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Lia

Voltei para o Rio arrasada. Além de não ter um noivo, também não tinha o apoio dos meus pais. Grávida e dividindo um apartamento com Ana, eu estava em sérios apuros.

Me formarei em seis meses e graças a superproteção de Eduardo, não corri atrás de estágio, porque ele queria curtir um pouco nossa lua de mel.

Como fui idiota, deixando-o cuidar da minha vida, me deixando totalmente dependente dele.

Minha conta contém algumas economias, mas não vai durar por muito tempo. Com um filho ou filha a caminho, precisarei de um emprego, mas quem irá empregar uma grávida?

Ana estava terminando de se arrumar quando cheguei em casa. Ainda chocada com a atitude dos meus pais, contei o que aconteceu. Ela quis desistir de sair para ficar comigo, mas insisti para que ela fosse e também porque eu precisava colocar meus pensamentos em dia.

Antes de mais nada, eu precisava me reerguer, enxugar minhas lágrimas e voltar para a faculdade. Era meu último semestre e eu não queria correr o risco de repetir alguma matéria.

No dia seguinte, levantei cedo, tomei banho e coloquei uma calça jeans cintura alta, acompanhada de uma regata lilás. Estava terminando de preparar o café quando Ana entrou na cozinha.

— O que você está fazendo de pé a essa hora?

— Preciso parar de me lamentar. Estou grávida, sem noivo, sem emprego e prestes a me formar... Não posso ficar na cama à espera de um milagre.

— Tem certeza de que está pronta para voltar?

— Não. Mas não quero mais ficar pensando no que pode acontecer se Eduardo voltar.

Esperei Ana ficar pronta e fomos para a faculdade, até porque só ela possuía um carro.

*

Não foi uma boa ideia ir para a aula, meus colegas ficaram surpresos quando não me viram de aliança. Imagina como irão reagir quando minha barriga começar a aparecer. Mas até lá, já estarei mais forte.

E por falar em ser forte, tive várias ondas de enjoos. Tive que me segurar até o final da aula. Quando cheguei em casa, estava exausta. Nem mesmo vi quando Ana chegou no final da tarde.

Tinha acabado de acordar quando ouvi um burburinho vindo da sala. Nem me liguei em me arrumar para sair do quarto. Adorava ficar com meus pés descalços, carregava essa mania desde criança e não pretendia deixar de lado.

Quando perguntei a ela quem era, Ana tentou esconder fechando um pouco a porta. Aproximei-me e me surpreendi quando vi quem estava do outro lado.

— Gabriel.

Poderia passar cem anos e ainda assim eu o reconheceria. Só que havia mudado um pouco desde nosso último encontro há quatro anos.

Seus cachos castanhos haviam dado lugar para um corte moderno e atual. Estavam desalinhados, mas não desleixados. Seu corpo magricelo havia ganhado vários músculos, ficando bem visíveis em sua camisa polo azul marinho.

Os olhos esverdeados ainda eram expressivos, como se não conseguisse acreditar que estava me vendo.

— Gabriel... – falei com cuidado.

— Oi Lia, há quanto tempo – tentou sorrir.

— Quatro anos.

— Pois é...

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora