Coração de Gelo

By cacetae

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Taehyung era um ex-patinador que, após seis meses de tratamento psicológico por ter perdido a parceira de pat... More

Personagens
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Trinta
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Trinta e Três
Trinta e Quatro
Teaser: Capítulo 35
Trinta e Cinco
Teaser: Capítulo 36
Trinta e Seis
Trinta e Sete
Trinta e Oito
Trinta e Nove
H A P P Y ~ E N D I N G
Cesta da Prorrogação

Onze

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By cacetae

Olhar para a porta dava uma sensação estranha a Taehyung. Até então não sabia ao certo, mas era como se aquela porta significasse alguma mudança em sua vida. A porta era como uma metáfora. Se passasse por ela, tudo poderia mudar e, se desse meia volta, as coisas seriam como eram. A questão era: Taehyung queria ou não que uma mudança acontecesse em sua vida? E se ocorresse, seria uma mudança boa ou ruim?

Foi então que decidiu não pensar nas consequências. Tudo o que pensou foi: " Jimin deve precisar de mim...", e assim resolveu abrir a porta . Fez questão de olhar para os lados antes, só para garantir que ninguém o flagrasse entrando em quarto alheio.

Taehyung deu o primeiro passo dentro do enorme quarto. Viu logo à sua frente uma cama alta. Haviam tantos equipamentos e tubos que quase seria impossível ver o paciente. Conseguiu ouvir o som de um bip chato vindo de um dos equipamentos, provavelmente controlando os batimentos cardíacos. Também ouviu o barulho de um motor que servia para levar oxigênio ao paciente por um dos tubos. Mas esse não foi o som que mais lhe chamou atenção.

Havia um aparelho de som ao lado da porta. Tocava uma música clássica de Tchaikovsky, era "The Sleeping Beauty". Taehyung a conhecia muito bem em razão das aulas de Ballet que teve. Até chegou a fazer uma apresentação de patinação solo ao som dessa melodia.

Deu mais alguns passos, ainda assustado. O paciente parecia estar mesmo em uma situação ruim e isso lhe causou um mal estar, mesmo não o conhecendo. Até então não tinha se dado conta que não havia visto Jimin. Mas se o viu entrar, por que não estava lá?

Resolveu chegar mais perto, só para ver quem era o paciente.

- N-não....- Taehyung assustou-se quando o reconheceu, acamado e imóvel, como um semi-morto. - Não pode ser você...Não pode...

Confuso, olhou para a prancheta do paciente presa na beira da cama. O nome do paciente era o mesmo, mas era impossível ser. Sentiu seu coração bater mais forte. Era capaz até mesmo de desmaiar. Seus olhos não poderiam estar vendo aquilo, deveria ser ilusão...

Mas era verdade.

Ao contrário do que tentava dizer a si mesmo, aquele paciente internado em um estado vegetativo era mesmo Park Jimin. O mesmo garoto que o fez sorrir nos últimos dias. Aquele que dizia que o garoto deveria sorrir; o que foi ver o jogo de Hóquei e até brincou na neve. O que mostrou à Taehyung o quarto de Yoongi e dizia gostar de hospitais. O garoto que Tae viu entrar no quarto de hospital, aparentemente saudável, agora encontrava-se em um estado vegetativo.

- O q-que está havendo comigo? - Taehyung deu dois passos para trás, falando para si mesmo com a voz embargada.

Taehyung sentiu um nó na garganta e seus olhos arderam. Por mais que tentasse segurar, as lágrimas saíram, como uma cachoeira. Estava confuso e com medo, por esta razão, chorou como uma criança perdida. Pensava que, se aquele era o Jimin, quem era o garoto que sempre o alegrava? Não poderia ser ele, poderia? Será que estava mesmo com algum problema na mente? Talvez os remédios e terapias tenham feito Taehyung ter alucinações.

Amedrontado, envolveu os braços em seu próprio corpo, com medo de estar ficando louco e precisar se internar em um hospício. Nada fazia sentido.

Sem pensar direito, resolveu correr, fugir daquele quarto; fugir daquele hospital.

Saiu às pressas pelas calçadas repletas de neve da cidade, ainda chorando. Não se importou com as pessoas que olhavam curiosas para si. Seu coração estava pesado e Taehyung sentia como se não pudesse carregá-lo. Por essa razão, correu até uma praça perto do hospital. O lugar estava vazio por causa do frio. Sentou-se em um dos bancos, de cabeça baixa e deixando as lágrimas caírem na neve.

- Eu não estou louco...Eu não estou...- repetiu para si mesmo por diversas vezes.

Tudo estava confuso. Até começou a pensar na possibilidade de ter confundido. Park Jimin era um nome comum, quem sabe era outro paciente...

Mas por que ele era tão parecido?

Novamente lhe veio a imagem dele na cama. Era exatamente como o Jimin com quem se encontrava, a diferença é que não havia nenhum sorriso no rosto. Chegava até ser doloroso ver o estado dele, com um tubo de oxigênio em seu rosto, sem mover um só músculo. Taehyung não estava nada bem e, pela primeira vez, não desejava que Jimin aparecesse para alegrá-ló...Seria assustador.

Aos soluços, pegou seu celular. Haviam chamadas perdidas da sua mãe... Mas não queria falar com ela. Vasculhou em seus contatos e viu o número de Hoseok salvo.

- Alô?

- Hoseok... Eu...Eu preciso...

- Amuleto, você está bem?

- Eu...- Taehyung chorava e não conseguia falar mais nada.

- Está em casa? Me diga onde está e vou até aí!

XXX

Yoongi observou Mi-Cha sair de seu quarto, mandando um beijo no ar antes de fechar a porta. O relógio caro pesava em seu pulso e, por esta razão, o garoto decidiu tirá-lo. Por um tempo ficou olhando para aquele relógio moderno, brincando com o objeto por entre os dedos. Posteriormente, levou sua atenção para um dos cantos do quarto. Lá estava o globo de neve, em meio aos vários presentes. Mesmo não estando tão perto, Yoongi conseguiu ver o boneco de neve com um cachecol vermelho olhando sorridente para ele.

- Boneco de neve...- o capitão falou para si mesmo, lembrando-se que Taehyung havia o chamado assim.

Ele franziu o cenho, olhando para o presente. Tentava entender o que Taehyung queria dizer com aquilo. Afinal, o que um boneco de neve tinha a ver com ele? Bufou ao vento.

"O que tem na cabeça, patinador? ", ele pensou.

Por causa de Tae ele não fez o que estava decidido em fazer. E por causa de Taehyung, arriscou a própria vida, ficando no lugar que mais odiava estar: No hospital.

" Ele disse que eu era uma boa pessoa...", pensou, lembrando-se da última conversa que teve com o garoto.

Cada pessoa acha uma forma de esquecer um passado doloroso e até mesmo não se sentir culpado por algo grave que cometeu. A forma que Yoongi havia achado era aproveitar o máximo de sua vida com garotas e treino pesado no basquete. Ele criou uma casca grossa em volta de si e congelou seu coração, tudo para que ninguém percebesse o que realmente se passava com ele. Fingia não se importar com nada. Seu plano estava dando certo até o dia que Taehyung apareceu para atrapalhar.

Ainda olhando para o boneco de neve, Yoongi não conseguiu evitar as lágrimas. Há tempos ele se esforçava para não chorar, mas foi inevitável.

Lá estava Yoongi, , internado no lugar que mais odiava, olhando para o boneco de neve e concluindo sozinho em pensamento que não era uma boa pessoa. Não importava o que fizesse, isso não mudaria o passado.

" Eu não sou uma boa pessoa..." pensou, jogando o relógio que estava em seu colo contra a parede do hospital, quebrando-o em pedaços.

XXX

- Amuleto?

Taehyung levantou a cabeça assustado. Hoseok estava lá, na sua frente. Havia acabado de ligar para ele, dizendo onde estava. Rapidamente se levantou do banco.

- Hoseok, por favor me diga... Você conhece Park Jimin? - ele arregalou os olhos, como se tivesse visto um fantasma - Responda, por favor... Diga que o conhece...Por favor, Hoseok...

- C-como sabe sobre ele?

- Então ele é real...

- Quem lhe falou sobre o Jimin?

- Ninguém me falou. - respondeu. - Eu o vi.

Hoseok o fitou em silencio, com a boca entreaberta. Agia como se Taehyung tivesse dito um absurdo ou algo parecido.

- Eu preciso que me diga... - disse pausadamente, tentando se acalmar para não voltar a chorar - Preciso saber qual é o verdadeiro...

- Verdadeiro?

Tae pensou em contar a Hoseok que tinha falado com Jimin, mas não tinha certeza de qual deles era o real. Se era o Jimin sorridente ou aquele que viu internado.

- O Jimin...ele... - Hoseok começou a falar com a voz embargada, olhando para baixo.

- Diga, Hoseok. Por favor!

- Ele... - sentou-se no banco, sem forças para ficar em pé.

- Isso quer dizer que o verdadeiro... - disse mais a si mesmo do que para Hoseok, já que o viu cabisbaixo, prestes a chorar - No hospital... Aquele quarto...

- Você o viu? - ele levantou a cabeça - Viu Jimin?

- Sim... - sentou-se ao lado de Hoseok, olhando para o balanço congelado à sua frente.

- Não tive coragem de vê-lo. - ele suspirou, voltando a olhar para os próprios pés - Ninguém teve... Nem os próprios pais ...O Jimin... Ele era tão feliz, tão alegre... Não conseguiríamos vê-lo em uma situação como aquela... - Taehyung viu as lágrimas escorrerem pelo rosto de Hoseok e isso também lhe deu novamente uma vontade de chorar. - Os pais dele estão pensando em... - Hoseok olhou para Tae - desligar os aparelhos...

- Desligar? - balbuciou.

- É o que faz ele continuar respirando... - Hoseok soluçou e Taehyung decidiu apoiar suas mãos nas costas dele, só para mostrar que estava lá e também se sentia triste - Os médicos dizem que ele já está morto e que o deixar daquele jeito só irá servir para causar mais sofrimento...E despesas...

O nó em sua garganta parecia ainda maior. Resolveu voltar a olhar para o balanço. Continuar fitando Hoseok só o deixava pior.

Pelo que ele dizia, aquele era mesmo o Jimin. Isso significava que quem Tae via não era real. Mas se não era real, por que ele aparecia para o garoto? Qual era o sentido nisso tudo? Taehyung não era paranormal nem nada disso...

- Me desculpe... - Hoseok se levantou. - Eu preciso ir embora. Eu... - Ele olhou para os lados, enxugando as lágrimas com as próprias mãos - Me desculpe.

- Hoseok! - ele praticamente o deixou ali sozinho, indo embora em passos apressados.

Hoseok estava extremamente desnorteado. O fato de falar sobre Jimin o deixou mal e, por esta razão, sentiu-se envergonhado em continuar ali ao lado de Taehyung. O que ele fez foi ir embora para casa. Iria se trancar no quarto e dormir. Como se dormir o fizesse esquecer de toda a dor. Essa era a forma que Hoseok havia achado para esquecer de seu passado doloroso.

Agora Tae estava novamente sozinho no parque repleto de neve. Sentiu uma brisa fria passar pelo seu corpo e até chegou a olhar para os lados, mas não havia ninguém. Chegou a desejar que o Jimin alegre surgisse, mas depois se arrependeu. Não queria que ele aparecesse, isso seria amedrontador.

Inseguro e com medo, decidiu se levantar do banco e voltar para casa. Tomaria alguns remédios e, quem sabe, se sentiria melhor. Era isso que fazia quando se sentia triste; remédios e mais remédios.

Estava no meio do caminho quando parou perto de uma loja e começou a olhar para seu reflexo na vitrine. Taehyung estava triste, do mesmo modo que esteve nos últimos seis meses. Foi então que se lembrou das palavras de Yuju e de Jimin: "O sorriso atrai coisas boas".

Ainda olhando para seu reflexo, lembrou de Jimin ter dito que gostava de hospitais. "Pessoas se curando e voltando a viver.", foi o que ele disse. Não sabia se o Jimin alegre era alguém da sua imaginação, mas de uma coisa tinha certeza: Ele tinha razão no que dizia.

- Pessoas se curando e voltando a viver... - Taehyung repetiu, olhando para a vitrine.

Hoseok havia dito que ninguém tinha o visitado e que possivelmente seriam desligados os aparelhos. Mas se ninguém nunca o visitou, por que havia um aparelho de som no quarto dele? Talvez Hoseok estivesse errado. Quem sabe alguém ainda o visitava e contava histórias, ainda colocava música para ele ouvir... Uma pessoa boa. Foi aí que de repente lhe veio um otimismo inexplicável.

Estava decidido.

Taehyung seria a outra boa pessoa que iria visitar aquele garoto internado. Se ele fosse como o Jimin da sua imaginação, estava mais do que claro que ele precisaria voltar a viver, mesmo que parecesse algo impossível.



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