Dois estranhos que terminam e...

By DallasRodrigues

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O enredo desenrola-se numa história romântica moderna mais pra erótica de dois estranhos Liudmilla e Paulo Q... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX e Capítulo 1*
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5

Capítulo 3

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By DallasRodrigues

"Para" – Yara gritava entre soluços.

"Saí da minha frente filho da puta, vou matar você" – Disse para o Sr. Granit que barrava a minha entrada.

Enquanto Yara chorava, ouvi o som de bofetadas e vasos quebrando.

"Sua burra, quanto mais gritas, mas tenho prazer"

Acordei num salto, a máscara do pesadelo ainda estava no meu rosto. "Quando essa merda vai terminar? Quando posso fechar os olhos e não ver nada? Simplesmente paz!"

Não gosto do que sinto, não gosto dos sentimentos que passeiam no meu subconsciente. Olhos abertos mas tudo parece igual, tudo parece como era antes mas ainda assim me sinto diferente. Falta alguém, falta a minha irmã, ninguém é forte o suficiente, infelizmente há sempre uma fraqueza. Infelizmente essa mesma fraqueza tem sido a minha companhia. Sinto um vazio, sinto que uma parte de meu coração está oco, e infelizmente sei que ninguém um dia vai preencher... É como se, tudo penoso em mim ruge para saberem da sua existência, mas eu sou o Paulo, convivo com essa escuridão há anos, "assim como tudo de bom passa, o ruim também passa. Ele só alimenta-se do nosso medo e por isso permanece em nós por mais tempo"

A Escuridão tomava conta do meu quarto, tão escuro como se já não bastasse os meus pensamentos.

A última conversa com a minha irmã:

Estou cansado, há anos que tento ser forte, tu sabes disso, faço isso por ti, Yara. – Disse olhando fixamente a minha irmã.

Sempre que olho para ela, não me arrependo do que fiz, mas são demónios que tenho de carregar a vida toda.

Ela aproximou-se lentamente e me abraçou, podia sentir a sua respiração no meu corpo, as suas lágrimas atravessando a minha camisa até encontrar a minha pele.

É por isso que detesto tocar nesse assunto, ela sente-se culpada pelo que eu fiz, mas eu não a culpo, nem tão perto sinto raiva dela.

Seu rosto estava horrível!

Ouvi as suas palavras no dentro dos meus pensamentos: "Pare meu irmão, tu és forte"

"Prefiro suportar isso para o resto dos meus dias, te perder não" respondi os meus pensamentos e uma lágrima escorreu no meu rosto.

... Olhei o relógio branco que ficava em cima do meu criado mudo, já era uma da tarde. Minha ressaca pedia alguma coisa . Definitivamente estava faminto. Minha cabeça estava pesada e eu ainda me sentia zonzo devido ao número  de copos Vodka.

Enquanto terminava uma espécie de pequeno-almoço das treze, alguém bateu na porta. Deixei o copo de sumo natural no balcão e fui lá...

- Mãe! – Disse e beijei o seu rosto. – Não devias estar num avião?

Foi complicado convencê-la de que precisava ficar sozinho naquele momento, mas ela ficou de ir ter com o meu pai e relaxar um pouco.

- O voo foi cancelado. – Disse e passou por mim.

Ela só pode estar a mentir pra mim. Olhei para suas mãos, ela segurava sacos de compras e não uma mala. Oh Diabos! Ela nem chegou ao aeroporto. – Mentes muito mal, - ela sorri pra mim como se estivesse a elogia-la. Jesus, o que se passa na cabeça de uma mãe? Quando vai notar que já não precisamos de proteção?

- Mãe, eu vou ficar... – Antes de terminar ela corta-me. – Trouxe pastéis de bacalhau, os teus preferidos. Lembras quando vocês roubavam todos e escondiam-se na vossa tenda mágica.

Sorri pra ela, não tem jeito, ela consegue inverter o jogo. Daria uma boa negociadora! Mas aquilo me fez recuar no tempo, sem dar pelos passos dos meus pensamentos, já estava dentro do passado: - Sim, mãe, lembro-me! – Disse sorrindo por dentro.

Yara achava que os monstros estão fora dos lençóis, bastava estar debaixo dele comigo para sentir-se protegida.

- Ela sempre gostava de brincar assim contigo. – Lembrei-me quando ela me insistia para brincar assim, até mesmo na presença dos meus amigos. – Ela pediu tanto para rumar para Suíça quando partiste! – Disse a minha mãe.

Espera, eu nunca soube que ela foi por minha causa. – O teu pai tentou fazer a brincadeira várias vezes enquanto ela crescia, mas nunca teve sucesso. Parece que não era o lençol, mas sim você.

As palavras dela ofereceram-me um novo flashback:

Depois dela jogar-se no meu corpo a soluçar. Tentava acalma-lá de todas as formas, mas não tive sucesso.

- vem comigo para cama. – Sugeri, mas ela recusou a minha ideia.

- Nunca mais me vou deitar nessa cama. – Foi quando notei que as suas lágrimas eram de raiva.

Lembrei da nossa antiga brincadeira. – Vamos nos cobrir com os lençóis, ele vai nos proteger.

- Não, - Ela disse e apertou-me forte. Como da última vez em que ela ainda estava viva. – Já sou crescida, já não tenho oito anos, sei que não é o lençol, o meu protetor sempre foste tu.

Suspirei e a abracei forte.

- Então conta-me, o que aconteceu?

- Minha mãe acordou-me daquele retrocesso com um aperto nas minhas bochechas. – Diabos, mãe! Já não sou uma criança.

- Vais ser sempre pra mim. – Ela disse aquelas palavras típicas de uma mãe.

"O que passa na cabeça de uma mãe?"

- O teu segredo está bem guardado! – Disse e me deu alguns sacos.

Em seguida o Miguel entrou com alguns sacos também e uma maçã. – Calma, tu sabias disso traidor? – Questionei baixinho e ele fez uma carinha de inocente.

- Eu o convenci, ele é inocente. Agora arrumam as coisas.

Não acredito que a minha mãe vai me obrigar a arrumar as compras, alguém diz a essa senhora que estou em minha casa? Como se isso funciona-se.

- Já agora, qual segredo?

- Esse teu perfeito coração que escondes do mundo.

"Isso se ainda tenho um coração"

Talvez é mas fácil partir do que ficar. Quem fica pode até suportar, esquecer a dor. Ou no meu caso, estar completamente bem fisicamente, sem nenhuma cicatriz para lembrar, excepto a saudades, ainda não há lápis a cor para pintar o espaço sem cor que há no meu coração.

Mila está do outro lado da mesa sorrindo pra mim, estamos no sabor dos néctares, na rua que liga a estrada principal do Futungo de Belas ao Avenida do Talatona. Estou bebendo Corona e ela arriscou também.

- Não há sabor nisso, prefiro um chá, ele acaba com o meu frio e comigo!

Levantei e fui até ao outro lado da mesa redonda. Tirei o meu casaco, cobri ela e disse na sua orelha direita. "Não precisas de chá para tirares o teu frio, eu posso tirar-te só com o meu dedo parando onde a tua linguagem facial é a melhor de ver, onde a tua linguagem pede mais"

- Amor. – Ela disse baixinho e suplicando.

Levei a mão sobre o seu queixo e beijei o lado direito do seu pescoço.

Em seguida, suspirei só de lembrar de hoje a noite. Sentei e contei pra ela:

- Ana e seus sócios adoram familiarizar-se antes de fechar um negócio. Somos praticamente uma família agora, vai ter uma festa hoje à noite em sua casa. Quero a tua companhia!

- Amor, hoje? Não tenho roupa, não marquei com a moça do salão... – Ela fala feito uma doente.

- Amor tu és linda. – Esse foi o único remédio que tinha para dar. Mas parece que isso só piora as coisas.

- Tu não vais entender.

Só tinha um jeito de convencê-la.

- Está bem, vou sozinho, vai ter muitas mulheres!

Ela cerra os olhos. – Nem que tu fores como a "bela e eu a monstra" , mas eu vou Paulo. Hora?

- Nove e meia da noite.

Mila levanta-se, vem ao meu encontro e baixa até a sua boca alcançar a minha orelha. – Tenho uma nova roupa bem provocante, se estiveres na minha casa as seis e meia, podes tirá-la do meu corpo e quando voltarmos da festa podes arranca-la. Se atrasares um segundo. – Fez uma pausa nas suas palavras e passou a língua na minha orelha mas foi o coitado do meu pau quem ficou duro. – Só um segundo, só vais ter isso, na próxima lua cheia.

Mila beijou o meu pescoço, - Se tu fazes bem, eu faço melhor! A mulher tem força. – Disse e pegou na sua pasta, me deixando boquiaberto e estagnado na minha cadeira. – Beijo, seis e meia. – Disse e foi no seu carro, apreciei ela até abandonar o local.

SEIS E TREZE MINUTOS DA NOITE, já estava na sua porta com o meu muda de roupa e batendo a porta. Diabos, o que a Mila não faz comigo? A PORTA ESTAVA DESTRANCADA, abri, entrei e segui para o seu quarto.

Mila está em pé na frente de uma pequena mesa comprida e estreita, olhando para duas garrafas de perfume. – Para mim, não importa, adoro qualquer fragrância tua.

Ela não se  assusta com a minha presença, apenas sorriu. – A roupa íntima prometida, tem a cor do teu tom de pele? – Mila estava nua, ela não tem aquele corpo padrão da mente da sociedade do século XXI, o corpo dela é porramente pitoresco de se olhar. E eu vou estar sempre do outro lado a admirar a minha namorada e colocar isso na sua cabeça.

Entro no quarto e paro atrás dela. Ela se vira lentamente, seus olhos se erguendo até encontrarem os meus, e com um único movimento eu a pego pela cintura e a coloco sentada na borda da mesa. Seus lábios se abrem de surpresa e suas palmas vão para o meu peito, ela sorri pra mim.

- A tua tia?

- vinte minutos, ela regressa... – Diz e volta a sorrir.

- Não se mexa. – Digo e ela diz que "sim" com um sorriso.

Ela gosta de me ver babado por ela.

Eu me viro e caminho até a porta, dou uma volta na chave.  Ela não se moveu. É uma visão mágica sobre a mesa. Caminho até ela! – Nós temos uma festa? – Ela provoca-me.

Sorri. – Hoje quero diferente, tortura a minha mente. – Disse no meu ouvido.

A deitei de costas, a mesa tem a largura exata para acomodá-la, ajoelhando-me, dou um nó apertado em torno do seu lindo pulso com um de seus lenços depois, sem paciência para procurar outro, rasgo a sua cueca que estava sobre os seus pés quando cheguei, passo no corpo dela, e ela arqueja enquanto amarro o outro pulso com ele. Ela está tremendo. Dou volta a mesa e faço ela abrir e dobrar as pernas.

- Paulo. – Ela diz e esfrega vezes sem conta as suas coxas.

- Abre, Mila!

Não a quero dar muito o meu toque, mas sim, levá-la a imaginar o que vou fazer com ela, brincar com o lado sexual do seu pensamento e lhe oferecer a minha linguagem facial faminta. Ela agora está desesperada para ser tocada, mas eu me afasto e lentamente tiro o meu casaco e em seguida a camisola, abrindo sem pressa, castigando ainda mais a sua vontade, observando-a; ela fica boquiaberta quando abro o meu cinto, os seus olhos suplicam. É uma linda visão.

Sem tirar a calça caminho até ela, os seus olhos me seguem sem pestanejarem. Encosto os meus lábios nos seus e ela se estica toda até voltar a mesa quando nota que não vai alcançar.

- Não faz isso comigo.

Aterrei três dedos no seu pé, passando lento pela perna, pressionando mais na sua coxa. O seu corpo fica inquieto e ela volta a suplicar. Passo minha língua quente sobre a sua barriga e sinto o prazer em vê-la a se despedaçar toda. Vou até a ponta dura de um dos seus seios, passando a língua pela parte do Ductos e Aréola dos seus seios...

- Não aguento mais essa tortura.

Enfio um dos meus dedos, - Oh! céus, Mila!

Olho para ela inquieta, - Olhe para mim! – Ordeno.

- É aqui não é? – Questiono quando ela fechou os olhos e mordeu os lábios, encontro onde ela deseja com os meus dedos. Ela responde sem voz. Gemidos enganam, mas a linguagem facial não. Aterrei no seu ponto pressionando a língua no seu pescoço.

- Te odeio porrra!

Foi quando virei ela, levantei a sua perna, baixei a calça e a minha roupa íntima até ao joelho e enfiei a minha pila fundo. Mas é a sua linguagem facial que dava cabo dos meus pensamentos. Comecei a fode-la com força, enfiando, enfiando, enfiando até sentir a minha calça abandonado o joelho até aos meus pés. Ela sorri de alívio, pode finalmente me sentir. – Não pare de olhar para mim, Mila!

- S...im – Ela diz trêmula.

Tão linda, deixa a minha fome insaciável, desejando mais e mais aquele olhar agradecido que ela tem nesses momentos. Intensifiquei a penetração, puxando ela para mim... Fecho os olhos e levo o rosto para o teto. – Tu... ta... ta... também não... poodess fechar. – Disse e sorri pra ela. Em seguida enfiei forte. Sentindo a sua respiração a sair mais do que o normal.

- Desgraçado. – Diz e sorri.

***

QUANDO SAIO PARA FORA DO CARRO, o ar fresco da noite me abraça. Em seguida digo ao Miguel que não precisa descer para abrir a porta a Mila.

Eu abro e ela desce segurando a mão que ofereci.

- Tu és linda minha princesa! – Digo perdido.

Me sentia como um miúdo sem saber o que dizer a sua amada! Ela beija o meu queixo e solta um sorriso.

EU NÃO LIGO MUITO PARA DECORAÇÕES OU MÍNIMOS DETALHES, mas os olhos de Mila mostravam alegria com o cenário do evento.

- Olá! Paulo! – Ana aparece no meio das pessoas.

- Ana. – Digo com um sorriso formal.

- É a tua namorada?

- Sim, sou a namorada. – Prazer, Ana, ele é um ótimo homem. – O prazer é meu, obrigada.

- Claro, Ah! Estes são os vosso lugares!

- Obrigado, Ana! Nós ficamos bem. – Digo e ela se retira.

- Quando te aborreceres diga, não precisamos ficar muito tempo meu doce.

- Vocês vão estar juntos na mesma empresa?

Suspiro.

- Não, o meu irmão vai me representar! Acho que ele já está preparado.

- Então maninho? – Era a voz do meu irmão, ele diz e leva a mão no meu ombro.

- Onde você estava? Onde estava o teu telemóvel? – Digo porque passeia a tarde toda a ligar para o seu celular.

- Calma mano, isso é uma festa! Eu já conheci toda equipa de Ana. Inclusive as gostosas das irmãs dela, que vão trabalhar lá também.

Ele beija o rosto de Mila. – Cunhada, dá uns beijinhos nele, talvez ele se acalme.

Os dois riem-se.

- Bem, vou voar para as gostosas e eu vou te deixar com o pássaro estraga diversão, azar o teu minha cunhada. Mas se eu tivesse uma namorada igual, não estaria andando pelo salão– Ele diz divertido e Mila sorri novamente.

Minutos depois a festa não estava assim tão péssima, principalmente depois que a família de Ana se sentou na mesa redonda com a gente. Não eram pessoas desconfortáveis, muito longe disso, o seu pai era alguém que entedia muito bem de negócios, e sua mãe era uma senhora muito culta. Fiquei lisonjeado quando disse que já leu alguns artigos meus sobre perfil do negociador.

Mila parecia tensa, era muita gente desconhecida, algumas inconveniente que tentavam tirar-me de perto dela, para falar sobre parcerias ou alianças estratégicas. Tirei ela da mesa para dançar e vi um pequeno sorriso que intensificou-se depois de beijar seu rosto e seus lindos e doce lábios.

- Paulo, já volto, vou à casa de banho.

- Está bem. – Disse e soltei ela.

Segui-a com os meus olhos, passando pela multidão até empurrar uma enorme porta de vidro.

- Então irmão! – Meu irmão apareceu no meio da multidão com duas belas moças. – Rossany, minha futura namorada. – Dei a mão.

- Sei quem é, irmã de Ana.

- E está é a sua amiga, Lueji! – Disse "olá" e dei-lhe a mão.

- Luiji, nem adianta fazer "olhinhos" para ele, é bonito mais é sério. – Rimos, - mas tem uma gata ao seu lado.

Falando nisso Mila está demorando, pensei, me distraindo da conversa do meu irmão e suas amigas.

Mila sai da casa de banho e em seguida  Sofia. "O que Sofia estava a fazer na casa de banho com Mila? Porra!" Mila não se  dirigiu para mim nem para nossa mesa. Saí correndo a sua trás.

Ana me travou antes de alcançar a porta. – Ela vai ficar bem sem ti, ela nunca vai conseguir lhe dar com o teu passado.

- Sai da minha frente. Combinaste isso com Sofia?

Ela afastou-se e corri ao encontro de Mila.

Miguel estava vindo em minha direção no meio da multidão que estava fora do salão.

- Aconteceu alguma coisa? - Questionou.
- Onde está Mila? - Questionei sem paciência.

- Ela pediu a chave, disse que precisava retocar a maquiagem mas parecia que estava chorando. Mas passou por mim numa velocidade horrível.

- P'merda!

- Chamo um táxi?

- Não, não vai dar tempo, pede as chaves do meu irmão.

- Paulo, lamento, eu não disse nada de mais! Só perguntei a ela se! – SOFIA, quem me deixou por causa de uma carreira és tu, deixe a minha relação em paz, a vida não é uma novela ou um filme, tentei não te ver como uma malvada, mas não me deste outra opção, vou rescindir o nosso contrato e estou pouco me lixando quanto vai me custar essa merda, e se Ana está incluindo nisso, diz que vou fazer o mesmo! Passaram dos limites, fizeram minha namorada chorar... – Vi Miguel saindo e corri ao seu encontro.

O telemóvel dela chamou por cinco ou quatro vezes, talvez seis, estava irritado, já não conseguia lembrar de porra nenhuma. Ela não estava em sua casa.

- Patrícia, preciso falar com Mila.

- Aconteceu alguma coisa, Paulo?

- Ela está aí?

- Não, ela disse que estaria contigo hoje.

Merda.

- Qualquer novidade ligue, por favor.

Bati com força no vidro do carro. Ainda assim fui até a casa de Patrícia para ter a certeza que ela não estava lá. Filho da puta, se acontecer alguma coisa eu mesmo mato Sofia.

- Nada, ela não está com nenhuma de nossas amigas, nem com Suraya. – Disse Patrícia que também estava nos ajudando a procurar.

Suas palavras deram mais vida ao meu desespero.

O relógio que ofereci ao Miguel estava chamando. – É o seu irmão!

Ele escolheu a opção "viva voz" – Ela apareceu? – Não era bem o que eu queria ouvir.

- Não, - respondeu o Miguel.

- Não foi uma questão Miguel Ângelo, ela apareceu, está com a mãe em casa, O Paulo está aí? A mãe não consegue falar com ele, está sempre ocupado.

***

Mila está encolhida no Sofá, tem duas xícaras de chá próximo dela e minha mãe. Digo para mim mesmo que tenho de superar o medo da sua reação e contar tudo. Nesse momento não há medo maior em relação a perdê-la. "Não há, Paulo" me convenço disso. Patrícia corre e beija ela. – Estava preocupada, amiga. – Minha mãe se afasta para deixá-las confortáveis. E em seguida caminha até mim. – Segredos? – Ela questiona baixinho. – Uma relação com segredos, é como ser um detetive e nunca pegar no telemóvel para pedir reforços, podes vencer alguns casos, assim como a vossa relação pode vencer muitas coisas. Mas sozinho este detetive nunca vai vencer tudo. Meu filho, não enfrente o teu passado sozinho, tens a mim, e tens aquele lindo reforço aí no sofá, que chora quando choras, e mesmo sofrendo com o que ouve está aqui. Na tua casa. – Suas palavras despedaçaram-me.

- Estou decepcionada. – Disse baixinho. – Miguel, leva-me para casa, - Miguel abriu a porta e Patrícia pediu para ir junto.

Fechei a porta. Ajoelhei perto de Mila e beijei a sua testa. Ela esfregou-se no meu corpo. Voltei a beijar a sua testa, dessa vez por longos segundos.

- Desculpe te deixar preocupado.

- Xiii. Eu é que peço desculpas. – Digo derrotado. – Tenho de te contar tudo.

- Não amor, - Ela diz para minha surpresa. – Eu não devia ouvir aquela louca, conta-me quando estiveres preparado, eu te amo. – Ela diz e me abraça. – Amanhã tenho uma reunião, és sócio, acompanhas-me?

- Claro. – Digo e levo ela no meu colo até a nossa cama.

Mila

DESPERTEI AS QUATRO DA MANHÃ, Paulo estava dormindo. Enquanto meus pensamentos viajavam no que ela me disse, e também no conselho da minha sogra. "Paulo já sofreu muito nessa vida, mas eu sou mãe e sou mulher: meu filho ama-te meu doce, eu vejo isso nos seus olhos. Mas como mulher, sei que é difícil, mas paciência"

Quando acordei daquela viagem, Paulo estava inquieto entre os lençóis. Será um pesadelo? Corri para cama sem saber o que fazer.

- Meu bem, Paulo? – Disse e levei a mão ao seu peito nu.

"Não, não, deixem a minha irmã, porra, Não façam isso com ela! Juro que vou..."

Ele despertou num susto daqueles. Respirando sem pausas com os olhos postos em mim. Desviou o seu olhar e tentou sair da cama, talvez pelas lágrimas nos meus olhos. Travei-o segurando nos seus ombros. – Yara foi... violentada?  - Questionei em soluços. Paulo apenas me abraçou e suspirou. Em seguida o beijei sentindo as minhas lágrimas nos nossos lábios.

- Vamos dormir. – Disse e levou a minha cabeça no seu peito. Ficou um silêncio total, apenas ouvia-se o meu choro meio silencioso

Eram cinco e trinta quando tentou me deixar na cama pensando que estava dormindo. Vestiu sua roupa de treino e abandonou o quarto, fingi que estava a dormir, talvez ele precisava de correr naquele momento, ficar sozinho e não comigo. Respeitei isso! O que não me fez pregar nem a ponta do sono novamente, foi: Quem a violou? O Sr. Granit?

Depois de uma longa ducha, servi o nosso pequeno almoço e ocupei um dos bancos do balcão, vesti uma de suas camisas, em seguida olhando para a rua abaixo e pensando na manhã que me espera. Ela vai ser difícil, eu sei. Já tinha bebido três xícaras e meia de chá. Aquele momento não desaparecia da minha cabeça, talvez era isso o que levava ele a não contar nada, me deixar dentro do seu mundo escuro. O que perguntar? Como foi? Sério, Mila?

A ideia de não estar ao seu lado e acordada, caso isso acontecesse novamente. Matava-me!

O que ele viveu foi mais terrível do que imaginava, nunca passou pela minha cabeça. Mas, será que tem mais? Não é só isso? Agora mais do que nunca eu preciso apoia-lo. Não sei como funcionária meu dia-a-dia se isso acontecesse comigo, Paulo é forte, disso eu tenho a certeza. Ele construiu sua empresa, apoiou sempre a sua irmã e ainda preencheu meu mundo com bastante amor. Não é aquela superação escrita num livro ou reportada na TV, é a realidade.

Paulo entrou, me acordando dos meus pensamentos.

- Bom dia, meu doce. Dormiu bem? Desculpe deixá-la tanto tempo sozinha – Perguntou amável e desculpou-se.

Com os seus olhos escuros da cor do seu cabelo, ele olhava para mim sorrindo, como se nada tivesse acontecido.

- Bem, amor! Não te preocupes, acordei há uns minutos. – Menti para não lhe preocupar. – Você quer comer alguma coisa.

- O mesmo que tu está de bom tamanho. – Disse e caminhou até mim para beijar a minha testa e os meus lábios em seguida.

Adoro quando ele faz isso.

- Nunca mais faz o que fizeste ontem, nunca mais me deixe, isso é pior que qualquer coisa. É fácil aguentar uma semana sem você, sabendo que posso te ouvir e te ter quando quiser. Mas um segundo sem saber se me queres na tua vida. Isso é a pior dor...

Fiquei triste só de lembrar que ontem causei isso no meu amor.

- Eu te amo, Mila. Você é minha. Meu tudo, eu sou teu. Sempre vou ser teu, sempre. Não te pedi para ficares ao meu lado para te ver sofrer, eu vou sempre. – Cortei as suas palavras com um beijo intenso e em seguida um abraço.

- Posso fugir para colocar minha raiva feminina dentro de uma balde com gelo. Mas não fugir para sempre. Te abandonar é abandonar a minha felicidade.

Esfreguei o meu rosto no seu e senti o que ele pouco sabe fazer. SORRIR!

***

Não sei o que é abrir uma porta quando estou na companhia do meu amor. Paulo abriu todas as portas!

Puxou a minha cadeira... Em seguida sentou-se ao meu lado. Minha amiga Patrícia estava linda naquela manhã, e concentrada para escrever a acta. Mas antes a Boss queria trocar ideias comigo, Thompsom, Alguns funcionários e não se importou com a presença do Paulo. Ele é sócio!

- Bem, acho que podemos começar. – Disse a Boss que já estava de volta.

Depois das primeiras formalidades, ela pediu atenção. – Uma empresa é como uma equipa, eu não consigo sozinha, nem você, nem você ou você. – Disse apontando para um quarto das pessoas que estavam na sala. – Antes de começarmos com o real objectivo, quero falar sobre o número elevado de mulheres grávidas ou com filhos recém nascidos nessa empresa. Nós temos um horário de entrada e saída, pedirem para saírem cedo por causa dos filhos recém-nascidos afecta com o horário estipulado. Mas também não posso demitir por causa disso, acima de tudo, temos em mente que os pais têm um forte compromisso com os filhos. O que sugerem?

Paulo olhou para mim, encorajando-me a falar. Mas o que falar? Eu nem tenho filhos ainda, como vou entender o que se passa na cabeça de uma mãe quando precisa sair cedo par pegar o filho na creche ou liberar a babá?

- Podem entrar uma hora antes de todos, e saírem uma hora antes. - Sugeriu Thompsom. 

Paulo fitou-me como se eu tivesse uma ideia mais válida.

Procurei imaginar quando estava entregue a mim a responsabilidade de ir buscar as minhas sobrinhas a creche depois das aulas quando vivia com Diria. O que eu dizia sempre? Ah! Claro, "se ao menos a creche estivesse aqui próximo"

- Que tal construir uma creche para os filhos dos funcionários? – Dei a minha opinião e expliquei o motivo. Qualquer pessoa que já foi pegar o filho, sobrinho ou irmão. Ia entender.

A minha ideia foi válida para uns, mas para outros foi vista como uma caridade.

- Isto é uma caridade. – Atirou o Thompsom e não tinha o que responder contra.

- Acredito que esses funcionários pagam caro as creches ou babás, a empresa pode construir e cobrar abaixo disso. Todos saem a ganhar; Funcionários felizes e menos preocupado, a empresa vê um lucro e ainda ganha dedicação total dos funcionários.

Depois daquela pequena conferência, entramos numa das salas de reuniões da empresa. Estava iluminada e cheirosa. Todos levantaram-se quando a Boss entrou, haviam pessoas que nunca tinha visto na empresa. Todos sérios, não existia um pequeno sorriso no rosto de ninguém, apenas formalidade e alguns apertos de mãos. Todos entendiam que o importante é a habilidade, criatividade e paciência estratégica como a de Sun valia naquela sala, sorriso só depois de tudo terminar. Graças a Deus Paulo estava comigo, sentia-me bem com ele ao meu lado, é o mundo dele, em nenhum momento senti ele intimidado, é como se eles tivessem uma telepatia, excepto os novatos, incluindo eu, claro!

Conseguimos superar os meses passados, mas alguns sócios não gostavam nada do que viam e com alguma razão. Só depois disso passamos a outra questão inesperada.

- Não falaste nada até agora, é sobre a viagem com o Thompsom?

Já estávamos na minha sala, a decisão inesperada é que fui escalada com Thompsom para uma viagem de negócios na cidade da Huíla.

- Claro, não vou mentir. – Disse, abriu o fecho do seu casaco, tirou e abriu mais um botão da sua camisa azul escura. Ele sabe que está um espanto dentro dessa camisa?

- Adoro os teus ciúmes.

Ele serrou os dentes mas em seguida soltou um pequeno sorriso.

- Estou a falar sério?

Ele sabe que sou uma mulher não sabe? Sabe que tenho sempre pequenas "provas"guardadas?

- Babe, Ana está quase sempre contigo. – Disse.

Vi a frustração de ciúmes a preencherem o seu rosto. Era divertido o momento, ele fica tão lindo quando assim está.

- É totalmente diferente. – Ele disse o que qualquer ciumento diz quando está entre a espada e a parede.

- Ficas totalmente delicioso quando assim estás, meu Paulo! – Disse e cheguei perto.

- Então não vá, delicia-se de mim.

- Então preciso marcar novamente com o dentista. – Disse divertida e beijei o seu peito. – Preciso ir, amor!

- Eu sei. – Disse triste.

- São só três dias. – Tentei confortá-lo. – Sério que não estou gorda? – Tentei mudar de conversa para uma bem simples.

Ele passou os dedos nas minhas bochechas. – Não precisas mudar de assunto para receber elogios, mas não me importo, ainda assim, vou sempre desejar-te.

Esfreguei minhas bochechas nas suas mãos. Paulo beijou a minha testa. – Já vou. – Disse!

- Não, não quero. – Disse firme e abracei-o forte.

- Ambos precisamos trabalhar.

- Primeiro almoça comigo.

- Não posso, fiquei de me encontrar com meu novo advogado. E juntos vamos almoçar!

- Não quero. – Apertei mais forte.

- O que posso fazer para cederes, meu doce?

- Não sei. – Disse e esfreguei o meu rosto no seu peito, sentindo a sua fragrância suave daquela manhã. – Tenta negociar comigo, talvez. Quem sabe!

- Faço o que você quiser!

- Tudo? – Questionei maléfica.

- Sim, meu doce. Tudo!

- Fechado, foi um prazer Sr. Paulo!

- O prazer foi meu Srta. Mila.

Antes dele sair, fechei os olhos e ofereci minha boca. Paulo beijou-me com firmeza e com uma posição de posse sobre os meus lábios que deliciavam-se dos seus. Sentindo todo meu fôlego voando de mim.

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