A sua espera

Af autorarearaujo

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Lia estava com tudo planejado. Se formaria em seis meses e se casaria em sete com Eduardo, seu namorado desde... Mere

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EPÍLOGO
Minhas Obras

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Af autorarearaujo


Gabriel

Achei que não chegaria a tempo. Não conseguiria me perdoar se Lia passasse por tudo sozinha. Na chegada ao aeroporto do Rio, liguei meu celular e havia centenas de ligações perdidas. Algumas de Ana, e o restante de Mel. Para ela eu ligaria depois, minha prioridade era saber notícias de Lia.

Ana estava na recepção quando cheguei à maternidade. Juntos seguimos para a sala de preparação para que eu pudesse me preparar para assistir ao parto.

Quando entrei na sala de parto, corri para segurar a mão de Lia. Ela parecia um pouco assustada, mas quando nossos olhos se encontraram foi como se seu medo sumisse por completo. A beijei e deixei-a saber, que tudo ia acabar bem.

Ouvir o choro de Valentina, foi como ouvir um pássaro cantar ao nascer do dia. Não havia som mais bonito para ser ouvido. Quando Marcos colocou Valentina no peito de Lia, não pude controlar as lágrimas. Minha família estava completa agora.

Doeu-me deixar que a enfermeira levasse Valentina, assim como doeu deixar Lia sozinha na sala. Fui conduzido para o quarto onde elas ficariam quando me livrei das roupas do hospital. Não consegui ficar parado até ver Lia entrar no quarto, conduzida por uma cadeira de roda com a ajuda de um enfermeiro.

Esperei que ela se acomodasse e então sentei na cama ao seu lado. Lia estava exausta, mas o sorriso que segurava no rosto era radiante.

— Você foi muito forte lá dentro.

— Você me ajudou. Eu estava apavorada, com medo que não fosse conseguir.

— Eu sempre digo que você é mais forte do parece. Eu que tive medo de não chegar a tempo. O taxista que me trouxe merece um prêmio por correr tanto.

— Não gosto da ideia de você andar em alta velocidade.

— Fiz por um bom motivo. Queria estar aqui quando nossa filha nascesse.

Toquei seu rosto e acariciei.

— Olha quem chegou para ficar um pouco com os pais – disse a enfermeira com Valentina em seus braços.

Ajudei Lia a se sentar na cama e fiquei ao lado enquanto ela pegava Valentina. Eu poderia congelar o tempo nesse momento, apenas para assistir a cena para sempre.

A enfermeira deu as primeiras dicas de como amamentar, algumas instruções de posição de conforto para as duas e depois saiu do quarto, avisando que voltaria em meia hora.

— Ela é linda, perfeita... – disse Lia tocando seu rosto.

Lágrimas caíram sobre a manta que cobria Valentina simbolizando que tudo pelo o que Lia passou tinha tido uma finalidade. Aquela garota que eu atormentava quando criança havia sumido e dado lugar a uma mãe amorosa e orgulhosa por ter trazido ao mundo um ser tão perfeito.

— Ela é a sua cópia, olha essas bochechas, a boca... Até as mãos são como as suas.

Como se ouvisse minha voz, Valentina abriu os olhos e se eu não estivesse ficando maluco, seu olhar estava procurando por mim.

— Oi minha princesa, bem-vinda ao mundo.

Abaixei-me e beijei sua testa.

— Acho que ela reconheceu sua voz – disse Lia dividindo o olhar entre nós dois.

— É claro que reconheceu. Quem ficava conversando com ela enquanto você roncava?

— Eu não ronco – tentou parecer chateada, mas estava sorrindo.

— Não? Então porque não pergunta à Valentina?

— E ela é uma garota superdotada que mal nasceu e já sabe falar – disse revirando os olhos.

— Se puxou a mãe, deve ter aprendido a falar ainda dentro do útero.

— Por favor, não me faça rir, estou me sentindo toda costurada – disse tentando segurar o riso.

— Me desculpe.

Ouvimos a porta abrir e Ana passou por ela acompanhada de Beto.

— Espero não estar atrapalhando – disse Ana segurando a mão de Beto.

— Claro que não. Venham aqui conhecer sua sobrinha.

Ana se aproximou, enquanto Beto observava de longe. Lia deixou Ana pegar Valentina em seus braços e ficou observando a reação das duas.

— Olha amor, não é o bebê mais linda que você já viu? – perguntou Ana acariciando o rostinho de Valentina.

— Sim, com certeza.

— Você não está vendo direito de onde está, se aproxime.

Beto obedeceu e se aproximou.

— É muito linda.

— Agora você vai negar que aquelas dores não valeram apena? Olha o anjo que você trouxe ao mundo.

— Sim, valeram cada grito.

Olhei intrigado para as duas amigas.

— Sorte sua que chegou depois. Essa aí estava com um humor dos diabos.

— Coloque-se no meu lugar, sentindo dores horríveis e não podendo tomar nada para passar.

— Mas agora tudo passou, só vamos olhar para nossa filha e admirar o quanto ela é linda.

— Já pegou ela? – Ana perguntou me encarando.

— Ainda não...

— Então vamos estrear, se acostumar logo para quando Lia tiver que descansar.

— Não sei se tenho jeito...

— Já vamos saber. Ajeite os braços.

Nos primeiros instantes, parecia que eu não conseguiria, mas Valentina entendeu o meu medo e se aconchegou ao meu peito quando a segurei sozinho.

— Bem, pelo visto, você tem jeito para a coisa. Olha Beto, não é o retrato da família perfeita?

— Sem sombra de dúvida.

— Nossa, quanta gente no quarto – disse Marcos entrando no quarto acompanhado de outra enfermeira.

— Não aguentamos esperar lá fora – Ana se defendeu.

— Não estou brigando, mas agora precisamos deixar a mamãe descansar, e Valentina também.

— Posso ficar mais um pouco? – perguntei.

— Terão tempo mais tarde. Lia usou muita energia no parto. Precisa se recuperar, daqui a pouco esse anjo vai querer se alimentar novamente.

— Tudo bem Gabriel. Vou dormir só um pouquinho.

Obriguei-me a concordar porque ela aparentava realmente um cansaço.

— Ok, vou aproveitar para ligar para a empresa e informar que estou de licença pelos próximos cinco dias.

Caminhei até sua cama e a beijei nos lábios.

— Nós vamos aproveitar para ir em casa, tomar um banho. Voltamos para a visita – disse Ana beijando Lia na testa.

Fui o último a sair do quarto, fechando a porta com cuidado.

— Vamos levar Valentina para o berçário. Você pode ficar vendo ela pelo vidro da janela – disse a enfermeira.

— Obrigado.

— Lia esperou por você o máximo que pode.

— Sei disso e fico feliz. Achei que não iria chegar a tempo.

— Mas conseguiu – ele sorriu – preciso ver outras pacientes, vou deixar você curtir um pouco sua filha.

Trocamos apertos de mãos e depois me virei para o berçário e fiquei vendo a enfermeira ajeita Valentina em seu pequeno berço. Meu celular vibrou no bolso e eu tirei para atender.

— Oi Mel...

— Até que enfim consegui falar com você. Por que seu celular estava desligado?

— Estava no avião, voltando de um seminário.

— Entendo. Estou no Rio, que tal vir ao meu hotel me encontrar e tomar uns drinques?

— Agradeço o convite, mas vou deixar passar. Minha filha acabou de nascer e estou...

— Sua filha?

— Valentina.

— Oh, claro, a filha da Lia.

— E minha filha também – rebati.

— Nós sabemos quem é o pai...

— Pai é quem cria, portanto, ela é minha.

— Calma, não precisa rugir como um leão faminto. Desculpe-me...

— Tudo bem.

— Vamos deixar o drinque para outra hora então. Eu adoraria conhecer Valentina, em que maternidade vocês estão?

— Vamos deixar a visita para outro momento. Ela e Lia estão descansando agora...

— Você com certeza pretende ficar o dia todo aí...

— Sim.

— Então eu vou te fazer companhia. Assim quando as duas puderem receber visita, já estarei aí.

— Mel...

— Sem drama Gabriel. Estou a toa neste hotel e estou louca para ver com quem ela se parece. Endereço, por favor.

Era difícil se livrar de Mel quando se queria. Deixaria que ela viesse, ficaria um pouco e a mandaria embora antes que Lia acordasse. O que eu menos queria agora era o confronto da minha ex com a atual.


Fortsæt med at læse

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