Existem diversos fenômenos na natureza, como a chuva, os terremotos, as erupções vulcânicas, os raios, etc. Dependendo da região do mundo, alguns deles acontecem mais do que outros. Naturalmente, estes eventos são assustadores. Para uma população de muitos milênios atrás, não é de se estranhar que muitos imaginassem que estes eventos eram controlados por entidades divinas. Imagine o espanto das mulheres ao se deparar com uma visão como esta:
O que você faria? Todos os animais fogem do fogo. Com a mulher não é diferente. O fogo queima tudo e mata o que estiver no caminho. Mesmo nos dias de hoje apagar um incêndio deste tamanho não é uma tarefa fácil. Naquele tempo, só nos restaria observar.
O fogo se impõe sobre as coisas, emitindo uma luz e um calor bem intensos. Ele é tão poderoso, que basta estar perto demais que o seu cheiro já pode causar tonturas e até mesmo fazer uma pessoa desmaiar. A coisa mais inteligente a se fazer é "manter-se o mais distante possível do fogo, fugir". Esta é a solução que está gravada instintivamente nas ações de todos os animais. No entanto, a partir de algum momento, a mulher começou a mexer com o fogo. As consequências deste ato mudaram o rumo da (pré-)história de maneira tão profunda que, para muita gente, dominar o fogo foi a maior conquista humana da pré-história. No entanto, a forma como a mulher começou a dominar o fogo ainda é um mistério, sendo alvo de teorias.
Uma delas acredita que uma mulher esteve próxima ao incêndio, ou talvez de um vulcão ou outra fonte possível, e levou o fogo consigo. Uma vez que os animais fogem do fogo, ele oferece proteção contra ataques surpresas. Durante uma noite fria, seu calor gentilmente aquece as pessoas. Surgem depois alguns problemas, pois a posse do fogo chama atenção por que ilumina muito e também produz muita fumaça. Isto faria diferentes grupos se atacarem para ficar com a proteção e o calor que o fogo proporcionava. Se você gosta de cinema e filmes clássicos, pode gostar de ver a guerra do fogo, um filme de 1981 que narra esta versão da pré-história. Assim, segundo esta teoria, a mulher primeiro dominou o fogo para só depois aprender a produzir. No entanto, muitos acreditam que não, que primeiro se aprendeu a produzir o fogo para só depois o dominar e usar no dia-a-dia. Será que a guerra do fogo realmente existiu?
O manuseio do fogo é um bom exemplo de uma revolução tecnológica. Antes, as mulheres contavam com a terra, a água e os seres vivos; agora, tudo isto poderia ser combinado, ou transformado, pela ação do fogo. Quando surge uma novidade tecnológica como esta, ela traz novas possibilidades a tudo o que se podia fazer antes. Por exemplo, no que se refere aos animais e vegetais, os alimentos da mulher, o fogo inspirou o nascimento da culinária.
Usando o fogo para queimar a terra, a mulher percebeu que as pedras ficavam mais duras. Isto quer dizer que se você fizer um pote de barro e o aquecer, ele pode ficar mais sólido e não quebrar ou se desfazer com tanta facilidade. Assim, se abriram os fundamentos para o nascimento da cerâmica e mulheres puderam fazer recipientes de barro.
A água é um antagonista do fogo. Jogando água sobre o fogo é possível o apagar. No entanto, através dos recipientes que podia construir, a mulher revelou uma das grandes qualidade da água: ao contrário da maioria das outras substâncias, ela demora a aquecer. Coisas que no fogo seriam incineradas, junto com a água em um pote agora passam a cozer, a amolecer, a se dissolver, etc.
De uma maneira bem simples, o fogo nos permite fazer transformações. Olhe ao seu redor. Dificilmente você irá ver algum objeto que não tenha passado por algum processo de tratamento que use o fogo. Após algum tempo, o fogo faz a água ferver. A fervura, ou ebulição, é normalmente marcada por formação de bolhas e turbulências, além de um vapor que vai saindo da água. Se a fervura continuar, é possível se ver que a quantidade de água diminui no recipiente. Neste momento se percebe que a água muda de estado físico, isto é, ela deixa de ser líquida e passa a ser gasosa. Mas isto não é uma transformação que só acontece com água. Se você colocar uma pedra dura no fogo por muito tempo, ela poderá derreter. O derretimento, ou fusão, faz um objeto sólido ficar líquido! O problema é que, quando se tira do fogo, estas pedras voltam a ficar duras, mas agora com a forma do líquido. Imagine a maravilhosa surpresa que as mulheres tiveram quando perceberam que poderiam derreter as pedras bonitas e brilhosas que já haviam encontrado caminhando pelo mundo, e depois moldar a forma delas? Muitas destas pedras eram na verdade metais, e o fogo revela seu papel no surgimento da metalurgia.
Para não deixar as coisas incompletas, tenho que fazer alguns comentários. Assim como existe o nome fusão para representar quando um objeto sólido derrete, existe o nome solidificação para representar quando o líquido fica sólido. Assim como existe o nome ebulição para representar quando o líquido se torna gás, existe o termo liquefação (ou condensação) para representar quando o gás volta ao estado líquido. A chuva é um exemplo de quando o vapor de água fica muito frio na atmosfera e volta a ficar líquido, caindo sobre nós. São apenas nomes modernos que caracterizam estas transformações físicas que podem ser acessadas quando usamos o fogo.
As transformações físicas mudam o estado da matéria, mas não mudam o que a matéria é. Por exemplo, a água que ferve e vira vapor continua sendo água, mas no estado gasoso. Depois, quando está no alto na atmosfera, a água fica líquida novamente e cai. Em todos os momentos era água, só em estados diferentes. Isto marca o que é uma transformação física. Uma transformação química é aquela em que a matéria deixa de ser o que era e passa a ser algo novo. Quer um exemplo? Veja este, o fogo:
Na imagem vemos um palito de fósforo queimando. O fogo divide uma região do palito que ainda não foi transformada e que é feita essencialmente de madeira; e uma segunda região que está queimada, preta e libera fumaça. Em geral o produto do fogo possui estas qualidades. O fogo é um bom exemplo de uma transformação química, mas não é o mais fácil de entender. A discussão sobre o que é o fogo possui um capítulo muito especial na história da química e precisamos ter paciência para poder entender direito. Você pode ir na internet e procurar "o que é o fogo?" e você terá uma resposta. Mais importante é você pensar em uma resposta SUA, o que você acha que é o fogo? Por muito tempo muitas mulheres quiseram entender o que é o fogo, e uma pesquisa na internet pode dar a impressão de que é uma questão fácil. Acontece que não é nem fácil, nem simples. É tão interessante que vamos reservar para um capítulo especial só para entender o fogo.
Se supõe que existam duas formais principais de gerar fogo nestes tempos tão remotos. Uma delas é por percussão, isto é, o choque direto entre duas pedras. A colisão direta de pedras duras pode gerar faíscas. Se a faísca bater em algo que seja fácil de queimar, como palha ou folhas secas, então é possível acender uma fogueira desta maneira. O segundo processo é por atrito. Quando esfregamos nossas mãos podemos sentir que elas ficam mais quentes. Assim, o atrito entre dois pedaços de madeira pode ser mantido até gerar faíscas, que podem dar origem ao fogo junto a palhas e folhas secas. Esta forma de atrito pode ser melhorada usando movimento circular, isto é, girando uma madeira sobre a outra. Para terminar o capítulo, deixo um vídeo sobre a produção do fogo e algumas tecnologias auxiliares. Observe como o processo de produzir fogo não é fácil e envolve muita paciência.