Sete mundos de Mariana

By RaphaelAlves

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Me vi sozinha envolta pelas sombras daquela floresta. Estava com frio, fome e medo. Então uma fraca explosão... More

Prólogo
O começo do fim.
Oceanos Profundos.
Mentiras
De volta ao passado.

Tudo tem seu começo.

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By RaphaelAlves

N/A: Então pessoal, esse capítulo é bem grande, e os próximos irão seguir este estilo, apenas variando um pouco o tamanho ao passo em que eu decidir ser mais condicente com o que está acontecendo na trama. Espero que gostem, tenham uma boa leitura.

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E de repente eu estava caindo no infinito, vi minhas asas pegando fogo e milhares de plumas voarem a esmo enquanto meu corpo se desintegrava em mil pedaços.

- Aparentemente foi o mesmo assassino, Delegada – o técnico forense deu apenas uma rápida olhada no local do crime e já havia identificado o modus operandi.

- Como você pode ter certeza João? Você nem olhou direito – A delegada era conhecida por ter uma cara de quem tem poucos amigos, e após ele constatar que era o assassino, sua cara ficou mais fechada ainda. – Dá uma olhada nisso ai de novo – era perceptível um tom de súplica em sua voz, pedindo para que não fosse o mesmo assassino.

Helena sempre foi uma excelente aluna por toda sua carreira, nunca tirou uma nota abaixo de 10, costumava se gabar pelo seu trabalho que era sempre bem executado, beirando a perfeição, mas há alguns meses estava tendo dores de cabeça com esse novo caso que apareceu para ela. Esse assassino passou por no mínimo, 10 investigadores e nenhum deles conseguiu resolver o mistério, confessou o diretor geral do D.P.F.B – Departamento de Polícia Federal do Brasil, antes de dar o caso a ela.

- Infelizmente não tem mais o que analisar aqui, o modus operandi é o mesmo. Mulher com tiro no coração e homem na cabeça, e a criança como sempre, do sexo feminino, desaparecida.

Antes que ele pudesse continuar a falar, um sinalizador foi atirado no meio do milharal, e todos começaram a correr e cortar através das folhas para chegar no local. A cena que veio a seguir não é para corações fracos, o investigador não havia encontrado o corpo da criança desaparecida, mas sim pedaços dela.

O investigador chefe, João, passou por todo mundo até o tufo de couro cabeludo que boiava em uma poça de sangue. Ninguém se atreveu a chegar perto do local, para não contaminar qualquer evidência que poderia conter. A medida que ia chegando mais perto seu rosto ia mudando.

- Já vi muita coisa nesse mundo, mas isso é demais – ele estava agachado perto da poça de que continha não somente o tufo de cabelo, mas também outras partes do corpo da garota – já tiraram todas as fotos? – Ele olhou ao redor – bom, já que todos concordaram, me dêem os sacos, vou colocar tudo isso aqui para gelar.

Ele foi pegando cuidadosamente os pedaços da criança enquanto a delegada observava tudo como se fosse a coisa mais natural que poderia existir.

- Você não fica chocada? – Perguntou Pedro, outro técnico forense – Quando você se aplica para trabalhos como esse, tem que estar preparado para coisas como essa, mas tem vezes que acho simplesmente um pouco demais.

- Pode me chamar de fria ou do que você quiser, antes disso minha vida era um porre. Todo dia eu acordo e me pego desejando secretamente que alguma pessoa morra brutalmente assassinada para eu ir investigar – ela falou demonstrando culpa em seu rosto – mas no final do dia também me pego pensando se sou uma pessoa ruim por desejar isso, ou só sou mais uma querendo um bocado de aventura para minha vida.

Ele ficou boquiaberto e antes que pudesse pensar em responder algo ela foi mais perto de João para averiguar a severidade da situação.

- Então, o que acha? – Ela tampou o nariz e tentou espantar os mosquitos. O cheiro de sangue estava insuportável.

- Acho que você tem o que queria – ele falou observando uma lasca de osso que segurava por uma pinça – não sei se é ele.

Helena sentiu uma pontada de felicidade subir pelo seu estômago, mas teve que a controlar.

- Ele nunca deixa nenhum rastro da criança.

- Exatamente.

- Então porque você acha que ele deixaria agora? – Ela se agachou para observar melhor a lasca de osso que ele tanto observava.

- Tempo... Ele não teve tempo – os dois se encararam, a delegada sabia o que ele quis dizer, mas não estava conseguindo ligar os pontos, pois sentia que havia alguma peça solta.

- Mas... isso é estranho, como ele pode não ter tempo? Quer dizer... não teria ninguém aqui para ver ele fazendo isso, estamos a 10 quilômetros de qualquer casa – ela chegou mais perto para observar o pedaço de osso e levou um choque ao perceber marcas de dente nele.

- É um pedaço do crânio – ele falou sorrindo – não é possível alguém quebrar um crânio com o dente sem ter lascado ele em si.

- Alguma coisa está errada aqui, e pelo amor da luz elétrica coloque tudo isso numa sacola que eu não quero passar mais cinco minutos aqui, meus sapatos Louboutins estão gritando por socorro! – Ela saiu andando em direção a casa balançando os pés, tentando tirar o sangue impregnado na sola dos sapatos.

O clima estava pesado. Era mais um crime no espaço de uma semana um do outro. E isso preocupava Helena, pelo primeiro motivo de que o assassino poderia ficar mais confiante ao ver que a polícia não havia nenhuma idéia de quem fosse, e segundo que para ela agora isso estava se tornando um desafio pessoal.

Ela se reuniu com o pessoal na casa enquanto via os corpos da mãe e do pai sendo carregados para dentro da van de uma funerária.

- Quem vai pagar pelo enterro?

- Eles têm parentes na cidade de São Paulo, vão ir de avião – disse Luana, uma das investigadoras.

- O que será que leva uma pessoa a fazer isso? – Pedro chegou na conversa, passando direto pelo grupo e indo para dentro da casa tirar as últimas fotos do quarto da criança.

- Eu fico me perguntando o que leva uma pessoa a vir morar no fim do mundo quando se tem parentes na cidade – Luana falou alto o bastante para que Pedro ouvisse de lá, e ele replicou.

- Se tivesse dinheiro eu com certeza moraria no interior – Falou Pedro, vindo do corredor da casa com uma mala na mão.

- Mesmo depois de tudo que você viu nesses últimos meses? – Replicou a delegada.

- É como dizem Helena, eu, você, dois filhos e uma arma – todos na roda começaram a rir.

- Acho tão estranho a gente conseguir rir em uma situação dessa – Luana se mostrava desconfortável desde que chegou na cena do crime, embora fosse uma ótima investigadora, as vezes sua consciência levava o melhor dela.

- Também não sei, acho que é o nosso melhor jeito de quebrar a tensão do local – Os dois sorriram um para o outro.

- Bom, vamos terminar o dia – falou a delegada se dirigindo para a estrada, por um pequeno caminho que cortava todo o milharal.

Enquanto entra no carro ela percebe o quão difícil foi o dia, quando suas costas estralaram ao sentar no banco. Sem dúvida era o momento mais estressante da carreira dela. Quando pegou a estrada decidiu ligar para seu marido e checar as coisas para ver se estava tudo bem por lá. Com alguns cliques no painel do carro ela já estava discando para ele.

- Alô? – Ela deu um sorriso enorme, para ela a voz do Jason era mais do que precisava para acalmar o coração.

- Oi meu bem! Então, tô ligando só pra checar se tá tudo bem por ai, você comeu o que eu deixei?

- Tá tudo bem sim, só não tive tempo de comer – ela conseguiu ouvir o estomago do marido roncar – o trabalho tá pesado, e por aí?

- Bom, nada que eu posso te contar por telefone, mas infelizmente é ele de novo – ela suspirou, pode-se ouvir Jason engolir seco pelo outro lado da linha – tudo bem?

- Sim, é que... realmente é estressante pensar que nosso filho vai nascer num mundo assim, ainda bem que ele tem pais iguais a nós.

Antes que Helena pudesse responder qualquer coisa, a ligação foi cortada. E de repente uma grande explosão foi possível ser escutada, quando ela olhou para a janela, todos os carros na sua frente haviam parado, e no topo da serra uma torre de comunicações caía, rolando morro abaixo levando tudo consigo. Aparentemente o dia não havia terminado. Helena olhou para o relógio, e bufou. Chegaria atrasada para o jantar novamente.

Ela pegou um desvio na estrada que levava direto aí centro do acidente.

Quando chegou no local, já havia policiais dando cobertura, ela apenas mostrou seu distintivo e eles a deixaram-na passar. O estrago que essa queda fez foi violento, havia uma trilha de chamas por onde ela caiu. Ela saiu do carro e foi falar com o oficial mais próximo que havia.

- Como isso foi acontecer? – Ela perguntou enquanto olhava sem qualquer idéia do que fazer.

- Delegada – o oficial apertou sua mão – colocaram explosivos na base da torre.

- EXPLOSIVOS? – Isso explicava toda a destruição, essas torres foram feitas para resistir bombas, quem quer que fosse, teve belo de um trabalho – Eu não tenho cabeça para resolver isso agora.

Helena pegou seu celular e discou direto para o subdelegado, mas isso não foi necessário, pois ele já estava no local.

- Helena! – Ele gritou do outro lado da multidão que vinha saber o que tinha acontecido.

- Lucas – ela foi até seu encontro – aparentemente foi um atentado – ela suspirou – as coisas não podem ficar piores.

- Nunca diga isso, elas podem e vão ficar piores. Recebemos uma denúncia anônima falando que uma bomba iria ser detonada a 10 minutos atrás, mas a pessoa não falou onde que era.

- Você acha que consegue segurar essa barra até amanhã quando eu chegar? – Ela falou com os olhos arregalados, quase implorando para que ela pudesse ir para casa.

- Claro, vou pedir reforço para a força tarefa, caso precisem – ele apenas acenou com a cabeça para ela e foi ajudar os policiais.

Helena não podia agradecer mais, ela voltou para o carro e dirigiu direto para casa. Ela sentia que não havia nada melhor do que chegar em casa e tirar seus sapatos e abraçar o homem da sua vida.

Quando ela abriu a porta de casa, sentiu um delicioso aroma invadir o hall de entrada, e foi correndo para a cozinha. Jason estava cozinhando um delicioso fricassê.

- Você fica lindo com avental, sabia? – Ela sorriu carinhosamente, ele veio em sua direção lhe abraçar – antes que você venha me abraçar eu tenho que tomar banho, sério.

Ele parou no meio do caminho e começou a rir.

- Quero saber de tudo – falou Jason em tom mais alto para que ela pudesse lhe ouvir do banheiro.

- Sério? Quer saber como encontramos o corpo de uma criança? – Ela falou ironicamente.

- Sua vida é mais interessante que a minha.

- Bom, adivinha, não tinha corpo – quando ela falou a última palavra, lhe veio um calafrio por sua espinha, e ela conhecia aquele sentimento muito bem. De repente todos os pontos se ligaram em sua cabeça.

Saindo nua, correu até a cozinha e pegou o telefone de parede e começou a discar freneticamente. Jason parou de cozinhar apenas para ver a loucura da esposa.

- Você tá bem? – Ele botou as mãos nos ombros dela.

Ela não obteve resposta, apenas caixa postal. João não havia chegado em casa ainda, provavelmente estava pego no transito por causa da torre, então não tinha outra solução a não ser deixar uma mensagem.

- João, descobri o porquê de o corpo estar no meio do milharal, me liga o mais rápido possível.

Depois dessa loucura, ela colocou o telefone no gancho e deu uma olhada para seu marido que a observava como se fosse a maior louca de todos os tempos.

- Acho que você tem que parar nas drogas, Helena – ele começou a rir e logo voltou a cozinhar, e ela, voltou para o banheiro. Terminando de se banhar, colocou apenas roupas intimas e uma camisola quase transparente.

Quando chegou na sala de jantar viu em cima da mesa um belo banquete, pelo menos é o que parecia no momento de fome, ela não comia nada desde meio dia. Um fricassê de frango com bacon, era tudo o que a sua barriga pedia, podia não ser nutritivo, mas era gostoso.

- Antes que você sente, acho que está esquecendo de algo – ele apontou para a bochecha.

Ela deu a volta a mesa e deu apenas um beijo em seu rosto.

- Se estiver gostoso mais tarde terá mais – ela falou maliciosamente enquanto voltava para sua cadeira, e começou a se servir. Os minutos foram se passando, e a única coisa que se ouvia na casa era o som da prataria se mexendo à medida que iam cortando e comendo.

- Então, vai me contar como foi? – Disse Jason enquanto limpava a boca com um guardanapo, parecendo bem curioso.

- Nunca vou entender essa curiosidade sobre meu trabalho – ela falou terminando de engolir e apontando o garfo para ele.

- Sou um arquiteto e você uma delegada, qual dos dois tem a vida mais interessante?

- Touché – ela colocou os talheres em cima do prato, tomou um gole de agua e continuou – bom, não foi nada bonito. Como eu te disse, a gente achou o corpo dessa criança, nós não sabemos se é mulher ou homem, mas acho que é mulher.

- Só pelo fato dos outros assassinatos todas as outras vítimas crianças serem mulheres? – Ele levantou uma sobrancelha.

- Bom, principalmente. Geralmente eles se mantêm fiéis aos seus modus operandi. Você tinha que ver, a cena era bem... olha, eu já vi muita coisa nessa vida, mas acho que eu estou lidando com algo muito mais perigoso – os olhos de Helena não mostravam preocupação, nem medo.

Jason estava surpreso com a frieza de sua esposa, mas de todas as coisas do mundo, uma ele tinha certeza: Helena até poderia ter uma carcaça fria, mas o coração era quente.

- Continue – ela deu uma parou por um instante para ter a certeza que ele tinha entendido, e assim que ele falou, Helena continuou.

- Então... tinha uma poça de sangue com alguns dos restos mortais da criança – ela se debruçou para frente – lá tinha pedaços do seu coração, alguns ossos quebrados que parecem que foram arrancados, porém o mais impressionante...

Jason estava quase subindo na mesa de tanta curiosidade. Helena jurou que podia ter visto um flash vermelho passar pelos olhos verdes de seu marido.

- Continua – era possível ouvir o coração dele batendo de tanta excitação.

- O mais impressionante é que alguém arrancou o couro cabeludo dela e conseguiu quebrar um pedaço do seu crânio com o DENTE! – Ela arregalou os olhos e abriu um sorriso maníaco – eu realmente acho impossível que alguém tenha conseguido quebrar o crânio de alguém com os dentes sem que tenha quebrado alguns, ou no mínimo, lascado – ela finalmente encostou e soltou um sorriso de triunfo, como se tivesse contado a melhor história de todas.

- Então tinha marcas de dente nos outros ossos? – Ele perguntou com os olhos arregalados, também apresentando um sorriso maníaco, mas o dele era diferente, era sempre mais...

Helena não falou nada, apenas assentiu com a cabeça.

- Caralho! Preciso de tempo para digerir isso – ele limpou a boca novamente – então, estava bom?

- O corpo? – Helena se assustou.

- A janta – ele sorriu.

- Ah sim... acho que você merece aquele outro beijo – ela deu uma piscadela.

- Somente um beijo?

- Talvez mais dois, então é só isso.

Ele se levantou, pegou-a no colo e foram direto para o quarto.

Helena acordou seis horas da manhã totalmente devastada pela noite anterior, não pelo sexo maravilhoso que ela e Jason tiveram, mas sim por causa de pesadelos que teve. Ora sonhava que estava se afogando, e ora sonhava que estava andando com uma pequena garota de cabelos negros. Tudo que conseguia se lembrar é que em qualquer um dos sonhos sempre vinha um homem alto o qual não conseguia ver o rosto, e a levava mais para baixo, ou levava a garotinha que defendia por algum motivo, com dentes e unhas.

A primeira coisa que fez ao se levantar foi pegar o celular, e não se impressionou quando viu mais de 300 mensagens, ela foi direto para o banheiro com o celular na mão, e enquanto se banhava colocou o próprio mensageiro para ler as mensagens em voz alta, praticamente todas eram do desabamento da noite passada, mas isso não a interessava, o que realmente a chamou atenção foi a mensagem de João, que falava que tinha descoberto uma terceira vítima, e que era necessário a atenção dela o mais rápido possível.

Jason sempre acordava tarde, mas Helena não se preocupava com isso. Ela escolheu ser delegada, então sempre tinha alguma coisa a se fazer na parte da manhã, uma vez ou outra ela conseguia uma manhã menos apertada, mas isso era coisa de uma vez na vida e outra na morte. Ela se vestiu bem corriqueiramente, apenas uma calça jeans preta, junto com uma jaqueta de couro preta, com uma regata por baixo, tacou um pouco de maquiagem na cara, prendeu os cabelos castanhos e foi trabalhar o mais rápido possível. Não sem antes dar um beijo em seu marido que dormia pesadamente.

Chegando na delegacia houve um problema com uma criança que estava usando drogas e isso a manteve ocupada enquanto João não chegava. Quando terminou de acertar as coisas com a mãe do garoto, ela os dispensou, tendo feito um boletim de ocorrência e outras burocracias. Assim que abre a porta para acompanha-los até a saída, ela vê João em pé parecendo bem nervoso.

- João o que aconteceu? – Ela foi até ele e tentou o acalmar.

- Eu descobri, você tem que vir para o laboratório – ele não deu tempo de ela falar, apenas saiu pela porta e ela o seguiu. Desceram três quarteirões até chegarem no laboratório, e João parecia um cientista que acabava de criar sua obra prima. Quando chegaram até a sala onde dissecavam os corpos, ela viu separado em uma mesa todos os ossos e pedaços de carne encontrados na poça de sangue.

No minuto seguinte ela já estava de luvas observando os pedaços.

- Eu sabia – ela falou com triunfo – esses ossos não são da criança, não é mesmo? – João sorria de orelha a orelha ao perceber que ela teve a mesma revelação.

- O assassino some com as crianças, e essa não era a criança que ele estava atrás – os dois se olharam, e cada um sabia exatamente o que passava na mente do outro.

- Eu aposto todas minhas cartas que esse carinha aqui tentou ajudar a garota, e ainda digo mais, Helena, acho que estamos lidando com um canibal – o clima na sala automaticamente ficou tenso.

Pedro entrou no laboratório, trazendo uma prancheta amontoada de papeis e anotações em amarelo.

- João, fiz a análise para você, só existe dois tipos de DNA aí. O encontrado na bancada e no chão, ou seja, o da garota quando foi esfaqueada, e o sangue do próprio garoto – ele suspirou de desagrado – depois que todo mundo foi embora eu resolvi voltar para a cena do crime, e ver se continha algo a mais – ele sorriu – e encontrei isso preso em uma espiga de milho – ele tirou do bolso um fraco com três fios de cabelo loiros.

Todos na sala sorriram, e finalmente depois de vários meses de trabalho, uma pista solida do paradeiro do assassino.

- E então? – Perguntou Helena, na beira do desespero – você testou?

- Sim, eu testei com todos que eu conheço, mas não veio nenhum resultado – ele ficou xoxo novamente – e rodar isso no banco de dados vai levar meses, ainda mais que o programa ainda está em desenvolvimento.

- A gente pode ter pelo menos alguma indicação de como ele é? – João perguntou, sem esperar muito de volta.

- Bom, pelo menos nós sabemos que ele é alto e tem cabelos castanhos – ele olhou para o frasco.

- Acho que não temos mais nada para fazer agora. Bom, vou voltar ao caso da torre explodida se me permitem – falou Helena um tanto desapontada enquanto saia do laboratório e era seguida por Pedro – posso te ajudar em algo?

- Na verdade eu posso te ajudar – ele deu um sorriso – um pessoal do TI me enviou uns arquivos e falaram para te passar.

- Como que o pessoal da TI que deveria ter contato com a Delegada passa informações para um investigador? – Ela questionou com certo humor na voz.

- Uma boa dose de piadas e 20 reais para cada – ele riu enquanto entregava para ela os arquivos.

Enquanto olhava os arquivos, Pedro veio falando um monte de baboseiras que ela não prestou atenção e acabou o dispensando.

- Isso é coisa séria – murmurou para si mesma à medida que entrava para seu escritório. Antes mesmo de sentar na cadeira, ela pegou o telefone de mesa e discou para o subdelegado, já era oito horas da manhã, e ela queria ver tudo o que podia ser visto antes do almoço.

- Lucas, preciso de você no meu escritório – ela falou rispidamente.

- Um bom dia seria legal.

- Também seria legal eu não ter recebido um dossiê da explosão da torre pelo meu investigador que não tem nada a ver com o assunto – pelos conteúdos contidos nos arquivos agora não era momento de se brincar.

- Já estou indo.

Ele não demorou nem dez minutos e já estava batendo na porta do escritório, vestido todo de terno azul escuro, ele era encarnação de burocracia.

- Entre – ela falou, e ele lentamente entrou com uma pasta debaixo do braço.

- Espero que aí dentro dessa pasta tenha seu relatório, e não uma merdinha que qualquer estagiário fez – ela tacou os arquivos em cima da mesa como se fossem nada.

Ele não a respondeu, apenas sorriu e sentou na mesa. Quando ele abriu a maleta, virou-a diretamente para ela, de modo que as câmeras da sala não pudessem ver o conteúdo dela.

Helena estava totalmente estuporada com o teor daquelas fotos, e se perguntava como um zero à esquerda como esse teve acesso a isso.

- Você não está sozinho nessa, está? – A curiosidade de Helena e seu background profissional falava mais alto do que o seu bom senso numa situação como essa.

- Isso não é da sua conta, querida – ela sabia que ele estava em total controle da situação, e pela primeira vez na vida ela se sentiu desafiada.

Quer brincar então? Cai pra dentro – ela pensou enquanto relaxava no encosto da cadeira.

- O que você quer? Dinheiro? Reconhecimento? Você bem que poderia usar um pouco de reconhecimento – ela debochou enquanto viu a cara dele se fechar.

- Olha aqui sua piranha de quinta – ele se levantou e apontou para a cara de Helena.

- Acho que você deveria se acalmar, ainda tem câmeras aqui – ela deu apontou para a câmera com a cabeça. Lucas poderia estar no comando, mas ela sabia quais eram seus pontos fracos, e um deles era quando questionavam sua autoridade.

- O que você quer? – Ela falou, o sorriso se abriu no rosto de Lucas novamente, e ele se sentou.

Esse cara tem problemas psicológicos sérios, como ele conseguiu passar pelo psicotécnico?

- Que você se mantenha longe das investigações dos assassinatos – ele sorriu.

Os olhos de Helena se arregalaram. Será que estou olhando direto para o assassino?

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Então! Muitas emoções nesse capítulo! Aposto que já sabem quem ela está investigando não é mesmo? E que vadia com coração de pedra ela é!

Qualquer erro que encontrar, por favor, sinta-se a vontade para falar nos comentários! Se tiver alguma crítica, coloca lá também, eu adoraria ler!

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