A sua espera

By autorarearaujo

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Lia estava com tudo planejado. Se formaria em seis meses e se casaria em sete com Eduardo, seu namorado desde... More

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EPÍLOGO
Minhas Obras

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By autorarearaujo


Gabriel

Nossa primeira semana morando juntos foi sensacional. Lia parecia ter esquecido completamente o assunto do beijo e estava mais descontraída. Na segunda semana, já agíamos como se morássemos juntos há anos. Os enjoos matinais ainda eram a parte mais frustrante de sua gravidez. Às vezes eu a pegava observando o mar pela janela da sala enquanto acariciava sua barriga.

Com ela em casa, eu sempre tinha um motivo para sair do trabalho e ir direto para casa. Sempre havia um aroma vindo da cozinha quando eu abria a porta. Por conta da sensibilidade de Lia, fazíamos seções de cinema em casa, pelo menos era o nosso plano até passar a primeira fase da gestação que, como ela tinha me explicado que seria por volta da décima quinta semana.

E também seria quando ela faria a ultra para saber o sexo do bebê. Eu queria muito ir com ela, mas eu estava disputando a vaga com Ana, a amiga chata que ainda não confiava em mim o suficiente para cuidar de Lia.

Em algumas ocasiões, quando Lia achava que eu não a estava observando, eu a via triste ou chorando ao ver algumas fotos. Eu não perguntava o motivo porque não queria invadir sua privacidade, mas sabia que tinha haver com meu irmão.

Em relação a ele, as buscas continuavam inúteis, porque não havia vestígios de onde ele poderia estar. Meus avós estavam me deixando loucos para que eu levasse Lia para vê-los depois que eu contei que ela estava grávida, mas como falei sem a permissão dela, eles teriam que esperar um pouco até que eu tocasse no assunto com ela.

Minhas noites de sono também ficaram mais conturbadas, tudo porque Lia sempre acordava desejando comer alguma coisa exótica. A última foi comer camarão com açaí. Foi uma luta conseguir um lugar aberto às três da manhã, mas ao vê-la lamber os dedos toda feliz me deu toda a recompensa.

Acordei por volta das nove da manhã, era sábado e eu poderia desfrutar um pouco mais da minha cama. Lia era sempre a última acordar e então eu corria para a academia que eu já tinha terminado de montar, fazia um pouco de exercício e depois ia para a cozinha preparar nosso café. Depois que descobrimos que salada de fruta segurava no seu estômago, eu sempre fazia para Lia. Esperava ela acordar e tomávamos café juntos.

— O que está fazendo de pé a essa hora? Hoje é sábado – perguntei quando me surpreendi com ela na cozinha.

Seus cabelos estavam soltos e uma bagunça, mas nem liguei, ficava linda de qualquer jeito. Estava usando uma camisa maior do que o seu número com a estampa do Mickey.

— Acordei com uma vontade enorme de tomar iogurte de morango com biscoito amanteigado, mas adivinha?

— Adivinhar o quê? – perguntei sem entender nada.

— Não tem biscoito amanteigado. Você comeu o último pacote?

— Eu? Você sabe que não gosto desse tipo de biscoito.

— Então alguém roubou meus biscoitos.

Eu ri.

— Esse alguém deve ter sido você mesmo, assaltando a geladeira de madrugada.

— Que horror! Como pode me fazer uma acusação dessas? – perguntou horrorizada, mas depois começou a rir.

— Meu Deus, se continuar assim, vou ter que colocar trancas nos armários. Você viu sua lista de alimentação saudável e lá não tem biscoito amanteigado.

— Você e aquela lista estão de complô.

— Quero ver quando você não conseguir passar por aquela porta, se vai continuar com esse papo.

— Gabriel, olha bem para o meu corpo, continua o mesmo, minha barriga insiste em não aparecer... Acha mesmo que vou engordar?

Lia apertou a camisa para mostrar que sua barriga continuava a mesma.

— Se vai engordar ou não, a questão é que só vai tomar o iogurte e pronto.

Andei até a geladeira que agora vivia cheia de tudo o que Lia precisava e tirei um potinho, peguei uma colher e coloquei em suas mãos.

— Agora coma se reclamar.

— Você fala da Ana, mas age como ela. Qual a graça de ficar grávida e não poder comer tudo o que der vontade?

Lia me deu as costas e foi para a sala. Jogou-se no sofá e ligou a TV, colocando em um canal de desenho animado e aumentando o volume no máximo, tudo para me irritar, porque ela sabia que eu não suportava ver desenho.

Sorri ao ver como ela se comportava como uma criança quando era contrariada.

— Que tal irmos à praia? – perguntei quando sentei ao seu lado com minha xícara de café.

— Não estou afim. Vou passar o dia aqui.

— Vendo desenho animado? – não pude segurar um sorriso ao ver que ainda estava zangada.

— Vendo desenho, lendo... Sei lá...

— Você está mais branca do que papel, precisa pegar uma cor e sem falar que pode fazer bem para o bebê.

— O bebê é meu e eu sei o que é bom ou não para ele.

— É sério que vai ficar com essa tromba o dia inteiro?

— Vou ficar até você comprar meus biscoitos – disse voltando o olhar para o desenho.

— Ok, você é quem sabe. Eu vou nadar um pouco e aproveitar o sol lindo que está lá fora.

Levantei-me e fui para o quarto. Coloquei uma sunga azul marinho e depois voltei para a sala.

— Se mudar de ideia, sabe onde me encontrar.

Lia não olhou e nem falou nada. Eu já estava acostumado, acho até que sentiria falta das birras dela quando o bebê nascesse.

A praia ficava a poucos metros de casa e dava para ir andando. Como era dentro do condomínio, ela era meio que privada e dava para aproveitar sem aquele tumulto todo. Segui pela trilha e após quinze minutos, eu estava entrando no mar.

Não havia muitas ondas, então eu apenas fiquei aproveitando a tranquilidade. Não demorou muito e eu vi Lia se aproximando, trazendo uma canga e colocando na areia. Tirou sua saída de banho deixando seu biquíni rosa a mostra. Dei o último mergulho e depois fui me juntar a ela.

— Achei que iria ficar vendo desenho.

— Mudei de ideia. Lá dentro estava muito quente...

Era só ligar o ar-condicionado, pensei em falar. Mas estava feliz por ela ter vindo, então aceitei sua resposta.

— Não quer entrar? A água está maravilhosa.

— Daqui a pouco.

— Ok. Vou te fazer companhia, então.

Sem esperar sua resposta, sentei ao seu lado, encostando meu corpo molhado no seu ombro.

— Já marcou a ultra? – perguntei puxando assunto.

— Sim. Quarta-feira.

— Ana vai com você?

— Acho que sim. Ela tem uma prova importante, não sei se vai conseguir ir.

— Posso ir no lugar dela, se quiser – dei a deixa.

— Você tem que ir trabalhar...

— Acho que posso chegar um pouco mais tarde, afinal estou louco para saber se vou ter um sobrinho ou uma sobrinha.

— Vou ver direito com Ana. Te aviso se não der para ela ir.

Eu iria torcer muito para Ana não conseguisse sair da prova a tempo.

Nos divertimos como duas crianças nas duas horas que ficamos no mar. Quando voltamos, Lia estava faminta e com uma pele rosada por conta do sol. Enquanto ela tomava banho para tirar o sal do corpo, preparei o nosso almoço. Fiz uma omelete, que descobri que Lia amava tanto quanto chocolate.

Também tomei um banho e voltei para a cozinha para almoçarmos juntos. Ela repetiu duas vezes justificando que o bebê ainda estava com fome.

— Lia, eu queria saber se posso falar para os meus avós que você está grávida – perguntei enquanto lavava a louça e ela secava.

— Achei que você já tivesse contado a novidade.

— Estava esperando você mencionar alguma coisa.

— Eu não tenho motivos para esconder minha gravidez. Acha que eles vão gostar?

— E porque não gostariam? É o primeiro bisneto que vão ter.

Lia sorriu com o meu comentário.

— Poderíamos ir amanhã.

— Amanhã? Uma viagem assim sem planejar? Preciso ver preço de passagem...

— Eu cuido disso. Reservo nosso vôo para amanhã cedo, assim chegamos a tempo do almoço e fazemos uma surpresa.

— Você sabe que passagem comprada em cima da hora não custa barato.

— Deixe isso por minha conta. Preocupe-se apenas em colocar uma muda de roupa na bolsa.

— Ok, depois vou ter que te reembolsar...

— Nem vem, enquanto estiver comigo não precisa se preocupar com isso.

— Devo ser uma garota de muita sorte por ter um amigo com dinheiro e que não se preocupa com o valor que vai gastar.

— Quando coisas como essas colocar um sorriso em seus lábios, nunca vou me apegar a detalhes.

— Tenha cuidado quando esses "detalhes" começar a doer no seu bolso.

— Vai valer apena.

Lia não sabia, mas por ela eu faria qualquer coisa, desde que eu pudesse ter sempre o seu sorriso comigo.


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