The Donor - Faberry

By Lookafterachele

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A filha de Rachel quer saber quem é seu 'pai'. Como Rachel pode explicar à menina que 'seu pai' é, na verdade... More

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By Lookafterachele


Demorei para atualizar um pouquinho mais que a melhor amiga da noiva... mas tem uma explicação!!

Então.. quando eu terminei de atualizar a melhor amiga da noiva eu resolvi ir comer para depois atualizar The donor.. Então fui para cozinha fazer bolinho frito( eu não sei nada de cozinha).. resumindo: Um dos bolinho estourou e infelizmente veio óleo quente na metade do meu rosto!! Peguei queimaduras de 1grau. Acho que não fiquei cega por causa do meu óculos. Graças a Deus!! Mas já estou medicada e me cuidando.

Mas como eu não podia falhar com vocês.. aqui estou eu atualizando :)

Espero que gostem!!

Enjoy, Kids!!

The Donor

de wishfxlthinking

Capítulo 5

Rachel POV

– Santana, ande logo, caramba! – Eu gritei para Sant da sala-de-estar, colocando minhas havaianas nos pés.

– Rach, não adianta ficar me apressando quando o que você quer é que a Quinn chegue logo, então fica quieta, cara – ela gritou de volta, pontuando sua sentença com um volume bastante alto.

Beth e Michele me olharam com os olhos arregalados, segurando seus brinquedos de praia nas mãos. Nós tínhamos combinado com Quinn de ir à praia naquele dia, o primeiro domingo após o começo das férias de Beth, e as crianças estavam bastante excitadas. Claro que elas estavam animadas com a simples ideia de ir à praia, mas o que elas realmente queriam era passar um tempo com Quinn. Desde que Beth a conheceu, Michele só tinha escutado da melhor amiga o quanto sua outra mamãe era incrível e ela estava ansiosa para passar um tempo com Quinn.

Eu havia me certificado com Quinn algumas vezes desde sexta para saber se ela realmente estava bem com aquele plano de ir à praia. Eu não expliquei o porquê de eu achar que ela estaria desconfortável com a situação porque eu não queria aumentar seu desconforto ou estar errada sobre minhas conclusões. Eu sabia, porém, que eu não estava errada. Eu não poderia mentir e dizer que eu não tinha refletido sobre sua condição de intersexual, porque eu tinha – mais por curiosidade do que por qualquer outro motivo. Eu não sabia muito o que pensar sobre tudo, eu só esperava que um dia ela se sentisse próxima o suficiente de mim para compartilhar sobre os detalhes de sua intersexualidade. Eu sabia, no entanto, que aquilo seria pouco provável, então eu simplesmente me contentei em apenas pensar sobre o tópico. Enquanto refletia sobre, havia me dado conta que sua condição não me despertava muito mais além da curiosidade – ela não me despertava nem nojo nem excitação. Eu só... não sabia muito o que pensar.

– Mamãe, Quinn chegou! – Eu escutei Michele gritar para Sant; as duas pequenas estavam olhando para fora da janela e viram quando Quinn estacionou em frente ao prédio. Eu imaginei que ela estaria nervosa com o dia de hoje, por isso eu iria tentar e fazê-la se sentir tão à vontade quanto fosse possível. Eu não sabia como eu faria aquilo, mas eu tentaria.

Duas horas depois e nós cinco estávamos chegando na praia. Quinn tinha dirigido o caminho inteiro, apesar da minha oferta para que eu dirigisse por metade da rota. Eu tinha me sentado entre as duas cadeirinhas de criança no banco de trás, pois Santana de acordo com ela ''iria se sentir sufocada'' ali no meio. Em vez disso, ela sentou-se no banco de passageiro ao lado de Quinn, quem ficou em silêncio a maior parte do caminho. O máximo de palavras que ela tinha emitido eram em respostas a Sant ou as pequenas, ou quando se ofereceu para estacionar para que comprássemos alguma coisa ou perguntando a Beth se ela estava enjoada – apesar de ela ter dado a menor um remédio para evitar o enjoo assim que nos encontramos do lado de fora do meu prédio.

Quando chegamos, Michele pegou uma das minhas mãos enquanto Beth se agarrou na mão de Quinn, e elas nos puxaram em direção à praia – elas sabiam que não podiam correr a nossa frente –, deixando Sant para pegar todos os seus brinquedos na mala do carro (algo que definitivamente não a deixou feliz).

Nós colocamos nossas toalhas de praia numa distância considerável do mar; perto o suficiente para as meninas correrem até o mar para buscar água para fazerem seus castelos de areia, mas longe o suficiente para Sant conseguir reclamar da "longa caminhada" quando ela tinha que acompanhar as meninas até o mar. Nós tínhamos levado comida, bebida, filtro solar e todos pareciam estar felizes. Especialmente Quinn.

No começo ela parecia muito hesitante em estar na praia. Assim que chegamos e nos estabelecemos ali, Sant tirou suas roupas, relaxando em seu biquíni assim como todas as demais pessoas na praia. Exceto eu e, claro, Quinn. Eu demorei um pouco para ficar só de biquíni porque eu não queria deixar Quinn desconfortável e, bem, eu não estava pronta para Quinn, uma quase estranha, me ver com tão pouca roupa. Eu não tinha problemas nos desconhecidos da praia me verem desta forma porque eu jamais os veria novamente, de qualquer maneira. Mas, se quase todas as pessoas eram inibidas em relação a pelo menos uma coisa, eu era inibida em relação a praticamente tudo. Tirar a roupa na frente de um estranho era difícil, mas na maioria das vezes você superava. Tirar a roupa na frente de alguém com potencial para se tornar alguém muito importante na sua vida era intimidador, principalmente porque o que quer que eles pensassem de você importava. E eu definitivamente me importava com o que Quinn pensava de mim. Uma boa parte de mim pensava que ela jamais julgaria alguém com base na aparência física, de qualquer forma, devido ao julgamento que ela própria parece fazer em relação a si própria. Mas tente falar isso às minhas inseguranças.

Eventualmente, porém, eu percebi que minhas inseguranças não eram nada se comparadas às inseguranças demonstradas por Quinn. Depois de algum incentivo de Sant, eu finalmente reuni coragem para tirar minha roupa, tentando passar despercebida por Quinn – o que Santana me revelou ter sido uma tentativa fracassada.

– Ela estava babando em cima de você, Rach – Sant me disse quando ela veio deitar do meu lado na toalha de praia. Quinn tinha acabado de sair para comprar algumas garrafas de água na lojinha, já que ela já tinha entornado as que trouxemos com toda a ansiedade que sentia. Ela levou Beth, quem queria olhar mais brinquedos de praia. Assim que ela se afastou o suficiente para não nos ouvir, Santana achou que era necessário dividir comigo aquela pequena informação.

– Estava nada!

– Estava! Ela não conseguiu tirar os olhos de você, mesmo tentando muito – ela tentou explicar. Eu rolei meus olhos em descrença. Eu não tinha tentado chamar a atenção de Quinn enquanto me despia, mas eu me interessava em saber onde os olhos dela estavam fixados quando eu tirei a roupa e definitivamente não eram em mim.

– Santana, você pode calar a boca? Quinn nem estava olhando para mim. Ela não olharia para mim.

– Ela não olharia para uma garota gostosa com uma bunda cubana enorme que está vestindo quase nada? – Santana me perguntou com a sobrancelha arguida. – Aham, vai nessa. Eu estou apenas surpresa que eu não vi uma tenda se levantar nos shorts dela.

– SANTANA!

– Hey, Rae, Beth disse que....

– Caralho! – Eu coloquei minha mão sobre meu peito no susto que levei ao ouvir a voz de Quinn. Eu não tinha notado que ela estava parada bem ali próxima da gente. Eu não a tinha ouvido se aproximar. Bem, é claro que não ouviu, ela estava andando na areia!

– Mamãe, essa palavra é feia! – Beth me repreendeu com as mãozinhas na cintura.

– Desculpa, baby, eu apenas me assustei – soltei uma risada baixinha enquanto tentava regular minha respiração acelerada.

– Desculpa – Quinn também disse em meio as suas próprias risadas. – Eu não queria assustar você. Como eu estava dizendo, Beth quer ir ao banheiro e não sei se você queria levá-la ou se tem algum problema em eu mesma levá-la... Ou algo assim?

– Não, claro que não. Você pode levá-la. Mas você provavelmente não quer fazer isso, então eu posso levá-la? – Eu ofereci enquanto eu me levantava.

– Não, não, tudo bem – ela falou ao apoiar sua mão no meu ombro para que eu voltasse a me sentar. – Eu preciso ir, de qualquer forma. Eu bebi muita água. Já voltamos – Quinn sorriu para mim e se virou para pegar a mão de Beth. Ela perguntou a Michele se ela queria ir ao banheiro e a mais nova apressadamente disse que queria, não porque ela precisasse ir, mas porque ela não queria se sentir deixada de lado.

– Ok, então talvez isso seja insensível da minha parte e eu me desculpo por isso – Santana começou a falar novamente depois que ficamos sozinha –, mas você não pensa nessas coisas?

– Que coisas? – Eu perguntei com curiosidade.

– Você acha que está tudo funcionando lá embaixo? – Ela perguntou num tom de voz baixo enquanto ela fazia gestos circulares na região da virilha, como se eu não fosse saber do que ela estava falando.

– Santana – eu suspirei balançando a minha cabeça.

– Rach, eu não estou tentando ser cruel. Só estava curiosa. Será que funciona?

– Bem, ela me deu Beth, não foi? Então sim, eu diria que está tudo funcionando. Eu não sei até que extensão, mas ela pode ter filhos, então eu diria que sim, funciona.

Caiu um silêncio entre nós por um minuto, até que Santana fez sua próxima pergunta.

– Então que banheiro ela usa? O de mulheres ou de homens?

– Santana! Sério? Ela é uma mulher. Ela obviamente usa o banheiro feminino.

– Mas ela tem um pau?

– Mas que porra, Santana? Você está sendo muito insensível – minha frustração com minha amiga estavam no limite desde que ela começou seu questionário, mas a vulgaridade de seu discurso foi a gota d'água. E sim, foi a vulgaridade que me fez perder a paciência; não o fato de que eu própria estava confusa com algumas daquelas questões... eu acho.

A condição de Quinn não me preocupava, tampouco me enojava, mas eu não podia evitar em ter alguma curiosidade. Nós não tínhamos conversado ainda sobre sua intersexualidade e eu não sabia sequer se um dia conversaríamos sobre, apesar da minha vontade. Eu queria que ela se sentisse à vontade em conversar comigo. Eu não sabia se ela já tinha alguém em quem confiar ou alguém com quem pudesse conversar, mas eu queria ser essa pessoa para ela. Eu gostaria de derrubar as barreiras em volta de Quinn e ser exposta a quem ela era de verdade. Assim, talvez, minhas perguntas tivessem respostas. Mas, por enquanto, eu tinha que lidar com o questionário provocativo de Santana e a minha ausência de respostas para perguntas não ditas.

– Rach...

– Não, Santana. Não quero nem ouvir – eu a cortei com uma lamúria irritada.

– Não, olha. Desculpa, está bem? Eu só... eu só fico confusa. Eu provavelmente não posso fazer perguntas diretamente a ela, mesmo querendo muito, então eu pensei que eu perguntaria a você, porque você talvez soubesse. E você entende mais dessas coisas do que eu, eu pensei que talvez você já tivesse visto um caso semelhante antes? Desculpa se eu irritei você, mas você também tem que estar curiosa, não? – Santana tentou se explicar de sua maneira.

– Eu também tenho minhas perguntas, mas é óbvio que isso não é algo com que Quinn se sente confortável em conversar, então falar sobre isso pelas costas dela apenas me parece errado – eu falei com um tom solene, sentando-me com os joelhos flexionados e encostados na minha bochecha, enquanto eu me virava pra Santana.

– Eu entendo. Eu só estava curiosa.

– A curiosidade matou o gato – eu disse com um sorriso divertido aparecendo no meu rosto.

– Mas a satisfação o trouxe de volta! – Ela tinha um sorriso presunçoso nos lábios.

– Ei, quem ensinou a você o resto?

– Quinn. Ela disse isso enquanto estávamos no carro. Você devia estar distraída com as fadas dos seus pensamentos mais uma vez. Ela é bem legal, sabe?

– Sim, eu sei.

Santana e eu tínhamos pensado que aquela seria nossa única conversa privada enquanto estivéssemos na praia, pois achávamos que Quinn ficaria sentada perto de nós, conversando ou lendo. Mas acabou que nós estávamos enganadas.

Assim que ela e as pequenas retornaram, Quinn nos contou como ela nunca fez um castelo de areia, então Michele e Beth ficaram animadas em ensiná-la. Quinn segurou a mãozinha da nossa filha o caminho inteiro até o mar, onde elas pegaram água e começaram a construir seus castelos. A simples felicidade no rosto de Beth enquanto ela observava sua outra mãe aprender a fazer castelos de areia era uma imagem que eu gostaria de preservar na minha mente. Elas estavam a uma certa distância de onde eu e Santana estávamos sentadas, então eu não conseguia ouvir o que elas diziam, mas era evidente que as duas estavam se divertindo bastante. As duas mais novas estavam rindo de tudo que Quinn dizia e de tudo que Quinn fazia de errado. Não era difícil construir castelos de areia e estava óbvio que Quinn aprendera muito rápido como fazê-los, mas, se ia manter nossa filha rindo toda vez que ela errasse, ela iria errar de propósito inúmeras vezes.

Eventualmente, Michele veio se sentar com sua mãe e eu, e nós três observamos enquanto Beth tentava aperfeiçoar o castelo feito por Quinn. Então as duas começaram a jogar água uma na outra e depois começaram a procurar por conchas bonitas.

– Quinn vai ficar muitas vezes com a gente agora? – Michele me perguntou enquanto me olhava.

– Eu acho que é isso que a Beth quer. Tudo bem para você?

– Sim. Eu gostei muito dela. Todas nós gostamos, eu acho. Você gosta dela, tia Rach? – Ela perguntou com sua curiosidade infantil. Santana deixou escapar uma pequena risada e murmurou baixinho um é claro que ela gosta.

Antes que eu pudesse respondê-la, Beth veio correndo na nossa direção, sem deixar de gargalhar por um segundo, fugindo de Quinn, que a seguiu até nós. Nossa filha caiu no meu colo, pedindo por proteção, enquanto lágrimas ameaçavam cair dos seus olhos de tanto que ela ria.

– Oh, sim, isso mesmo. Corre pra mamãe. Ela vai proteger você – Quinn zombou, também caindo na toalha de praia que tínhamos estendida, e suas mãos imediatamente começaram a fazer cócegas nas costelas da pequena.

– Não... não, mamãe! – Beth gaguejou no meio de risadas e lágrimas enquanto ela tentava se afastar de Quinn. Suas risadas eram tantas que se tornaram silenciosas e Quinn parou de fazer cócegas eventualmente. Santana tinha voltado a deitar para se bronzear e Michele estava aconchegada na mãe, jogando areia nas costas dela. Eu estava sentada na toalha de praia com Beth em meu colo, quem ainda tentava se recuperar da sessão de cócegas, e Quinn sentava-se próxima dos meus pés. Ela continuava a provocar a nossa filha com alguns beliscões de leve, nós três rindo juntas do seu comportamento infantil.

– Mama? Você pode passar filtro solar nas costas da mamãe? Acho que ela está se queimando – Beth pediu quando nossas risadas cessaram e um silêncio caiu entre nós. – Eu sempre passo errado – ela disse, mas Beth nunca tinha passado filtro em mim?

– Erm, sim, claro – Quinn hesitou em aceitar, mas moveu-se para se sentar atrás de mim, ainda sentada na toalha. – Você pode se sentar um pouco mais alto? Nos seus joelhos, talvez?

– Ok, sim – eu concordei, tirando Beth do meu colo e a colocando na minha frente, e sentei em cima dos meus joelhos para ficar numa altura boa para Quinn. Eu não tinha certeza que nós duas tínhamos pensado na melhor posição para fazer aquilo. Ela deixou escapar uma tosse leve ao perceber que ela posição era um pouco comprometedora, então ela se levantou em seus joelhos e começou a massagear o filtro solar nos meus ombros e na parte de cima das minhas costas, evitando as alças do meu biquíni completamente.

– Eu devo passar na parte de baixo das suas costas também? – Ela perguntou hesitantemente, e eu murmurei minha concordância. Suas mãos fazem mágica na minha pele e eu não pude deixar de, silenciosamente, agradecer Beth pela ótima ideia. Quinn usou seus dedos para massagear a loção na minha pele e, cada vez que ela espalhava o filtro, seus dedos moviam em direção as minhas laterais, fazendo com que eu me contorcesse. Mais uma vez, ela não se aproximou da borda do meu biquíni para passar o filtro na minha cintura. Normalmente, aquela minha região queimava com facilidade, mas eu sabia que Quinn não iria querer ultrapassar os limites que ela própria impôs a si.

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– Você quer fazer uma caminhada antes de irmos embora?

Já tinha passado uma hora desde que Quinn tinha passado o filtro solar em mim, e ela tinha voltado a agir na sua habitual maneira tímida. Eu não tivera a oportunidade de falar com ela a sós desde que chegamos. Nem mesmo havia algo específico para eu discutir com ela, mas, no pouco tempo desde que a conheci, eu já tinha notado o quanto ela era interessante e única, e eu queria ter a oportunidade de conhecê-la mais. Eu queria conhecer cada pedacinho dela.

– Sim, claro – Quinn levantou-se de onde ela estava sentada brincando com Beth e com as conchinhas que elas tinham encontrado. – Vamos? – Ela levantou seu braço para apontar na direção do mar.

– Então, eu achava que você não gostava de praia? – Eu a perguntei enquanto caminhávamos na areia, com um sorriso no rosto. – Mas parece que você se divertiu hoje?

– Eu nunca tinha vindo a praia – ela deu os ombros. – Eu apenas presumi que eu não gostava. Mas eu realmente me diverti. Obrigada por me trazer aqui. Obrigada por me fazer sentir tão culpada quando eu disse que eu não queria vir – nós duas rimos daquela memória.

– Não tem de que! – Eu pisquei de maneira convencida. – Eu não acredito que você nunca veio a praia.

– É, bem, eu nunca me senti confortável. E para ser completamente honesta, ainda não me sinto. Quero dizer, eu estou bem agora, mas acho que sempre ficarei incomodada em situações assim.

– Você precisa mudar muitas coisas na sua vida? Você pode fazer o que tem vontade ou você deixa de fazer coisas porque se sente desconfortável em algumas situações? – Nós estávamos caminhando paralelamente ao mar, nossos dedos mergulhando na água rala quando as ondas avançam na areia, e ela parecia tão em paz naquele momento que eu não queria deixá-la constrangida, mas eu sabia que até certo ponto ela se sentia bem em dividir algumas coisas comigo. Tudo dependia do quanto eu poderia questioná-la para que ela começasse a ficar incomodada.

– Minha vida sempre foi bem estranha por causa da minha condição, mas eu aprendi a me adaptar. Hoje eu não mudo nada na minha vida, mas isso é porque eu já tive que alterar muita coisa na forma com que eu vivo em comparação aos outros, desde o começo, então eu me acostumei. Eu tenho uma vida 'normal', mas eu preciso evitar ser descoberta porque, acredite, não é nada bom quando isso acontece. Não aconteceram muitas vezes, mas isso destrói você, é horrível. Existe obviamente um grande estigma relacionado a intersexualidade; muitas pessoas não entendem, então elas discriminam. Eu tento evitar, porque tenho medo que todos que eu conheço sejam assim – ela explicou, seus olhos nunca deixando a areia sobre a qual caminhávamos.

– Então, não ir à praia? Essa foi uma das coisas que você deixou de fazer para evitar ser descoberta?

– Eu apenas não me sinto confortável nessa situação. Tipo hoje, eu estou usando bermudas largas nesse calor escaldante, simplesmente porque eu não me sentiria bem usando algo menor. Eu não posso usar nada muito justo porque fica óbvia a minha condição. Eu obviamente não posso nadar ou ir à academia em razão do vestiário. Meu corpo é muito feminino para eu ir no vestiário masculino, mas eu tenho um pênis e isso é inapropriado para o vestiário feminino. Então, sim, eu preciso fazer algumas mudanças na minha vida. Eu nunca aprendi a nadar por causa disso. Eu nunca pude fazer aulas de natação quando mais nova, então eu provavelmente me afogaria se eu fosse jogada na piscina.

– Isso é... Uau. Eu não vou nem fingir que eu entendo como você se sentiu enquanto crescia. Ou mesmo agora. Deve ter sido uma merda.

– Sim – ela deixou escapar uma risada inocente diante do meu choque. – Foi uma merda. Mas, como eu disse, foi assim que eu vivi toda a minha vida. Eu não sinto que eu preciso mudar mais nada da minha vida porque esse já é o meu normal.

Como aquela mulher conseguia aceitar tudo sendo diferente em sua vida era incrível. Ela, é claro, não gostava de viver daquela forma, mas ela considerava normal e ainda ria daquilo. Ela era muito forte. E muito corajosa. E eu sequer sabia toda a sua história.

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Nota da tradutora: até aqui a história foi bem introdutória, mas a partir do próximo capítulo as coisas começam a acontecer para Camren(Faberry), e eu estou doida para vocês chegarem nessa parte e gostarem tanto quanto eu – ou assim espero.

Minhas notas: Então.. até aqui vimos o modo como as pessoas querendo ou não são totalmente alheias a esses assunto. Tiramos a Santana como exemplo. Infelizmente isso não acontece somente em historias. Isso acontece na vida real. Enfim.. espero que tenham gostado. Obrigada a quem vem acompanhando, comentando e votando! <3

Até Quarta, kids!

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