"Na vida passamos por vários momentos ruins e estranhos, como por exemplo, acontecer um acidente grave com alguém que você ama, ou as pessoas passam a te ignorar e tratar mal sem ter ao menos um motivo, mas nada disso me aconteceu, o que aconteceu comigo foi algo bem diferente disso, foi algo assustador e que eu não desejo a ninguém, principalmente às meninas."
-Amber anda logo se não o mercado vai fechar!
-Já estou indo mãe! - Peguei meu casaco de tricô no cabide e desci o mais depressa possível.
-Até que em fim Amber! Robert vai cozinhando o frango para mim, enquanto vou ali no mercado rapidinho.
-Tudo bem, já está temperado?
-Sim, basta você tirar do saco e coloca-lo para assar. - Meu padrasto Robert e minha mãe Lisa estão passando por um momento de crise estranha no relacionamento.
-Então vamos mãe, tchau Robert.
-Tchau, minha princesa.
Fui para o carro deixando minha mãe para trás, enquanto ela conversava com Robert, virei o retrovisor para mim e fiquei arrumando meu cabelo bagunçado.
-Pronto, cheguei.
-Até que em fim, ficou me apressando tanto para fica discutindo com Robert.
-Não resmunga Amber, dirija logo isso aí e vamos.
Quando chegamos no mercado fomos direto para o corredor onde tinha tintas de cabelo.
-Pera aí, a gente não veio aqui para comprar as coisas que estão faltando para o almoço de amanhã?
Sim, mas eu quero pintar meu cabelo de vermelho.
-Um dia você vai ficar careca. - Cruzei meus braços e fui para o corredor de frios, escolhi um iogurte de chocolate, amo chocolate mais do que tudo. De repente comecei a sentir algo estranho, como se alguém estivesse me observando, um homem alto e forte me observava, usava a roupa toda preta e tinha olhos tão azuis quase brancos, o cabelo curto escuro que estava molhado e brilhoso. Ele me olhava friamente, depois de alguns segundos me olhando saiu caminhando pelo longo corredor e algo estranho aconteceu, ele sumiu do nada,como um fantasma, derrubei o pote de iogurte e sair correndo até minha mãe.
-MÃE!
-Opa, Opa! O que houve?
-Você nem imagina o que aconteceu agora!
-O que foi? Fala logo.
-Um cara muito bonito estava me olhando e aí.... - Minha mãe me interrompeu.
-A tá arrasando corações né?
-Não é isso não, é que ele parou de me olhar e tava indo embora quando de repente sumiu.
-A para Amber, deve ter sido só apenas impressão sua, ninguém some desse jeito, já falei para você para de ler um pouco Harry Potter, já está te deixando louca.
-Não tem nada a ver com o Harry Potter! Eu vi, foi de verdade.
-Vamos logo, pega as coisas para irmos embora, estou com medo de chegar lá em casa e está tudo em chamas. -Gastamos vinte minutos para pegar tudo, fazer compras com minha mãe é um lance difícil, fomos até o caixa e enquanto estava tirando as compras do carrinho para pagar, vi novamente o homem encostado na porta de saída, não conseguia para de olhar para ele e nem ele parava de olhar para mim, enquanto me distraia com ele, acabei deixando o pacote de salgadinhos cair, abaixei-me apressadamente para pegar e acabei ficando abaixada, não estava me sentindo bem com aquele homem me olhando, cutuquei minha mãe, ela me olhou com uma cara de dúvida.
-O que é?
-Ele tá ali encostado na porta.
-Como?
-Encostado na porta! - Minha mãe se virou e olhou para porta.
-Não tem ninguém, acho que você está ficando biruta! -Levantei-me e olhei para a porta e não tinha ninguém, acho que eu realmente estou ficando louca.
-Sumiu de novo, ou eu to pirando.
-Pode ser estresse, quer um remédio?
-Sim.
-Tem no carro, depois pegamos. - Assim que minha mãe pagou as compras eu peguei duas sacolas e minha mãe pegou as outras duas e fomos até o estacionamento, quando estava quase chegando no carro, deparei-me com ele novamente sentado no capô de uma caminhonete com os dedos entrelaçados e de cabeça baixa,então levantou apenas os olhos e deu um sorriso sínico e forçado em minha direção e então os olhos dele revirou e ficou todo branco, minhas pernas travaram e deixei as duas sacolas caírem no chão, meu corpo parou por inteiro, não conseguindo mover um músculo.
-Amber! O que aconteceu? fala logo! - Minha mãe largou as sacolas no chão e me puxou para perto dela.
-Ali mãe, ele está ali. - Apontei em direção a caminhonete.
-Meu amor não tem nada ali, é só um carro,para que você já está me assustando.
-Não, ele ainda tá ali, tá sentando em cima do carro, tá me olhando com os olhos todo branco e rindo muito, eu tô com medo, o que é isso?- Abracei minha mãe com toda força e comecei a chorar de nervoso.
-Calma, não tem ninguém ali meu bem. - Larguei ela aos poucos e voltei a olhar para a caminhonete e para minha surpresa ele não estava mais lá, respirei aliviada e quando me virei novamente para abraçar minha mãe e me deparei com ele parado atrás dela, com o rosto todo deformado e os olhos brancos ainda, dando uma gargalhada alta, dei um grito e cair desmaiada.
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-Amber?
Abri aos poucos meus olhos vendo tudo embasado, então em poucos segundos minha visão foi recuperando e consegui enxergar minha mãe, Robert e meu irmão Steve ao meu lado.
-Onde estou?
-No hospital, você teve um apagão ontem no mercado, meu bem. - Minha mãe acariciava minha mão com a expressão de preocupada.
-Apaguei por quanto tempo?
-Um dia. - Robert respondeu enquanto comia uma barrinha de chocolate com amendoim.
-Me diga filha, quem era o homem que você via?
-Ele não era um homem normal, era um monstro, os olhos dele se reviraram e ficou todo branco, o rosto dele do nada ficou horrível parecendo um demônio.
-Ele não existe, é apenas coisa de sua mente maluca. -Fiz cara feia para Robert.
-Não, Robert, era muito real para ser mentira, antes de eu ter apagado eu vi ele atrás da minha mãe.
-Como assim atrás de mim? Não tinha ninguém Amber.
-Sim, ele estava lá, eu juro que não estou enlouquecendo.
-Você está é pirando, isso significa que você deve parar de assistir filmes de terror na Netflix. -Robert falava com a boca cheia enquanto pegava mais uma barrinha no bolso da calça jeans suja.
-Quero ir para casa.
-Nós vamos, o médico te deu alta hoje, só estávamos esperando você acordar.
Um pouco mais tarde voltamos para casa e eu fui direto para meu quarto deitar um pouco para esfriar a cabeça, isso tudo tá tão estranho, nunca tinha acontecido nada disso.
-Você está bem, minha flor?
-Mãe, você acha que vou ter que tomar remédio controlado? Acha que eu estou vendo ilusões?
-Não, não, meu amor, isso pode acontecer com qualquer um, está tudo bem.
-Eu espero, não quero ficar doida e estragar minha vida, eu pretendo tantas coisas, quero fazer faculdade e ter minha casa própria.
-Você vai ter, está tudo bem, tenta dormir um pouco enquanto eu faço uma deliciosa torta de frango para o almoço - Minha mãe me deu um beijo no rosto e saiu.
Eu levantei e fui até o banheiro, estava meio tonta, lavei meu rosto e peguei a toalha para secar, quando enxuguei meu rosto e olhei para o espelho, deparei-me com uma palavra escrita com sangue no espelho, estava escrito "minha", dei dois pequenos passos para trás, escorreguei e cai batendo minha cabeça na parede, comecei a gritar desesperada, escutei Robert e minha mãe correndo e gritando meu nome, Robert abriu a porta rapidamente e me pegou caída no chão chorando.
-ELE TÁ AQUI! ELE QUER ME PEGAR, ME AJUDA! - Minha mãe ficou parada na porta com as mãos na boca não acreditando no que estava vendo, Robert me pegou no colo e me levou até a sala, deitou-me no sofá e arregalou os olhos quando olhou para minha perna.
-Que merda é essa na sua perna? - Minha mãe e meu irmão correram para olhar e se espantaram com que viram também, sentei-me rapidamente e olhei também, havia uma marca de mão na minha perna, uma marca vermelha em alto relevo, como se fosse um tapa.
-O que é isso em mim?
-Eu não faço ideia, Lisa, vai para o nosso quarto junto com os meninos e tranque a porta, eu vou olhar a casa,vou achar esse ordinário.
-É perigoso, Robert!
-É melhor a gente chamar a polícia, pai. - Meu irmão começou a tremer todo e a puxar Robert.
-Vou levar minha espingarda, vão logo, ele pode está por aqui ainda. - Corremos para o quarto e nós escondemos lá, nos encolhemos no canto ao lado da cama e ficamos abraçados enquanto ouvia Robert gritando chamando o homem misterioso.
-Mãe, eu to com medo, o que ele quer com a Amber?
-Eu não sei, meu filho, mas vamos pegar esse safado. Amber, você não sentiu esse tapa não?
-Não, eu apenas vi o sangue no espelho escrito "minha".
-Mas não tinha nada no espelho.
-Tinha sim.
-Depois eu olho de novo, eu mau olhei para o espelho naquela hora. - Robert bateu na porta do quarto e minha mãe correu para abrir.
-Não achei ninguém, é melhor a gente dormir em um hotel hoje e pedir para a polícia revistar a casa de cima a baixo.
-Então vamos. - Fomos para o hotel e quando chegamos lá, fui deitar. Robert e minha mãe estavam ligando para a polícia e explicando o ocorrido, eu não parava de coçar onde estava a marca da mão, tomei três comprimidos para dormir de uma vez e acabei pegando no sono.