(Apertem o Play assim que eu falar)
Aeryn Carpenter P.O.V.:
Los Angeles, California.
27 de abril de 2015, 11h05min p.m.
- Eu entendo o que você quis dizer sobre George Washington ter sido nosso melhor presidente, mas qual é, Bush teve toda aquela coisa com os terroristas e tudo mais. - Cameron disse eu ri.
- Ata, ele foi um presidente tão bom que no onze de setembro o comunicado dele foi para irmos as compras. - fiz sinal de positivo com a mão e dei mais um gole na cerveja que estava em minha mão - Ótimo requerimento para presidente você tem. - ri novamente.
Cameron segurou minha cintura e puxou para mais perto dele.
- Cala a boca. - disse rindo e me beijou.
- Vamos dançar. - sorri assim que nos afastamos e segurei a mão dele o puxando para sala, onde nossos amigos e várias pessoas desconhecidas dançavam animadamente.
Uma música eletrônica, que eu não reconhecia, ecoava pelos nossos ouvidos. Eu e Cameron pulavamos e riamos sobre as caretas e palhaçada que fazíamos.
Todos ali naquela sala precisávamos de uma festa para nos distrairmos ou tirarmos os pensamentos e o peso de nossas costas, e nada melhor que uma festa dos Grier para isso.
Fechei meus olhos e comecei a girar pulando, aquele sentimento era ótimo, o sentimento de se sentir amada de verdade pela primeira vez, de sentir pela primeira vez que tudo estava bem e você não tinha o que ou quem temer, apenas aquele sentimento que aquece seu coração e faz você querer acordar bem todas as manhãs, Cameron me transmitia isso.
Abri meus olhos e parei olhando para o meu namorado. Talvez a vida não seja tão ruim quanto eu achava que era dês dos meus nove anos, talvez no final realmente exista um final feliz e um motivo pelo qual você precise continuar lutando todos os dias.
Eu não poderia fazer nada diferente além de sorrir, sorrir o máximo que eu podia, de orelha a orelha, como dizem, mas aquele sentimento de culpa por todos os meus amigos estarem passando por momentos difíceis era inevitável.
(Aperte o Play)
Olhei para trás daqueles olhos castanhos e vi uma ruiva, ela estava andando desnorteada em direção a saída, batendo em quase todos em sua frente. Ela não parecia bem, estava descalça e parecia machucada. Eu não sei se deveria, mas eu me preocupei.
- Eu já volto. - disse para Cameron e corri em direção a garota - Luma. - gritei assim que sai da casa, porém ela não olhou para trás.
Corri até alcança-la e a virei para me olhar. Sua maquiagem estava borrada e ela tinha marcas no pescoço.
- Me deixa em paz. - disse com a voz trêmula.
- O que aconteceu com você? - perguntei assustada.
- Por favor, - disse começando a chorar - me deixa em paz. - eu a abracei e então ela desabou em meus braços, fazendo ambas caírem no chão ajoelhadas.
Eu não sabia o porquê, não sabia o que havia acontecido, mas eu não podia deixa-la simplesmente assim, eu não sei se era o certo mas eu tinha que fazer alguma coisa.
- Ta tudo bem. - passei a mão em sua cabeça e ela negou.
- Eu, eu. - ela me afastou e tentou falar alguma coisa.
- Não precisa dizer nada, não agora. - levantei e estiquei minha mão para que ela a pegasse - Vem, eu vou te ajudar.
- Ninguém pode me ajudar agora. - ela disse baixo e eu me abaixei novamente.
- Eu posso tentar. - sorri tentando parecer amigável e estiquei novamente minha mão.
A verdade é que eu estava com medo, com muito medo, não de ajuda-la, independente do que ela já tenha feito todos precisamos de ajuda uma hora na vida, porém medo do que estava por vir.
Ela pegou em minha mão e então eu pude perceber o quão fria e tremendo a garota a minha frente estava. Eu não tive muita reação, apenas a pus sentada perto do carro de Cameron e fui a sua procura.
- Oi, eu preciso de ajuda. - sorri para meu namorado e ele se virou me olhando confuso.
- Onde você estava? - perguntou se levantando do sofá.
- Só, vem, okay? - ele assentiu e peguei em sua mão o levando em direção a onde ela estava.
- Por que essa menina ta aqui? - perguntou assim que me viu abaixando ao seu lado.
- Só me ajuda Cameron. - ele me olhou confuso e ajudou a coloca-la dentro do carro.
Haviam mais feridas em seu corpo do que eu poderia contar, ela tremia e mal conseguia ficar em pé. Eu não sei o que eu poderia fazer por ela.
- Você quer que a gente te leve a um hospital? - perguntei assim que entrei no banco do carona.
- Não, por favor, não vamos a nenhum hospital. - ela disse desesperada.
- Ei, tudo bem, calma. - tentei acalma-la.
- Desculpa, eu só não, não posso correr o risco. - ela começou a chorar novamente.
Olhei para Cameron e ele já estava me olhando como se pedisse alguma explicação.
- Vamos para minha casa então, você pode pelo menos tomar um banho e por uma roupa descente. - eu disse e Cameron concordou com a cabeça dando partida no carro.
Ela não se objetivou e também não disse nada durante todo o percurso, assim como eu e Cameron, apenas respeitamos esse momento.
A levei até o banheiro e então a pus sentada no vaso, eu realmente não sabia o que fazer.
- Você quer que eu fique e te ajude, ou você consegue? - ela estava de cabeça baixa, mas então me olhou.
Seus olhos estavam marejados e apenas deu de ombros. Seu olhar implorava por ajuda e por um segundo eu tive o pior sentimento que uma pessoa pode ter pela outra em toda sua vida, pena.
Ajudei a tirar seu vestido devagar, havia cortes em seu peito e marcas de mão por todo seu corpo.
A ajudei a sentar na banheira e liguei o chuveiro, deixando cair água morna em cima da mesma.
- Por que você ta me ajudando? - me olhou.
Eu não disse nada, apenas sorri sem mostrar meus dentes, ela soube minha resposta apenas com aquele sorriso, ela entendeu.
- Quer comer alguma coisa? - Cameron perguntou para ela enquanto eu penteava seu cabelo.
- Talvez ela devesse só beber um suco por agora, né? - eu disse a olhando e assentiu.
Cameron saiu do quarto e eu me sentei ao lado da ruiva, ela continuou olhando pra baixo e eu continuava não sabendo o que dizer.
- Por que você não quis ir a um hospital? - perguntei mexendo na escova.
Ela demorou um longo tempo e então fungou.
- Ele disse que mataria minha irmã se eu procurasse ajuda. - disse de uma vez e eu a olhei assustada.
- Ele quem? - ela me olhou - Talvez eu possa te ajudar, talvez a gente. -
- Não, tá legal? - não gritou, apenas me olhou de canto de olho - Não tem nada que você, ou eu, ou quem quer que seja possa fazer, aconteceu, - sua voz começou a ficar embargada - aconteceu e não tem volta. - disse olhando para baixo novamente.
- Luma, não é assim. Talvez a polícia possa ajudar. -
- Por favor. - ela disse chorando e me olhou, eu apenas assenti.
- Deita, tenta dormir um pouco. - falei a ajudando a se deitar - Você precisa se acalmar antes de ir pra casa. - ela assentiu e se deitou.
Sai do quarto e desci as escadas indo em direção a cozinha, encontrando Cameron sentado no banco.
- Nossa. - digo chegando perto e ele me olha.
- O que foi isso? - ele perguntou e eu sentei na bancada a sua frente.
- Na hora que eu saí de perto foi porque eu vi ela andando desnorteada, eu fui ver o que tava acontecendo. - respirei fundo e ele pôs as mãos em minhas cochas - Vi que ela tava toda machucada, mal conseguia andar e ela chorava muito. - prendi meus cabelos em um coque.
- Nossa. - ele me olhou - O que você acha que foi? -
- Do jeito que eu vi ela se esfregar no banho. - disse sentindo meus olhos ficarem marejados, e não consegui terminar a frase.
Cameron me puxou para sentar em seu colo e assim o fiz, ele me abraçou forte fazendo carinha em meu cabelo e eu me permiti chorar.
- Como alguém tem coragem de fazer algo assim? - pergunto, entre soluços, indignada.
- Tem pessoas que são doentes, amor. - ele diz e eu nego com a cabeça, não aceitando essa situação.
- Isso não é certo, e na casa dos Grier? Quem seria capaz de algo assim? Ali todos são conhecidos Cameron. - enxuguei meus olhos.
- Eu vou falar com os meninos amanhã e tentar descobrir algo, ta bom? - assenti com a cabeça e apoiei minha cabeça em seu ombro - Eu amo tanto isso em você. - ele disse rindo baixinho.
- O que? - perguntei confusa.
- Mesmo com tudo o que ela já fez, tudo o que já aconteceu, mesmo assim você ainda se importou em ajudar ela. - falou ainda fazendo carinho em minha cabeça.
- Eu nunca deixaria de ajudar alguém que precisasse Cam. - falei baixinho e senti o moreno concordar com a cabeça.
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Aí gente, tadinha da Luma, sério, ninguém merece algo assim, nem mesmo ela!
O que vocês acham?
Ass,
Luiza Speziali.