A sua espera

By autorarearaujo

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Lia estava com tudo planejado. Se formaria em seis meses e se casaria em sete com Eduardo, seu namorado desde... More

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EPÍLOGO
Minhas Obras

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By autorarearaujo

Lia

— Então quer dizer que vocês estão juntos?

Eu e Ana estávamos na cozinha terminando de preparar o almoço.

— Acho que sim.

— Você acha ou tem certeza? – Ana parou de mexer a vasilha de salada.

— Eu tenho certeza...

— Mas?...

Lavei minhas mãos e me virei para ela.

— Isso que está acontecendo é tão complicado.

— Não vejo nada complicado aqui. Gabriel tem demonstrado gostar muito de você. Te levou para morar com ele, assumiu todas as suas responsabilidades, se preocupa com Valentina como se fosse sua filha, te enche de mimos e presentes... O que ele ainda precisa fazer para te conquistar de vez?

Como se Gabriel tivesse pressentido que estávamos falando dele, ergueu o olhar, desviando sua atenção do vídeo game e sorriu. Retribui o sorriso e voltei a olhar para Ana. Ela tinha pegado nossas trocas de olhares e agora estava nos analisando.

— Eu sei qual é o seu medo.

— Qual?

— Está com medo de entrar em uma relação e acontecer a mesma coisa. Mas você precisa se lembrar de que Gabriel não é o Eduardo.

— Eu sei disso.

— Mesmo não querendo admitir, vocês tem mais coisas em comum do que você imagina. Não te vejo tão feliz desde aquela vez que conseguimos entrar em um show sem termos os ingressos.

— Verdade. Quando estou com Gabriel, é como se ele tivesse um campo magnético me protegendo.

— Então é hora de deixar esse medo bobo de lado e se entregar a essa relação. Porque acredite em mim, o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Até eu que estou de fora percebo que Gabriel não é um cara de aventura. Valentina vai precisar de uma presença masculina para se espelhar.

— Esse almoço sai ainda hoje? – perguntou Beto entrando na cozinha e roubando um beijo de Ana.

— Se você não tivesse enrolado para ir ao mercado, nós já estaríamos almoçando a essa hora. O frango deve demorar ainda uns quinze minutos – disse Ana olhando para o relógio do micro-ondas – quer preparar o suco enquanto isso?

— Tem refrigerante.

— Lia não pode beber refrigerante.

— Mais eu posso.

— E a deixar desejar beber sem poder? Nada disso.

— Hora essa...

— Vou fazer companhia ao Gabriel enquanto vocês decidem o que vamos beber.

Gabriel tinha pausado o jogo para mexer no celular. Olhei por cima do seu ombro e vi o nome da Mel na tela.

— Ela já está aqui?

Gabriel bloqueou a tela e se virou para falar comigo.

— Não duvido que estivesse aqui se dependesse dela.

Gabriel soou tão normal que deu vontade de gritar para bloquear e apagar o número dela.

— Sobre o que vocês estavam conversando?

— Nada em particular. Ela me falou que São Paulo é uma cidade agitada e as pessoas não são muito simpáticas.

— Então ela combina muito bem com cidade. Não vejo um pingo de simpatia naquela garota.

— Quando você não gosta de alguém, não tem como te fazer mudar de ideia.

— Não dá para esquecer que ela gosta de você.

— E eu de você. Deixei isso bem claro.

— Então você vai ter que ser mais claro.

— Estamos a menos de um dia juntos e já estamos tendo uma DR? – Gabriel tentou quebrar o clima que estava se formando.

Acabei sendo vencida por seu sorriso e deixando a discussão para outro momento. Dei a volta no sofá e sentei ao seu lado.

— O que tanto vocês conversavam na cozinha?

— Assunto de mulher – falei enquanto tentava achar uma posição para sentar antes que Valentina começasse com seu cronograma de chutes.
Gabriel colocou sua mão sobre minha barriga e ficou acariciando.

— Estamos caminhando para o sétimo mês.

— Sim, estamos. Como o tempo passou rápido, parece que foi ontem que descobri que estava grávida.

— Está com medo?

— Eu não diria medo, apenas ansiosa... Quero ver seu rostinho, saber se tem algo meu nela, os olhos talvez... – falei colocando minha mão sobre a sua.

— Tenho certeza de que vai vir igual a você.

Gabriel me beijou e depois passou o braço pelos meus ombros, me puxando para um abraço.

— Estou feliz que estamos juntos – ele sussurrou ao meu ouvido.

— Eu também.

Ana tinha razão. Um raio não poderia cair no mesmo lugar duas vezes. Tentar fazer comparações entre Gabriel e Eduardo não seria justo para nenhum dos dois. Em poucos meses, Gabriel tinha demonstrado que não era mais nenhum adolescente.

Mesmo com a pouca idade, ele já sabia o queria e corria atrás. Ele poderia muito bem ter me dado apenas uma ajuda financeira e seguido com sua vida, mas ao contrário disso, me levou para sua casa, me inseriu no seu cotidiano e tem cuidando de mim melhor do que meus pais. Eu era parte da sua vida, assim como ele agora era parte da minha.

— Está tudo bem?

— Sim, porque a pergunta?

— Estou aqui sugerindo uma volta na praia e você nem está me dando bola.

— Me desculpe, acabei me perdendo em meus pensamentos.

— Alguma coisa que eu deva saber?

— São apenas pensamentos fugitivos.

— O que seria pensamentos fugitivos?

— Eu não saberia te explicar nesse momento.

— Então quando você descobrir como, voltaremos a esse assunto.

— Ei, o casal aí... Podem vir para a mesa, por favor? O almoço já está pronto – Ana gritou da cozinha.

— Graças a Deus. Achei que esse almoço só iria sair no Natal – falei enquanto Gabriel me ajudava a me levantar, não que eu não pudesse fazer isso sozinha.

Quando voltamos para casa, no final da tarde, eu estava exausta. Então Gabriel achou melhor deixar nossa caminhada na praia para outro dia. Tomei um banho enquanto Gabriel respondia alguns emails urgentes que havia recebido.

— A onde a senhorita pensa que está indo?

— Para o meu quarto dormir?... – falei sem entender sua pergunta.

— O seu quarto agora será o meu.

— Mas...

— Sem mais. Acha mesmo que vou dormir sozinho se tenho você para me aquecer?

— Nós não vamos... – parei a frase no meio do caminho, imaginando o que ele queria dizer com "tenho você para me aquecer"

— Ei, seja lá o que imaginou, a resposta é não. Eu só quero dormir abraçado com você.

— Eu não falei nada...

— Seu rosto vermelho te denunciou, sua mente pervertida – disse rindo.

— Não tenho mente pervertida, eu apenas entendi mal o que você falou, é diferente.

— Vamos com calma, tudo no seu tempo, sem cobrança, lembra?

Balancei a cabeça concordando.

— Jamais a forçarei fazer algo que não queira. Agora, dê meia volta e vá para o nosso quarto. Eu vou só terminar de responder isso aqui e vou te fazer companhia.

— Vou ganhar outra massagem?

— O que você quiser.

— Isso inclui sorvete? – eu sabia que ele iria dizer não, mas gostava da carranca que se formava em seu rosto.

— Sem sorvete.

— Não posso dizer que tentei.

— Não vamos levar outra bronca do seu médico porque você não consegue se controlar.

— Mas não sou eu, é a Valentina.

— Já parou para pensar que tudo é a Valentina? Coitada da minha garotinha, vai nascer traumatizada.

— Sua garota?

— Claro, minha garotinha. Posso não ter tido participação em sua concepção, mas quem é que fez aulas de como cuidar de um bebê? E deixando bem claro aqui, eu fui bem melhor. Você afogou o seu bebê.

— Se você contar isso para Valentina, eu te afogo na banheira.

— Que banheira?

— A que vamos comprar amanhã e colocar no seu banheiro.

— Você quis dizer nosso banheiro?

— Seu banheiro, nosso banheiro, não importa. Vamos comprar uma.

— Porque isso agora?

— Porque estou grávida. Ponto final.

— Já vi grávida com desejos estranhos, mas desejar comprar uma banheira, é a primeira vez.

— Cada um tem a grávida que merece.

— Então sou o mais sortudo de todos.

Ganhei uma massagem completa e eu precisava admitir, Gabriel era muito bom nisso. Eu precisava encontrar um defeito nele, nem que fosse um dedão do pé torno, apenas para desmistificar e torná-lo um pouco mais humano, mas eu estava falhando em minha busca. Era como se ele conseguisse captar todos os meus desejos.

Depois da maravilhosa massa que recebi, o que ajudou muito com minha dores, deitei minha cabeça em seu colo.

— Eu não quero jamais te machucar novamente.

— Você nunca me machucou, pelo menos não intencional – disse acariciando meus cabelos.

— Eu sei, mas me sinto culpada de qualquer forma.

— Não se sinta. Estamos juntos agora. Isso é tudo o que importa.

Eu sabia que não merecia esse amor incondicional que ele tinha por mim. Gabriel já tinha sido magoado demais, era minha missão cuidar para ele soubesse que sua espera havia valido a pena. Fechei meus olhos e esperei o sono me alcançar, certa de que no dia seguinte, ele ainda estaria comigo.


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