tivesse levado o fim dá minha tristeza também, pois eu estava muito feliz. Fecho a cortina e vou para a minha cama. Me sento colocando a testa nos meus joelhos e envolvendo meus braços envolta das minhas pernas.

Percebo então que as luzes começam a piscar, levanto a cabeça e olho para a porta.

- Você me assustou. - falo olhando em seus olhos brilhantes no meio de toda aquela luz que insistia em piscar toda hora.

- Precisamos conversar. - Meu pai sussurra vindo em minha direção.

- Se essa conversa não terminar em um soco de novo, tudo bem, pai. - falei baixando a cabeça. Eu sabia que aquilo não iria acabar bem. Sabia que o que eu sentira estava certo. Eu sempre soube.

Ele se senta ao meu lado e olha em todos os momentos para os seus pés; ele envolve uma mão sobre a outra fazendo alguns movimentos, relatando um certo nervosismo.

- Eu sempre te amei, Willy. Tive medo de... perder você. - ele sussurra as últimas duas palavras.

- Como assim, perder? - pergunto sem entender nada.

- É uma coisa complicada, só o tempo vai me dizer se te conto ou não. Pode se repetir novamente com você, filho. Eu não quero isso, acredite. Talvez, seja difícil entender, mas só confie em mim. É para o seu bem e eu vou lutar com todas as minhas forças para lhe manter bem de qualquer perigo. - Greg Foster limpa uma lágrima que insistiu em escorrer de seus olhos e, com isso, me abraça forte.

- Eu só estou sem forças para aguentar todas essas mentiras e mistérios. Eu só acho que, eu merecia saber dá verdade. - digo tentando segurar o choro em seu ombro.

Meu pai acaricia meus cabelos ainda abraçado em mim e eu percebo que ele está chorando.

- Pai... - tento.

Ele sai do quarto sem que eu possa perguntar qualquer outra coisa. Seria em vão já que ninguém iria me dizer a verdade. Talvez, eu tenha que esperar o momento certo. Talvez, as coisas tem que ser exatamente assim, mas já estou sem forças para aguentar tudo isso.

Me levanto e vou até a janela novamente; me sento abrindo a cortina e observo lá fora, o tempo ainda continuava o mesmo.

As luzes ainda piscavam, lá fora continuava escuro e as folhas secas formavam redemoinho no ar.

Por um momento, me veio a Dry no pensamento e na mesma hora balancei a cabeça para espanta-lo de mim. Tudo que eu menos queria agora era ter outro devaneio; está indo tudo tão bem que eu prefiro viver uma vida normal.

Será possível?

Era outono, logo o último ano do colégio chegaria. Eu precisava correr atrás do meu sonho de entomologia, precisava ir para o centro de Vancouver e procurar um emprego.

Saber dá verdade e sobre Dry já estava fora de cogitação; fora dos meus planos.

Me lembrei que Katy havia me falado que seu primo distante abriu um novo negócio no centro e que estava precisando de ajudantes na loja. Além do mais, Katy me disse que eu poderia dormir na loja até eu conseguir um canto para morar.

Estava tudo planejado, eu só teria que dar a notícia a todos que semana que vem eu já iria me mudar. Além do mais, fica perto do colégio.

Me levanto e vou até meu criado mudo. Me agacho e puxo a gaveta maior retirando de lá uma caixa com alguns alfinetes fincados. Neles, haviam as borboletas que eu conseguira pegar.

Sorrio ao ver um alfinete sem nenhuma Lepdoptera.

- Este alfinete está esperando por você. - sussurro ao pensar na borboleta azul dá qual minha mãe mencionou na carta. Me lembrei também, do momento que eu havia pego ela no Carvalho e que por consequência de um determinado momento, ela escapou.

Sinto um aperto no peito. Uma certa angústia. Levanto a cabeça e vejo uma sombra refletir na parede. Alguém estava atrás de mim e por um momento senti receio de olhar para trás.

Guardo a caixa e fecho a gaveta me levantando calmamente. Viro e me deparo com o meu pai me olhando ferozmente, como se ele fosse o predador insaciável e eu a presa prestes a cair nas garras dá fera que me olhava adentre, prestes a me devorar vivo ali mesmo.

Ele caminha até a mim e eu ando de costas olhando seus movimentos. Eu estava sem saída e cada vez mais ele chegava perto. Eu já estava encostado contra o criado mudo, acabei derrubando algumas coisas que estava nele, já não havia para onde correr. Greg Foster já estava com suas garras em mim me pressionando contra a parede.

- Jogue todas essas coisas no lixo, amanhã! Não quero mais ver você envolvido com essas borboletas ridículas... - antes dele terminar, o interrompo:

- Tão ridículas que você também colecionava, não é mesmo querido papai? - falo enfatizando a última palavra.

- Não devo explicações dá minha vida para ninguém. Eu e você somos completamente diferentes. Eu mando em você, Willy. E agora, é melhor me ouvir calado e obedecer. - ele fala cuspindo cada palavra.

Eu sabia que algo ruim estava por vir. Sabia que a tal felicidade estava apenas fazendo uma visita rápida. Sabia que meu pai não era capaz de se tornar um pai de verdade. Ele queria me proteger do perigo, mas não percebeu que ele se tornou o meu próprio perigo.

- Por que já não me mata de uma vez? - pergunto entre dentes, deixando algumas lágrimas escorrerem. Já não sabia se chorava de raiva, dor ou medo. Um panapaná de sentimentos tomavam conta do meu psicológico. Eu queria realmente morrer. Já não estava aguentando tudo aquilo.

- Por que não valeria a pena todo sofrimento que tive para proteger você, Willy! - ele fala me soltando e virando de costas a fim de sair do quarto.

- Você fala em me proteger, fala que me ama, mas não vê que você se tornou o meu perigo. Você se tornou o meu monstro do qual eu tenho medo. Não como aqueles monstros que crianças sentem medo, mas sim, o monstro de repugnância humana. Você uma hora é o meu pai, o pai que eu sempre precisei ter. Na maioria das vezes, é apenas um estranho que tenta assombrar os meus sonhos, que tenta me fazer sentir medo e desistir. - dou uma pausa limpando as lágrimas com a costa dá minha mão. - Mas saiba você, que eu não vou desistir. Eu já tenho um emprego visto e semana que vem vou embora.
Minha mãe morreu para dar a minha vida e eu não vou desaponta-la. Vou seguir o nosso sonho que do qual, você foi covarde e desistiu. Agora, fica aí, escondendo algo inútil que não consegue nem dizer ao seu próprio filho. Quem é você? - pergunto as três últimas palavras em sussurros.

A todo momento olho em seus olhos que estavam completamente diferentes. Senti um arrepio, uma seiva quente percorria as minhas veias. Meu pai apenas me encarou por algum tempo e saiu.

Me sentei encostando no batente dá porta. Eu queria que minha mãe estivesse aqui e não ele ou... Simplesmente, não eu. Eu daria tudo para que minha mãe pudesse voltar. Daria qualquer coisa para ter a minha mãe em meus braços. Daria tudo para poder ver seu rosto pela primeira vez.

O nosso destino é como uma caixinha de surpresas. Você nunca saberá o que o senhor de tal está aprontando. Se for para ser, vai acontecer e já era.

É como a lei de Murphy:
"Qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível".

"Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível. E se algo pode dar certo, tem grandes chances de dar errado."

A frase surgiu após a citação genial de Bruno Maximus "Tudo dará certo, fique tranquilo, nada sairá errado".

Pessoas consideram Murphy como um Deus senhor do caos. O lema que rege tais seitas fanáticas seria "Murphy é o pastor e o rebanho se perderá".

O destino brinca com as pessoas; ele bate até elas sangrarem e não aguentarem mais. O destino percebe então que elas estão sofrendo e as trazem algo bom mas logo, tiram delas a felicidade e volta a bater novamente. Afinal, ele é o dono do destino. Ele decide qual será as surpresas, o caminho, as pessoas e o momento.

Caro destino,
Gostaria de avisa-lo que você corre perigo de ser assassinado. Eu te odeio desde o primeiro momento em que nos conhecemos. Gostaria de dizer também que, consequentemente, minha vida está um caos e adivinha quem é o culpado?
Você.

***

Fico vegetando por um momento e percebo então que a luz parou de piscar. Agora, está tudo escuro, certamente a energia acabou. Resolvo deitar por um instante, a tempestade havia passado e eu só queria dormir para não lembrar mais dá realidade.

Fechei a porta e deitei na cama. Ruídos estavam me desconcentrando, eu não conseguia dormir. Ouvia vozes de Beth ecoando pela casa. Ouvia barulho de pássaros sobrevoando no céu logo após o temporal. Ouvia a voz do meu pai brigando como de costume com a tia Elly por ela derrubar a bandeja do café. Ouvia barulho na... De repente, olhei assustado para a fresta de baixo dá porta. Eu estava alucinado, eu quero sair daqui.

Me ajudem...

Por favor...

Vejo mãos de pessoas por de baixo dá porta, não consigo fazer nada a não ser ficar paralisado olhando aquela cena. Eu estava assistindo a minha lucidez indo embora e o meu enlouquecer chegando cada vez mais com frequência.

O que está havendo comigo? Por que eu não consigo me mexer? Por que eu não consigo gritar? Por que algo prende o meu foco para aquela porta? Eu não quero olhar, não quero pensar que isso é real, eu estava ficando louco e isso era a culpa do meu pai.

Aquele tormento estava ficando cada vez pior e eu já estava com medo dos meus próprios pensamentos.

Meus olhos estão perplexos, seja o que for, quer que eu desista. Seja o que for, quer que eu fique com medo.

Tento fechar os olhos com um pouco de dificuldade, eu não estava conseguindo controlar meu corpo e nem os meus pensamentos. Cenas sem sentido vagavam em minha mente, eu já não estava entendendo mais nada. Na verdade, eu não entendia nada a muito tempo.

- Por favor, seja só um pesadelo. Só uma imaginação tola, por favor... - sussurro com grande dificuldade.

Abro os meus olhos e dou um suspiro de alívio por aquela cena ter sumido. A luz havia voltado e eu agora estou ofegante, acabei esquecendo de voltar a respirar. Eu estava tão atormentado que por um momento achei que eu estava morrendo aos poucos pois não conseguia nem controlar a respiração.

Uma sombra do outro lado dá porta invade o meu quarto. Mas desta vez, não sinto medo. Sinto um alívio em perceber que era a Elly assim que ela abre a porta.

- O almoço está pronto, Will. - ela fala e sai me deixando sozinho novamente.

Sem mais hesitar, saio rapidamente do meu quarto quando aquela sensação de ser observado novamente paira sobre mim.

***

Continue Reading

You'll Also Like

150K 7.6K 58
Perdi o acesso do outro app de livros então resolvi reescrever ele aqui no wattpad! (+18) Para Stella escapar das garras do pai, ela acima um cont...
21K 1.2K 27
O pai de Celine se vê com uma dívida extensa no cassino da família Petrovy, a família mais poderosa da Itália, por tanto ele pagará entregando a sua...
2K 208 3
𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐘 - "Claire Blake, uma demônia de 25 anos, era conhecida nos círculos sobrenaturais como uma criatura poderosa e implacável. Com olhos q...
7.4K 675 21
Caio é um adolescente de 17anos é vendido pelo seu pai para um mafioso muito obsessivo e frio . Mais quando ele se vem pela primeira vez o jovem f...