Chinelo e Salto Alto

Galing kay ClaraSavelli

327K 39.2K 14.2K

Rafael e Bárbara não se veem há mais de cinco anos - desde quando terminaram o namoro de forma desastrosa. De... Higit pa

Informações Iniciais
Capítulo 01: Elevator Love Letter
Capítulo 2: Same Old Love
Capítulo 03: - Diagnosed With Love (Diagnosticado com Amor) - Rafael
Capítulo 04: Hope it gives you hell (Espero que isso te infernize) - Bárbara
Capítulo 05 - Porque eu sei que é amor (Rafael)
Capítulo 6: Destination Unknown (Destinação desconhecida) - Bárbara
Capítulo 7 - In My Arms (nos meus braços) - Rafael
Capítulo 8 - Kiss Me (Beije-me) - Bárbara
Capítulo 9 - Então, é Natal
Capítulo 10 - I'll be ok (McFly) - Bárbara
Capítulo 11 - The baddest thing around town - Rafael
Capítulo 12 - But it's always gonna come right back to this - Barbara.
Capítulo 13 - Two Is Better Than One (Dois é Melhor que Um) - Rafael
Capítulo 14 - Bad Romance - Bárbara
Capítulo 15 - Ainda Gosto Dela - Rafael
Capítulo 16 - Good girl go bad (Bárbara)
Capítulo 17 - Sometimes I say stupid things (Rafael)
Capítulo 18 - I guess we're at our best when we're miles away (Bárbara)
Capítulo 19 - Love Never Lasts (O amor nunca dura) - Rafael
Capítulo 20 - Crush (Bárbara)
Capítulo 21 - I'm screaming I love you so - Rafael
Capítulo 22 - Issues (Problemas) e Happier (Mais feliz)
Capítulo 23: Why won't you release me? - Bárbara
Capítulo 24: I don't want to escape - Rafael
Capítulo 25: Losing It (Perdendo Isso) - Bárbara
Capítulo 26: I could really use a wish right now - Rafael
Capítulo 27 - Guess I'd rather hurt than feel nothing at all (Bárbara)
Capítulo 28 - Céu Azul
Capítulo 29 - Nothing Compares To You (Bárbara)
Capítulo 31 - A Brand New Start (Bárbara)
Epílogo - Making a Memory

Capítulo 30 - Something Just Like This (Rafael)

7.1K 966 530
Galing kay ClaraSavelli

But she said, where'd you wanna go?

(Mas ela disse: para onde você quer ir?)

How much you wanna risk?

(Quanto você quer arriscar?)

I'm not looking for somebody

(Eu não estou procurando por alguém)

With some superhuman gifts

(Com algum dom sobre-humano)

Some superhero

(Algum super-herói)

Some fairytale bliss

(Alguma felicidade de conto de fadas)

Just something I can turn to

(Apenas algo a que eu possa recorrer)

Somebody I can kiss

(Alguém que eu possa beijar)

I want something just like this

(Eu quero algo exatamente assim)

Doo-doo-doo, doo-doo-doo

Something just Like This – The Chainsmokers feat Coldplay

4 semanas depois

Exausto era uma palavra que dava para começar a descrever como eu estava naquela sexta-feira, voltando para casa. Tinha passado o dia inteiro enfiado na areia, ensinado os dois pirralhos agendados no dia o básico de como ficar em pé em uma prancha. Eu não via a hora de finalmente podermos treinar no mar, mas eles ainda estavam muito no início das aulas e isso ia demorar um pouco.

Todo cansaço valia a pena, assim como a espera. A escolinha de surfe para as crianças do Leme vinha prosperando lentamente, mas pelo menos eu já estava começando a conseguir alguma receita e usando para pagar o financiamento que arrumei no banco. Ainda não eram muitos alunos por semana, mas eu recebia todos com o maior sorrisão. Era uma das únicas vezes que eu sorria no dia, também.

Mesmo quando as irmãs mais velhas que iam levar os alunos sorriam para mim, eu não conseguia sorrir de volta. Ainda tava tudo meio ferrado dentro de mim, então eu preferia simplesmente focar no que me dava satisfação no momento. Ou seja, no trabalho. Incrível, mas verdadeiro. Era difícil ver qualquer mulher sorrir e não pensar que o único sorriso que eu queria ver não estava acessível. O ano tinha virado, mas o silêncio de Bárbara perdurava.

Virei a esquina, soltando um suspiro profundo. Eu vinha colocando a vida inteira em ordem, mas o coração continuava todo cagado. Bárbara não dava notícias desde que eu tinha deixado a porta na sua soleira, o que só me levava a crer que ela não estava interessada em me ver nem pintado de ouro. E eu estava tentando dar espaço.

Meu cérebro, entretanto, não queria me dar espaço. Vivia me bombardeando com lembranças sobre ela e desarrumando tudo que eu vinha tentando construir sozinho. Eu fazia o possível para bloquear meus pensamentos, mas sorrir era simplesmente muito difícil. Mesmo assim, tentava focar nos pensamentos que não me traziam um coração apertado de brinde.

Por exemplo, as coisas estavam melhores em casa. Tudo começou muito ruim. Com muitos gritos, alguns socos na mesa e uma cota de lágrimas também. Estávamos todos reunidos na mesa de jantar, alguns dias depois do dia do dia do presente para Bárbara, quando eu resolvi que era um ótimo momento para compartilhar minha nova tentativa de carreira.

— O quê?! — Meu pai socou a mesa, fazendo um pouco do arroz da minha mãe voar do recipiente.

— Não vou advogar — eu repeti, lentamente. Não queria perder a paciência. Não queria gritar. — Vou abrir um negócio próprio.

Minha mãe piscou na minha direção, me encarando como se estivesse tentando entender. A colher com o purê de batata estava parada no ar, pingando o purê na toalha limpa. Eu tentei dar um sorriso motivante, mas ela permaneceu congelada.

— Acho uma ótima ideia — Eduardo veio em meu socorro. — Qual é sua proposta de negócio?

A verdade é que ele já sabia. Nós já estávamos conversando sobre minha ideia há algumas semanas, em reuniões secretas no meu quarto. Até Amanda havia participado de algumas, dando excelentes ideias sobre o negócio. Ela cursava administração na faculdade e tinha uma visão um pouco mais madura do negócio.

— Uma escola de surfe para crianças — eu respondi a falsa indagação dele, dando um sorriso agradecido. — Eu fiz um estudo de viabilidade e acho que abrir uma aqui no Leme vai ser super rentável...

— Não vai advogar? — Meu pai interrompeu, preso no mesmo disco.

— Não — eu respondi. — Nunca quis advogar, como vocês sabem.

Meu pai girou o rosto para encarar minha mãe, ganhando tons avermelhados. Por conta de sua ascendência americana e da pele tão branca, ele ficava vermelho muito rápido. Normalmente sua tonalidade mudava quando ele estava perto de explodir. Me ajeitei na cadeira, respirando fundo. Eu não ia brigar, hoje eu não ia brigar e...

— Albert — minha mãe interrompeu o iminente ataque de fúria. — Não.

— Como assim não? — Ele gritou, dando mais um soco na mesa.

— Rafael tem idade suficiente para saber o que deseja da vida — minha mãe respondeu, me surpreendendo. — Na verdade, fico feliz que ele esteja tomando seu rumo.

— Rumo? — Meu pai vociferou. — Desde quando uma escola de surfe é rumo?

Eu baixei os olhos, sem querer encarar aquela discussão. Pela primeira vez tinha alguém além de Eduardo do meu lado, mas mesmo assim nós não parecíamos capazes de dobrar o grande rei da casa, senhor Albert Steffens.

— Albert — ela tentou de novo, lamuriosa. — Você pode, por favor, dar uma chance?

Eu não tive coragem de levantar a cabeça, me controlando para não berrar com meu pai. O tom da minha mãe era de partir o coração de qualquer um e a culpa era minha. De novo. Eu não era o filho regular. O filho perfeito. Aquele que eles teriam orgulho de comentar nos almoços de família. Eu era o filho perdido. Mas será que eles não percebiam que essa era, justamente, uma tentativa de achar meus caminhos?

— Mas... — meu pai recomeçou.

— Pai — eu disse, levantando os olhos. — Por favor. Só uma chance.

Ele me encarou. Os punhos cerrados apoiados sob a mesa e uma ruga crescendo no meio da testa. Eu me preparei para um berro, mas ele nunca veio. Minha mãe esticou a mão na direção dele, tocando lentamente seu braço. Ela tinha lágrimas nos olhos. Eu observei a ruga dele diminuindo, as mãos se abrindo e meu pai voltando novamente sua atenção para comida, lentamente.

Todos nós voltamos a comer, sem falar nada.

Foi só no final da refeição que ele resolveu falar alguma coisa novamente. Eu e Eduardo tínhamos nos levantado para começar a tirar a mesa, quando ele pigarreou e pediu que sentássemos novamente.

— Eu só queria que vocês entendessem uma coisa... — Ele começou a dizer, entrelaçando os dedos sob a mesa. — Meus meios podem ser incompreensíveis, mas eu só quero que vocês sejam felizes.

Eduardo deu um sorriso e eu baixei a cabeça, sentindo o abalo. Minha mãe fungou alto. Eu não me lembrava uma única vez que meu pai tenha dito algo do gênero. Ele não era muito de esboçar suas emoções, exceto quando elas eram relacionadas com a da raiva.

— Eu fui criado de forma diferente. Em tempos diferentes. E com metas diferentes — ele foi dizendo, pausadamente. — Tendo a achar que vocês querem exatamente o que eu planejo para vocês, mas preciso entender que não.

Ele suspirou lentamente, gesticulando na minha direção. Eu levantei os olhos, temeroso, mas com uma pontada de esperança que tudo podia começar a ser melhor.

— Desejo sucesso, Rafael — ele disse, como se cada palavra fosse superdifícil de ser proferida. — Na sua nova caminhada.

Todos nós ficamos em silêncio, sem saber o que dizer. Eu tinha lágrimas nas pontas dos olhos, minha mãe estava chorando copiosamente e meu irmão encarava a família com um largo sorriso.

— Se vocês me dão licença — ele pediu, retirando-se da mesa.

Os dias foram bem silenciosos nos nossos jantares de família, depois desse. Mas tudo foi, aos poucos, voltando à normalidade. Até a ser melhor que a normalidade. Depois de duas semanas meu pai mesmo me perguntou como eu estava indo com o negócio e, no final da terceira semana, quase esboçou um sorriso quando eu disse que já tinha alguns alunos.

Eu tentei me manter esperançoso. Esse era um bom sinal. Conseguir o mínimo de apoio do meu pai – ou, pelo menos, não ter sua completa desaprovação – era um sinal de que as coisas estavam mudando para mim. Ou, pelo menos, era isso que Eduardo vinha dizendo. Ele continuava comparecendo em reuniões não mais tão secretas no meu quarto, onde me ajudava a pensar em novas ideias para o negócio, estratégias de marketing e em como angariar novos alunos. Apesar de fazer medicina e não administração, como a namorada, ele claramente também tinha talento na área.

No meio de uma de nossas reuniões, minha mãe apareceu no quarto. Ela perguntou se podia falar comigo só um instante e Eduardo assentiu, se retirando do quarto. Não fazia muito tempo do caos na mesa de jantar, então eu pensei que talvez a situação-Albert tivesse se deteriorado. Mas essa não era a pauta da conversa.

— Eu encontrei a sua menina — ela disse, me deixando aflito. — Bárbara.

— Quando? — Eu tentei não gritar.

— Algumas semanas atrás — ela respondeu, baixando os olhos. — Ela estava passando mal na portaria, então eu e seu Zé ajudamos...

Meu coração acelerou e eu comecei a ficar um pouco desesperado. Como assim passando mal? De novo? O que tinha acontecido? Será que tinha sido submetida à muito calor de novo?

— Passando mal? — Perguntei, soando aterrorizado. — Ela está bem?

— Ótima — minha mãe se apressou em responder. — Ela está melhorando.

— O que ela teve? — Questionei, pensando se tinha alguma coisa a ver comigo.

Será que eu tinha passado alguma coisa para ela? Será que ela era alérgica ao cordão? Será que era o estresse do dia do elevador, ainda se prolongando?

— O que ela tem — minha mãe corrigiu. — é bulimia.

Bulimia? Essa não era a doença que fazia as pessoas vomitarem?

— O... O que? — Perguntei, na esperança de ter ouvido errado.

— Bulimia — minha mãe repetiu. — Quando vocês se encontraram naquele dia, no elevador, você não achou que ela estava excessivamente magra?

— Ela sempre foi magra — retruquei.

— Eu disse excessivamente — ela torceu o lábio.

— Sim, mas eu... Eu não sabia — eu disse, completamente perdido.

— É claro que não sabia — minha mãe disse, esticando a mão para tocar a minha. — No dia que a encontrei na portaria, percebi que tinha alguma coisa errada e, por isso, resolvi aparecer na casa dela hoje novamente.

— Mãe! — Eu reclamei.

Nem sabia porquê. Queria que ela tivesse me contado antes, queria que tivesse pedido para que eu fosse com ela, queria que eu pudesse fazer alguma coisa, a não ser ficar parado, sem saber como agir.

— Ela está melhor, Rafael — ela sorriu. — Mais forte. Disse que está visitando um psicólogo. Estava há alguns dias sem ter recaídas.

— Sem ter recaídas? — Eu questionei, sentindo meu coração pesar.

— Sem vomitar — ela explicou.

Eu levantei da cama, deixando minha mãe para trás. Eu devia ter perguntado. Devia ter percebido. Devia ter ajudado. Oferecido ajuda. Devia ter procurado ela de novo. Mas como eu saberia? Como eu poderia?

— Ela se acha gorda, Rafael — minha mãe disse, atrás de mim. — Naquele estado e se achando gorda.

A palavra me atingiu como um tiro. Eu levei a mão à boca, embasbacado. A boca de Bárbara repetindo-a, dentro do elevador, me veio à mente. "Você me chamou de gorda", ela acusou. Eu me defendi, mas ela contou a história toda. Cada milésimo de segundo detalhado. Cada mágoa vindo à tona. Era culpa minha. Ela vomitava por culpa minha.

Comecei a chorar antes que me desse conta.

— Ela vai precisar de toda ajuda do mundo nessa nova fase — minha mãe disse, ignorando a maneira como meu ombro tremia a cada nova lágrima. — Talvez você pudesse ajudar.

Mas ela não entendia. Como eu poderia ajudar se, tudo que eu fiz, foi piorar?

Minha mãe foi embora do quarto e eu me recolhi, sem vontade para fazer mais nenhum plano para merda de empresa nenhuma. A culpa me corroía de dentro para fora. Por que gorda? Por que eu tinha dito aquilo? Por que tinha inventado todas aquelas mentiras? Será que tinha alguma chance de eu ajudar no processo de cura? Quando eu era o motivo da ferida?

Se existia, eu tinha que tentar.

No dia seguinte, eu bati na porta dela. Uma senhora de rosto rechonchudo atendeu. Ela me encarou com um sorriso curto, me examinando lentamente.

— Boa tarde — eu disse, tentando permanecer calmo. — Será que eu posso ver a Bárbara?

— Não — ela retrucou. — Quer dizer, ela não está.

— Que horas ela volta? — Perguntei novamente.

— Não sei dizer — ela respondeu, dando de ombros.

— Tudo bem — eu respondi, ciente de que aquilo só podia significar que ela não queria me deixar vê-la. Talvez fosse uma ordem da própria Bárbara. — Você pode dizer que Rafael procurou por ela?

— Rafael o quê? — A senhora perguntou.

— Só Rafael — eu respondi, me distanciando.

Passei muitos dias dessa forma: distante. Bárbara não entrou em contato, minha culpa me consumia e eu não sabia mais o que fazer. Os dias foram virando semanas, eu fui me dedicando cada vez mais à empresa para não pensar no assunto e minha mãe nunca mais mencionou seus encontros com minha ex-namorada. Já fazia mais de um mês que eu não via Bárbara, mas ela vivia em meus pensamentos.

— E aí, seu Zé? — cumprimentei, quando entrei na portaria. — Tudo bem?

— Tudo certo, seu Rafael — seu Zé sorriu como sempre. — E o Flamengo, hein?

— Vai recuperar, seu Zé — eu respondi, piscando para ele. — Vai recuperar.

Comecei a andar na direção do elevador de serviço. Eu vinha tentando ser uma pessoa melhor, de verdade. Por isso, quando voltava da praia e das aulas, não usava mais o elevador social. Cumpria as regras, dava a volta e esperava o de serviço. Todavia, quando estava cruzando a porta para a área de serviço do prédio, seu Zé gritou lá da portaria.

— Ih, seu Rafael, esqueci de avisar! — Sua voz ecoou até chegar em mim. — O elevador de serviço está quebrado.

Parecia que o universo não estava interessado em minhas boas intenções. De boas intenções o inferno estava cheio, não é mesmo? Dei de ombros e voltei para o hall social, me direcionando para o elevador social.

Só que ela estava lá.

Bárbara.

Parada olhando o visor do elevador, indicando os andares. Estava usando roupa social, tinha as bochechas coradas e era simplesmente a mulher mais linda do planeta. Eu congelei na porta, em pânico. Qual era o protocolo? Se eu saísse correndo e pegasse as escadas, será que ela ia perceber? Estava prestes a dar um passo para trás quando a prancha escorregou da minha mão e foi parar no chão, ecoando um baque grave.

Ela olhou para mim.

Só um segundo.

Depois olhou para frente de novo.

Eu abaixei para pegar a prancha, tremendo feito um moleque. Puta merda, que caralho de azar! Como é que esse elevador foi quebrar logo hoje, logo com ela esperando o social? Eu parei ao seu lado, mas com uma distância considerável e respeitosa. Não falei nada. O que tinha para falar? Como é que eu podia cumprimentá-la com um simples boa tarde? Eu nem sequer tinha certeza de que teria voz para dizer ao menos isso.

Nós dois encaramos em silêncio o elevador se locomover na nossa direção, descendo os andares lentamente. Parecia que ele não ia chegar nunca. O clima era denso e pesado, mas tudo que eu mais queria era tocar seu ombro e pedir desculpas. Será que se eu caísse de joelhos adiantava? Eu já tinha pedido desculpas antes, mas nunca seria suficiente. Nunca seria...

Ela olhou na minha direção, pelo canto de olho. Eu desviei o olhar de novo, sem querer ser pego ao encará-la. Mas ela parecia melhor. De verdade. Suas bochechas tinham voltado para o lugar de origem e seus olhos pareciam menos fundos. Ela estava espetacular e cada olhar furtivo que eu mandava na sua direção fazia meu coração se dilacerar um pouco mais.

Plim.

O elevador abriu as portas na nossa frente. Um de nossos vizinhos de prédio saiu de dentro, nos desejando boa tarde. Não respondemos. Nenhum de nós. Também não nos movemos. O elevador começou a fechar as portas novamente, então eu apertei o botão para fazê-las abrir. Bárbara olhou para mim, sobressaltada. Seus olhos azuis esbugalhados e sua boca entreaberta, questionando-se o que eu estava fazendo.

— Pode ir — eu forcei minha voz e disse. — Eu vou esperar o próximo.

Ela entrou no elevador lentamente, sem olhar para trás. Seus passos fizeram barulho contra o assoalho. Apertou seu andar e ficou no fundo do elevador. Eu soltei o botão e dei um passo para trás, sentindo como se estivesse deixando-a ir embora da minha vida pelo que parecia ser a milionésima vez. Quando a porta já estava no meio de se fechar, Bárbara se movimentou lá dentro e apertou alguma coisa no painel. A porta se abriu lentamente de novo.

— Não precisa — ela respondeu, sem me encarar. — Pode vir.

Eu hesitei. Só um segundo. No segundo seguinte entrei, antes que ela mudasse de ideia. Entrei não pelo elevador, mas pela companhia. Talvez na jornada até meu andar, tomasse coragem e conseguisse dizer algo para ela.

— Obrigado — foi o que eu comecei dizendo, encostando no lado oposto ao dela, com os olhos fixos no visor.

Eu ensaiei possíveis diálogos na minha cabeça, mas nenhum deles era bom o bastante. Existia algo bom o bastante para dizer? O que dizer para mulher que você mais magoou na vida, mas que mais amou na vida também?

Ama.

Que você mais ama.

Eu provavelmente estava tremendo. Todos os Rafaéis estavam em pane. Não existia um átomo dentro de mim que não estivesse completamente fora de controle. Todos eles berravam que eu precisava fazer alguma coisa, dizer alguma coisa e faziam com que eu me remoesse por dentro.

Plim.

As portas do elevador se abriram no meu andar.

Merda.

Eu dei um passo para frente, hesitante novamente. Olhei na sua direção, mas ela estava encarando os sapatos cor-de-rosa como se eles fossem a coisa mais importante daquele elevador e como se não houvesse nada de estranho acontecendo. Suspirei, resignado. Ela não queria falar comigo. Não existia nada que eu pudesse falar que fosse fazer diferença na sua vida. Ela tinha todo direito para nunca mais querer me ver de novo. Eu entenderia. Eu precisava deixá-la. De novo.

— Tchau, Bárbara — eu disse, dando um passo grande na direção do elevador.

Era bom que eu estivesse de costas para ela porque um pouco antes de pisar do lado de fora, comecei a chorar. Meus ombros sacudiram, mas eu tentei dar mais um passo. Ouvi as portas se fechando atrás de mim, lentamente. Então, um sacolejo e um barulho diferente.

— Rafael! — A mão com unhas compridas de Bárbara se fechou envolta do meu pulso, me puxando para dentro do elevador novamente. — Espera!

---- 

Olá. Não me odeiem por acabar o capítulo assim.

Recados muito rápidos porque tá chovendo horrores aqui e minha luz E INTERNET estão caindo de 5 em 5 minutos:

1) Resolvi abrir esse capítulo em dois. Ou seja, semana que vem ainda tem capítulo. Bárbara vai pegar a narrativa a partir desse ponto que paramos. Ou seja, o epílogo fica previsto para o dia 27/06 e encerramos o livro.

2) Ainda não consegui abrir bem o enredo das opções para enquete, por isso vou publicar as opções só na semana que vem, tá? Peço que me perdoem! Mas prometo que vai ter muita novidade legal por aí.

3) A semana de Acampamento tá BOMBANDO e eu tô amando cada minuto. Se você ainda não tá participando, vem com sua #publiquemacampamento e me ajuda a criar um frissom para encontrarmos uma casa editorial bem linda pro livro!!! Lembrando que vai rolar twittaço dia 17/06! Me sigam no twitter: claraguta e fiquem por dentro de tudo. Entrem no meu grupo de leitores do facebook tambéééém (leitores da clara savelli).

Beijos e obrigada! Nos falamos mais quando minha luz estiver estável </3

Ipagpatuloy ang Pagbabasa

Magugustuhan mo rin

5.4K 330 13
Hanna é uma princesa francesa que desde que nasceu sabia seu destino: Casar com o principe da Inglaterra, um principe Dark que só ligava para batalha...
23.6M 1.4M 75
Maya Ferreira mora na California e tem a vida simples de uma adolescente de 17 anos sem emoção nenhuma, até que uma fofoca que mais parecia irrelevan...
115K 4.9K 3
Livro que alcançou mais de 800 mil leituras por aqui está disponível completo em e-book na Amazon 📚 Alyssa é uma mulher determinada e independente...
448K 37.4K 120
Ayla Cazarez Mora uma adolescente que é mal vista pelas garotas da sua escola por achar os garotos da escola idiotas e babacas, por mais que sejam bo...