A sua espera

By autorarearaujo

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Lia estava com tudo planejado. Se formaria em seis meses e se casaria em sete com Eduardo, seu namorado desde... More

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EPÍLOGO
Minhas Obras

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By autorarearaujo


Lia

Quando despertei do meu sono, me deparei com Gabriel segurando Valentina em seus braços, andando pelo quarto. Os dois pareciam estar bem à vontade. Como era possível duas pessoas se darem tão bem em menos de vinte e quatro horas?

Nada que fizesse ou falasse nesse momento, poderia descrever o que eu estava sentindo. Gabriel havia abdicado de muitas coisas para tornar a minha vida e a de Valentina mais fácil. Ele era um cara incrível e eu ainda não acreditava quanto sorte eu tinha por tê-lo ao meu lado.

— Acho que vamos dispensar a contratação de uma babá para me ajudar. Você está conseguindo cuidar dela sozinho – falei para chamar sua atenção.

— Eu não queria te acordar. Você parecia estar em um sono profundo, e como pode ver, estamos nos entendendo super bem. Valentina está se comportando muito bem.

— Você tem jeito com bebês. Vai ser um grande pai – falei com sinceridade.

— E você será uma grande mãe – ele disse sorrindo.

Valentina começou a se remexer e logo em seguida começou a chorar.

— O que você estava dizendo sobre ela se comportar?

— Acho que é a fome que está falando por ela.

— Então traga ela aqui – falei erguendo os braços para recebê-la.

Gabriel caminhou até minha cama e colocou Valentina em meus braços e depois sentou de frente e ficou observando nós duas. Valentina estava impaciente, até abocanhar meu seio e começar a sugar. Sua mãozinha delicada foi posta sobre meu peito como apoio e eu fiquei observando seu gesto.

— Ainda não consigo acreditar que ela está aqui – falei sem tirar o olhar dela.

— Acho que nem eu. Parece que estamos no meio de um filme e tudo isso está acontecendo com outras pessoas.

— Só acredito que é real porque as dores foram bem reais – olhei para ele e sorri.

— Eu sinto muito.

— Pois eu não. Foi como Marcos me disse antes, cada dor valeu apena. Valentina é perfeita e nasceu saudável.

— E tem uma ótima garganta. Você viu o escândalo que fez quando foi retirada?

— Ela vai ser boa no grito, bem melhor do que eu.

Nós dois rimos e ficamos nos encarando por alguns segundos. Ouvimos o barulho da porta sendo aberta e olhamos ao mesmo tempo.

— Nossa, que bom que acertei de primeira. Não imaginei que a maternidade fosse tão grande – disse Mel fazendo sua bela entrada.

Parecia ainda mais bonita desde o nosso último encontro. Vestia uma calça jeans cintura baixa superapertada, uma blusa preta transparente, com uma regata da mesma cor por dentro. Seus cabelos estavam mais longos e mais platinados, em uma escova perfeita. Uma maquiagem um pouco pesada para o ambiente, mas ainda assim combinando com tudo nela. Em uma mão segurava uma bolsa de marca famosa e na outra trazia um pequeno vaso de flores.

— Achei que ligaria quando chegasse – disse Gabriel se levantando da cama.

— Meu celular descarregou a caminho daqui, você acredita? Oi Lia, trouxe flores para você. Pensei em chocolates, mas além de te dar uns quilos a mais atrapalhariam na amamentação – disse sorrindo.

— Obrigada. Não sabia que estava de volta ao Brasil.

— Cheguei ontem. Teria ido ver vocês, mas depois de horas intermináveis em um avião, eu precisei descansar um pouco. Registrei-me em um hotel em Copacabana e depois pedi para que minha agente procurasse um SPA.

— Está aqui no Rio?

— Sim. Vim fazer uma campanha e não sei quanto tempo vou ficar. Estava pensando em alugar um apartamento, mas preciso ter algumas certezas antes.

— Legal – falei sem muito ânimo.

— É maravilhoso, vou poder o papo em dia com Gabriel. Na minha última visita não tivemos muito tempo.

— Achei que se falavam por telefone.

— Quase que diariamente, quando consigo roubar alguns minutos do tempo precioso do Gabriel. A secretária dele é sempre tão simpática quando ligo. Ela é assim com você?

— Sim, Malu é uma garota incrível, mas não ligo com tanta frequência para não atrapalhar o seu trabalho...

— Não me atrapalha nunca – Gabriel me olhou sorrindo.

— Então essa é Valentina? – perguntou colocando as flores em cima da mesa perto da cama junto com sua bolsa e se aproximando da cama – com licença Gabriel, me deixa vê-la de perto.

Mel praticamente puxou Gabriel da cama e sentou no seu lugar.

— Nossa, tem uma carinha de joelho, não é?

— Não, ela não tem – falei olhando para Valentina.

— Toda mãe diz isso dos seus filhos – ela riu.

Um clima começou a se instalar no quarto. Eu não tinha gostado nem um pouco de Mel ter aparecido no quarto. Era meu momento com minha filha, ela não tinha nada que invadir meu quarto toda montada quando eu deveria estar parecendo um espantalho.

O telefone de Gabriel tocou no seu bolso e ele se apressou em atender.

— É Malu me ligando. Deve ter acontecido alguma coisa na empresa. Vou atender lá fora, já volto.

— Pode ir, eu cuido das duas enquanto isso – disse Mel sorrindo exageradamente para Gabriel.

— Eu já volto.

Gabriel me deu um beijo suave nos lábios e saiu do quarto.

— Nossa, acho que não vou ser mãe tão cedo.

— Por causa da carreira?

— Não. Por causa do meu corpo. Não quero engordar, ter estrias... Essas coisas que acontece com a gravidez.

Ela estava me insultando sutilmente, dava para perceber.

— Eu não estou incomodada com os quilos a mais que ganhei. Valentina é o prêmio maior.

— Não tenho dúvida. Mas meu corpo é porta de entrada para muitos trabalhos. Não me imagino grávida no início da minha vida adulta.

— Eu também não me imaginava, aconteceu. Mas não me arrependo.

— Claro que não. E como poderia, ela é a cara do pai. Tem os traços do Eduardo no queixo e bochecha. Já imaginou a surpresa que ele vai ter quando descobrir que tem uma filha?...

— Valentina não parece em nada com Eduardo. Não foi você mesma que falou que ela tem cara de joelho?

— Eu estava brincando. Sempre quis falar isso para alguém. Desculpe-me se te chateie.

— Não chateou.

— Que bom.

Valentina interrompeu sua amamentação e se mexeu desconfortável.

— Gabriel deve estar todo bobo. É a primeira sobrinha que conhece, e pelo visto vai ser a última. Ele adora criança...

— Sim, ele está.

— Agora que ela nasceu, o que pretendem fazer?

— Como assim?

— Gabriel uma vez me falou que você ficaria lá até o bebê nascer. Valentina já está aqui...

— Vamos continuar onde estamos.

— Então vocês estão juntos mesmo?

— Não estou conseguindo entender a aonde você quer chegar – falei enquanto tentava colocar Valentina para arrotar.

— Não quero que fique chateada pelo o que vou falar, ok? Eu e Gabriel somos jovens, não que você também não seja, temos planos, e conheço todos, porque alguns eu estava junto... Você não acha que a chegada de um bebê vai atrapalhar a vida dele?

— Gabriel não está comigo por obrigação, se é isso que quer saber. Não impus nada a ele.

— Nós duas conhecemos ele muito bem, você talvez um pouco mais, mas por quatro anos, eu o vi falar dos seus projetos, que eles eram importantes demais para abandonar. Aí do nada, Eduardo some e você aparece grávida. Gabriel se sentiu responsável por te ajudar a se reerguer e isso aproximou vocês novamente e sentimentos afloraram... Tanto que passaram de cunhados á... Eu nem sei que nome dar a isso...

— Isso o quê? – Gabriel perguntou voltando para o quarto guardando o celular no bolso.

— Nada. Eu estava apenas parabenizando ela pelo bebê. Imagina o susto que Eduardo vai levar quando voltar para casa e descobrir que tem uma filha?

— Eduardo não vai voltar – Gabriel caminhando para o meu lado.

— Ele não está morto, está? Você mesmo soube do paradeiro dele há alguns meses...

— O quê? Você teve notícias do Eduardo e não me falou nada? – perguntei encarando Gabriel.

— Não foram notícias reais. Costa contratou detetives e teve alguns indícios de que era ele, mas foram falsos.

— E você não acha que deveria ter me contado?

— Me desculpe Gabriel, achei que você havia compartilhado suas suspeitas – disse Mel.

— Se tivesse alguma fundamentação, eu teria contado. Não era ele.

— Mas você não deveria ter me contado que tinha detetives procurando por Eduardo? Por quê?

— Ele é meu irmão, não poderia aceitar a ideia que ele simplesmente havia sumido.

— Mas me pediu para esquecer...

— Você estava sensível. Achei que tinha tomado a melhor decisão.

— Eu também acho. Você foi abandonada grávida, Gabriel como um bom amigo que era só pensou no melhor para você naquele momento.

Ficamos os três em um silêncio desconfortável.

— Eu preciso ir agora. Tenho que dormir cedo. Mas uma vez, parabéns por sua filha. Prometo uma visita mais demorada quando estiver em casa – Mel me ofereceu um sorriso fingido e se virou para Gabriel – e sobre aquele convite, ainda está de pé.

Fiquei observando enquanto ela se despedia de Gabriel e pegava sua bolsa.

— Qualquer coisa não deixe de me ligar, não sei muita coisa sobre bebê, mas se Lia precisar de ajuda, vou estar à disposição.

— Obrigado.

Quando Mel passou pela porta, voltei a encarar Gabriel.

— Convite?

— Drinques... Ela me ligou para me convidar para beber e eu falei que não poderia, que estava na maternidade curtindo você e Valentina.

— Tantos países para ela ir e ela resolveu vir para o Brasil, e logo no Rio de Janeiro...

— Mel não pode escolher trabalhos. Sua agente cuida disso.

— Eu sei exatamente porque ela está aqui... Você.

— Ela pode estar aqui por minha causa, mas eu estou indisponível.

Gabriel me roubou um beijo e depois ficou acariciando meu rosto.

— Estou com você, lembra?

Não consegui responder, então apenas acenei.

Pessoal só queria compartilhar isso com vocês. Minha história está entre as mais lidas. Estava na posição #87 e agora está # 58.
Devo isso a vocês que lêem, comentam e compartilham.

Obrigada 😍

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