Acampamento de Inverno para M...

By ClaraSavelli

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"A verdade totalmente verdadeira é que eu sei, tipo, três músicas na flauta: La Cucaracha, Yesterday e Amore... More

Capítulo 01 - O Exílio
Capítulo 02 - Escolhas Ruins
Capítulo 03 - Little monster e KatyCat
Capítulo 04 - Let me love you, until the jealousy turns saints into the sea
Capítulo 05 - Dança Infernal
Capítulo 06 - Ligações Perigosas
Capítulo 07 - Andar abaixo
Capítulo 08 - Que nem você
Capítulo bônus - Como é bom amar (por Lila)
Capítulo 09 - Segredos e Promessas
Capítulo 10 - Maldita Tequila
Capítulo bônus - Dopada (por Eduardo)
Capítulo 11 - MEU ERRO foi crer que ela era PROIBIDA PRA MIM
Capítulo 12 - Já não consigo não pensar
Capítulo 13 - Se arrependimento matasse
Capítulo Bônus - Mão em Chamas (por Gustavo)
Capítulo 14 - Feliz
Capítulo 15 - Torta e barraca
Capítulo 16 - Talvez você tenha deixado eu ir, para ter o gosto de me ver aqui
Capítulo 17 - Entre quatro lonas
Capítulo 18 - Gostaria
Capítulo 19 - Botão de emergência
Capítulo bônus - O egocentrismo inocente da Kristen Stewart da música (por Igor)
Capítulo 20 - Protocolo
Capítulo 21 - Puro e Genuíno desespero
Capítulo bônus - Pensando Alto (por Eduardo)
Capítulo 22 - Buscando
Capítulo bônus - Relacionamento de Verdade (por SURPRESA).
Capítulo 23 - Apresentações, perguntas e vídeos
Capítulo 24 - Isso ainda vamos ver
Epílogo - Darlin' I will be lovin' you till we're seventy
[Bate-Papo] De frente com... Igor
Marcadores
[Bônus de Natal] Você sai do Acampamento, mas o Acampamento não sai de você
Semana temática de Acampamento
Conto especial: Como tornar uma viagem inesquecível (narrado por SEGREDO)

Capítulo Bônus: Os dons de Eduardo

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By ClaraSavelli


Quando o ônibus parou na frente do Acampamento eu me questionei que raios eu estava fazendo da minha vida. De novo. Devia ser algum tipo de distúrbio, se inscrever dois anos em sequência para passar as férias de inverno trancafiada em um sítio no meio do nada, em Teresópolis.

Olhando de dentro do ônibus, escondida pela sutil cortininha, nada parecia ter mudado. O mesmo capim alto demais, a mesma casa no meio do terreno e a mesma quantidade de crianças ensandecidas descendo dos ônibus e pulando pelo jardim.

Smack.

Eu virei para o lado assustada, dando de cara com um Eduardo extremamente sorridente. Ele vestia um colete laranja que dizia monitor e parecia estar tão orgulhoso de usá-lo quanto ficava de usar o jaleco de médico em formação. Eu levei a mão até a bochecha beijada, contendo um pequeno sorriso.

― Quantas memórias, né? ― Ele disse, esticando-se por cima de mim no banco para olhar pela janela.

Eduardo tinha um dom. Além da música, é claro. Ele também era capaz de desarmar qualquer esboço de mau humor que eu tentasse exibir. Quando ele levantou do banco e esticou a mão na minha direção, eu já estava sorrindo.

― Pelo jeito alguém também está mergulhada em boas lembranças ― piscou, me direcionando para fora do ônibus.

As circunstâncias eram diferentes. Um ano atrás eu estava chegando no mesmo Acampamento, em um ônibus muito parecido e com a sensação de que eu ficaria exilada por um mês por exigência da minha melhor amiga. Dessa vez, eu estava me trancafiando por vontade própria.

Eduardo parou no meio do ônibus, ajudando uma pequena campista a pegar sua mochila do porta-bagagem em cima do ônibus. A criança deu um sorriso aberto como forma de agradecer e meu namorado bagunçou os cabelos dela.

Quer dizer, mais ou menos vontade própria.

Quando Eduardo veio com essa história de voltar para o Acampamento, eu comecei a rir. Só podia ser piada. Quando ele continuou me olhando sem entender meu acesso de risada, eu comecei a ficar preocupada e disse não de imediato. A forma como seu sorriso murchou fazia meu coração doer mesmo agora, muito tempo mais tarde. Eu tinha aprendido a amar o Acampamento no mês que passei confinada nele, muito pelas experiências que ele tinha me oferecido e pelo namorado que ele tinha me presenteado. Porém, entre aprender a amar e desejar voltar havia uma distância muito grande.

Mas Eduardo não era o tipo de pessoa que sabia ouvir não como resposta.

Ainda que ele não tivesse sido insistente, teimoso ou cabeça dura, tinha arranjado formas sutis de trazer o Acampamento à tona, sempre dando destaque aos melhores momentos. Ainda que os melhores momentos dele envolvessem situações que eu ficava vermelha só de lembrar, como o momento em que eu descobri que tinham alterado a música do show final ou quando fomos obrigados a fazer uma batalha de músicas na cantoria inaugural.

― Ah é? ― Eu retrucava, trazendo lembranças que também o deixavam constrangido. ― O que dizer do dia que você foi cabeça dura a ponto de preferir ficar debaixo de um toró do que dividir a barraca comigo?

Normalmente isso ajudava a calá-lo.

Mas era tarde. Nós já tínhamos conversado sobre o Acampamento, eu já tinha sido inundada por belas lembranças e ele sorria pequenininho, como soubesse de um segredo que eu não sabia. Demorei um pouquinho para saber que o tal segredo era que ele tinha inscrito nós dois como monitores.

O que significava que eu também tinha um colete laranja para chamar de meu, mas, diferentemente dele, não tinha toda essa paciência e amorosidade para lidar com os pequenos campistas. Vinha torcendo para que eu pudesse ser designada para os alunos mais velhos e que pessoas com um dom melhor para crianças pudessem cuidar dos menores. Não sei se eu teria essa sorte. Eu vinha tentando parar de culpabilizar Murphy, mas sabia que provavelmente ele ainda estava à espreita, esperando a hora de atacar e me provar sua existência.

Nós descemos do ônibus sob o olhar atento dos campistas mais jovens. As crianças naturalmente gostavam de Eduardo, era outro dom dele, pelo jeito. Talvez fosse seu sorriso, seu jeitinho tímido ou seu semblante acolhedor, mas eu tenho particular certeza de que era o cabelo. Elas se cutucavam, apontavam, achavam curioso, perguntavam porque o cabelo dele era daquela cor e achavam graça.

Tenho certeza que as campistas mais velhas também gostavam dele, pelo jeito que elas olhavam para nós do meio do gramado. Eu não as culpava. Muito. Era possível não gostar dele? Difícil. Uma pena. Para elas. No meio do caminho entre elas e Eduardo já existia uma Amanda. Que não tinha mais pontas azuis no cabelo, mas ainda era capaz de ficar roxa de ódio num estalar de dedos.

― Olha o senhor Reis ― Eduardo disse, apontando para frente, completamente alheio ao fato de que eu estava tendo uma pequena crise silenciosa de ciúmes. ― Vamos lá falar com ele!

Eu tive que apertar os olhos para enxergar senhor Reis, que tinha emagrecido alguns quilos entre aqueles dois invernos. Ele estava parado na sacada da antiga casa, segurando uma prancheta e sorrindo. Não devia ser fácil controlar o Acampamento, mas pelo jeito trazia algum tipo de alegria interna para ele. Era esquisito. A aura deste lugar. Depois que ele te conquistava parecia que virava uma tatuagem no coração. Uma impossível de tirar. Uma marca para sempre. Era uma tatuagem tão marcante que te fazia voltar no ano seguinte, usando um colete horroroso que chegou pelos correios na sua casa com carinhas felizes desenhadas pelo senhor Reis na caixa.

― Que maravilha os ver! ― Ele disse, quando eu e Eduardo nos aproximamos da casa e começamos a subir as escadas. ― Tenho certeza que vocês serão os melhores monitores que esse sítio já viu!

Eu não conhecia os monitores dos anos anteriores ao meu, mas se o padrão fosse o mesmo, não seria muito difícil. Nada contra Leonardo e Karine, especificamente. Porém, já Bruno... Deus que me livre.

― Estamos muito felizes de voltar também! ― Eduardo exclamou, abrindo os braços para abraçar nosso chefe. ― Adoramos esse lugar.

Senhor Reis deu um sorriso para mim quando se soltou do abraço do meu namorado, abrindo os braços lentamente. Ah, não... Ele queria um abraço também? Às vezes era difícil namorar alguém simpático como Eduardo. Ele sempre me metia nesse tipo de situação social que eu era absolutamente terrível. Abracei senhor Reis por alguns segundos, sofrendo silenciosamente.

Todo mundo achava que o tímido do casal era ele. E, em certo ponto, até era. Eduardo praticamente não abria a boca quando não conhecia muito bem a pessoa, mas era só criar um tiquinho de intimidade que estava por aí distribuindo abraços e me deixando constrangida. A tímida de verdade era eu. A diferença é que eu conseguia interagir socialmente no nível raso e tinha dificuldade no mais profundo. Eduardo era apenas profundo e não sabia como se comportar no raso.

Os dois entraram em uma conversa sobre as atividades e eu fiquei esperando o melhor momento para implorar para senhor Reis – de joelhos se fosse preciso – para ficar com os campistas mais velhos. Eu esqueci o assunto, porém, quando o dono do Acampamento disse que tinha resolvido o problema do WiFi e que agora ele pegava em todo o sítio.

Saquei meu celular do bolso no ato. Eduardo e senhor Reis acharam que eu estava empolgada para testar se realmente estava funcionando, mas eu só queria mesmo é ter certeza de que eu teria como me comunicar melhor com o mundo exterior do que eu tive ano passado.

A operadora continuava sem sinal, é claro. Porém, depois que senhor Reis ditou a senha, a internet de fato começou a funcionar e uma série de mensagens no Whatsapp começaram a pipocar na tela. Eu quase chorei de alegria.

― Olha, tem mensagem da sua mãe ― Eduardo falou, olhando a tela por cima do meu ombro. ― É melhor responder logo.

Era verdade. Mas também tinha mensagens de Igor, meus amigos da faculdade e uma bolinha que indicava uma imensidade de mensagens de Lila. A última delas dizia NÃO ESQUEÇA DE ME MANDAR MUITAS FOTOS DE TUDO.

Ah, Lila. Doce, inocente e a melhor dançarina de Vai Ter Que Rebolar de todo o Rio de Janeiro. Era para ela estar conosco nessa empreitada, mas Gustavo e ela nos trocaram por duas semanas esquiando em Bariloche. Ela aproveitando por aí e eu trancafiada no Acampamento. Parece que o jogo virou, não é mesmo? Não sei se para o lado que eu queria, mas que estava virado, estava. Porém, eu estava feliz. O relacionamento deles andava muito bem e Gustavo sempre conseguia tirar o melhor dela. Lila sempre sorria, mas parecia que ela sorria de forma mais genuína quando estava com ele.

Eu suspirei, clicando no nome da minha mãe na tela. Minha mãe tinha sido dominada pela superproteção do meu pai e agora eu precisava lidar com dois super-protetores, que alimentavam as inseguranças um do outro e precisavam quase o tempo todo saber se eu estava bem. Eles normalmente não me perturbavam muito quando sabiam que eu estava com Eduardo. Algo em mim me dizia que eles confiavam mais nele do que em mim. Sábios. Muitas das vezes, eu também. Devia ser outro dom.

(se alguém não conseguir ver  a imagem, segue a sequência de mensagens:)

Rosa: Já chegaram? Não esquece de avisar quando chegarem...

Rosa: Tem certeza que você levou casaco suficiente? Faz muito frio em Teresópolis nessa época do ano...

Rosa: Não esquece de se alimentar direitinho, hein! Não come só bomba de chocolate!

Rosa: Se vocês forem participar do Show Final como ex-campistas avisa que nós queremos ir!

Amanda: Já chegamos, mãe. Tá tudo bem. Não vai ter show final nenhum. Manda beijo para o papai.

Senhor Reis deu o molho de chaves na mão de Eduardo, junto com a prancheta. Os outros monitores o seguiram até seus quartos, mas eu fiquei na recepção, sentada em cima da minha mala e babando pelo monitor, como da primeira vez. A diferença é que, dessa vez, era o monitor certo.

Eduardo estava em casa. Mesmo sua timidez inicial não estava aparente. Ele sorria o tempo todo, fazia brincadeiras com as crianças e respondia todos os questionamentos dos demais campistas. Chegava a ser divertido de ver como ele parecia simplesmente feliz. Era contagiante. E também era muito gracinha. Perdi a noção do tempo. Só meu dei conta que senhor Reis tinha voltado e estava do meu lado quando ele começou a falar. Eu virei em sua direção, sobressaltada e tentando me focar.

― Como está tudo, Amanda? ― Ele perguntou. ― Fiquei muito feliz quando Eduardo os cadastrou como monitores.

Eu dei um sorriso amarelo. Não tinha coragem de dizer para ele que eu tinha dado com a caixa vazia dos coletes na cabeça do meu namorado quando ele veio me mostrar o que tinha aprontado contra minha vontade.

― Está tudo bem ― eu respondi, tentando ser simpática. ― Tudo um pouco corrido. Você sabe como é, faculdade...

― Ah! Sei bem! ― Senhor Reis sentou em uma poltrona recém liberada nas proximidades, ajustando seu casaco. ― Você também está cursando medicina?

Eu não sei o quanto senhor Reis e Eduardo eram próximos, mas pelo jeito próximos o suficiente para ele estar ciente do curso que ele fazia na faculdade. Eu fiquei com vontade de rir, mas achei que seria indelicado. Estava tentando ter um pouco mais de boas maneiras, já que as pessoas normalmente não aceitavam muito bem minha sinceridade, nem minhas gargalhadas fora de hora. Ou, pelo menos, era isso que Lila me dizia.

― Não, não... ― respondi, sorridente. ― Eu faço administração.

― Administração? ― Ele me encarou com os olhos brilhantes e eu comecei a ficar com um pouquinho de medo. ― E gosta?

― Supreendentemente sim ― eu dei de ombros, sincera.

Era mesmo surpreendente. Também era surpreendente a forma como eu entendia as matérias com facilidade, resolvia as derivadas sem muita dor de cabeça e dominava as planilhas do excel com uma destreza que deixava até meus professores boquiabertos. Pelo jeito alguém tinha nascido com um dom para administrar, hum? Toma essa, Murphy!

― Interessante... ― Senhor Reis virou completamente na minha direção, apoiando-se nas pernas e me deixando com mais medo ainda. ― Onde você teria interesse de atuar como monitora?

Eu abri a boca para responder em qualquer lugar que não envolva criancinhas muito pequenas assoprando a flauta desajeitadamente no meu ouvido, mas pelo jeito era uma pergunta retórica, porque ele tinha mais para acrescentar.

― Porque eu estou precisando de um pouco de ajuda com os documentos e a organização das finanças ― ele fez uma careta de pedinte. ― E eu sei que não é isso que está na descrição do emprego e nem para isso que eu te pago, mas...

Ele estava brincando?

É claro que era um sim.

Se ficar atrás de planilhas me deixaria longe de crianças desafinadas, era um sim com certeza absoluta.

― É claro que você ainda pode ajudar em outras áreas, se quiser ― ele continuava dizendo, tentando me vender uma ideia que eu já tinha comprado. ― Mas seria realmente muito útil ter ajuda de uma administradora...

Eu sorri. Queria corrigi-lo e dizer que ainda faltavam três anos e meio para que eu me formasse administradora e que meu conhecimento ainda era muito superficial. Mas, pela maneira como ele me olhava com olhinhos brilhantes como se eu fosse sua única esperança, não tive coragem. Ele me lembrava um pouco de Lila, com sua ingenuidade e amor por esse lugar.

― É claro que eu ajudo no que eu puder ― respondi, dando um sorriso.

Achei que Reis ia querer me abraçar de novo. Por sorte, Eduardo tinha acabado de chamar a última dupla e se aproximava, girando duas chaves no dedo. Reis se despediu, dizendo que nos via logo mais no jantar, onde seriamos apresentados formalmente como monitores para os campistas. Pediu para que chegássemos um pouco antes, a fim de definir totalmente cada uma das funções. Dizendo isso, piscou para mim e foi embora.

― Seu Reis piscou para você? ― Eduardo fez uma careta, confuso, mas dando risada.

― Você acha que é o único com segredinhos? ― Eu disse, seguindo-o até o elevador.

― Pelo jeito não ― ele se divertiu, abrindo a porta para que eu passasse com minha mala pesada de tantos casacos.

― Já era para você saber dos meus mistérios, Edu ― brinquei, ponderando sobre qual botão apertar no painel. ― Qual é nosso andar?

― Por que você acha que a gente vai ficar no mesmo andar? ― Ele respondeu, apertando o 1º e o 2º. ― Um embaixo do outro, para você poder fazer duetos no chuveiro comigo de novo.

Eu ri, baixando a cabeça e sentindo as bochechas arderem. Eu ainda vivia cantando no chuveiro, mas continuava tímida toda vez que sabia que tinha alguém ouvindo. Além disso, imaginar Eduardo tomando banho também me deixava corava.

― Não sei o que você está pretendendo, mas minhas intenções não são passar muito tempo no meu quarto ― eu dei de ombros, sem encará-lo.

― Não? ― Ele pareceu surpreso. ― Onde é que você pretende passá-lo, então?

Só me dei conta de que ele tinha apertado o botão de emergência do elevador quando ele parou em um baque. Levantei a cabeça, sobressaltada. Eduardo se aproximou, sorrindo marotamente. Eu sorri de volta, queimando.

― Quantas memórias, hein? ― Eu brinquei, esticando meus braços para me enroscar em seu pescoço.

― Sim ― ele disse, baixando a cabeça e se aproximando. ― Estou com a intenção de reviver todas elas, e você?

Não respondi. Meus lábios estavam ocupados demais beijando os dele.

É claro que nos atrasamos para o jantar de boas-vindas.

---------------------------------------- #publiquemacampamento -------------------------------------------

Senhor Reis gritou um graças a Deus quando eu e Eduardo aparecemos para a apresentação oficial, um pouco esbaforidos. Não ficamos muito tempo no elevador, visto que não podíamos prendê-lo bem no horário do jantar final, mas eu nem sequer cheguei a deixar minha mala no meu quarto. Prioridades...

A apresentação começou logo em seguida, mesmo que não tivéssemos discutido sobre nossas ocupações. Seu Reis provavelmente já tinha discutido previamente com Eduardo, nessa amizade que eu não tinha conhecimento. Ele anunciou meu namorado como monitor da faixa etária infantil junto com outro rapaz chamado Matheus. As outras duas meninas foram anunciadas como monitoras da faixa etária mais velha, junto comigo. Senhor Reis ainda adicionou que eu também era "monitora responsável por burocracias internas" e seria "assessora dele durante o período". Eduardo olhou para mim com uma expressão de surpresa e eu dei de ombros, dando um sorrisinho breve.

Conhecemos melhor os outros monitores durante o jantar. Sentamos todos na mesma mesa e conversamos bastante. As duas meninas, Natália e Carol, tinham feito aulas na faculdade junto com o Igor! Foi através dele que elas conheceram o Acampamento e resolveram se inscrever como monitoras. As duas falaram que também conheciam Anna Júlia, visto que os dois continuavam andando grudados por aí, concordando sobre quase tudo, menos sobre quem era a diva pop mais diva.

― Nós duas achamos que é a Taylor Swift ― Carol deu uma risada e Natália acompanhou. ― Mas não podemos falar isso perto da Anna, porque ela vira uma fera.

― SIM! ― Natália gritou, batendo na mesa. ― Você já viu aquela menina irritada? Ela é a criatura mais assustadora da vida...

― E com aquela carinha de santa! ― Carol completou, horrorizada. ― Melhor manter nosso amor por Taylor em segredo, se prezamos por nossas vidas.

Eu ri. Era tão típico de Anna Júlia! Comecei a ficar com saudades dos meus colegas. Precisávamos fazer uma reunião! Juntar todo mundo. Igor, Anna Júlia, Gustavo, Lila, eu, Eduardo, alguns colegas das turmas... Será que Maurício ainda daria aula esse ano? E minha professora de flauta? Ah... Precisávamos mesmo de uma reunião! Quem sabe em um karaokê? Não, num karaokê não... Lila não era uma pessoa confiável para se levar para um karaokê.

Eduardo se levantou para buscar as sobremesas e algumas outras pessoas da mesa também. Não conseguia conter minha ansiedade para as bombas de chocolate. Que saudade que eu senti delas! Sonhava constantemente em reencontrá-las. Um amor culinário à distância...

Eu olhei em volta, soltando um suspiro. As conversas não paravam. O que será que aqueles campistas estavam achando? Tinha alguém fazendo amizade? Descobrindo novos amores? Encontrando novos talentos? Será que a jornada deles no Acampamento teria tanto aprendizado quanto a minha? Era esquisito olhar de fora. Não estar inserida no contexto deles. Não mais. Nem parecia que já fazia um ano que eu tinha pedido para Eduardo mudar de lugar e ele tinha me ignorado solenemente...

Avistei o cabelo vermelho dele no buffet de sobremesas e tive uma ideia maligna. Pulei para o lugar dele e fiz a maior cara de paisagem do mundo, esperando a minha bronca chegar, pronta para tirar sarro da cara dele.

Ele voltou alguns minutos depois, carregando uma bandeja cheia de bombas de chocolate e tortas de limão. Sem transparecer nenhum tipo de incomodo, colocou-a em cima da mesa e se sentou ao meu lado. Eu encarei, completamente chocada. Sem perceber minha surpresa, ele pegou uma das fatias da torta e cortou um pedaço. Estava prestes a colocá-la na boca quando se deu conta de que eu o encarava boquiaberta.

― O que foi? ― Ele riu, com o garfo à centímetros de sua boca.

― Não vai reclamar que eu estou sentada no seu lugar? ― Eu gesticulei, sem entender nada.

Ele riu, apoiando o garfo de volta no prato e olhando de volta para mim, com aquele sorriso. Aquele que chegava até os seus olhos e iluminava todo seu rosto. Apesar do completo choque, eu sorri de volta. Era uma reação automática quando ele dava aquele sorriso, tão característico e tão seu.

― Não, Amanda ― ele respondeu, sacudindo a cabeça e mantendo o sorriso. ― Você já conquistou o maior lugar no meu coração, ganhou a honra de roubar quantos outros lugares meus você quiser.

Eu sorri, jogando meus braços em volta dele. Um ano inteiro havia se passado, mas Eduardo continuava com a incrível capacidade de me deixar sem palavras. Sorri tanto que minhas bochechas doeram, mas não me importei e sorri mais ainda.

― Já sei o que o mundo fez para você rir assim ― ele respondeu, esticando a mão para meu rosto.

― Já te disse que foi você! ― Eu respondi, apaixonada.

― Não ― ele respondeu, esticando a outra mão na minha direção. ― Aposto que foram as bombas de chocolate!

Ele besuntou a ponta do meu nariz com o chocolate do topo da bomba e eu revidei, me esticando para sujar seu rosto com a cobertura da sua torta de limão. Ele riu, se inclinando para limpar a sujeira do meu rosto e me dar mais um beijo, melhor que qualquer bomba de chocolate.

E olha que as do Acampamento eram particularmente deliciosas.

Só podia ser mais um dos seus dons.

Fim

---------------------------------------- #publiquemacampamento -------------------------------------------

OLÁZINHOOOOOOOOOOOOOOOO!

Eu contei no capítulo passado que ia ter bônus de Acampamento se a campanha pela publicação atingisse os trend topics do Twitter. POIS BEM, nós estivemos mais de três vezes entre os assuntos mais comentados do momento com a hashtag #publiquemacampamento.

Como vocês são os melhores leitores do mundo e merecem TUDO QUE HÁ DE MELHOR, sentei meu bumbum nessa cadeira e voltei para escrever um capítulo bônus que vocês sempre pedem: a volta de #Edumanda para o Acampamento no ano seguinte, como monitores.

Eu quero MUITO SABER o que vocês acharam e estou MUITO NERVOSA porque quero suprir as expectativas de vocês!!!!! Eu amei voltar para o Acampamento! Sou dessas que tem uma tatuagem desse lugar no coração e ele não sai de miiiiiiiiim! AMO!

A semana temática de Acampamento foi O MAIOR SUCESSO e eu quero agradecer todo mundo que participou usando a hashtag, compartilhando os vídeos e os memes, me dando amor... Enfim, foi tão lindo que eu já quero fazer tudo de novo, hahaha! Ainda não tenho nenhuma novidade sobre a publicação, mas espero ter em breve! Continuem me ajudando e ajudando a divulgar o livro: COMPARTILHEM O CAPÍTULO, COMPARTILHEM A HISTÓRIA E COMPARTILHEM O AMOR! Esse livro é tanto meu quanto ele é de vocês e eu quero que todo mundo tenha a oportunidade de tê-lo na estante de casa! Então não vamos abandonar a hashtag até alguma editora linda resolver publicá-lo, aaaaaaaaaaaaa! #publiquemacampamento

AH: participem do meu grupo de leitores no facebook para saberem DE TUDO com antecedência! É Leitores da Clara Savelli :)

ESTAREI DE TOCAIA NOS COMENTÁRIOS, METADE NERVOSA E METADE CANTANDO VAI TER QUE REBOLAR!

Obrigada por todo carinho NESSES DOIS ANOS DE LIVRO, VOCÊS SÃO DO CAR$%&*# (não vamos usar palavreado chulo para não ofender Lila).

AMO VOCÊS!

Beijos,

Clara <3


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