Ele e Ela [Os Dois Lados da H...

By StefaniaRaducanu

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ISADORA "Dentre tantas mulheres no mundo, meu pai tinha que escolher ficar justo com a mãe do garoto mais ins... More

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E P Í L O G O

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By StefaniaRaducanu

Fiquei parado igual a um babaca olhando para a cara dela, sem saber o que dizer. Sinceramente, o que se responde ao descobrir uma coisa assim? Eu não fazia idéia do que dizer para ela. Milhares de coisas passavam pela minha cabeça, lembranças, nossas brigas e eu me peguei tentando analisar se em meio à qualquer uma daquelas brigas haviam indícios ou pistas de que ela ainda pudesse gostar de mim de alguma forma. Aquilo era impossível, muito anos haviam se passado afinal. E mais uma vez eu me perguntei porque era relevante ela ainda gostar de mim ou não. Certamente viraria nossas vidas de cabeça para baixo e tornaria tudo, toda a convivência muito mais complicada. Mas o pior foi a sensação ruim que eu senti ao pensar que ela não gostava mais de mim. Abaixei a cabeça, escondendo meu rosto nas mãos e fiquei assim por um tempo pensando que eu precisava parar de pensar nela daquela maneira. Por que saber que ela poderia não gostar mais de mim me fazia ficar tão chateado? Eu queria que ela gostasse de mim? Não, não. Eu não posso estar começando a gostar dela. É óbvio que ela me odiaria até o fim da vida, me abominaria por sequer pensar nela dessa maneira agora que nossos pais estavam juntos. Só mais alguns dias e logo eu estaria livre dessa convivência intensa. Tinha certeza que estava apenas confuso com todo esse lance de nos aproximarmos e começarmos a agir mais civilizadamente um com o outro. Mas eu também não poderia afastá-la completamente para me evitar de fazer merda, senão ela pensaria que eu estava com raiva pelo que ela havia me contado, e eu não estava. Não estava mesmo. Era infantil? Sim. Mas quem sou eu para julgar o que algumas palavras podem fazer com o psicológico de uma pessoa?

- Não precisa ficar desse jeito. – Ela parecia levemente ofendida com a minha reação. – Eu tinha dez anos, não sabia o significado de gostar de alguém. Fica tranquilo, esse sentimento está morto e enterrado. – Mas que droga, se ela soubesse que saber daquilo me fazia sentir muito pior.

- Eu não... – Voltei a olhar para ela, mas ela estava evitando me olhar. – Desculpa. Não estou assim porque fiquei com medo de você ainda gostar de mim. Afinal, seria uma coisa muito louca. – Não seria? Me diz que não, que não seria. Se ela dissesse que não achava uma loucura, talvez eu me convencesse que não era.

- Seria um absurdo. – Ela completou e eu mordi minha língua pra não falar nada.

- Exatamente. – Que raiva. – Mas... eu só fiquei sem palavras. Não queria te fazer sentir mal por isso. Eu não sabia que você gostava de mim. Isso realmente dá uma nova dimensão aos acontecimentos, na perspectiva de uma menina de dez anos.

- Não é como se tivesse feito muita diferença você saber que eu gostava de você. – Ela deu de ombros. – Eu tinha dez anos, que droga. Não teríamos sido namoradinhos nem nada. – Eu ri meio sem humor, imaginando a cena e ela acabou me acompanhando. De repente a gente estava rindo de verdade. Puxei seu ombro e a abracei de lado. Ela ficou um pouco tensa mas não se afastou.

- Desculpa. Se serve de consolo, você não se parece em absolutamente nada com a Dora, A Aventureira agora. – Ela riu. – A Dora é muito mais bonitinha. – Me deu um tapa e tentou se afastar, mas eu a segurei. – Tô brincando.

- Você continua sendo um idiota. – Falou rindo, me empurrando. – Me solta.

- Amigos? – Soltei Isadora do abraço e estiquei a mão para ela apertar. Eu não tinha escolha. O que eu poderia dizer? Sabe o que é, Isa, eu acho que estou começando a gostar de você e acho que não tem problema nenhum o fato de nossos pais estarem namorando, a gente poderia tentar fazer o mesmo. Ou falar que naquele momento eu queria muito beijá-la? Nem louco. Ela não parecia a pessoa mais contente do mundo ao concordar comigo, talvez ainda tivesse suas dúvidas quanto ao meu caráter, mas apertou minha mão mesmo assim.

- Fazer o que, né? – Pois é. – Não tenho escolha. – Não temos, né?!

Deixamos o parque logo depois, voltando para casa. Queríamos tentar chegar antes deles, para que não ficassem fazendo muitas perguntas. Afinal, ambos demos a desculpa que estávamos cansados e queríamos ir para casa. Não fazia sentido a gente ter continuado passeando então. Quando eles chegaram, estávamos os dois no sofá, vendo, finalmente, o resto do filme. Coisa que não havíamos feito em Paris. Acabamos saindo para jantar fora e a noite foi ótima. Os últimos dias de viagem passaram rápido e ao mesmo tempo que não víamos a hora de chegar em casa, dormir em nossas camas, não queríamos voltar pra rotina do dia a dia. Eu precisaria começar a procurar estágio, Isadora começaria a faculdade, ou esperava que sim, já que preferiu não saber os resultados que saíram na semana que viajamos porque não queria estragar as férias. O pai tentou argumentar que ela poderia usar as férias para comemorar, que deixasse de ser pessimista. A verdade é que ela estava nervosa, sabendo que suas amigas haviam passado, tinha medo de ser a única a ficar para trás. Tivemos, inclusive, uma conversa sobre isso dois dias antes de voltarmos para o Brasil.

- Você fez vestibular para Letras, não é? – Perguntei retoricamente, afinal lembrava que minha mãe havia conversado com ela sobre isso algumas vezes. Só que antes eu não era bem-vindo nas conversas. Ela concordou, enquanto mordia um churros. Estávamos nós dois, com o Gui, passeando pela Gran Vía, enquanto nossos pais tiravam um tempinho só para eles dois, visitando mais museu, ou o parque, não lembro bem. – E para onde você que ir?

- UFRJ. – Ela respondeu, limpando a calda de chocolate que havia escorrido pelo canto da boca. E eu tentei não olhar, não pensar e esquecer que havia visto aquela cena, apagar totalmente da minha memória, pra sempre. – Eu sempre quis ir pra lá. A única vez que pensei em mudar de idéia foi quando soube que a Paulinha iria para a UERJ.

- E a Bia?

- UFRRJ. – Rolou os olhos. – Não quero nem pensar nisso. Nunca seria uma opção para mim ficar longe do meu pai e do meu irmão, mas para ela é exatamente a melhor idéia. Passar a semana toda independente.

- Os pais dela não parecem os melhores do mundo. – Comentei, lembrando de quando estávamos no carro e eu deveria levá-la para casa bêbada e fiquei preocupado com o que seus pais iriam pensar, mas ela disse que eles não se importavam e provavelmente nem estariam em casa. Fiquei com pena dela. Devia ser horrível.

- Não são mesmo. Eles largam a Bia e o irmão sozinhos o tempo todo, vivem viajando, indo a festas, eles tem muito dinheiro. Mas o irmão dela é um babaca e ela, no fim, prefere ficar sozinha que mal acompanhada.

- Que tenso. – Falei e ela concordou. – Mas então porque você não foi pra UERJ com a Paulinha? Quer dizer, você ainda pode ir, não? Se passar.

- Acho a UFRJ mais forte, não sei. – Deu de ombros. – Eu só detesto saber que não conheço ninguém. Quer dizer, provavelmente reconhecerei muitas pessoas da escola, mas não as minhas amigas, né. Quer meu último churros, Gui? – Ela perguntou e ele negou, todo lambuzado dos seus próprios.

- Relaxa, você fará novas amizades. Mas eu te entendo. Veja pelo lado bom, você estará perto da Pati. – Ela me olhou, erguendo a sobrancelha.

- A Pati não estuda com você? – Afirmei com a cabeça. – Mas vocês não estudam em outro prédio?

- Sim, no CT (Centro de Tecnologia). Só você atravessar a rua. Provavelmente será no meu prédio que você vai almoçar e matar aula.

- Isso significa que eu também estarei perto de você. - Ela fez uma careta e colocou a língua pra fora. – Me diz qual a parte boa disso? Não tô conseguindo enxergar.

- Quer que eu desenhe? – Taquei meu guardanapo amassado em cima dela, que ria da minha cara. E antes de irmos embora, comi o último churros que ela não queria.

Estar na minha cama depois de três semanas dormindo em sofás foi um alívio. A verdade é que eu não queria mais sair dela depois de quase um dia inteiro deitado e não teria feito isso se Rui, Pedrão e Pati não tivessem aparecido lá em casa, me chamando para almoçar e contar tudo sobre a viagem. Eu ainda tinha uma semana antes das aulas começarem e pretendia passar minhas manhãs na praia, tirando o atraso e aproveitando os últimos dias de férias. Meus amigos ficaram contentes de saber que a viagem havia sido incrível e que a proposta de nos aproximar dera certo. Pati ficara especialmente contente em saber que Isadora e eu não estávamos mais nos ignorando ou brigando o tempo inteiro. Por algum motivo, ela tinha se apegado a menina e não via a hora de encontrá-la novamente. Eu não estava realmente entusiasmado para revê-la, preferia evitar por um tempo. Não queria pensar nela. Mas infelizmente, antes do final de semana eu já estava sentindo falta de tê-la por perto. O que só aumentava minha frustração e me fazia querer vê-la menos ainda. Claro que não pude evitar. Quando cheguei em casa no sábado, depois da praia, ela estava lá. Foi estranho e ambos parecíamos desconcertados ao ficarmos frente a frente novamente. Talvez ainda não estivéssemos acostumados a não brigar. No meu caso, a verdade era outra. Eles tinham vindo para que saíssemos para almoçar fora e comemorar o fato de ela ter passado no vestibular. Convidei a Pati para ir junto, assim elas podiam se encontrar e ambas pareceram muito felizes em se ver.

- Espertinha você. – Pati falou, na mesa, enquanto estávamos todos almoçando em uma churrascaria. – Não quis saber os resultados antes e comemorar na Europa para ter uma desculpa para sair pra comemorar aqui. – Isadora sorriu, piscando, como se Pati tivesse descoberto seu segredo.

- Você me descobriu. Mas não conta pro meu pai. – Ela sussurrou de brincadeira, já que ele estava sentado ao lado dela e obviamente, ouvindo. Ele a abraçou de lado, beijando sua têmpora.

- Minha princesa, meu orgulho.

- Vou te mostrar todos os cantinhos. Você vai adorar o Fundão. – Pati falou empolgada.

- Vai amar. – Completei irônico. – Principalmente a parte de cruzar a cidade pra chegar, pegar engarrafamento na Linha Amarela, o calor... você vai adorar mesmo.

- Nossa, Rafael, como você é legal. - Isadora revirou os olhos. – Tão agradável, estraga-prazeres. – Pati concordou.

- Realmente, Rafa. – E depois voltou a contar para Isadora sobre todas as coisas legais que ela encontraria, apesar dos pormenores que eu havia enumerado.

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