Wonderfall

By mrayssalimaa

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"Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito." Os am... More

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Wonderfall
Epílogo Parte 1 - Resiliência
Epílogo Parte 2 - Beàrling
Epílogo Parte 3 - Falicius
Finitus

Wildeen

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By mrayssalimaa

A/N:  dearrayssa no twitter. 

Então, oi! ♥ Senti saudade de vocês. Especialmente, hoje, gostaria de agradecer por darem tanta atenção à Wonderfall. Isso significa MUITO, MUITO mesmo pra mim. Eu nem sei dizer o quanto fico grata com os elogios e também com as críticas que me ajudam a tentar fazer melhor. Vocês são incríveis. 

Quaisquer erros, conserto assim que os ver. 


Lauren's pov

Wildeen (n): O desejo de ler a mente da pessoa amada.

"Profundo. No fundo. Intenso. Dentro...fora...forte. Tira...enfia...me abrindo, invadindo.

- Oh... CAMILA. – o gemido gritante rasgou minha garganta como um raio inesperado atravessa o céu no meio de uma tempestade devastadora.

Tempestade devastadora, era o que Camila era naquele momento.

Minhas unhas enfiadas na carne que me invadia, que me possuía, que me torturava. Os cabelos castanhos da mulher às minhas costas, misturavam-se aos meus no embaraço deliciosamente gostoso do sexo.

- Não pare Camila! – implorei para ela, que segurava-me pelos seios, puxando-me contra seus dedos que encontravam meu fundo com uma intensidade enlouquecedora."

- O que há? – meus olhos seguiram o som doce até sua origem e depararam-se com um universo paralelo colorido em castanho, que me encarava com uma curiosidade intimidante.

"O que há por trás desse olhar? O que ela está pensando?"

Os fios soltos do coque feito em descuido acompanhavam o vento, cobrindo a parte iluminada pelo sol, de seu rosto. Eu já desconfiava que tudo o que existia parecia contribuir para deixar a imagem daquela mulher mais bonita, mas naquele dia eu tive absoluta certeza de que tudo o que existia, existia apaixonadamente para Camila.

A luz lhe vestia o rosto, como se tivesse sido feita sob medida. Os traços de seu rosto pareciam pintados de cor crepuscular, um laranja quase vermelho, tão bonito e comovente que eu mesma teria materializado aquela cor só para pintar o mundo inteiro naquele tom. Até as sombras que suas expressões de curiosidade acabavam formando em seu rosto pareciam ter nascido com a intensão de apaixonar qualquer olhar.

Suas expressões iluminadas pelos raios tímidos do amanhecer, empurraram-me de volta às lembranças.

"A mão quente e possuidora arrastou-se pela minha pele, queimando-me em desejo, até a minha nuca, agarrando-me os cabelos em total sinal de posse. Meu corpo estremeceu de cima para baixo e de baixo para cima, explodindo a sensação de invasão no meio do meu estômago quando Camila, mutuamente puxou-me pela nuca com alguma força e na mesma intensidade, invadiu meu sexo, pressionando seu corpo contra o meu, obrigando-me a um gemido vergonhoso de um prazer incontrolável que emanava por cada poro do meu corpo.

Eu queria mais. Eu não queria que ela parasse. Eu não queria que acabasse, mas meu sexo pulsava em um latejante desejo de sentir os dedos daquela mulher me invadirem até que eu os molhasse e a fizesse minha, assim como eu era dela. O desejo de escorrer nela e para ela inebriou meu cérebro e....

- CAMILA!"

Minha própria lembrança despertou-me para a realidade onde Camila olhava-me com uma seriedade tão doce que a contradição natural da sensação que seu olhar me causou, deixou-me desordenada e desviei os olhos de seu olhar.

- Há algo de errado? – Ela perguntou, mas não aparentava realmente estar preocupada. No fundo, talvez eu tivesse percebido algum humor por trás da pergunta. – Por que está vermelha?

Ela perguntou e eu, se já estava vermelha sem perceber, agora havia ficado vermelha com uma auto consciência perturbadora. A natureza, compadecida de mim, ou por mera coincidência, enviou uma onda que chegou até os nossos pés, que contribuiu para acalmar meus nervos eufóricos tanto pela lembrança, quanto pela observação de Camila.

- Não há nada de errado... – Falei tão logo quanto pude, embora talvez o delay tenha sido maior do que eu desejava. – Eu só estava...

- Lembrando. – Ela concluiu a minha frase com a palavra verdadeira e que com certeza não era a que eu iria usar. – De ontem à noite.

O vento gelado atravessou minhas roupas e abraçou minha espinha, arrepiando-me até a ponta do nariz. Olhei para baixo, porque não me atreveria a negar.

- Como sabe? – sorri envergonhadamente e voltei a olhá-la.

Foi a vez de Camila sorrir. Sorriu vermelho, junto com o sol e com o dia todo.

- Estava me olhando como me olhou ontem à noite. – Ela disse objetivamente e sorriu.

- E como eu estava olhando você ontem à noite? – perguntei, curiosa em saber como ela me via.

- Ainda não sei. – disse simplesmente, sem desviar os olhos, intensamente focados em mim, nem por um segundo.

Pensei um pouco sobre sua resposta e decidi não toma-la como algo ruim, já que a dona dela era Camila e ela sempre queria dizer mais do que o óbvio por trás do que havia dito.

- Bom ou ruim? – perguntei mais objetivamente.

Os lábios levemente inchados e intensamente vermelhos, desenharam-se em um sorriso tão bonito que meu coração evaporou para dentro dele.

- Inexplicavelmente bom. – ela disse em meio ao sorriso e eu apenas concordei com a cabeça, sem nada para dizer com palavras, que meu olhar e minha boca sorridente e alegre já não tivessem dito.

" – CAMILA! – Minha garganta explodiu em um grito pelo nome da mulher que fazia todos os átomos do meu corpo chocarem-se à velocidade da luz, todos ao mesmo tempo.

Meus músculos exaustos amoleceram e todo o meu peso agora era suportado por ela, que não parou até sentir que eu já havia atingido o ápice mais histérico de prazer. Os dedos da mulher deixaram minha região sensível e sua mão subiu, molhando meu corpo até a altura da minha cintura, onde encontrou o outro braço e fechou-se em torno de mim em um abraço apertado e muito íntimo."

- O que está pensando agora? – Ela perguntou, mandando fumaça em cima da lembrança do abraço tão nosso que ela havia me dado na noite anterior.

- Estou pensando que você é surpreendente. – Eu disse, revelando o pensamento por trás das memórias da noite passada. – Quer dizer...foi intenso e...você me tirou de mim e parecia não estar em si... – uni as sobrancelhas, percebendo como aquilo poderia ter soado errado e me apressei em consertar. – Parecia não estar em si, mas de uma maneira muito, muito boa. Muito boa mesmo!

Camila deu uma gargalhada rouca que estava se tornando cada vez mais comum para mim, mas que me fazia meu coração, estômago, cérebro e boca rirem junto, todas as vezes.

- Muito boa mesmo, é? – a mulher perguntou, ainda sorrindo, mas sem querer realmente uma resposta.

Dei mesmo assim. Não com palavras. Apenas balancei positivamente a cabeça e dei de ombros.

- Eu prefiro pensar que... – ela disse docemente, colocando a mão em meu rosto, seguindo com os olhos o movimento dos dedos que seguiram para a mecha solta do meu cabelo que ela colocou atrás de minha orelha antes de continuar a falar. – somos tão intimamente ligadas que ficamos intensamente a vontade com nossos desejos... – Ela sorriu e olhou para mim. – Vontades...

Era muito claro, desde sempre, que Camila via as coisas com um filtro muito particular de poesia, muitas vezes demasiadamente objetiva ou científica, mas outras vezes com um romantismo quase surpreendente. Quase.

O sorriso de resposta foi para um conjunto de fatores. Seu toque, sua voz um tom mais rouco que o normal, o que ela havia dito, seu sorriso cor de nuvem iluminada pelo sol.

Estávamos sentadas na areia da praia por mais tempo do que eu era capaz de lembrar. Camila havia aceitado meu convite para assistir o sol nascer e deixar para dormirmos depois. Não havíamos dormir a noite inteira. Apesar disso, não me sentia cansada e toda exuberância na aparência da mulher ao meu lado não indicava nenhum sinal de estafa.

Caminhamos pela praia até o limite de pedras, que, cujos cálculos de Camila, ofereciam "graves riscos de contusão, já que as pedras apresentam inclinações acentuadíssimas e picos pontiagudos" e por isso seria melhor não nos aventurarmos a tentar chegar até a mais alta delas "principalmente considerando todo o limo".

Não era como se eu tivesse grandes experiências com escaladas, mas também não era como se subir aqueles 1,60m de pedras fosse realmente uma escalada, então, decidi subir apenas por diversão, o que me rendeu um joelho ralado no processo de descida. E uma bronca de Camila. E quase um vidro inteiro de antisséptico em um machucado de dois centímetros. E alguns beijinhos porque fingi estar doendo.

Camila, obviamente, àquela altura, já havia raciocinado que não estava doendo tanto assim e que 99% das minhas caras de choro eram pura manha, mas não se incomodou nenhum pouco em me dar todo carinho que minha "manha" demandava. Cedeu ao meu primeiro pedido para ficarmos o resto do dia inteiro na cama, agarradas, assistindo filmes que ela, com uma simples frase, derrubava à lista de piores filmes já pensados ou elevava à coisa mais genial já vista e, no final das contas, eu acabava percebendo que eu não havia entendido nada.

De três filmes que eu havia escolhido, um foi incrível (o que eu não entendi nada) e os outros dois dividiram-se entre "não faz sentido algum" e "foi quase bom". Assim, decidi deixa-la escolher. Dez minutos depois estávamos assistindo "Instinto" que, ao final, de acordo com Camila, era um filme maravilhoso apesar de "alguns erros científicos, mas nada grave". Para mim, era apenas um filme maravilhoso.

- Me conte algo que nunca me contou. – pedi, enquanto estávamos na cama, esperando a coragem para fazer outras coisas, e eu abraçava Camila por trás.

- Hm... – Camila ponderou, brincando com minha mão, que segurava levantada para o alto. – Quer perguntar alguma coisa específica e por isso me fez essa pergunta?

- Não! – exclamei exageradamente, o que fez parecer que eu estava mentindo em minha negação, mas não estava. – Não... – repeti com mais calma. – Foi só uma pergunta. – foi a minha vez de segurar a mão dela.

Deslizei a ponta dos meus dedos de seu pulso até a ponta dos seus dedos. Desci o indicador pelo seu, cobrindo o desenho da tatuagem de cruz em seu dedo. Em meio ao silêncio de Camila, uma chuva de memórias invadiu minha mente. A primeira vez em que havia visto aquela tatuagem, a delicadeza de um símbolo tão contraditório em uma pessoa de mente como a dela, os anéis que usava para cobrir aquilo, mas que para mim, jamais havia passado desapercebida.

- Por que uma cruz? – perguntei.

Àquela altura, sentia-me livre para expressar o que pensava. Sabia que Camila não me interpretaria mal.

A mulher mais velha deu-se um tempo antes de me responder e eu respeitei por perceber ser necessário. Estava prestes a retirar a pergunta quando Camila virou-se de frente para mim e entrelaçou novamente as pernas nas minhas. Seus olhos agora estavam fixos nos meus e eu podia ver a seriedade em seus olhos. Era um assunto com extrema carga emocional e ela só precisou me olhar para que eu entendesse.

- Meus pais eram pessoas de muita fé. Meus avós também. – Ela começou e, pela primeira vez, vi Camila precisar reorganizar os pensamentos. – Quando eu era criança, comecei a questionar o porquê das coisas, mas não como uma criança normal que faz muitas perguntas e se contenta com as respostas e sim como uma criança que precisava de uma explicação lógica e convincente para tudo. Meu pai logo percebeu que havia algo de "esquisito" comigo e fui levada ao psicólogo. Veio todo o processo de testes e consultas até que meu "QI" foi revelado como fora do comum. Desde aquele dia, meu pai conversou comigo todas as tardes sobre o que significava ter fé. Ele não era um homem religioso, o que pode parecer contraditório, já que eu disse ainda pouco que ele era um homem de muita fé, mas na verdade são conceitos que se cruzam forçadamente. Meu pai leu tudo o que pode para entender sobre como minha mente funcionaria e tudo o que ele não queria era que eu perdesse a fé. Não a fé em um Deus ou em uma religião, mas a fé na possibilidade de tudo. Todas as tardes conversávamos sobre religiões, sobre todas elas e tudo o que meu pai me ensinava em cada "porque" para os meus "por ques" era que independente da ausência lógica de razão, toda pergunta possuía uma resposta e tudo o que você precisava era manter a fé para encontra-la, fosse essa pergunta sobre matemática, ciência, religião, ou qualquer coisa inquietante. Meu pai me ensinou, desde cedo, que a fé não é "crer para ver", mas sim uma certeza que todo ser humano pode alcançar de que tudo tem uma resposta e de que somos perfeitamente capazes de encontrar qualquer resposta que procurarmos. Seis meses antes de ser assassinado, ele me deu de presente uma tatuagem de minha escolha e passamos algumas semanas pensando juntos, até que decidi fazer uma cruz no indicador. É irônico, mas ao mesmo tempo significa tudo o que ele me ensinou. – Ela concluiu e com a última palavra, saiu também um suspiro profundo.

Demorei até encontrar algo para dizer. Não era uma história mirabolante, que me fez sentir o peito pesar pela grande quantidade de drama. Era uma história de Camila... exatamente como ela. Simples, mas cheia de significado pessoal muito intenso.

- Você sente falta dos seus pais? – perguntei e a resposta que o buraco que se abriu em seus olhos me deu foi o suficiente.

- Sinto. – ela disse.

Nada mais precisava ser dito. O buraco que eu havia visto nos olhos da mulher agora estava no espaço entre nossos corpos e, juntas, nos puxamos uma para a outra, preenchendo o vazio que agora pertencia a nós duas. Não era como se a dor de Camila tivesse se tornado a minha dor também, eu jamais poderia dividir a angústia da saudade que ela sentia, mas eu pertencia a ela e minhas mãos seguravam as dela para que ela segurasse o buraco dolorido, e meu peito abraçava o peito dela enquanto ela abraçava o buraco dolorido.

Juntas. Eu e ela. Lauren e Camila. 

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