The Donor - Faberry

Od Lookafterachele

46K 2.2K 582

A filha de Rachel quer saber quem é seu 'pai'. Como Rachel pode explicar à menina que 'seu pai' é, na verdade... Více

01.
02.
04.
05.
06.
07.
08.
09.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
29.5
30.
31. Epílogo

03.

1.5K 94 40
Od Lookafterachele


Hello!!




THE DONOR

de wishfxlthinking

Capítulo 3



Rachel POV

Quinn e Beth ficaram abraçadas, apertando uma a outra, por cinco minutos antes de se afastarem com Quinn dando beijos estalados na testa da nossa filha. Eu e Quinn tínhamos lágrimas ainda caindo dos nossos olhos enquanto observámos o sorriso de Beth se alargar ainda mais diante do carinho de Quinn.

– Você é tão linda, Beth.

– Você tem os mesmos olhos que eu, mamãe. E você tem isso aqui – ela apontou para o bico de viúva de Quinn – igual a mim!

Beth se virou então para Michele, pegando na mão de Quinn e caminhando até a mais nova:

– Mi, essa é minha nova mamãe. O nome dela é.... – ela franziu a testa, não conseguindo lembrar qual era o nome. – Qual o seu nome, mãe? – Ela sussurrou no ouvido de Quinn, mas foi alto o suficiente para todas ouvirem.

– É Quinn – ela respondeu no mesmo tom de voz.

– Michele, essa é a minha nova mamãe, Quinn – ela anunciou com orgulho. – E essa é a Michele – ela disse para Quinn apontando para a garotinha mais nova – e ela é a minha melhor amiga.

Quinn sorriu. Ela apenas sorriu. Os olhos dela não saíram de Beth por nenhum segundo, fitando-a com tanto carinho e com tanto amor. Ela olhava para a pequena da mesma forma que eu fazia. Como uma mãe olhava.

– Ma, posso ter duas mães? – Eu ouvi Michele perguntando a Sant, o que fez todo mundo gargalhar, o que acabou interrompendo meus pensamentos.

– Não, amor. Porque, adivinha só, você tem um pai. E é justamente ele quem nós vamos visitar agora. Nós vamos nos divertir com o papai e vamos deixar Beth aqui com a tia Rach e a Quinn – Santana explicou.

– Mas a Quinn vai ficar aqui? – Michele perguntou com certo lamento.

– Sim, minha mamãe vai ficar aqui comigo!

Quinn olhou para mim pela primeira vez desde que ela e Beth se encontraram. Mais uma vez, todo o carinho e amor que ela sentia estavam evidentes em seu rosto. Saber que eu tinha feito tanto ela quanto Beth felizes com esse encontro era uma sensação incrível. Era como se aquilo fosse tudo que importava. Como se desde aquele momento Quinn fizesse parte da nossa família. E aquilo não causava uma sensação estranho para mim, talvez diferente, mas não estranha. Parecia ser o certo.

Eram quase cinco da tarde quando Santana finalmente conseguiu tirar Michele de casa enquanto a menor protestava que queria ficar com Quinn porque "eu posso ver o papai qualquer dia" – apenas para Beth responder que "sim, mas agora nós podemos ver a Quinn todo dia também!". Depois de ter visto Michele tantas vezes a sós com o seu pai, Beth estava realmente persistente para que todos saíssem para ela poder passar um tempo sozinha com Quinn.

– Beth tem escola amanhã? – Quinn me perguntou quando nossa filha correu para o seu quarto, provavelmente para buscar todos os brinquedos que ela possuía na esperança de que Quinn brincasse com ela com algum. Mas a verdade era que Quinn faria o que quer que Beth quisesse; ela brincaria com qualquer brinquedo que fosse dado a ela já que aquilo faria ambas felizes.

– Sim, ela tem. E normalmente eu ficaria até bem feliz com isso porque só assim para eu conseguir trabalhar e fazer minhas coisas sem pressa, mas ela vai resistir a ser colocada na cama hoje porque isso significa que ela não vai estar com você – ela me deu aquela risadinha infantil novamente e eu não consegui deixar de sentir um certo orgulho sabendo que fui eu quem causei aquela reação. Ela tinha uma risada linda.

– Ah, que pena. E é um pouco tarde agora. Você acha melhor ficarmos por aqui em vez de sairmos para fazer algo?

– Sim, provavelmente. Mas ela só vai ter aulas por mais uma semana e então terá férias por duas semanas, então se você quiser fazer planos para as férias de primavera*, iria ser perfeito – eu ofereci uma solução. – Então hoje à noite, eu poderia apenas fazer o jantar enquanto você e Beth passam um tempo juntas?

*Traduzi para férias de primavera o termo "spring break" – que não temos no Brasil. É um recesso que os alunos têm por duas semanas em março/abril, no começo da primavera no hemisfério norte.

– Mas eu gostaria de passar um tempo com você também, – senti minhas bochechas corarem – mas passar um tempo com Beth seria muito bom. Eu me ofereceria para cozinhar para vocês, mas eu não quero envenenar a minha filha no primeiro dia que a conheço.

Nesse momento, Beth entrou na sala arrastando consigo uma caixa lotada com todos seus brinquedos favoritos, material para desenhar e jogos de tabuleiro, e isso apenas intensificou a risada que Quinn e eu compartilhávamos após seu último comentário sobre seus dotes culinários. Nossa filha puxou a caixa para a frente de Quinn, que ainda permanecia sentada no chão – e eu notei que ela nem tinha se dado conta que estava sentada ali desde seu encontro com Beth.

Quando Beth começou a tirar seus brinquedos da caixa, eu fui para a cozinha e comecei a andar de lá para cá enquanto preparava o nosso jantar, querendo também passar um tempo com as garotas. Depois que Quinn se mostrou animada ao descobrir um jogo de Jenga entre os brinquedos, Beth não quis saber de mais nada exceto jogar aquilo. Desde já era possível notar que Beth queria fazer tudo que Quinn quisesse. Quando Quinn bebia do suco que eu tinha feito para ela, Beth bebia também. Se Quinn demonstrasse interesse em um dos brinquedos, aquele se tornava imediatamente o favorito de Beth.

Por isso que não foi nenhuma surpresa quando eu me vi sendo caçoada por elas duas – que tinham se unido em uma dupla contra mim – por causa das minhas habilidades medíocres em Jenga. Veja bem, eu tinha muita pouca paciência apesar de normalmente ter de lidar com três crianças (incluindo Santana e Michele), e seria óbvio que, em um jogo de coordenação, minhas habilidades seriam abaixo da média. Algo que as duas acharam hilário. Eu perdi os dois primeiros jogos, e não foi por pouco. No entanto, no terceiro e no quarto jogos no nosso desafio de "melhor de cinco", Beth estava rindo e sorrindo demais para poder se concentrar e acabou derrubando todos os blocos do jogo. Apesar da risada, ela desculpou-se com Quinn todas as vezes por fazê-las perderem, o que a fez ganhar uma punição de cosquinhas.

Apenas no quinto e último jogo eu vi o quanto Quinn era competitiva.

Depois das cosquinhas, Beth ainda estava muito hiperativa para se concentrar e elas iriam perder o jogo mais uma vez. As peças já estavam vacilando, mas com a minha recém-desenvolvida habilidade no jogo (que surgiu do fato de que eu estava muito próxima de vencer), eu sabia que eu poderia colocar mais uma peça. Quinn tinha suas pernas estendidas ao lado do bloco de Jenga, com Beth em seu colo. E, bem quando eu ia colocar minha peça em cima do bloco, Quinn sutilmente deu uma cutucada na base do bloco, causando a queda da torre no chão e fazendo parecer como se fosse a minha culpa.

Eu estava muito próxima de estar com raiva dela porque eu era uma péssima perdedora, mas depois de tirar as mãos do rosto eu vi que ela tinha levantado a nossa filha no colo, as duas rindo e gritando e se chamando de "vencedoras". E naquele momento eu não me importei de ter perdido um jogo no qual eu finalmente estava começando a ser boa, eu apenas queria olhar para aquela imagem mais uma vez. Minhas meninas felizes.

Eu, porém, precisei acabar com aquela festa quando o jantar ficou pronto. Quinn carregou nossa filha para a cozinha, com a pequena se aconchegando nas costas de sua mãe como um pequeno macaco faria. Ela ajudou Beth na sua cadeirinha de criança e ajudou a colocar a comida nos pratos. Ela disse que não era fresca para comer, bastava que fosse comestível para ela provar. Eu, no entanto, era bastante fresca com comida, diferente de Beth, que aparentemente herdou o comportamento alimentar de Quinn.

Durante a refeição, não me ocorreu que eu tinha acabado de conhecer aquela mulher naquele dia. Parecia que eu a conhecia há muito mais tempo. Talvez por ela ser tão parecida com Beth em seus modos, eu já estava acostumada a ter alguém como ela em minha vida. O que, todavia, me ocorreu durante o jantar foi que aquela cena parecia muito doméstica.

Sant e eu raramente tínhamos a oportunidade de jantar assim com as meninas, considerando nossos turnos na cafeteria, e eu não tinha uma namorada – ou qualquer coisa remotamente próxima a isso – desde que eu tivera Beth. Mas agora eu estava sentada ali, com uma mulher bonita e inteligente e a nossa filha, pensei que nada poderia fazer essa situação mais perfeita do que já era. Nós tínhamos jogado – como uma família. E estávamos fazendo uma refeição juntas – como uma família. E o fluxo da nossa conversa a mesa, e os olhares carinhosos que testemunhei entre minha filha e Quinn tornaram tudo tão mais real; era quase como se eu realmente tivesse a minha própria família.

Quando Quinn questionou Beth sobre a escola, seus olhos nunca deixaram de encarar a menor e seu sorriso em nenhum momento falhou. O amor que Quinn demonstrava para ela era incrível e eu não poderia ter pedido alguém melhor para ter um filho amigo.

Assim que terminamos de jantar, Beth tentou levar Quinn de volta para a sala para pintarem com as suas novas aquarelas e aquilo resultou no primeiro dilema de Quinn como parte daquela família. Ela queria ir pintar com a nossa filha, isso era óbvio, mas ela também não parecia querer me deixar para lavar toda a louça sozinha depois que eu preparei o jantar. O biquinho da nossa filha também não estava ajudando Quinn a se decidir.

– Que tal fazermos assim: eu e Beth vamos lavar a louça, – a pequena fez um lamento, como eu suspeitava que ela faria – e enxugar e limpar a cozinha – ela olhou para Beth quando ouviu o gemido novamente, fazendo Beth rir do rigor encenado de sua nova mãe. – E Rachel, você pode fazer o que quiser. Coloca um filme, tome um banho...

– Você está querendo dizer que eu estou cheirando mal? – Eu a questionei com divertimento, arqueando uma sobrancelha em sua direção.

– O que? Não. Não. Claro que não. Eu não disse...

– Oh, shhh, Quinn, – eu ri do nervosismo dela – um banho vai cair muito bem agora. Então eu vou lá e eu espero que esta cozinha esteja impecável quando eu voltar! – Adverti, apontando para as garotas. Ouvi gargalhadas entre elas enquanto eu me dirigia até o banheiro.

Depois de um banho rápido e de colocar uma camiseta branca e shorts, eu caminhei de volta a sala para encontrar Quinn e Beth pintando com as aquarelas novas. Eu atravessei a sala para adentrar a cozinha para inspecioná-la, mantendo contato visual com dois pares de olhos verdes-esmeralda que me encaravam de volta... até que Beth começou a rir mais uma vez e eu e Quinn fomos despertadas da nossa transe.

Chegou rápido demais o momento em que precisei falar para Beth que ela precisava tomar seu banho e que precisava parar de colorir com Quinn. Chegou ainda mais rápido o choro de Beth e seus soluços. Ela repetiu diversas vezes de que não queria abandonar Quinn e que queria continuar a pintar, o que obviamente me fez sentir como se eu fosse uma péssima mãe ao ter que separá-la da mulher que ela esperou tanto para conhecer.

– Hey, pequena, você disse que você precisa dormir só às 8:00, então por que você não vai rapidinho e toma o banho que você desesperadamente precisa, porque, sejamos honestas, você não está cheirando muito bem – ela sussurrou a última parte no ouvido de Beth, e os cantos dos meus lábios se curvaram em divertimento. – E quando você sair do banho, você ainda tem tempo de assistir a um filme com a sua mãe e eu – Quinn propôs.

– E então você vai me colocar pra dormir?

Quinn mais uma vez aparentou ficar bem emocionada com aquela simples pergunta, mas ela conseguiu esconder a tristeza que refletia em seus olhos para responder a nossa filha:

– Sim, e então eu vou colocar você para dormir.

Beth nem sequer a respondeu. Ela pulou para ficar em pé, agarrou uma das minhas mãos e começou a me puxar até o banheiro. – Vamos, mamãe, eu quero ir rápido para poder voltar e ver um filme com minha outra mamãe.

XXXXXXXXXXXXX

– Então, Beth, o que você achou da Quinn? – Eu perguntei hesitantemente, ainda que a resposta fosse óbvia. Eu tinha acabado de a colocar na banheira e ela brincava com as bolhas enquanto eu a ensaboava, percebendo que ela tinha comida no rosto e nas mãos, além de tinta nas pontas dos seus dedos.

– EU AMEI ELA! – Ela exclamou fazendo um splash na água, rindo baixinho quando a água caiu em cima de mim. – Ela é tão engraçada, mamãe. Engraçada como você. Mais até que você – ela então gargalhou alto quando eu fingi uma descrença exagerada. – Sabe, você é engraçada quando você é atrapalhada e faz besteira, ela é engraçada de prósito.

– De propósito, baby.

– Isso, ela é engraçada de propósito. Que nem daquela vez que ela derrubou a Jenga quando era sua vez.

– VOCÊ TAMBÉM VIU AQUILO? – Eu perguntei alto, em choque, o que apenas fez gargalhadas mais altas ecoarem pelo banheiro.

– Eu amo a mamãe, mas o desenho dela me deixou triste – ela fez um biquinho enquanto eu começava a lavar seu cabelo.

– Que desenho, pequena?

– Aquele que você sentou em cima – os lábios dela formaram um pequeno sorriso, apesar da tristeza evidente em seus olhos.

Eu procurei o desenho e percebi que era uma pintura que Quinn deveria ter feito enquanto eu tomava banho. Apesar de ela provavelmente não ter gasto nem cinco minutos nele, o desenho estava muito bom – e este era provavelmente outro talento que ela passou para Beth. Eu demorei alguns segundos para perceber o porquê daquele desenho ter entristecido Beth, mas então eu entendi. No desenho, havia duas pessoas, uma mãe e sua filha, a filha era claramente Beth porque ela tinha olhos verdes e estava nomeada, e a mãe que eu presumi ser Quinn. Elas caminhavam por um parque e Quinn tinha desenhado um sol e uma cesta de piquenique próxima a elas. Acontece que Quinn tinha pintado a mãe com o mesmo vestido florido que eu usara mais cedo e com suaves olhos castanhos em vez de penetrantes olhos verdes. Quinn tinha me desenhado, e não ela própria.

– Beth, você está triste porque ela me desenhou e não desenhou ela própria? Ou você está triste porque ela não desenhou eu e ela?

O fato da minha filha ter abaixado a cabeça em tristeza e não a levantado como defesa respondeu minha pergunta. E aquilo me trouxe um monte de perguntas à mente. Quinn não se considerava parte da família? Eu sabia que nós tínhamos nos conhecido naquele mesmo dia, mas era fodidamente óbvia a conexão que havia entre nós.

– Eu vou perguntar a ela mais tarde se você quiser. Mas agora, vamos sair dessa banheira para você assistir um filme com a Quinn – aquilo provocou um grande sorriso nos lábios da minha pequena mais uma vez. Eu odiava vê-la triste. – Você é ainda mais linda quando você sorri, Beth.

– Que estranho, – Beth disse balançando a cabeça – porque isso foi o que a mamãe falou sobre você quando você estava cozinhando.

Depois de colocar uma calcinha limpinha e um roupão de tigre com capuz que eu tinha levado até o banheiro, Beth correu de volta a sala de estar onde Quinn a esperava.

Quinn havia dito que eu era linda. Aquelas borboletas em meu estômago definitivamente não iriam embora logo.

XXXXXXXXXXXX

Depois nós nos sentamos no sofá para assistir Tarzan, que era o meu filme preferido e o de Quinn também. Nós já tínhamos noção daquela similaridade porque Quinn tinha perguntado enquanto estávamos na cafeteria mais cedo; aparentemente, aquela questão era muito relevante para ela. E eu não a julgava por isso; era uma questão importante para mim também. Eu quase deserdei Santana quando ela disse que o filme preferido dela era Cinderela. Eu quase arranquei meu cabelo quando saiu Frozen e ele instantaneamente se tornou o filme favorito tanto da Beth quanto da Michele – mas esse foi substituído por A Bela e a Fera depois que eu apresentei o filme às duas quando eu não mais aguentava aquele filme.

Por mais que Beth tentasse lutar contra o cansaço, quando a melhor parte do filme acabou, aquela em que ele estava crescendo, ela foi vencida pelo sono. Ela queria ficar acordada durante todo o filme porque isso significava mais tempo com Quinn, mas ela perdeu aquela batalha e eu a encontrei dormindo com a cabeça no meu colo, e os pezinhos no colo de Quinn. Seus suaves roncos preenchiam o espaço entre Quinn e eu.

Quando decidimos que Beth estava num sono pesado e que era melhor coloca-la na cama, Quinn se voluntariou para carrega-la, e eu a segui até o quarto. Eu observei enquanto Quinn gentilmente colocava a nossa filha na cama, já adivinhando que era na cama do lado rosa do quarto já que Beth tinha lhe dito que aquela era sua cor preferida. Ela conseguiu puxar a coberta com uma das mãos enquanto segurava Beth com a outra, apoiando seu corpinho em sua perna antes de deitá-la no colchão. Eu sequer segurei o sorriso que surgiu no meu rosto quando vi Quinn dando um beijo na testa da nossa filha e sussurrando um "boa noite".

– Boa noite, meu anjo – eu murmurei para Beth e a beijei no mesmo lugar que Quinn havia beijado. Eu me virei para Quinn, que estava na porta observando nós duas e uma lágrima escorreu lentamente por sua bochecha. Imitando a ação de Beth mais cedo, eu descansei minha mão em seu rosto e enxuguei uma lágrima antes de envolvê-la com meus braços. Ela imediatamente retornou meu gesto e nós nos encontramos em um abraço tenro, porém apertado; minha cabeça apoiada na sua clavícula e a cabeça dela abaixada e encostando com o lado do meu rosto.

Quando eu senti a camiseta dela molhada em razão das minhas lágrimas, eu me afastei dela, o que fez meu coração protestar. Nós trocamos um sorriso, um evidente rubor nas nossas bochechas, e ela me conduziu até a sala, seus dedos entrelaçando os meus enquanto segurava minha mão – da mesma forma que eu fiz com ela quando a trouxe para casa mais cedo.

Eu chequei meu telefone pela primeira vez naquela tarde e notei que Sant havia me mandado uma mensagem para avisar que ela e Michele iam ficar na casa de umas amigas nossas, Kitty e Marley, para que eu e Beth pudéssemos passar tempo com Quinn. Eu sabia que ela provavelmente não queria ter feito aquilo porque, apesar de Kitty e Marley serem maravilhosas, a filha delas, Sasha, era um pesadelo e ela e Michele não se davam muito bem.

Quinn sugeriu que ela fosse embora assim que colocamos Beth na cama, mas a verdade é que eu não queria que ela fosse. Nós decidimos então ver juntas o final de Tarzan antes de trocarmos de canal em busca de alguma coisa para assistir. Eu acabei pegando da geladeira uma garrafa de vinho que, na verdade, pertencia a Sant e Quinn serviu duas taças para nós duas.

– Ooh, esse aqui! – Quinn exclamou apontando para a tela de televisão quando eu parei um canal. – Esse é brilhante. Você já assistiu?

Na companhia do medo? Não, nunca vi. Quer assistir?

– Eu quero se você quiser. É um pouquinho assustador e sem sentido, mas é ótimo – ela explicou.

– Bem, eu não sou muito boa com filmes de terror... – eu disse tentando esconder meu rubor com a taça de vinho.

– Awww Rae, – ela faz um tom manhoso, cutucando minha lateral – Não é tão ruim assim, na verdade. E tem a Halle Berry. Você tem que assistir.

– Urgh, tá bem – Quinn deu uma risadinha do meu bico, mas se virou para encarar a tela da televisão. – Ai Deus, está só começando – eu choraminguei quando aparecem os créditos iniciais, fazendo aquela risada meio infantil de Quinn surgir.

Por sorte, Quinn não era uma dessas pessoas que se irritam quando você começa uma conversa durante o filme. Beth e Santana eram assim; algumas vezes elas me lançavam olhares mortais se eu tentasse iniciar uma conversa durante um bom filme. Outras vezes, porém, elas apenas me ignoravam.

– Então você trabalha em uma escola de ensino médio aqui em Nova Iorque, né? Eu não perguntei mais cedo quando estávamos no café – eu perguntei depois de um tempo enquanto conversávamos. Um olhar entristecido apareceu em seu rosto e eu imediatamente me arrependi daquela pergunta.

– Erm, não. Não mais. Eu comecei a trabalhar lá quatro anos atrás e eu amava. Mas há uns dois meses, um dos alunos descobriu que eu era intersexual e o rumor se alastrou como fogo. E mais uma vez, eu sofri bullying de estudantes, mesmo sendo agora mais velha, o que tornou a situação ainda mais humilhante. Eu não aguentei, então eu fui embora.

– Eu sinto muito, Quinn.

– Hey, tá tudo bem – ela riu. – Não é como se fosse você quem estivesse fazendo o bullying! – Uma coisa que eu odiei naquilo foi o fato de que Quinn não somente sofreu bullying, mas o fato de que ela parecia acostumada aquilo. E eu odiei que ela risse daquilo. Ela ria como se não fosse importante, como se sofrer bullying fosse parte de sua vida.

– Isso ainda não torna a situação correta – eu busquei a sua mão com a minha, acariciando seu dedão com o meu. – E onde você trabalha agora?

– Eu sou uma escritora. Bem, eu estou tentando ser. No momento, eu sou uma colunista na Fox News. Às vezes de celebridade, às vezes TV ou moda. Basicamente entretenimento. Mas eu não quero fazer isso. Eu quero escrever sobre política e movimentos sociais; sabe, coisas importantes.

– Tipo a Kate Hudson em Como perder um homem em dez dias?

– Exatamente – ela riu baixinho.

A conversa acabou diminuindo conforme fomos nos concentrando no filme. O personagem da Halle Berry tinha acabado de fugir do hospício e naquele instante eu estava tão focada no filme quanto Quinn. Nós bebemos e enchemos nossas taças algumas vezes ao longo do filme e, quando Quinn foi encher sua taça pela última vez, percebemos que não havia muito mais vinho na garrafa e ela acabou enchendo a minha taça com o restinho que ali havia.

Depois de alguns momentos tensos no filme, minhas mãos ficaram próximas aos meus olhos para cobri-los. Quinn percebeu meu movimento e riu da minha cara, pegando minhas mãos entre as suas e as levando para seu colo. Antes que eu pudesse questioná-la a respeito, ela colocou um braço em volta da minha cintura e o outro passou por cima de mim, descansando na minha perna, e ela praticamente me levantou para que eu sentasse entre suas pernas flexionadas e as costas do sofá.

Depois de rir da minha confusão diante do gesto, ela não disse mais nada e voltou-se a tela do filme, me deixando com meus próprios pensamentos. Eu não tinha me dado conta desde o nosso abraço na porta do quarto de Beth que eu realmente queria que ela me tocasse. Mesmo que inocentemente. Eu apenas queria ela próxima a mim. O jeito que ela gentilmente segurara minha mão e tocara na minha perna, ainda que houvesse firmeza na forma como ela me levantara do sofá, fizeram as borboletas em meu estômago aumentarem e o meu coração baqueou ainda mais forte.

– Eu estou surpresa que você não deu um salto nessa parte, Rae – ela me diz, rindo mais uma vez. Para ser honesta, eu nem prestava mais atenção ao filme, eu apenas pensava. Sobre ela. Sobre ela e Beth. Nós três.

– Hey Quinn...

– Mhm – ela fez um som enquanto voltava sua atenção para mim.

– Por que você não se pintou naquele desenho? – Eu fiz a pergunta de Beth tanto por ela quanto por mim.

– Eu não sabia como você se sentiria sobre isso.

– Como assim? – Eu me virei assim eu poderia encará-la de frente.

– Tanta coisa aconteceu hoje e eu amei cada minuto. Eu estou tão feliz com vocês duas que, apesar de conhecê-las somente hoje, eu teria adorado me adicionar naquele desenho. Mas eu não queria que você pensasse que eu estou me impondo. Eu sou basicamente uma estranha na vida de vocês, mas estar aqui hoje... isso me fez sentir como se eu fosse parte de algo. Como se eu fosse parte de uma família. Mas eu não sabia como você se sentia a respeito disso... – Quinn explicou-se.

– Olha, Q. Da forma que eu vejo é o seguinte: Beth realmente gostou de você. E ela não é a única... Michele também pareceu gostar de você – eu brinquei piscando para ela. – Mas sério. Eu amei o dia de hoje e eu concordo com você, eu sinto como se você fizesse parte da minha família. Nossa família. Eu não estou dizendo que você precisa agir como uma mãe imediatamente, mas você não vai a lugar nenhum – eu segurei as mãos dela nas minhas. – Beth e eu queremos você como parte dessa família.

Até aquele instante não tivera um único momento em que Quinn e eu tenhamos falado da nossa situação sem chorar, e aquele momento não foi diferente.

– Agora, eu quero que você coloque sua bunda naquele chão e termine seu desenho. Com você desenhada nele, por favor. Não é um retrato de família sem você nele.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



Hey kids!!

Vejo que temos pessoinhas acompanhando a fic.. não querendo ser chata e tals.. mas seria legal você comentarem para poder saber oq estão achando... Isso até motiva a apessoa a postar rápido!!


Até sexta! :)

Pokračovat ve čtení

Mohlo by se ti líbit

113K 4.8K 9
Dois melhores amigos que vivem se provocando decidem adicionar um pouco mais de cor na amizade... O que pode dar errado?
70.2K 5.9K 54
𝑹𝒐𝒄𝒊𝒏𝒉𝒂 - 𝑹𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝑱𝒂𝒏𝒆𝒊𝒓𝒐 📍 Leticia, 21 anos, vulgo Sirius, é uma criminosa em ascensão no mundo do crime no Rio de Janeiro. Não s...
659K 32.2K 93
(1° temporada) 𝑬𝒍𝒂 𝒑𝒓𝒊𝒏𝒄𝒆𝒔𝒂 𝒆 𝒆𝒖 𝒇𝒂𝒗𝒆𝒍𝒂𝒅𝒐, 𝑨 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒙𝒐 𝒆 𝒆𝒖 𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒆𝒏𝒒𝒖𝒂𝒏𝒅𝒓𝒐...
353K 17.9K 97
nunca sabemos o quanto somos fortes,até que ser forte,se torna a única opção. Começo: 05/09/2022 Fim: 05/12/2022 Plágio é crime!!